CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

quinta-feira, 26 de setembro de 2024

20ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

As Curas na Visão Espírita – A Assistência Espiritual

“Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. De graça recebestes, de graça dai”. (Mt 10:8).

Essas recomendações de Jesus, dirigidas a seus discípulos, ainda soam aos nossos ouvidos. A busca do alivio das dores humanas é uma busca de todos nos, e Jesus, de forma única, compreendia nossa necessidade.

Procurou, em todos os momentos, de todas as formas, esclarecer, consolar, aliviar.

Kardec, em “A Gênese”, cap. XV item 27, diz: “De todos os fatos que testemunham o poder de Jesus, os mais numerosos são, sem dúvida, as curas. Ele queria provar por esse meio que o verdadeiro poder é o que faz o bem, e que seu objetivo era ser útil, e não satisfazer a curiosidade dos indiferentes por meio de coisas extraordinárias”.

Como citamos anteriormente, as curas de Jesus não podem ser creditadas como milagres, mas como fenômenos decorrentes de sua natureza superior, do pleno conhecimento que ele possuía das leis naturais e de seu grande amor pela Humanidade.

E por esse grande amor é que Jesus disse aos seus apóstolos, ao término de sua missão terrena, que ele rogaria ao Pai para que enviasse um Consolador para que restabelecesse os seus ensinamentos e para que esclarecesse aquilo que não pode ser dito.

A Doutrina Espírita, como Consolador Prometido por Jesus, além de restabelecer a Moral do Cristo, em sua essência, vem desvendar as leis que regem os fenômenos tidos como milagrosos.

Dentre os seus fundamentos que explicam as diversas curas operadas por Jesus, e por seus discípulos, está o conceito de fluidos, entre os quais o fluido magnético ou principio vital, tratado no capitulo IV de “O Livro dos Espíritos”.

O principio vital é o agente especial ou substancia ativa, derivada do fluido cósmico universal, que da vida aos seres orgânicos que então o absorvem e assimilam, e que após a morte do ser orgânico retorna a massa primordial.

Quanto à qualidade, o fluido vital é modificado segundo cada espécie.

Quanto à quantidade, ele não é constante no mesmo individuo, pois depende de diversas circunstancias, podendo a mesma pessoa ter maior ou menor vitalidade, e, também, não é constante nos vários indivíduos de uma mesma espécie, uma vez que alguns estão saturados do fluido vital, enquanto outros o possuem apenas em quantidade suficiente.

Disso resulta que vemos pessoas que são mais ativas, mais vivazes, enquanto outras são debilitadas e sem animo. A quantidade de fluido vital pode se esgotar e se tomar incapaz de manter a vida orgânica, se não for constantemente renovado, absorvido e assimilado.

Vemos, assim, que o ser orgânico não possui uma quantidade de vitalidade estanque, fixa, que recebe no ato de sua concepção, mas, ele deve buscar nutrir-se do principio vital por toda a vida.

Essa absorção ocorre:

- através da assimilação de substâncias que contém o fluido vital,

- por meio dos processos de alimentação e respiração;

- através da absorção da energia da natureza;

- através de um indivíduo para outro, pois aquele que tem em maior quantidade pode doar ao que tem menos, e, em certos casos, fazer voltar uma vida prestes a extinguir-se;

- através dos fluidos recebidos dos Benfeitores Espirituais.

Conforme nos orienta Kardec em “A Gênese”, a ação magnética é produzida de diversas formas:

1º “Pelo próprio fluido do magnetizador; é o magnetismo propriamente dito, ou magnetismo humano, cuja ação está subordinada a potência e, sobretudo à qualidade do fluido;”

2º “Pelo fluido dos Espíritos agindo diretamente e sem intermediário sabre um encarnado, seja para o curar ou abrandar um sofrimento, seja para provocar o adormecimento sonambúlico espontâneo, seja para exercer sobre o individuo uma influência física ou moral qualquer. É o magnetismo espiritual, cuja qualidade esta na razão das qualidades do Espírito;”

3º “Pelo fluido que os Espíritos derramam sobre o magnetizador e ao qual este serve de condutor. É o magnetismo misto, semi-espiritual, ou, se o preferir; humano-espiritual. O fluido espiritual combinado com o fluido humano fornece a este último as qualidades que lhe faltam. A participação dos Espíritos, em semelhante circunstância, é às vezes espontânea, porém mais frequentemente é provocada pela invocação do magnetizador.” (GE,XIV,33).

