CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

22ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

A Ressurreição no Evangelho e os Milagres de Jesus Relacionados aos fenômenos da natureza

A Ressurreição no Evangelho

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capitulo IX, item 8, é nos mostrada à importância da obediência e resignação, duas virtudes essenciais que nos levam, respectivamente, ao consentimento da razão e do coração.

O Mestre é o exemplo vivo dessas duas virtudes, e em conhecendo as necessidades do Homem, tanto do ponto de vista intelectual quanto moral, agia com naturalidade e humildade nas mais diversas circunstancias como veremos a seguir.

Com sua autoridade moral plena, não derrogou Leis Divinas, ao contrário, buscou utilizá-las para despertar no homem o desejo do conhecimento das Leis e a necessidade da sua aplicação em nossa vida diária. Algumas das passagens que suscitam maior discussão dos feitos de Jesus referem-se à questão das “ressurreições” por ele praticadas.

Vejamos o que nos diz a Doutrina Espírita sobre a ressurreição no Evangelho:

- A filha de Jairo

- O filho da viúva de Naim

- A Volta de Lázaro (letargia e catalepsia)

“Em verdade, em verdade, te digo: quem não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus.” (Jo 3:3). O termo ressurreição significa a Volta a Vida no mesmo corpo físico.

A ressurreição, diz Kardec no cap. IV de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, fazia parte dos dogmas dos judeus. Mas, essa crença, como muitas outras, não estava totalmente clara. Eles simplesmente acreditavam na possibilidade de alguém Voltar a Viver após sua morte, mas não sabiam como isso se dava.

A Ciência, no entanto, comprova a impossibilidade de tal processo, pois após a morte do corpo, esses elementos se decompõem, dispersam-se, e servem para a formação de novos corpos.

Em “A Gênese”, cap. XV item 39, Kardec afirma: “O fato do retorno à vida corporal de um individuo, realmente morto, seria contrário das Leis da Natureza, e, por conseguinte, miraculoso...”

A Doutrina Espírita esclarece-nos que a reencarnação é a volta do Espírito a vida corpórea, mas em um novo corpo, diferente do antigo.

Aqui podemos recordar o caso de João Batista que, pelas palavras de Jesus, era a reencarnação do profeta Elias, como consta do Evangelho de Mateus, no cap. 11:14-15: “Porque todos os profetas bem como a Lei profetizaram, até João. E, se quiseres dar crédito ele é o Elias que deve vir. Quem tem ouvidos, ouça.”

A Filha de Jairo

"Jesus, ao entrar na casa de Jairo, um dos dirigentes de uma sinagoga, vendo os flautistas e a multidão em alvoroço, disse: Retirai-vos todos daqui, porque a menina não morreu: dorme. E caçoavam dele. Mas, assim que a multidão foi removida para fora, ele entrou, tornou-a pela mão e ela se levantou”. A notícia do que aconteceu espalhou-se por toda aquela região.” (Mt 9:23-26).

O Filho da Viúva de Naim

“Ao se aproximar da porta da cidade, coincidiu que levavam a enterrar um morto, filho único de mãe viúva; e grande multidão da cidade estava com ela. O Senhor; ao vê-la, ficou comovido, e disse-lhe: ‘Não Chores!”

“Depois, aproximando-se, tocou o esquife, e os que o carregavam pararam. Disse ele, então: jovem, eu te ordeno, levanta-te! E o morto sentou-se e começou a falar. E Jesus o entregou-a sua mãe.” (Lc 7:12-15).

A Ressurreição de Lázaro

“Ao chegar; Jesus encontrou Lázaro já sepultado havia quatro dias (...) Então, disse Marta a Jesus: ‘Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido. Mas, ainda agora sei que tudo o que pedires a Deus, ele te concedera.’ Disse-lhe Jesus: ‘Teu irmão ressuscitará’ (...) Disse Jesus: ‘Retirai a pedra!’ Marta, a irmã do morto, disse-lhe: ‘Senhor; já cheira mal: é o quarto dia!’ Disse-lhes Jesus: ‘Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?’. Tendo dito isto, gritou em alta voz: ‘Lazaro, vem para fora!’ O morto saiu, com os pés e mãos enfaixados e com o rosto recoberto com um sudário. Jesus lhes disse: Desatai-o e deixai-o ir embora.” (Jo 11:17-44)

Quando nos deparamos com esses fatos, a ideia de algo sobrenatural e milagroso assalta-nos, pois a primeira vista, poderíamos pensar em situações onde aquele que já estivesse morto pudesse retomar a vida física no mesmo corpo. Entretanto, a Doutrina Espírita vem auxiliar a nossa compreensão daquilo que parece maravilhoso, mas, ao contrario do que se pensa, está plenamente de acordo com Leis Naturais, que, por vezes, ainda não conhecemos. É o caso dos estados de letargia e catalepsia que justificam as passagens bíblicas acima citadas.

