CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

quinta-feira, 16 de maio de 2024

9ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

O Colegiado Apostólico

A Formação do Colegiado Apostólico

Ao iniciar sua vida publica, Jesus tinha mais ou menos trinta anos. (Le 3:23).

Após o memorável encontro com João Batista as margens do rio Jordão: “Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!”, Jesus, rumou para o deserto onde permaneceu por quarenta dias e quarenta noites.

Diz o Evangelho que Jesus ‘foi levado pelo Espírito ao deserto’, o que podemos interpretar como inspiração divina. Durante todo o tempo desse retiro o Mestre permaneceu em absoluto jejum, sem nada comer ou beber.

Muitos profetas da antiguidade retiravam-se para meditação e prece, como Jesus também o fez. Era uma prática que conduzia a certo desprendimento das coisas terrenas, proporcionando novas percepções da realidade e da verdade universal.

Jesus, nesse insulamento voluntário, por certo, entrou em plena comunhão com o Pai, e dali saiu em absoluta sintonia com a missão monumental que o aguardava.

OS PRIMEIROS DISCÍPULOS

Deixando para trás o deserto, Jesus retoma a Galiléia. Conforme descrição constante do Evangelho de Mateus, Jesus estava caminhando junto ao mar e viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. Então, disse-lhes: “Segui-me e eu farei de vos pescadores de homens.” Eles, imediatamente, deixaram as redes e o seguiram.

Seguiu adiante e viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, no barco com o pai Zebedeu, a consertar redes. E os chamou. Eles, imediatamente, abandonaram o pai e o barco, e o seguiram.

E, em outro dia, encontrou Filipe e também lhe disse: “Segue- me”. Felipe, logo após, encontra Natanael e lhe diz: “Encontramos aquele de quem escreveram Moisés, na Lei, e os profetas...”. Natanael, após o encontro com Jesus, muito impressionado, exclama: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és Rei de Israel!”. (Jo 1:43-49).

Peregrinando por toda a Galiléia, Jesus anunciava o “Reino de Deus”, pregava nas sinagogas, curava os enfermos, expulsava os maus Espíritos. Por toda a região sua fama se espalhava e verdadeiras multidões o procuravam para ouvi-lo, ou para serem curados: paralíticos, lunáticos, atormentados, etc.

Enquanto seguia, Jesus ia convocando discípulos: “E tornou a sair para a beira-mar; e toda a multidão até ele; e ele os ensinava. Ao passar viu Levi, o filho de Alfeu, sentado na coletoria, e disse-lhe: ‘Segue-me’. Ele se levantou e o seguiu.” (Mc 2:13-14).

São realmente fascinantes os relatos contidos nos Evangelhos sobre a convocação de Jesus aqueles que seriam seus discípulos e a imediata resposta de aceitação.

Por essas narrações, constatamos que Jesus tinha uma forma inigualável de falar e cativar as pessoas.

Ouviam-no e diziam: “Jamais um homem falou assim!” A simplicidade, a humildade, a sinceridade, o sentimento verdadeiro, tornariam imortais as palavras do Mestre. Jesus não pregava a prática de rituais, as penitências, ou outros tipos de liturgias ou cerimônias publicas.

Em seu estilo único, o Mestre não impunha as pessoas um comportamento ético, ele as convidava a reflexão e a revisão de valores; convidava-as a um despertar.

Para os ensinamentos morais, sua linguagem era simples e alcançava a todos. Ele falava de grãos de mostardas, de senhores e trabalhadores, de sementes e colheitas, de noivas e casamentos, etc., ou seja, de coisas que as pessoas estavam familiarizadas, pois faziam parte do cotidiano da época.

E, principalmente, Jesus era a plena exemplificação de tudo que ensinava. Tratava amorosamente os sãos, assim como os doentes; os ricos, assim como os pobres; acolhia os excluídos da sociedade e todos aqueles então considerados “pecadores”.

De seu coração, transbordava o amor, e sua presença maravilhava as pessoas. Os discípulos, assim, eram convocados e tudo abandonavam para segui-lo.

Jesus, que apenas com um olhar podia sondar a alma das pessoas, reconheceu nos discípulos o potencial para serem seus seguidores.

A INSTITUIÇÃO DOS D0ZE

Jesus então agrupava aqueles que seriam os discípulos mais próximos e, em certo momento, ele designou os 12 que seriam seus apóstolos “Depois subiu à montanha, e chamou a si os que ele queria, e eles foram até ele. E constituiu Doze, para que ficassem com ele, para enviá-los a pregar e terem autoridade para expulsar os demônios. Ele constituiu, pois, os Doze, e impôs a Simão o nome de Pedro, a Tiago, filho de Zebedeu, e a João, o irmão de Tiago, impôs o nome de Boanerges, isto é filhos do trovão, depois André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, o filho Alfeu, Tadeu, Simão o zelota, e Judas Iscariotes, aquele que o entregou.” (Mc 3:13-19). E deu-lhes o nome de “apóstolos” (Lc 6:13), que significa pregadores ou propagadores.

O número doze, precisamos lembrar, tem um significado especial para os judeus, pois foi o número das antigas tribos de Israel. Pela significação especial do número doze, como citamos acima, doze foram os discípulos nomeados como apóstolos por Jesus. Tal era a importância desse simbolismo que, após Judas, para manter o numero doze, outro o sucedeu: Matias.

OS APÓSTOLOS

Em relação aos apóstolos, vemos a advertência de Jesus: “A quem muito foi dado, muito será cobrado.”

No entanto, a atuação dos discípulos, enquanto acompanhavam Jesus, não foi tão significativa, ou, nas palavras de Cairbar Schutel, na obra “Vida e Atos dos Apóstolos”: “O trabalho dos apóstolos durante a vida corpórea de Jesus, foi nulo. Só depois de haverem recebido o Espírito, após, a explosão de Pentecostes, é que eles entraram em ação para o desempenho de grande tarefa.”