O processo de cura, por todos os mecanismos acima expostos, pode ser sintetizado, nas palavras de Kardec, em: “a troca de uma molécula malsã por uma molécula sã".

Outro fator imprescindível para que ocorra a cura é a fé. A fé é uma convicção intima, é uma crença em algo invisível, é a confiança plena num resultado futuro que será gerado por determinada conduta.

Nas palavras do grande escritor russo Tolstoi, a fé é a força da vida.

Especialmente em relação ao processo de cura, a fé exerce uma forte atração dos fluidos curadores, permitindo sua ação de uma forma mais plena.

A fé, devemos ainda acrescentar, é uma conquista do Espírito, pois à medida que busca o aprendizado da Lei Divina, e se submete a vontade do Pai, fortalece-se e é fortalecido.

A ASSISTENCIA ESPIRITUAL

Diz Kardec em “A Gênese”, cap. XIV item 34: “A faculdade de curar pela influência fluídica é muito comum, e pode-se desenvolver pelo exercício”.

Na Doutrina Espírita, utiliza-se o passe como ferramenta de transmissão dos fluidos curadores. Na obra “Nos Domínios da Mediunidade”, no capitulo intitulado “O Passe”, temos a seguinte definição: “O passe é uma transfusão de energias alterando o campo celular”.

E ainda: “O passe, como reconhecemos, é importante contribuição para quem saiba recebê-lo com o respeito e a confiança que o valorizam”.

Nesse mesmo capitulo vemos a detalhada descrição de André Luiz, narrando uma sessão de passes. Ali, podemos notar os extremos cuidados que são tomados pelos componentes da equipe espiritual que conduz o trabalho, e a qual os médiuns dão apoio.

Assim os Benfeitores Espirituais preparam o ambiente, higienizando a atmosfera, protegem o recinto da invasão de Espíritos inferiores e auxiliam os médiuns a se preparar para a tarefa.

Na Federação Espírita de São Paulo, temos a Assistência P3F (F de físico), ligada a Área de Assistência Espiritual, especificamente destinada ao atendimento dos portadores de doenças físicas crônicas ou de maior gravidade.

É importante ressaltar que tal assistência não dispensa o tratamento médico adequado, até mesmo porque o objetivo principal do Espiritismo é a transformação moral do individuo e não simplesmente a cura do corpo físico. Esta, a propósito, é uma das missões dos verdadeiros cristãos, como vimos na exortação, acima citada, de Jesus aos seus discípulos.

E para sermos ferramentas adequadas e dóceis ao Plano Superior, precisamos cuidar antes de nossa própria saúde. Nossas escolhas influem decisivamente em nossa vida e em nossa saúde corporal.
Assim, precisamos:

- frequentar ambientes salutares;

- praticar exercícios regularmente;

- ter uma alimentação adequada;

- manter o pensamento elevado através da prece, da meditação e do estudo;

- cultivar as virtudes e a prática da caridade;

O Espiritismo mostra-nos o caminho adequado a nossa evolução. É um caminho que busca a pureza, a purificação, o refinamento, a espiritualização e a transcendência do ser.

O Evangelho de Jesus é a grande terapia para nos mantermos saudáveis física e espiritualmente.

Conforme citação de Martins Peralva na obra “Estudando a Mediunidade”: “Quanto mais se renova para o Bem, quanto mais se moraliza e se engrandece, espiritualizando-se, maiores possibilidades de servir adquire o companheiro que serve ao Espiritismo Cristão no setor de passes”.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Como cultivar a saúde em nosso dia-a-dia?

Bibliografia

- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan – A Gênese - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Xavier, Francisco C./André Luiz - Mecanismos da Mediunidade.
- Franco, Divaldo/Joanna de Angelis – Estudos Espíritas
- Peralva, Martins – Estudando a Mediunidade.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

20ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

Milagres e Curas na Visão Espírita

O Sobrenatural e as Religiões

O Homem, desde seus primórdios, sempre se impressionou com os fenômenos da natureza. Então, não podendo compreender o que se passava, atribuía tais efeitos a divindades ou seres míticos.