A letargia e a catalepsia, consoante explicação de Kardec no cap. VIII de “O Livro dos Espíritos” derivam do mesmo principio. A letargia e a catalepsia tem o mesmo fundamento: a perda temporária da sensibilidade e do movimento decorrente de uma causa fisiológica ainda não completamente estabelecida.

A diferença entre as duas reside no fato de que na letargia a paralisação do corpo é geral e dá ao corpo a aparência de morte, enquanto que na catalepsia, a paralisação é localizada, podendo atingir uma parte mais ou menos extensa do corpo.

Não podemos afirmar com absoluta certeza se nos casos do filho da viúva de Naim e da filha de Jairo teria ocorrido um estado de catalepsia ou de letargia, pois não ha dados suficientes nos relatos bíblicos para que possamos distinguir um fenômeno do outro. De qualquer maneira, podemos afiançar que nos dois casos temos uma morte aparente, condição revertida pela pronta atuação magnética de Jesus. Caso isso não tivesse ocorrido, provavelmente os dois teriam sido sepultados sem estarem ainda mortos, fato que acontecia com frequência em épocas onde a Medicina não se encontrava devidamente desenvolvida para diagnosticar e registrar as funções vitais, como o batimento cardíaco e a atividade cerebral, de maneira eficaz como acontece na atualidade.

No entanto, no relato de Lázaro, acreditamos tratar-se de um estado de letargia, já que se encontrava “sepultado há quatro dias e cheirava mal”. Não é incomum a decomposição de um membro nesses casos.

Lázaro, portanto, em estado letárgico, apresentava-se com perda total dos movimentos, mas suas funções vitais pertinentes ao corpo físico continuavam a ser executadas, embora a sua aparência fosse de morte.

Sabedor deste fato, o Mestre utilizou seu fluido magnético, e mesmo decorridos vários dias em que Lázaro encontrava-se nesse estado, vitalizou-o sobremaneira, permitindo que imediatamente a movimentação retomasse. Todos se maravilharam, pois nada se conhecia a respeito deste assunto.

“O Livro dos Espíritos” explica-nos, em sua questão 422 que os letárgicos e os catalépticos podem ver e ouvir, muitas vezes, o que se passa ao seu redor, mas não podem comunicar-se, embora mantenham consciência de si mesmos.

A percepção de tudo o que ocorre ao seu redor é do Espírito imortal, isso porque não houve ruptura completa dos laços fluídicos que ligam o Espírito ao seu corpo físico, o que, caso acontecesse, ocasionaria a morte do corpo. Em verdade, ocorre nesses casos uma frouxidão maior entre os laços do Espírito e do corpo, a qual permite ao Espírito um estado maior de desprendimento da alma.

Nas citações bíblicas acima, o amoroso influxo magnético do Mestre, decorrente de sua pureza fluídica e de sua vontade em auxiliar ao semelhante, foi suficiente para que a ligação entre o Espírito e corpo fosse fortalecida e se renovasse de forma intensa.

Mais uma vez o Mestre vem a nos para nos auxiliar a tirar as pedras de nosso caminho evolutivo, trazendo-nos para um novo dia...

Figuradamente, poderíamos dizer que o Mestre veio nos tirar do torpor, da letargia em que nos encontrávamos, renovando-nos através de seu Amor incondicional por toda a Humanidade, despertando-nos para a verdadeira vida, para a felicidade para a qual fomos criados, para a perfectibilidade que nos aguarda ao fim da grande jornada do autoconhecimento e da renovação interior.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente sobre as lições que podemos colher do episódio de Lázaro.