Mas, adiante, clama: “Mas passado o Pentecostes todos os escolhidos pelo Mestre, com exceção de Judas Iscariotes que faliu em sua missão, cedendo num momento de fraqueza, as injunções inferiores, todos os demais fizeram o que lhes foi possível para a difusão do grande Ideal a eles outorgado”.

PEDRO (Simão)

Era um pescador. Quando Jesus encontrou-o pela primeira vez, disse-lhe: “Tu és Simão, irmão de João; chamar-te-às Cefas.” (João, 1:42). Esta palavra aramaica “Cefas” significa “pedra”. Em outro relato, temos: “Também te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja.” (Mt 16:18).

Principalmente por esta sentença de Jesus, Pedro é, para a tradição católica, designado como o primeiro papa.

Pedro pode ser considerado, dentre os apóstolos, como o mais importante. Ele esta presente em quase todos os momentos de maior relevância descritos nos Evangelhos. E embora num momento de hesitação, na hora crucial, tenha negado Jesus, vemos que, posteriormente, ele se firmou e emergiu como o líder dos demais apóstolos.

TIAGO (Tiago Maior)

Era irmão de João e filho de Zebedeu. Jesus chamou a ambos, ele e seu irmão, de “filhos do trovão”. Talvez, assim os designou pela impulsividade que lhes era peculiar, como podemos constatar em diversas narrativas evangélicas. Podemos notar também que seu nome sempre esta associado ao de seu irmão, e, em companhia de Pedro, eles estiveram ao lado de Jesus nos principais eventos de curas, materializações e, especialmente, no momento da transfiguração de Jesus ocorrida no monte Tabor.

JOÃO

Era o mais jovem dos discípulos. Como seu irmão, João também era pescador. Quando chamado por Jesus, também o atendeu prontamente. Foi o único apóstolo que acompanhou Jesus ate a morte na cruz, momento em que Jesus confiou-lhe a tarefa de cuidar de Maria. Além do Evangelho, atribui-se a João: as Cartas de João e o Livro do Apocalipse.

ANDRÉ

Era irmão de Pedro. Tinha sido discípulo de João Batista, conforme vemos no Evangelho de João (1:40): "André, o irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram as palavras de João e seguiram Jesus.” E foi ele que testemunhou para seu irmão Pedro: “Encontramos o Messias (que quer dizer Cristo). E o conduziu a Jesus.”

FILIPE

Em João, 1:44-45, encontramos: “Filipe era de Betsaida, a cidade de André e de Pedro. Filipe encontra Natanael e lhe diz: “Encontramos aquele de quem escreveram Moises, na Lei e os profetas: Jesus, o filho de José, de Nazaré.”

Em Atos dos Apóstolos, cap. 8, encontramos algumas narrações de seu exercício apostólico: “As multidões atendiam unânimes ao que Filipe dizia, pois ouviam falar dos sinais que operava ou viam-no pessoalmente. De muitos possessos os espíritos impuros saiam, dando grandes gritos, e muitos paralíticos e coxos foram curados. E foi grande a alegria naquela cidade. E adiante, no mesmo capitulo, é descrito que anunciava a Boa Nova em todas as cidades que atravessava”.

BARTOLOMEU (Natanael)

Há pouca informação sobre Bartolomeu. Assim chamado nos três primeiros Evangelhos, João o chama de Natanael. Acredita-se que Bartolomeu seja seu sobrenome. Em João, 1:45-47, encontramos um traço de sua personalidade: a sinceridade e a espontaneidade. Após Felipe anunciar-lhe que havia encontrado o messias em Nazaré: “Perguntou-lhe Natanael: ‘De Nazaré pode sair algo de bom?’ Filipe lhe disse: ‘Vem e vê ’. Jesus viu Natanael vindo até ele e disse a seu respeito: ‘Eis verdadeiramente um israelita, em quem não há fraude’.”

MATEUS (Levi)

Mateus, também chamado Levi, era um publicano (cobrador de impostos) - uma das classes então mais odiadas pelos judeus. Certo dia, quando estava no exercendo suas funções de coletoria, Jesus passou e ali o encontrando chamou-o, e ele atendeu de imediato. E após deixar tudo, ofereceu a Jesus uma grande festa em sua casa, e com eles estava numerosa multidão de publicanos e outras pessoas. Nesta passagem, após a manifesta indignação dos fariseus e seus escribas sobre “comer com pecadores”, Jesus responde: “Os são não têm necessidade de médico, e sim os doentes.”

TOMÉ

Tomé, também chamado Dídimo, não é muito citado nos Evangelhos. Ficaria conhecido por, após o desencarne e reaparecimento de Jesus, ser aquele que não acreditou porque não viu. Alguns dias depois, quando Jesus apareceu novamente, disse: “A paz esteja convosco” Disse depois a Tomé: “Põe teu dedo aqui e vê minhas mãos! Estende tua mão e põe-na no meu lado e não sejas incrédulo, mas crê!” Respondeu-lhe Tomé: ‘Meu Senhor e meu Deus! ’ Jesus lhe disse: “Porque viste, creste. Felizes os que não viram e creram!”.

TIAGO (Tiago Menor)

Tiago, filho de Alfeu, foi chamado, por Marcos, de Tiago Menor, para distingui-lo de Tiago, irmão de João, e filho de Zebedeu. Há poucas referências a este apóstolo. Ele sempre é citado em Companhia dos outros apóstolos.

TADEU (Judas, não o Iscariotes)

Mateus e Marcos o chamaram de Tadeu; Lucas, de Judas – filho de Tiago, e João, de Judas - não o Iscariotes.

Na última Ceia, foi o apostolo que perguntou a Jesus: “Senhor por que te manifestarás a nós e não ao mundo?”

SIMAO (o zelote)

Para distingui-lo de Pedro, que também se chamava Simão, os evangelistas o chamaram de Simão, o zelota, ou Simão, o cananeu. Nos Evangelhos, há poucas referências a este apóstolo.