A falta de entendimento do que acontecia ao seu redor gerou a crença no sobrenatural.

À medida que ele foi desenvolvendo seu raciocínio, lentamente, foi tomando-se capaz de compreender algumas leis que regiam os fenômenos naturais.

Mas o que é o sobrenatural? Em linhas gerais, o termo designa aquilo que é superior a natureza ou que é muito extraordinário ou maravilhoso.

Segundo definição contida na Revista Espírita de 1860, o sobrenatural é “o que contraria as leis da natureza ou que se lhes desconhecem as causas”.

O Homem em sua evolução, como dissemos, vai desenvolvendo sua capacidade intelectual, amadurecendo seu raciocínio e, a partir dai, cria diversos campos de estudo. Esses setores de conhecimento vão se expandindo, especializando-se, diversificando-se, e, como vemos hoje, temos essa infinidade de áreas como: a Teologia, a Antropologia, a Psicologia, a Medicina, a Química, etc.

Dentro das áreas científicas, muitas se ocupam das leis que regem nosso mundo material. Há, no entanto, para essas ciências, puramente materiais, certa limitação.

Um dos fatores determinantes dessa dificuldade da ciência material é que sua construção é feita passo a passo, pela experimentação, o que, a propósito, confere-lhe credibilidade em seu campo.

Por outro lado, em relação aos fenômenos que envolvem o mundo espiritual, nem todos eles podem ser provados pela experimentação. Neste ponto reside a amplitude da Doutrina Espírita, que não se limita as leis que regem o mundo material, mas Vai além e desvela as leis do mundo espiritual, e demonstra a relação, a interdependência, o intercâmbio, entre esses dois mundos.

O Sobrenatural nas religiões

As religiões, em principio, não têm como meta o estudo cientifico do mundo e de suas manifestações. Por isso, seus fundamentos buscam direcionar a relação do Homem com a Divindade.

Em sua grande pluralidade, as diversas religiões possuem uma infinitude de crenças que transitam entre o politeísmo (a crença em diversos deuses) e o monoteísmo (a crença no Deus único). Dentro de suas concepções, a maioria delas aceita o sobrenatural e o maravilhoso.

Como o Cristianismo; que é um facho de luz a clarear toda obscuridade que reinava em seu advento, um farol a luzir e conduzir a Humanidade ao abandono de toda prática religiosa puramente externa, impregnada de falsos valores, ou reduzida a ritualismos sacerdotais; a Doutrina Espírita, que abrange três aspectos: religioso, filosófico e científico, por sua vez, é também um farol a nos revelar os mecanismos presentes nas relações entre os dois mundos: o material e o espiritual. Vai além, e explica uma série de incontáveis fenômenos antes tidos como maravilhosos.

“Pretender que o sobrenatural seja o fundamento necessário de toda religião e a pedra angular do edifício cristão é sustentar uma tese perigosa; se se fizerem repousar as verdades do Cristianismo sobre a base única do maravilhoso, isso é lhe dar um apoio frágil cujas pedras se soltam a cada dia...” (GE, Cap. XIII, item 18).

As religiões mostram-nos o estudo da história da Humanidade, têm um caráter de transitoriedade em seus fundamentos. À medida que o Ser vai agregando novos valores e a sociedade vai se transformando, a religião tem que se adaptar aos novos valores, e assim toda prática bárbara ou primitiva vai sendo abolida.

Nesse processo, naturalmente, toda convicção que não se baseie em princípios aceitáveis, que não se baseie em fatos positivos, e que, ao contrário, queira perpetuar a crença no maravilhoso e no sobrenatural cairá por terra. Por decorrência, as religiões que insistirem em manter a crença nos fatos sobrenaturais, quando eles já foram explicados dentro das leis naturais, tende essas religiões a perder sua força.