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terça-feira, 18 de outubro de 2016

21ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

A Transfiguração no Tabor

“Seis dias depois, Jesus tomou consigo a Pedro, Tiago e João, e os levou, sozinhos, para um lugar retirado sobre uma alta montanha. Ali foi transfigurado diante deles. Suas vestes tornaram-se resplandecentes, extremamente brancas, de uma alvura tal como nenhuma lavadeira na terra as poderia alvejar. E lhes apareceram Elias com Moisés, conversando com Jesus. Então Pedro, tomando a palavra, diz a Jesus: “Rabi, é bom estarmos aqui. Façamos, pois, três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Pois não sabia o que dizer; porque estavam atemorizados. E uma nuvem desceu, cobrindo-os com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: “Este é meu filho amado, ouvi-o’. E, de repente, olhando ao redor; não viram mais ninguém. Jesus estava sozinho”. (Mc .9: 2-8).

Nesta passagem, Jesus toma consigo Pedro, Tiago e João e os leva ao monte Tabor. Lá, apresentou-se com seu corpo imortal, refletindo o esplendor de sua gloria espiritual. Jesus conversa com os Espíritos de Moisés e Elias e uma voz se faz ouvir, dizendo: ”Este é meu filho amado, ouvi-o”.

Nestes fenômenos de efeitos físicos, a transfiguração de Jesus demonstra, categoricamente, a existência da alma; a aparição e comunicação de Moises e de Elias é um atestado eloquente da imortalidade da alma e o fenômeno de voz direta é um apelo superior para que o Homem de todos os tempos ouça Aquele que, fazendo-se emissário de Deus, legou-nos o Evangelho, traçando o caminho que conduz o Espírito imortal à luz pela conjugação do verbo amar.

Analisemos, de forma sucinta, estes fenômenos:

O Fenômeno da Transfiguração

E nas propriedades do perispírito que se encontra o principio da transfiguração.

A transfiguração consiste na modificação do aspecto de um corpo vivo. O perispírito irradia ao redor do corpo como uma atmosfera fluídica. O Espírito, por um ato de sua vontade, pode operar transformações na contextura de seu perispírito, produzindo um fenômeno análogo ao da aparição. Sob a camada fluídica, a figura real do corpo pode se diluir e revestir outros traços. O fenômeno da transfiguração é resultado de uma transformação fluídica, que sempre reflete as qualidades e os sentimentos predominantes no espírito.

A transfiguração é fenômeno perceptível para todos, pois é percebida pela visão material, de vez que ela é uma espécie de aparição perispiritual que se produz sobre o próprio corpo carnal, ou seja, tem por base a matéria carnal visível.

No livro “A Gênese”, cap.XV item 44, Kardec destaca que a pureza do perispírito de Jesus podia permitir ao seu Espírito, dar-lhe um brilho excepcional e conclui seu pensamento dizendo: “De todas as faculdades que se revelaram em Jesus, não existe nenhuma que esteja fora das condições da Humanidade, e que não seja encontrada no comum dos homens, porque elas estão na Natureza; mas pela superioridade de sua essência moral e de suas qualidades fluídicas, elas atingiam Nele proporções acima das do vulgo”. Ela nos representava, exceto seu envoltório carnal, o estado dos Espíritos puros.

A Aparição de Moisés e de Elias

Em seu estado normal, o perispírito é invisível para nós, encarnados. O Espírito pode por um ato de sua vontade produzir uma modificação molecular que o torna visível, momentaneamente, produzindo o fenômeno da aparição. A aparição pode ser vaporosa, às vezes mais nítida e até mesmo ter todas as aparências da matéria tangível. Formam-se instantaneamente e instantaneamente desaparecem, pela desagregação das moléculas fluídicas. Esta percepção se dá pela visão espiritual e não são perceptíveis para todos.

Ao lado de Jesus transfigurado, os discípulos, extasiados, “veem” através da visão espiritual, os Espíritos de Moisés e de Elias, representando a Lei e os profetas. Jesus era aquele que viera dar pleno cumprimento a Lei e aos profetas, o enviado de Deus para ensinar ao Homem, o “Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.

O Fenômeno de Voz Direta

Em “Missionários da Luz”, capitulo 10, André Luiz nos esclarece que no fenômeno de voz direta, os Espíritos elaboram uma garganta ectoplásmica. O ectoplasma é matéria plástica, sensível às criações mentais, que se exterioriza do médium e é essencial na produção de fenômenos de efeitos físicos.

E igualmente essencial a homogeneidade de pensamentos e a elevação de sentimentos, dada a natureza do ectoplasma e a transcendência do fenômeno. Através do aparelho fonador elaborado pelos Espíritos, a voz da espiritualidade se faz audível para todos.