JUDAS ISCARIOTES

Nos Evangelhos, quando sãos relacionados os apóstolos, Judas Iscariotes é sempre colocado no fim da lista, pois este foi aquele que entregou Jesus. Não há indicação de quando ele foi chamado por Jesus. Quando então se juntou aos demais discípulos, assumiu a função de tesoureiro. Após ter entregado Jesus as autoridades, sentiu imenso remorso e suicidou-se.

MATIAS

Com a morte de Judas, outro deveria assumir seu lugar. Conforme narrativa contida em Ato dos Apóstolos, capitulo 1 , o apostolo Pedro conduziu a escolha de um sucessor de Judas. No sorteio entre Barsabás e Matias, este último foi o vencedor.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Como fizeram os discípulos de Jesus, seríamos nós capazes de, se fossemos chamados, segui-lo com todo o coração?

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

terça-feira, 14 de maio de 2024

8ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

Jesus: Infância à Vida Pública

A INFÂNCIA DE JESUS

Há no evangelho de Lucas (2:39,40) uma citação sobre a infância de Jesus: “Terminando de fazer tudo conforme a Lei do Senhor; voltaram à Galiléia, para Nazaré, sua cidade. E o menino crescia, tornava-se robusto, enchia-se de sabedoria, e a graça de Deus estava com ele”.

JESUS AOS 12 ANOS

Encontramos em Lucas 2:41-50, o episódio de Jesus no Templo de Jerusalém, assim narrado: “Seus pais iam todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa. Quando o menino completou doze anos, segundo o costume, subiram para a festa. Terminados os dias, eles voltaram, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem. Pensando que ele estivesse na caravana, andaram o caminho de um dia, e puseram-se a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. E não o encontrando, voltaram a Jerusalém à sua procura.

Três dias depois, eles o encontraram no Templo, sentado em meio aos doutores, ouvindo-os e interrogando-os; e todos os que o ouviam ficavam extasiados com sua inteligência e com suas respostas. Ao vê-lo, ficaram surpresos, e sua mãe lhe disse: ‘Meu filho, porque agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu, aflitos, te procurávamos ’. Ele respondeu: ‘Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?’ Eles, porém, não compreenderam a palavra que ele lhes dissera.

JESUS DOS DOZE AOS TRINTA

Após este episódio, as narrativas evangélicas focalizam Jesus no início de seu ministério publico, aos 30 anos de idade. A ausência de informações a este respeito tem levado muitas pessoas a levantarem conjecturas que, muitas vezes são tomadas como verdade. 

Entre estas conjecturas, há quem afirme que Jesus esteve entre os essênios. A este respeito, vale destacar as considerações de Emmanuel, em A Caminho da Luz, capitulo XII: “Muitos séculos depois de sua exemplificação incompreendida há quem o veja entre os essênios, aprendendo as suas doutrinas, antes do seu messianismo de amor e de redenção. As próprias esferas mais próximas da Terra, que pela força das circunstâncias se acercam mais das controvérsias dos homens, que do sincero aprendizado dos espíritos estudiosos e desprendidos do orbe, refletem as opiniões contraditarias da humanidade, a respeito do Salvador de todas as criaturas. O Mestre, porém, não obstante a elevada Cultura das escolas essênias, não necessitou de sua contribuição. Desde os seus primeiro dias na Terra, mostra-se tal qual era, com a superioridade que o planeta lhe conheceu desde os tempos longínquos do princípio.” Onde esteve Jesus dos 12 aos 30?

Retornemos a Lucas 2:51,52 e vejamos o que ele nos diz, após o fato de Jesus ter sido encontrado no templo de Jerusalém: “Desceu então com eles para Nazaré e era-lhes submisso. Sua mãe, porém, conservava a lembrança de todos esses fatos em seu coração. E Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e diante dos homens.”

No limiar do estudo sobre o ministério publico de Jesus, vamos refletir: Jesus era o Messias? As principais acomodações, interpolações, alterações nos textos evangélicos, especialmente quanto às origens humanas de Jesus, convergem para um único objetivo: convencer que Jesus é o Messias.

Porém, o que Israel esperava? Durante séculos, foram construindo a expectativa de um messias belicoso, segundo as melhores interpretações dos textos proféticos, revestido de poder temporal, que iria libertar o povo do jugo estrangeiro e estabelecer a hegemonia do povo de Deus.

Jesus, no entanto, não corresponde ao conceito tradicional judaico do Messias. Jesus não era um messias político. As profecias que o descrevem como um líder político são inaceitáveis. 

Conforme assinala Hermínio Miranda no livro “Cristianismo: A Mensagem Esquecida”: “... A despeito das manipulações posteriores, contudo ficaram veementes indícios de que Jesus jamais se considerou o messias da tradição judaica. Um desses indícios está na surpreendente questão levantada por João Batista, segundo consta em Mateus, 11:3 “És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?”

Jesus lhe responde com extrema habilidade e inteligência: Que o próprio João o julgue: os cegos veem, os coxos andam, os “mortos” ressuscitam. No entanto, cala-se sobre os aspectos políticos. Equivale isso a dizer: Trago comigo as credenciais de um enviado, sim, para servir, para amar e pregar uma doutrina libertadora, mas não sou o Messias no sentido político das expectativas tradicionais.

A DESCONSTRUÇÃO DO MITO

Assinala Herculano Pires em sua obra “Revisão do Cristianismo” que Kardec foi o primeiro a ter a coragem de submeter o Evangelho (no sentido global do termo) as divisões necessárias, para separar do texto, dividido em cinco partes, o ensino moral de Jesus. Esse ensino que realmente nos oferece a concepção cristã do mundo e do Homem. E nele, Jesus não aparece como um taumaturgo místico ou um semideus, a pessoa de Deus no mundo ou a encarnação do Verbo, mas como o ser na existência, o homem no mundo (não do mundo) da expressão kardeciana, o homem que traz consigo a mais perfeita ideia de Deus e por isso se encamou, para transferi-la aos homens como homem.