Da obra “Estudos Espíritas” de Joanna de Angelis, psicografado do Divaldo Pereira, na lição n° 9 – ‘Progresso’, podemos extrair o seguinte trecho: “À hora própria, conforme anunciado, fulguram as lições espiritistas, exatamente quando há recursos capazes de avaliarem a extensão filosófica e moral da Doutrina do Cristo na face em que Ele a ensinou e a viveu”.

“Reservando aos laboratórios próprios o estudo da transcendência do espírito e da vida, na atual conjuntura do progresso entre os homens, a religião espiritista penetra os espíritos, auxilia-nos no progresso necessário e impele-os a gloria do amor com que passam a sentir todos e tudo, rumando jubilosamente para Deus.”

EXISTEM MILAGRES?

Antes, ainda outra pergunta: O que significa a palavra milagre?

Conforme definição trazida no capitulo XIII de “A Gênese”, milagre significa: admirável, coisa extraordinária, surpreendente.

O termo, no entanto, através do tempo, perdeu seu significado original e vem sendo utilizado para explicar determinados fenômenos que - acreditam alguns - revogariam as Leis de Deus.

No sentido teológico o milagre é tido como uma derrogação das Leis Naturais, ou seja, da manifestação do poder de Deus, modificando suas próprias leis.

Essa crença em coisas extraordinárias sempre esteve presente no seio de todos os povos. Restringindo-nos ao povo hebreu, por exemplo, veremos que o Velho Testamento está repleto de histórias impressionantes e surpreendentes de fatos considerados “milagrosos”.

Segundo essas narrações, Deus agiria pessoalmente para, por exemplo, defender o povo hebraico dos inimigos; para abrir o Mar Vermelho após Moisés lançar seu cajado; para fazer “cair do céu” o maná para alimentá-los, etc.

Nessas descrições podemos ressaltar dois pontos relevantes. O primeiro é que, como já vimos em aulas anteriores, à descrição de Deus é sempre de um ser parcial, que defende um povo em prejuízo de outro, e possui muitas das emoções humanas como a ira, o arrependimento, etc. Outro ponto, e o que mais nos interessa por ora, é que essas narrativas contém fatos que se fossem verdadeiros seriam verdadeiramente prodigiosos e maravilhosos.

A Ciência, porém, hoje demonstra-nos que existem leis que regem o peso e a massa dos corpos. Ou seja, demonstra a impossibilidade, perante as leis que regem a matéria, de um mar ser aberto e suas águas ficarem suspensas, violando a lei da gravidade.

Se, em hipótese, admitíssemos esses fatos como verdadeiros, poderíamos afirmar, então, que a Lei de Deus seria instável, inconstante, modificando-se conforme a circunstância e os povos.

O Espiritismo, porém, esclarece-nos que as Leis Divinas são eternas e imutáveis. Com efeito, isso é algo que, a propósito, podemos constatar, senão vejamos: O mundo, o universo é regido por leis que denotam harmonia e unidade. Em tudo que podemos observar: os planetas, girando em suas órbitas, as estrelas, refulgindo luz e aquecendo seus sistemas planetários... Tudo reflete integridade e ordem. Caso não existisse essa uniformidade, então, veríamos o caos.

Há entre a Lei Divina e a Lei dos Homens esta diferença capital. A lei humana, por diversos fatores, é transitória e mutável, e caminha de um inicio primitivo e grosseiro e vai sofisticando-se, acompanhando a evolução do Espírito. Já a Lei Divina é perfeita. Exatamente neste ponto reside o fundamento de sua imutabilidade, ou seja, não precisa de alteração, pois, sendo Criação Divina, é perfeita desde sua concepção.

Como nos diz Kardec, em “A Gênese”, cap. XIII, item 18: “Deus não é menos digno de nossa admiração, de nosso reconhecimento, de nosso respeito, por não ter infringido suas leis, grandes, sobretudo pela sua imutabilidade. Não há necessidade do sobrenatural para prestar a Deus o culto que Lhe é devido; não é a Natureza bastante imponente por si mesma, que seja necessária ainda exagerá-la para provar a Potência Suprema?“.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente: Deus faz milagres?

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quinta-feira, 12 de setembro de 2024

19ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

Fluido Universal

O Fluido Cósmico Universal é uma criação de Deus e o principio elementar de toda matéria.

