O Apocalipse De João
O
Apocalipse
O Apocalipse
é o título do último livro que compõe o Novo Testamento. De natureza profética
além de um conteúdo vasto e abrangente possui uma grande riqueza de
simbolismos. Desta forma, teremos por objetivo uma visão geral analisando-o, ao
final, sob a ótica do Espiritismo.
O termo
apocalipse é originário da palavra grega APOKÁLIPSIS que significa “Revelação”.
Por este motivo é denominado de “O Livro das Revelações”. Foi escrito em grego.
Porque o
idioma grego?
A língua
grega, podemos lembrar, foi o idioma predominante na elaboração dos livros que
compõem o Novo Testamento. Era a língua culta da época.
O domínio da
Grécia sobre a Palestina, que havia se iniciado com a conquista de Alexandre
Magno em 332 a.C., perdurou até o ano de 63 a.C., quando se iniciou o Império
Romano. No entanto, a influência cultural grega permaneceu sobre todo o período
do comando romano.
Essa forte
influência cultural é denominada de Helenismo, que é, pois, o conjunto dos
costumes, tradições e ideias da Grécia antiga que se expandiu por grande parte
do Oriente. Engloba, dessa forma, o saber em geral, desde a retórica (a arte do
discurso) até as artes plásticas (pintura, arquitetura, escultura, etc.). Um
romano culto deveria saber o grego. Esse idioma torna-se, dessa forma, a língua
predominante do Cristianismo primitivo.
Quem foi o
autor do livro “Apocalipse”?
A autoria
dos livros bíblicos é; como já expusemos em aulas anteriores, motivo de
infinitas controvérsias.
Na “Bíblia
de Jerusalém”, na introdução ao livro “Apocalipse”, encontramos a seguinte
observação:
“... se o
Apocalipse de João apresenta parentesco inegável com os outros escritos
joaninos, também se distingue claramente deles por sua linguagem, seu estilo e
por certos pontos de vista teológicos a tal ponto que se torna difícil afirmar
que procede imediatamente do mesmo autor. Não obstante tudo isso, sua
inspiração é joanina, e foi escrito por alguém do círculo dos discípulos
imediatos do apóstolo e está impregnado de seu ensinamento.”
Esta é; bem
podemos ver, uma questão em que muitos teólogos debater-se-ão, talvez, por
muito tempo.
É que o
conhecimento humano não é estanque. Ao contrário, cada nova descoberta, cada
nova revelação vai “construindo o edifício do conhecimento humano”. Eis um
processo inspirador e formidável: pelo esforço dos Homens em buscar o
aprendizado, e com auxílio dos Espíritos Superiores, trazendo-nos novas
revelações, cada vez mais as grandes questões vão sendo esclarecidas.
Portanto,
não havendo, por ora, elementos definitivos de convicção para, com certeza,
assegurarmos a real autoria do livro “Apocalipse”, podemos repousarmo-nos na
Tradição.
Tradicionalmente,
a autoria do livro “Apocalipse” é atribuída a João, o Evangelista, filho de
Zebedeu, irmão de Tiago “Maior”, também apóstolo de Jesus.
João,
Segundo também a Tradição, foi o único dos apóstolos diretos de Jesus que
alcançou idade avançada e morreu de morte natural, em Éfeso. Assim, testemunhou
a destruição de Jerusalém e a ruína do seu majestoso Templo.
Depois do martírio
e morte de Tiago, João teria se dirigido a Éfeso, onde dirigiu a importante e
influente comunidade cristã fundada por Paulo.
João esteve
varias vezes na prisão, foi torturado e exilado para a Ilha de Patmos (Ap 1:9),
“por causa da Palavra de Deus e do Testemunho de Jesus”. Ali, permaneceu por
cerca de três a quatro anos, onde teria escrito o “Apocalipse”, por volta do
ano de 95 d.C.
CONTEXTO HISTÓRICO
Quando
revemos a História do Cristianismo nascente, no primeiro século, recordamos que
o Império Romano, não obstante o peso de seu jugo; concedia relativa liberdade
aos povos dominados para que cultuassem suas religiões. Isso permitiu que a
mensagem do Cristo se espalhasse pela vasta região que se encontrava sob
domínio imperial.
No entanto,
houve momentos em que os cristãos sofreram fortes perseguições.
As perseguições aos cristãos:
Procurando
encontrar uma data marcante que tenha assinalado o inicio das fortes
perseguições aos adeptos do Cristianismo, podemos nos remeter ao período do
Imperador Nero (54 a 68 d.C.) que, com “mãos de ferro” e crueldade
indescritível, foi severo carrasco e deu inicio a uma época de terror. O
episódio mais conhecido, absolutamente hediondo e vil, foi o incêndio que
provocara em Roma em 64 d.C., que devastou a cidade. Nero, após acusar os
cristãos pelo atentado, e insuflar o ódio nos romanos, condena numerosos
cristãos a suplícios horrendos: eles eram lançados as feras, crucificados,
queimados...
Os cristãos
eram responsabilizados por todos os infortúnios que ocorriam, e eram
sumariamente condenados e supliciados.
Outro
período especialmente obscuro surgiu com o Imperador Domiciano (81 a 96 d.C.),
que almejava impor um culto a sua própria pessoa como “divinizada”. Por isso
sofreu forte rejeição dos adeptos do Cristianismo, contra os quais, então,
iniciou uma perseguição implacável.