Finalizando, transcrevemos as considerações de André Luiz em “Mecanismos da Mediunidade”, capitulo XXVI: “Desde a chegada do Excelso benfeitor ao planeta, observa-se-lhe o pensamento sublime penetrando o pensamento da humanidade”.

Dir-se-ia que no estábulo se resumem pedras e arbustos, animais e criaturas humanas, representando os diversos reinos da evolução terrestre, para receber-lhe o primeiro toque mental de aprimoramento e beleza.

Casam-se os hinos singelos dos pastores aos cânticos de amor nas vozes dos mensageiros espirituais, saudando aquele que vinha libertar as nações, não na forma social que sempre lhes será vestimenta às necessidades de ordem coletiva, mas no ádito das almas, em função da vida eterna.

Antes dele, grandes comandantes da ideia haviam pisado o chão do mundo, influenciando multidões.

Guerreiros e políticos, filósofos e profetas alinhavam-se na memória popular, recordados como disciplinadores e heróis, mas todos desfilaram com exércitos e formulas, enunciados e avisos, em que se misturam retidão e parcialidade, sombra e luz.

Ele chega sem qualquer prestígio de autoridade humana, mas, com a sua magnitude moral, imprime novos rumos à vida, por dirigir-se, acima de tudo, ao espírito, em todos os climas da Terra. Transmitindo as ondas mentais das esferas superiores de que procede, transita entre as criaturas, despertando-lhes as energias para a Vida Maior como que a ranger-lhes as fibras recônditas, de maneira a harmonizá-las com a sinfonia universal do Bem Eterno.”

QUESTAO REFLEXIVA:

Comente a importância da encarnação de Jesus entre nós

Bibliografia

- A Bíblia de Jerusalém.
- Miranda, Hermínio - Cristianismo: A mensagem Esquecida.
- Xavier, Francisco C./Emmanuel - A Caminho da Luz.
- Xavier, Francisco C./André Luiz - Mecanismos da Mediunidade.
- Pires, Herculano - Revisão do Cristianismo.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

quinta-feira, 9 de maio de 2024

8ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

Jesus; Anunciação, Nascimento, Família, Vida Dos 12 Aos 30 - Formação Religiosa e Espiritual

Anunciação e Nascimento

As únicas fontes acerca da concepção e do nascimento de Jesus são os evangelhos de Mateus e Lucas. São narrativas que trazem informações distintas.

De acordo com a Bíblia de Jerusalém, em nota explicativa encontrada em Lucas 1:29, as narrativas de Lucas expressam o ponto de vista de Maria, enquanto Mateus apresenta-as pelo prisma de José.

Mateus aborda a concepção de Jesus, o conflito de José e a intervenção do plano espiritual em sonho, a visita dos reis magos, guiados pela estrela de Belém, a matança dos inocentes decretada pelo rei Herodes, a fuga da família de Jesus para o Egito e o retomo para Nazaré após a morte de Herodes.

Lucas aborda a anunciação feita pelo anjo Gabriel, a concepção de Jesus, o nascimento, o coro dos anjos anunciando aos pastores o nascimento de Jesus, a visita dos pastores a Jesus, a apresentação de Jesus no templo de Jerusalém, conforme costume da época.

Estas narrativas têm sido objeto de pesquisas cientificas que visam à construção do Jesus histórico. Hoje não existe qualquer dúvida sobre a existência histórica de Jesus e há um bom levantamento dos aspectos culturais, sociais da época, que nos fornecem um panorama da sociedade ao tempo de Jesus. Mas, muitas perguntas permanecem sem respostas conclusivas. Entre estas perguntas estão: Jesus teria nascido em Belém? Herodes teria decretado a matança dos inocentes? Jesus teria permanecido no Egito até a morte de Herodes?

Quem eram os reis magos e Jesus teria sido visitado por eles? Essas narrativas são lendas criadas em torno de Jesus, no processo de mistificação ocorrido ao longo dos séculos?

São perguntas, cujas respostas têm importância apenas relativa, na medida em que o essencial é a mensagem, a vida, os exemplos de Jesus.

Aqui, destacaremos alguns pontos fundamentais: a anunciação, a concepção de Jesus, sua família, a infância, Jesus dos 12 aos 30. Abordaremos também a seguinte questão: Jesus era o Messias?

A ANUNCIAÇÃO

“No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria. Entrando onde ela estava, disse-lhe: Alegra-te cheia de graça, O Senhor está contigo”.

Ela ficou intrigada com essa palavra e pôsse a pensar qual seria o significado da saudação. O Anjo, porém, acrescentou: “Não temas, Maria! Encontraste graça junto de Deus. Eis que conceberas no teu seio e darás a luz um filho, e tu o chamaras com o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará na casa de Jacó para sempre, e o seu reinado não terá fim.” (Lc 1:26-33).

O evangelho de Lucas revela-nos a beleza poética do anuncio feito pelo anjo Gabriel a Maria, vaso escolhido para ser a mãe de Jesus, bem como lhe fala da excelsa missão de que Jesus fora investido por Deus, nosso Pai.

0s evangelhos estão repletos de fenômenos espíritas, evidenciando o intercambio constante entre o céu e a terra, a amorosa solicitude dos mensageiros de Deus, acendendo clarões imortais na face da Terra.

Abordaremos na sequência, a narrativa de Mateus, para nos determos no estudo da concepção virginal de Jesus.

A CONCEPÇÃO DE JESUS

Vejamos a narrativa de Mateus, capitulo 1, versículos de 18 a 25: “A Origem de Jesus Crista foi assim: Maria, sua mãe, comprometida em casamento com Jose, antes que coabitassem, achou-se grávida pelo Espírito Santo. José, seu esposo, sendo justo e não querendo denunciá-la publicamente, resolveu repudiá-la em segurança. Enquanto assim decidia, eis que a Anjo do Senhor manifestou-se a ele em sonho, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher pois o que nela foi gerada vem do Espírito Santo. Ela dará a luz um filho e tu o chamarás com o nome de Jesus, pois ele salvara o seu povo dos seus pecados. Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor havia dito pelo profeta: Eis que a virgem conceberá e dará a luz um filho e a chamará a com o nome de Emanuel, o que traduzido significa ‘Deus está conosco’. José, ao despertar do sono, agiu conforme a Anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu em casa sua mulher. Mas não a conheceu até o dia em que ela deu a luz um filho. E ele o chamou com o nome de Jesus.”