Em “A Gênese”, cap. XIV temos a seguinte definição: “O fluido cósmico universal, como já foi demonstrado, é a matéria elementar primitiva, da qual as modificações e transformações constituem a inumerável variedade dos corpos da natureza...”

Esse fluido ou “plasma divino”; é a matéria elementar básica, primitiva, e suas transformações e modificações constituem a inumerável variedade de corpos da natureza. O fluido cósmico apresenta-se sob dois estados distintos:

- o de eterização ou imponderabilidade, e

- o de materialização ou ponderabilidade.

O ponto intermediário entre esses dois estados é o da transformação do fluido em matéria tangível.

Ao primeiro estado pertencem os fenômenos espirituais e psíquicos. Estes, quando ligados a vida corporal, podem ser percebidos pelos encarnados; no entanto, escapam a análise dos instrumentos.

Esses fenômenos são estudados pelo Espiritismo, através da revelação das leis do mundo espiritual.

Ao segundo estado - o da ponderabilidade - pertencem os fenômenos estudados pela Ciência.

Posto isto, podemos aqui ressaltar que a Ciência, de certa forma, pode ser divida em duas modalidades: a Ciência Acadêmica e a Ciência Espírita.

A Ciência Acadêmica ou Material parte de pressupostos próprios, rigidamente estabelecidos e se utiliza da observação e experimentação, mas espera que todos os fenômenos obedeçam as suas condições. Eis o motivo de, muitas vezes, ter rejeitado os resultados das experimentações mediúnicas.

A Ciência Espírita, por sua vez, não parte de sistemas preconcebidos, mas, ao contrario, observa, analisa, e então conclui. Não espera que os fenômenos submetam-se a vontade do experimentador. Compreende que como tais manifestações dependem da vontade de Inteligências que gozam de livre arbítrio, não ha como forçar um resultado, ou repeti-lo para sempre obter o mesmo resultado.

Voltemos ao nosso tema. O ponto de partida do fluido universal é o grau de pureza absoluta; o oposto é a sua transformação em matéria tangível.

Os fluidos mais próximos da materialidade compõem a atmosfera terrestre, de onde os Espíritos ligados a Terra extraem os elementos necessários a sua existência.

Referimo-nos a atmosfera terrestre, pois, como nos ensina a Doutrina Espírita, cada planeta tem atmosfera fluídica própria, de acordo com o seu grau de evolução.

PERISPÍRITO

O perispírito é um dos produtos mais importantes do fluido cósmico universal; é uma condensação desse fluido em tomo de um foco de inteligência. É, pois, matéria, porém sutil, quintessênciada.

O Espírito extrai o seu envoltório semimaterial, ou seja, seu perispírito, do fluido ambiente do planeta em que vai habitar. Dai resulta que esses elementos devem variar Segundo os mundos e o adiantamento moral do Espírito encarnante.

Esse envoltório perispiritual foi chamado de corpo espiritual por Paulo de Tarso, de mediador plástico por Emmanuel, e de muitos outros nomes por diferentes escolas de pensamento.

Devido as suas propriedades, explicam-se vários fenômenos tidos anteriormente como sobrenaturais, os quais serão estudados nas próximas aulas.

ACÃO DOS ESPÍRITOS SOBRE OS FLUIDOS

“Os fluidos espirituais, que constituem um dos estados do fluido cósmico universal, são, falando de modo apropriado, a atmosfera dos seres espirituais...” (GE, XIV item 13)

Os Espíritos agem sobre os fluidos espirituais através do pensamento e da vontade: “O pensamento e a vontade são para os Espíritos aquilo que a mão é para o homem”. (GE, XIV, item 13).

Pelo pensamento, os Espíritos imprimem a esses fluidos esta ou aquela direção, aglomerando-os, combinando-os e dispersando-os, modificando suas propriedades de acordo com determinadas leis. É nas palavras de Kardec: “a grande oficina ou laboratório do mundo espiritual”.

O fluido é o veiculo do pensamento, como o ar é o veiculo do som.