Refletindo
sobre esses momentos de inigualáveis tribulações e atos de inenarráveis
crueldades, reconhecemos, sem titubear, o valor daqueles valorosos cristãos
que, pela fé fervorosa e pela resignação à Lei de Deus, deixaram-nos os mais
inspiradores exemplos.
A CRONOLOGIA DO LIVRO “APOCALIPSE”
Edgard
Armond, em “A Hora do Apocalipse”, comenta que as vidências de João ocorreram
durante dias e semanas sucessivas. Dessa forma, as visões foram sendo
registradas na ordem em que eram percebidas por João, e não na ordem
cronológica dos acontecimentos, ou seja, o presente, o passado e o futuro são
apresentados alternadamente.
A LINGUAGEM UTILIZADA
Neste livro,
o autor faz uso de alegorias, imagens, símbolos, figuras e números. Por isso,
José de Sousa e Almeida, em “O Apocalipse”, recomenda cautela ao se tentar
atribuir a cada pormenor uma correspondência com a realidade.
Acerca de
todo o simbolismo utilizado, alguns autores apontam que a razão deve-se a
circunstância acima exposta, qual seja: os cristãos estavam sendo oprimidos,
duramente perseguidos e vigiados pelas autoridades que estavam no poder.
Outro ponto
digno de nota que nos cabe aqui esclarecer é que João baseou-se, largamente, no
Antigo Testamento, principalmente nas palavras e símbolos dos seguintes livros:
Êxodo, Juízes, Ezequiel, Daniel, Zacarias, Isaias, Jeremias e Joel. Muitos
destes livros também são considerados apocalípticos.
Utilizou-se,
ainda, do Novo Testamento, apresentando simbologias como a do “Banquete
Nupcial” e a do “Cordeiro”, de alguns sermões de Jesus, referentes ao fim dos
tempos, e também de citações das cartas de Paulo aos Tessalonicenses e aos
Coríntios.
Os Simbolismos:
Aqueles que
se dedicam ao estudo histórico e teológico do livro “Apocalipse” precisam, para
decifrá-lo, conhecer os diversos símbolos ali presentes.
Esses
símbolos, consoante classificação que encontramos na obra “Atlas Bíblico
Interdisciplinar - Escritura - Historia - Geografia - Arqueologia - Teologia”;
podem ser resumidos em:
• Simbolismo
cósmico: o sol, a lua, as estrelas que mudam de natureza, a terra que treme -
são eventos extraordinários e fantásticos para indicar a presença particular de
Deus e Sua Superioridade;
• Simbolismo
teriomorfo: cordeiro, leão, águia, cavalos, gafanhotos, que são ora usados no
sentido comum, ora como representação de um conjunto de forcas positivas e
negativas que fogem ao pleno controle humano;
• Simbolismo
antropológico: o homem, a mulher, o amor, o casamento, o cuidado no vestir, o
semblante, a mão, os pés, os cabelos, a voz, a alegria, a exultação, o canto, o
choro... devendo tudo ser decifrado em sentido mais profundo;
• Simbolismo
cromático: a indicação de cores para representar, por exemplo, a decrepitude, a
crueldade, o negativo, etc.;
• Simbolismo
aritmético: a atribuição aos números de um valor não numérico em si, mas
qualitativo, onde, por exemplo, encontramos o numero sete como símbolo de
plenitude e totalidade.
Em relação a
todos esses símbolos, temos sempre que lembrar que seus significados devem ser
restringidos ao contexto regional da época, eis que ha outras culturas, outras
escolas de pensamento que atribuem significados diferentes aos mesmos símbolos
que estão presentes no “Apocalipse”.
AS INTERPRETAÇÕES
O processo
de interpretação de símbolos, aos estudiosos, exige uma visão apropriada,
acurada, cautelosa e serena.
No entanto,
é interessante observar que cada instituição interpreta as situações de acordo
com suas crenças.
Embora
existam interpretações tão divergentes, isso não tira a beleza e a profundidade
encontrada nos temas tratados. É preciso considerar a essência da mensagem da
qual o apóstolo foi o intermediário.
A finalidade
do Apocalipse é, principalmente, confortar os fiéis; eles não estão isentos do
sofrimento, mas “como serão marcados pelo sinal de Deus, estarão sob a proteção
divina”.
A MENSAGEM CENTRAL
Diante da
situação aflitiva dos cristãos, como descrevemos ao início, João escreveu as
comunidades tão cruelmente perseguidas e, ao mesmo tempo, já entrevendo as
gerações futuras, deixando uma mensagem de incentivo a persistência e esperança
por dias melhores.
Com base no
que lhe foi revelado, João dispôs os assuntos da seguinte forma:
- Endereçamento
as sete Igrejas;
- Narração
da visão do trono da majestade divina;
- Exposição
das provações que a Humanidade passara;
- Anúncio da
queda da “Babilônia”, das lamentações sobre a terra, da alegria e triunfo nos
céus e das vitorias de Cristo sobre os falsos profetas;
- Prenúncio
do “juízo final”, enaltecendo o novo céu, a nova terra e a nova Jerusalém;
- Por fim,
admoestações e conclusão com as promessas finais.
Em síntese,
o livro convida a resistir diante das tribulações, a combater o mal e a
persistir na construção do Bem. Apesar de estar escrito em forma de uma carta
dirigida as sete Igrejas da Ásia Menor, é uma mensagem universal. João procura
desvelar os acontecimentos, anunciando que após muitas lutas e graves
acontecimentos, surgirá, sim, um novo céu e uma nova Terra.
QUESTÃO
REFLEXIVA:
Qual o
ensinamento que você achou mais importante?
Fonte da imagem:
Internet Google.
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