O evangelho de Mateus se dirigia particularmente aos judeus e ele tinha o objetivo de evidenciar que Jesus era o Messias aguardado ha séculos, aquele de quem tantos profetas haviam falado. Para evidenciar isto, Mateus faz constantes alusões às escrituras antigas, inserindo-as no seu evangelho.

No tocante a concepção de Jesus, Mateus cita o profeta Isaias. No entanto, na Bíblia de Jerusalém, encontramos em Isaias, capitulo 7, versículo 14, a seguinte profecia: “Eis que a jovem está grávida e dará a luz um filho e dar-lhe-ei o nome de Emanuel.”

Em nota explicativa referente a Isaias 7: 14, a Bíblia de Jerusalém diz o seguinte: “A tradução grega traz a “virgem” precisando assim o termo hebraico almah, que designa quer a donzela, quer uma jovem casada recentemente, sem explicitar mais. Ou seja, a Bíblia de Jerusalém é fiel ao texto original hebraico, em Isaias 7:14, no qual a palavra não é ‘virgem’, mas ‘almah’, ou seja, uma moça, mas em Mateus 1:23, o termo é “virgem” utilizado na tradução grega da Septuaginta, combinando com a interpretação católica.

Voltando ao Evangelho de Lucas, nos perguntamos: O texto atual de Lucas contém a ideia de uma concepção virginal? Se contém, teria essa ideia sido introduzida posteriormente sendo que no relato original ela não existia? O que se verifica é que não ha nenhuma declaração explicita de que Maria e Jose não tenham se unido após a anunciação.

Destacando Lucas 1:34 onde se lê: “Maria, porém, disse ao anjo: Como é que vai ser isso, se eu não conheço homem algum?” Podemos compreender que no momento da anunciação, Maria não teria ainda se unido a José, o que não quer dizer que não tenha feito posteriormente.

A profecia de Isaias (7:14) inserida em Mateus 1:23, daria fundamentação à ideia da concepção sobrenatural de Jesus, transformando-se mais tarde num dogma da Igreja. A partir do momento em que a Igreja declara que Jesus é Deus (século IV), Jesus só poderia ter sido gerado pelo “Espírito Santo”.

Tudo indica que ao tempo dos apóstolos, e, portanto, do aparecimento dos evangelhos, não havia a ideia de que Jesus havia sido concebido de forma sobrenatural. O apostolo Paulo não faz menção a isto em suas epistolas. Em suas viagens missionárias, Paulo percorreu uma boa parte do mundo conhecido de então e se não fez menção a concepção virginal era porque não era doutrina corrente no seu tempo. Caso isto tivesse sido apregoado, ele, que sempre foi muito atento na observação de desvios doutrinários, telo ia abordado o assunto. Registramos em sua epistola aos Gálatas (4:4) o seguinte: “...Enviou Deus o seu filho, nascido de mulher; nascido sob a Lei, para resgatar os que estavam sob a Lei,...”

A ideia da concepção e do nascimento virginais são acomodações posteriores e foram introduzidas no texto, de forma incompetente, forçando-o a dizer, em alguns versículos, o que outros contradizem, explícita ou implicitamente.

Jesus foi concebido de acordo com as leis naturais. Nada ocorre fora das leis naturais, que são divinas e imutáveis. Podemos compreender o termo virgem como uma metáfora, para nos referimos ao coração lirial de Maria, um Espírito de alta envergadura, missionária, cuja grandeza lhe facultou a condição de ser mãe de Jesus, aceitando, incondicionalmente, a incumbência de orientar-lhe os passos e acompanhá-lo em pleno exercício de sua excelsa missão, até o desfecho doloroso do calvário e prosseguir como apoio amoroso aos cristãos de todos os tempos.

A FAMÍLIA DE JESUS - JESUS TINHA IRMÃOS?

Em Lucas, 2:7, encontramos: “... e ela deu á luz o seu filho primogênito, envolveu-o com faixas e reclinou-o numa manjedoura porque não havia um lugar para eles na sala”.

Pela narrativa, podemos concluir que não havia nesse tempo, a tradição de que Jesus fosse filho único. O termo primogênito e não unigênito (único filho gerado) deixa claro que Lucas não pretendeu apresentar Jesus como filho único de Maria.

Os evangelhos bem como Atos dos Apóstolos fazem referência aos irmãos de Jesus. Em Mateus (13:55-56) encontramos: “Não é ele o filho do carpinteiro? Não se chama a mãe dele Maria e os seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? E as suas irmãs não vivem todas entre nós?”

Há outra referência em Mateus (12:46): “Estando ainda a falar às multidões, sua mãe e seus irmãos estavam fora, procurando falar-lhe”, e em nota explicativa a este versículo, a Bíblia de Jerusalém, coerente com a postura dogmática, declara que os irmãos ai referidos não eram filhos de Maria, mas parentes próximos, por exemplo, primos, que o hebraico e o aramaico também chamavam irmãos.

Porém, além das evidências encontradas no Novo Testamento acerca dos irmãos de Jesus, prevalece hoje, em função das pesquisas históricas, a ideia de que Jesus teve irmãos e irmãs.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Jesus nasceu em uma manjedoura. Emmanuel refere-se a momento como “ponto inicial da lição salvadora do Cristo como a dizer que a humildade representa a chave de todas as virtudes”. Reflita e comente as palavras de Emmanuel.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

terça-feira, 7 de maio de 2024

7ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

Desmistificando o Batismo

Significado - Do grego baptismos, que significa mergulho, imersão, banho. O batismo é utilizado por varias religiões, como rito de purificação e renovação.