O Espírito, como ser pensante, sempre estará exercendo a faculdade de pensar. Nessa atividade, as suas boas ou más intenções determinarão sua atmosfera fluídica. Esse campo fluídico que o envolve tem cor, tamanho e aparência própria, e forma “imagens fluídicas”. Tais imagens exteriorizam-se e, assim, tomam-se visíveis aos outros Espíritos, decorrendo dai que nenhuma intenção pode ser escondida.

“É assim que os movimentos mais secretos da alma repercutem no envoltório fluídico, que uma alma pode ler em outra alma como num livro, e ver o que não é perceptível pelos olhos do corpo.” (GE, cap. XIV: 15)

QUALIDADE DOS FLUIDOS

Os fluidos, veículo do pensamento, podem estar impregnados de qualidades boas ou más, modificados em função da pureza ou impureza dos sentimentos. Os pensamentos negativos contaminam os fluidos, como os miasmas deletérios contaminam nossa atmosfera.

Suas consequências sobre os encarnados são diversas.

Se estivermos em uma reunião onde as pessoas procuram alimentar bons sentimentos, os seus pensamentos purificados formam uma Corrente fluídica benéfica. Se os pensamentos forem fúteis ou vulgares do ponto de vista moral, as emanações fluídicas serão de baixo teor.

Do ponto de vista físico, esses fluidos podem ser, entre outros: excitantes ou calmantes, irritantes ou dulcificantes, repulsivos ou reparadores; do ponto de vista moral, trazem a impressão dos sentimentos de ódio, ciúme, orgulho, egoísmo; ou ainda, de bondade, caridade, benevolência, amor.

Essa diversidade da qualidade dos fluidos pode fazer-nos ter as mais variadas impressões ou sentimentos.

No nosso dia-a-dia podemos perceber a assimilação ou a repulsão dos fluidos dentro de nossos relacionamentos pelas sensações diferentes despertadas diante da presença de uma ou outra pessoa.

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no cap. XII, item 3, Kardec discorre sobre essa questão: "Esse sentimento, por outro lado, resulta de uma lei física: a da assimilação e repulsão dos fluidos. O pensamento malévolo emite uma corrente fluídica que causa penosa impressão; o pensamento benévolo envolve-nos num eflúvio agradável. Daí a diferença de sensações que se experimenta, na aproximação de um inimigo ou de um amigo.”

Esta é uma das razões da orientação do Mestre em relação à vigilância de nossos pensamentos, da necessidade de estarmos em prece constantemente, de buscarmos nos renovar a cada dia para o Bem, para os bons sentimentos, para os bons pensamentos, para as boas ações.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Como nossos pensamentos podem influenciar a nossa vida?

Bibliografia

- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan – A Gênese - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Livro dos Médiuns - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan – Obras Póstumas
- Wantuil, Z./Thiesen, F. Allan Kardec, o Educador e o Codificador, vol. I.
- Kardec, Allan – Revista Espírita – 1864 e 1858.
- Figueiredo, Paulo H. – Mesmer – A Ciência Negada e os Textos Escondidos.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

19ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

Magnetismo e Fluidos

FRANZ ANTON MESMER

Nasceu em 23 de maio de 1734, e pertencia a uma família numerosa, na região de Iznang, território atual da Alemanha, fronteira com a Áustria e a Suíça.

Aos nove anos de idade, foi encaminhado pelos pais ao monastério Reichenau, em Constança, onde receberia uma formação refinada, despertando a sua paixão para as ciências e a música.

Aos quinze anos recebeu uma bolsa de estudos para uma Universidade em Dillingen, onde permaneceu por quatro anos, estudando filosofia, e complementou seus estudos em Teologia na Universidade de Ingolstadt, por mais cinco anos.

Em 1759, aos vinte e cinco anos, estabeleceu-se em Viena, Áustria, onde cursou Direito durante um ano para, posteriormente, ingressar na Universidade de Viena, onde, finalmente, dedicar-se-ia a Medicina.

Tomou-se doutor em Medicina em 1765, através de uma dissertação sobre a influência dos planetas sobre o corpo humano.