A ORIGEM DESSA PRÁTICA

Segundo Cairbar Schutel, o batismo tem origem na Grécia Antiga, onde os cultuadores da deusa Cotito participavam de banhos de imersão para purificação, antes dos rituais dedicados a ela. Por isso, eram chamados de baptai ou banhistas.

Mas os hebreus não adotavam essa prática. Seguindo a lei mosaica, para se purificarem, eles adotavam a circuncisão que consiste na remoção do prepúcio, uma pele que recobre a extremidade do órgão sexual masculino.

JOÃO BATISTA, AQUELE QUE INTRODUZIU O BATISMO ENTRE OS HEBREUS.

João Batista andava em meio ao povo e pregava com austeridade o arrependimento das faltas cometidas.

Batizava aqueles dispostos a se renovarem interiormente, aqueles que aceitavam as realidades que ele pregava de maneira a se prepararem para o advento do Cristo.

O batismo de João, nas águas, segundo explica Cairbar Schutel, era uma tentativa de abolir a circuncisão, que além de um ato violento e desnecessário, vinha servindo de pretexto para a demagógica prática exterior entre o povo hebreu.

O batismo realizado por João, com água, era uma prática provisória, pois ele mesmo anunciava que outro viria e batizaria não mais com água, mas com fogo e o Espírito Santo: “Eu vos batizo com água para o arrependimento, mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu, de fato, eu não sou digno nem ao menos de tirar-lhes as sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com o fogo.” (Mt 3: 11-12).

Depois de suas pregações, João Batista imergia os arrependidos e os preparava para receberem posteriormente as lições que Jesus iria trazer. “Voz do que grita no deserto: Preparai o caminho do Senhor; tornai retas suas veredas”. (Mt 3:2).

JOÃO BATISTA E JESUS CRISTO

João Batista, ao se deparar com Jesus, não queria batizá-lo e argumentou: “Eu é que tenho necessidade de ser batizado por ti e tu vens a mim?” Ao que Jesus respondeu: “Deixa estar por enquanto, pois assim nos convém cumprir toda a justiça”.

Se João Batista batizava as pessoas para o arrependimento, por quais razões foi necessário batizar Jesus?

Certamente que Jesus não tinha do que se arrepender. É um Espírito puro. Há interpretações de que, submetendo-se ao batismo, Jesus quis nos ensinar a obediência e a submissão. Sim, podemos encarar assim, se considerarmos que João Batista exortava todos a se submeterem a imersão nas águas como símbolo da aceitação das leis de Deus.

Mas naquele momento, algo era mais importante que o exemplo, até porque a partir dali, Jesus assumiria a sua missão e teria outras e muitas oportunidades para deixar como exemplos para a humanidade.

Na verdade era necessário que João Batista identificasse Jesus e tivesse plena certeza de tratar-se do Messias.

Isso aconteceu logo apos a imersão, quando ocorreram dois fenômenos espirituais de diferentes abrangências: o primeiro abrange somente a João Batista, que vê os Espíritos Superiores, por determinação do Pai Celestial, produzirem a figura de pomba que desce e pousa sobre Jesus. A segunda abrange todos os presentes que não veem a pomba, mas ouvem a Voz “Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo.”, que certamente também foi produzida pelos Espíritos em nome de Deus. (Mc 1:9-11).

Portanto, com o batismo, João Batista identifica Jesus e pode anunciá-lo ao povo hebreu, encerrando, assim, a sua missão precursora do Cristianismo.

BATISMO COM FOGO E ESPÍRITO SANTO

Batizar imergindo na água, conforme efetuava João Batista era um ato simbólico. Mais importante do que ele era o discurso que exortava as pessoas à reflexão em mudança e a esperança, na espera daquele que viria para modificar definitivamente as suas vidas: Jesus. 

João Batista antecedia e preparava o ambiente e os corações, criava a expectativa positiva para o advento do Cristo.

Jesus, com sua missão de redenção da humanidade, batizaria com o fogo e o Espírito Santo. O termo “Espírito Santo” designa as falanges de Espíritos Superiores a serviço da missão especial de Jesus. O fogo era a força comburente que queimaria as paixões mundanas e o erro, consumiria as ilusões e os enganos. Podemos interpretar esse fogo como uma força permanente, tal como de fato o é o Evangelho de Jesus. Essa força não se esgotara e agira até o final, para redenção de todos os homens, limpando os corações e mentes das coisas impuras e distantes das leis divinas, até que aprendamos e apliquemos a Lei de Amor, como a palha é queimada em fogo que não se extingue: “A pá esta em sua mão; limparás sua eira e recolherás o trigo em seu celeiro; a palha porém, ele a queimará num fogo inextinguível.” (Lc 3:17).

O batismo com o Espírito Santo é o despertamento para os fatos relativos ao Espírito a partir de uma renovação interior, de uma conscientização. Significa uma qualificação das relações dos homens com o Plano Espiritual. Essas relações sempre existiram, mas a partir dessa tomada de consciência pela adesão ao caminho indicado por Jesus, o Homem se torna apto a melhorar e receber a “graça invisível que vem do alto e produz em todos os que a recebem, um sinal visível que constitui a nossa fé sincera, a prática das virtudes ativas e os esforços para a regeneração e a formação do nosso caráter”, segundo explica Cairbar Schutel.

BATISMO E COMPROMISSO NA VISÃO ESPÍRITA

O verdadeiro batismo para Jesus e para a Doutrina Espírita é a restauração interior, a renovação pela prática do Evangelho. Os Espíritos muito nos ensinam sobre a verdadeira comunhão dos cristãos com Jesus Cristo e com Deus, o Pai Celestial. Emmanuel, por exemplo, nos diz que nem mais água, menos água, nem em relação às crianças recém-natas, nem aos adultos - nada disso faz diferença. Essas práticas foram necessárias como o uso de figuras é necessário para cativar e prender a atenção das crianças no curso primário. Mas o verdadeiro batismo consiste em ouvir os ensinamentos do Mestre e praticá-los.