Nesta tese, Mesmer nomeou de magnetismo animal a propriedade do corpo animal que o toma sensível a ação dos corpos celestes e da terra. Ele utilizou a expressão fluido universal para designar a origem de todas as forças do universo tais como a gravidade, o magnetismo, a luz, a eletricidade, e tudo o mais que nele existe.

Este mesmo conceito foi resgatado por Allan Kardec em 1857, na obra “O Livro dos Espíritos”.

Cada força encontrar-se-ia em um estado diferente de vibração, mas com a origem comum no fluido universal.

Suas ideias foram desenvolvidas a partir da observação dos fatos, ou seja, dentro do método científico. Por exemplo, em uma determinada ocasião, Mesmer observou, ao aproximar-se de um ferido de guerra, que o sangramento do ferimento do soldado cessava quando ele, Mesmer, dirigia a sua atenção para a lesão.

Quando ele se afastava, o sangramento reiniciava. Repetiu os movimentos várias vezes e estabeleceu uma relação de causa e efeito entre a sua vontade e o fenômeno observado.

Inicia-se o desenvolvimento de toda uma ciência do magnetismo animal.

Embora a constatação do fluido proposto por Mesmer não fosse possível cientificamente, a aplicação de sua terapêutica em inúmeros pacientes, com resultados positivos, era uma prova indireta de sua teoria.

Inúmeros casos corroboram essa afirmativa, como o caso da Senhora de Berny que o procurou, com um quadro de cegueira parcial, insônia, dores nos braços, na cabeça, no abdômen, além de melancolia. Ela já havia sido avaliada por quatro médicos tradicionais, submetida a diversos tratamentos da medicina oficial daquela época, sem melhora da sintomatologia apresentada. Após dois anos de tentativas, procurou Mesmer e através de sua terapêutica apresentou regressão completa de todos os sintomas, inclusive da cegueira.

Nos primeiros tempos, muitos magnetizadores como Mesmer utilizavam alguns instrumentos como a tina (“baquet”), a varinha de metal, a magnetização das águas, de garrafas e de árvores para que o magnetismo animal fosse aplicado. Estes objetos serviriam como facilitadores da ação do magnetizador.

Entretanto, pouco tempo depois, Mesmer passa a praticar a imposição de mãos, a utilização de sopros, já que ele acreditava que a vontade do magnetizador tinha grande importância no alivio e nas curas dos enfermos que o procuravam. Além disso, o recurso do sonambulismo passa a ser aproveitado como uma importante medida terapêutica.

Mesmer transfere-se para Paris em 1778, na esperança de demonstrar seus postulados, baseados na ciência do magnetismo animal, e esclarecer seus métodos terapêuticos para uma infinidade de doenças. Não foi bem aceito nem pela sociedade médica, nem pela cientifica.

Logo as opiniões científicas foram sendo divididas, e foi se formando uma oposição sistemática as suas ideias.

Em 1781, publicou em Paris a obra: “Resumo Histórico dos Fatos Relativos ao Magnetismo Animal”.

Através de suas técnicas auxiliou inúmeros pacientes, principalmente os que não encontravam alivio na Medicina oficial da época.

Sua contribuição não se restringiu apenas a Medicina.

As obras de Mesmer apresentam assuntos variados quanto a Filosofia, a Física, a Fisiologia e a Sociologia. A ciência do magnetismo animal abriu caminho para outras ciências como a Psicologia e a própria Ciência Espírita.

Mesmer pode ser considerado um grande humanitário; defendeu suas teorias até o final de sua vida, com persistência e vigor invejáveis, apesar de todas as perseguições sofridas.

Sua trajetória demonstra uma luta imensa, não por prestigio ou renome, que ele poderia ter adquirido como médico dedicado que era, mas por querer ir além do óbvio e confortar os que não encontravam alivio na ciência oficial.

Em 1815, desencarnou na região de Suábia, atual Alemanha, deixando ao mundo sua exemplificação e um passo adiante no conhecimento da alma humana.

ALLAN KARDEC E O MAGNETISMO

Hippolyte Léon Denizard Rivail iniciou o estudo sobre magnetismo animal por Volta de 1823.

Buscou estudar o magnetismo animal e o sonambulismo durante trinta e cinco anos, mesmo antes de tomar-se o codificador da Doutrina Espírita. Dedicou-se, principalmente, ao estudo do sonambulismo, em todas as suas fases.

Allan Kardec tornou-se um estudioso do magnetismo.

Chegou a participar da Sociedade de Magnetismo de Paris, dirigida à época pelo barão de Potet, considerado um magnetizador da segunda geração, o qual utilizava técnicas para provocar o sonambulismo.

Fez bons amigos entre os magnetizadores, pois não podemos esquecer que foi o Sr. Fortier experiente magnetizador, que chamou a atenção do futuro codificador espírita para o fenômeno das mesas girantes, como relatado em “Obras Póstumas”: 

(Fortier) – Sabeis que se acaba de descobrir no magnetismo uma singular propriedade? Parece que não são somente as pessoas que se magnetizam, mas também as mesas que giram e andam a nossa vontade.

(Kardec) - E com efeito singular; respondi-lhe; mas isso não me parece rigorosamente impossível. O fluido magnético, espécie de eletricidade, pode muito atuar sobre os corpos inertes e fazê-los mover Tempo depois, tornei a encontrar Fortier que me disse:

(Fortier) - Mais extraordinário do que fazer uma mesa girar e andar é fazê-la falar: perguntam e ela responde.

(Kardec) - Isso é outra questão, respondi-lhe. Só acreditarei se ver ou se me provarem que a mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir e que pode tomar-se sonâmbula. Até então, permita-me que considere isso uma história fabulosa.

Este fato impulsionou a curiosidade e a sede de saber de Kardec para que buscasse respostas ao fenômeno das mesas girantes, e em pouco tempo, todo um mundo novo se descortinou aos olhos do grande pesquisador e pedagogo, culminando com a codificação de “O Livro dos Espíritos” em 1857.

Já nesta obra, ao comentar a questão 555, Kardec refere-se à importância do magnetismo: “O Espiritismo e o magnetismo nos dão a chave de uma infinidade de fenômenos sobre os quais a ignorância teceu muitas fábulas, em que os fatos são exagerados pela imaginação...”

Complementando essa assertiva, o codificador assinala na “Revista Espírita” de 1858: “O magnetismo preparou o caminho do espiritismo, e os rápidos progressos desta última doutrina são incontestavelmente devidos as vulgarização das ideias sobre a primeira. Dos fenômenos magnéticos, do sonambulismo e do êxtase das manifestações espíritas há apenas um passo; sua conexão é tal que, por assim dizer é impossível falar de um sem falar de outro”.

Com o desenrolar das pesquisas e dos estudos, Kardec expandiu a Ciência Espírita a partir do conhecimento do magnetismo, ampliando- a sobejamente com as informações obtidas através do mundo espiritual. Em “O Livro dos Médiuns”, em 1861, buscou deixar bem claro a diferença entre a terapêutica magnética propriamente dita e a mediunidade de cura. A magnetização comum seria uma forma de tratamento, com sua própria técnica sequencial, enquanto nos médiuns curadores, a faculdade é natural, afiançada pela intervenção espiritual, sem a qual não seria possível a cura.

A pesquisa de Kardec continuou e vemos na obra “A Gênese”, de 1868, todo um desenvolvimento sobre os fluidos, inclusive o magnético, sem os quais não seria possível a explicação sobre muitos dos fenômenos tidos como “sobrenaturais” ou “milagres”, dando uma nova dimensão da atuação de Jesus entre nós e da nossa capacidade de, em o seguindo, fazer, como ele mesmo disse, o que ele fazia e muito mais.

Diante dessa cumplicidade de ideias entre os dois pensadores, não nos surpreende a existência de comunicações de Mesmer, já no mundo espiritual, na “Revista Espírita”, como a de 1864:

“A vontade tanto desenvolve o fluido animal quanto o espiritual, porque, todos sabeis agora, há vários gêneros de magnetismo, em cujo numero estão o magnetismo animal, e o magnetismo espiritual que, conforme a ocorrência, pode pedir apoio ao primeiro. Um outro gênero de magnetismo, muito mais poderoso ainda, é a prece que uma alma pura e desinteressada dirige a Deus”.

QUESTÃO REFLEXIVA:

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