Sobre a prática das demais religiões, a Doutrina nos diz que devemos compreender e não criticar a nenhum ritual. Emmanuel nos lembra que “a intenção nobre e reta, seja onde for, é sempre digna e respeitável”.

QUESTÃO REFLEXIVA

Qual o sentido do verdadeiro batismo que a Doutrina Espírita nos ensina?

Bibliografia

- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. F EESP.
- Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- Xavier, Francisco C. /Humberto de Campos - Boa Nova.
- Schutel, Cairbar - O Batismo.
- Grande Enciclopédia Larousse Cultural.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

quinta-feira, 2 de maio de 2024

7ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

João Batista - Nascimento e Família, a Prática do Batismo, Pregação e Morte

Um Profeta Chamado Elias

Relata o primeiro livro de Reis que no século IX antes de Jesus, vivia Onri, rei de Israel, construtor da cidade de Samaria, cujo filho Acabe se casou com a princesa fenícia Jezabel, filha do rei de Tiro. Jezabel era adoradora de Baal, deus da chuva, e mantinha 450 sacerdotes adoradores desse deus. Ela submeteu Acabe, já coroado rei, à sua idolatria e declarando guerra aos sacerdotes e profetas do Deus de Israel, a muitos deles mandou matar.

Nessa mesma época viveu Elias, o tesbita, que era originário de Tesbi, na região da tribo de Naftali, mais tarde chamada Galiléia. Elias amava a Deus, o Deus único e todo-poderoso dos judeus.

Conhecendo os desmandos de Jezabel e os caminhos pagãos pelos quais Acabe estava se desviando, Elias desafiou os sacerdotes de Baal a lançar um raio do céu sobre um altar de sacrifícios, enquanto ele, Elias, invocaria o deus de Israel. O deus que respondesse com fogo, esse seria o verdadeiro. Apesar das invocações dos sacerdotes de Baal, o altar só veio a incendiar-se à tarde, após as preces de Elias.

Aproveitando-se da situação e esquecendo-se de que Deus é Deus de misericórdia, de amor e de perdão, Elias ordenou que lançassem mão dos profetas de Baal e os matassem. E todos eles foram mortos degolados no ribeiro de Quizom. (I Reis, 18:40 e 19:1); médium que era, Elias prosseguiu naquela encanação orientando o povo, falando e agindo em nome de Deus. Mas aquela ordem para matar os sacerdotes de Baal ficou indelevelmente gravada na sua consciência. Apenas o futuro lhe reservaria a possibilidade de redenção.

A PROMESSA DE UM PRECURSOR DO MESSIAS

Havia quase cinco séculos que a boca profética ali se calara e uma preocupação geral dominava os corações. O povo de Israel havia sido avisado pelos profetas ha muitos anos, de que Deus enviaria um Messias, que viria para orientar todos os homens e mulheres de boa vontade. Antes, porém, Ele mandaria alguém, um mensageiro, um precursor, que é aquele que anuncia um sucessor ou a chegada de alguém. E o que vai adiante.

No livro profético Malaquias, escrito após o cativeiro do povo hebreu na Babilônia, aproximadamente no ano 480 a.C., encontra-se a promessa do Precursor, ou daquele que viria antes:

“...Eis que enviarei o meu mensageiro para que prepare um caminho diante de mim. Então, de repente, entrará em seu Templo o Senhor que vós procurais;” (Malaquias 3:1).

“Eis que vos enviarei Elias, o profeta, antes que chegue o Dia de Iahweh, grande e terrível. Ele fará voltar o coração dos pais para os filhos e o coração dos filhos para os pais, para que eu não venha ferir a terra com anátema”. (Malaquias 3:23).

A promessa era a de que o próprio Elias voltaria para indicar aquele que seria o Cristo.

O ANÚNCIO DO NASCIMENTO DE JOÃO BATISTA

Aproximadamente 800 anos depois da época de Elias, no tempo em que reinava na Judéia o rei Herodes, o Grande, existiu um sacerdote chamado Zacarias; sua mulher, Isabel, era descendente de Arão, prima de Maria, futura mãe de Jesus.

Conforme narra Lucas, estando Zacarias a exercer diante de Deus as lições sacerdotais, um Espírito mensageiro trouxe-lhe o recado de que fora incumbido: “Não temas, Zacarias, porque tua suplica foi ouvida, e Isabel, tua mulher lhe dará um filho, ao qual porás o nome de João.” (Lc 1:13-17). Zacarias, por ter duvidado da mensagem do Espírito chamado Gabriel, permaneceu mudo ate o nascimento da criança.

A TAREFA DE JOÃO BATISTA

No ano 15, sob domínio do imperador romano Tibério, encontramos João Batista em sua gloriosa tarefa de preparação do caminho à verdade, precedendo o trabalho divino do amor, que o mundo conheceria em Jesus Cristo.

João não permaneceu parado. Ele percorreu todos os lugares próximos ao rio Jordão, proclamando o batismo do arrependimento, para que pudesse haver remissão dos erros cometidos diante de Deus e dos homens. Ele pregava “o mergulho para a reforma interior”.

Lucas completa o perfil da tarefa de João quando cita as palavras de Isaias: “Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor tornar retas suas veredas; todo vale será aterrado e toda montanha ou colina será abaixada; as vias sinuosas se transformarão em retas e os caminhos acidentados serão nivelados. E toda a carne verá a salvação de Deus”. (Lc 3:4-6).

Tudo isso pode ser interpretado moralmente, no sentido de preparar os homens para receber as verdades a que Jesus viria pregar.

Mateus e Marcos nos dão a descrição física do precursor e mensageiro de mais Alto (Mt 3:1-6 e Mc 1:1-6). Assim como Elias, o antigo profeta usava uma veste de “pelo de camelo” (2 Reis, 1:7-8).

A palavra “veste” compreende as duas pecas principais: a túnica e o manto. A túnica era presa aos rins por um cinto de couro. Quanto à alimentação, alimentava-se de mel silvestre e gafanhotos do deserto.

João Batista foi a Voz clamante no deserto. Operário da primeira hora é ele o símbolo rude da verdade que arranca as mais fortes raízes do mundo, para que o reino de Deus prevaleça nos corações. Exprimindo a austera disciplina que antecede a espontaneidade do amor, a luta para que se desfaçam as sombras do caminho, João é o primeiro sinal do cristão ativo, em guerra com as próprias imperfeições do seu mundo interior, a fim de estabelecer em si mesmo o santuário de sua realização com o Cristo. Foi por essa razão que dele disse Jesus: “Digo-vos que entre os nascidos de mulher não há maior do que João; mas o menor no Reino de Deus, é maior que ele”. (Lc. 7:28).

De caráter enérgico, chamava o povo ao bom procedimento e, tal como Elias nos tempos antigos, não aceitava o mau proceder. Surgiu como um orientador severo e disciplinador diante do povo. Orientava: “Quem tiver túnicas, repartas com aquele que nada tem, e quem tiver o que comer; faça o mesmo”. (Lc 3:11).

JOÃO ANUNCIA O VERDADEIRO MESSIAS

Havia entre o povo judeu uma grande expectativa pela vinda do Messias que os libertaria do jugo romano. Não seria João o Messias? 

O precursor explicava com simplicidade que a sua tarefa era de apenas preparar o caminho para o Messias.

Por essas afirmações de que ele não era o Messias, sacerdotes e levitas enviados pelos judeus do Sinédrio lhe perguntaram: “Quem és então? És tu Elias?... És o profeta?” (Jo 1:21). 

A todas essas indagações, ele respondeu negativamente, dizendo ser somente uma voz que clama no deserto dos corações humanos. 

Indignados, tomando satisfações de seus atos, voltaram a perguntar: “Por que batizas, se não és o Cristo nem Elias, nem o profeta?” (Jo 1:25), e ele novamente esclarece: “No meio de vos está alguém que não conheceis, aquele que vem depois de mim, do qual não sou digno de desatar a correia da sandália” (Jo 1:26-27), apontando para Jesus.

O BATISMO DE JESUS

O bondoso Espírito orientador de João, aquele que o havia orientado a batizar na água lhe havia comunicado: “Aquele sobre quem vires o Espírito descer e permanecer é o que batiza com o Espírito Santo.” (Jo 1:33).

“Nesse tempo veio Jesus da Galiléia ao Jordão, até João a fim de ser batizado.” (Mt 3:13).

Ao ver Jesus achegando-se, o vaso improvisado para o banho lhe escorregara da mão e ele gritou sem poder dominar-se: 

“Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Este é de quem eu dizia: após mim vem um que é maior do que eu; porque existia antes de mim. Não o conhecia eu; mas, para o tornar conhecido de Israel é que vim com o batismo d’água e, aproximando-se, disse-lhe:

“- Eu é que tenho necessidade de ser batizado por ti e tu vens a mim?”

“- Deixa estar por enquanto, pois assim nos convém cumprir toda a justiça. Batizado, Jesus subiu imediatamente da água, e logo os céus se abriram e ele viu o Espírito de Deus descendo com uma pomba e vindo sobre ele.” (Mt 14:16).

Após o ato singelo, ouviu-se uma voz: “Este é meu Filho querido, no qual pus a minha complacência”. O evento de seu batismo por João marca o inicio da vida publica de Jesus.

Tempos depois, referindo-se a João, Jesus revela a seus discípulos: “E, se quiseres dar crédito, ele é o Elias que deve vir. Quem tem ouvidos, ouça.” (Mt 11:14).

Em outro passo, Jesus, interrogado pelos discípulos sobre a vinda de Elias, respondeu: “Eu vos digo, porém que Elias já veio, mas não o reconheceram. Ao contrário, fizeram com ele tudo quanto quiseram”. (Mt 17: 12).

PRISÃO DE JOÃO

Herodes Antipas, em certa ocasião, fez uma viagem a Roma durante a qual visitou seu irmão Filipe I, onde conheceu sua cunhada Herodíades e surgiu violenta paixão entre ambos.

Herodíades, além de ser sua cunhada de Herodes Antipas, também era neta de Herodes, o Grande; filha de seu filho Aristóbulo. Portanto, ela também era sobrinha de Antipas.

A união com Herodíades, sua sobrinha e cunhada, causou escândalo entre os judeus, por constituir adultério (Ex 20:14 e Lev 18:20 e 20:10), além de incesto (Lev 18:15). Ao chegar, Herodíades trazia consigo sua filha, que se chamava Salomé.

João Batista, como em outros tempos fazia Elias contra Jezabel, repreendia o casal publicamente, pela maneira escandalosa como viviam, já que eram péssimos exemplos para o povo, e acabou sendo encarcerado.

Preso na masmorra fria e sinistra de Maqueronte, João passou dez meses de doloroso cativeiro demonstrando coragem férrea. Jamais temeu. Sentia interiormente que aquela era à hora do testemunho.

A MORTE DE JOÃO

Herodíades usa de um estratagema e instrui sua filha Salomé para que, ao dançar para Herodes, o tetrarca, no dia de seu aniversario, pedisse-lhe a cabeça de João Batista. Herodes não pode furtar-se, pois já havia prometido de antemão aquilo que ela lhe pedisse. Assim, mandou degolar João batista no cárcere. (Mt 14: 10).

Cumpria-se, desse modo, a Lei de Causa e Efeito: João Batista, cujo Espírito em encarnação anterior animara a personalidade de Elias, o Tesbita, reparava, perante sua própria consciência, o assassinato dos sacerdotes de Baal, junto ao rio Quizom, mortos a espada por ordem dele.

QUESTÃO REFLEXIVA:

João Batista, o precursor do Messias, nos ensinava: “Preparai o caminho do Senhor; endireitai as suas veredas...”. Qual o significado desses ensinamentos?

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.