Na passagem em estudo, que exortação profunda nos faz a espiritualidade superior, dizendo: “Este é o meu filho amado, Ouvi-o!”
É inegável que temos sido surdos as exortações divinas. No entanto, Jesus é o semeador celestial, aguardando-nos o despertamento.

A semeadura é viva e produzirá a seu tempo. A palavra de Jesus transcende o tempo e o espaço. Proclamadas há mais de dois mil anos, prosseguem produzindo semeaduras e colheitas. São palavras de vida eterna. Que, finalmente, possamos ouvi-las!...

QUESTÃO REFLEXIVA:

Emmanuel ensina-nos sobre o episódio no Tabor: “contemplamos a grande lição de que o homem deve viver a sua existência, no mundo, sabendo que pertence ao céu...” (O consolador, questão 312). Como podemos vivenciar esse aprendizado no dia a dia?

Bibliografia

- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan – Obras Póstumas.
- Kardec, Allan – A Gênese - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan – Revista Espírita, junho/188õ.
- Kardec, Allan - O Livro dos Médiuns - Ed. FEESP.
- Pires, Herculano / Abreu, Julio de – O Verbo e a Carne
- Denis, Leon – Espiritismo e Cristianismo
- Xavier, Francisco C./Emmanuel - A Caminho da Luz.
- Schutel, Cairbar - Parábolas e Ensinos de Jesus.
- Xavier, Francisco C./André Luiz – Missionários da Luz.


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terça-feira, 11 de outubro de 2016

21ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

Superioridade da Natureza do Cristo

A Natureza do Cristo

JESUS É DEUS?

O tema sobre a natureza do Cristo nos traz ao exame questões muitas polêmicas. A primeira delas:

- Jesus é da mesma substância que o Pai, ou em outras palavras, Jesus é Deus?

É no Evangelho, nas palavras e atos de Jesus que vamos encontrar os fatos que elucidam a questão. As palavras de Jesus são concludentes, suas afirmações são precisas, sem quaisquer ambiguidades. Ora, quem poderia saber melhor do que o próprio Jesus, o que ele quis dizer?

Quem poderia estar melhor informado do que ele sobre a sua própria natureza?

São inúmeras as afirmações de Jesus sobre a dualidade e a desigualdade entre ele e o Pai, ou seja, Deus é o Pai e ele é o enviado do Pai, para nos convidar a construir o reino de Deus.

No entanto, estudiosos, teólogos, autores eruditos uniram-se em tomo da defesa da divindade do Cristo, proclamando o dogma da Santíssima Trindade, no século IV da era cristã, não obstante todas as afirmações de Jesus. O que vem a ser este dogma?

Este dogma proclama como antigo e mistério de fé, que o Pai, o Filho e o Espírito Santo constituem uma só individualidade. O Filho e o Espírito Santo teriam a mesma natureza que o Pai.

O Evangelho de João serviu de sustentáculo para fundamentar este dogma. No inicio do seu evangelho, João apresenta Jesus, dizendo: “No princípio era o Verbo, e o Verbo era Deus. No princípio, ele estava com Deus. Tudo foi feito por meio dele e sem ele nada foi feito.” (Jo 1:1-3).

“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e nós vimos a sua glória, glória que ele tem junto ao Pai como Filho único, cheio de graça e de verdade.” (Jo 1:14).

Em “Obras Póstumas”, no estudo da Natureza do Cristo, item VII, Kardec considera que: “Esta passagem é a única que, a primeira vista, parece encerrar implicitamente uma ideia de identificação entre Deus e a pessoa de Jesus .... Há de inicio a notar que, as palavras que citamos mais acima são de João, e não de Jesus, e que, admitindo que não tenham sido alteradas, não exprimem senão uma opinião pessoal, uma indução onde se encontra o misticismo habitual de sua linguagem: elas não poderiam pois prevalecer contra as afirmações reiteradas do próprio Jesus. Mas, aceitando-as tais quais são, elas não resolvem de modo algum a questão no sentido da divindade, porque se aplicariam igualmente a Jesus, criatura de Deus.

Com efeito, o verbo é Deus, porque é a palavra de Deus. Tendo Jesus recebido essa palavra diretamente de Deus, com a missão de revelá-la aos homens, assimilou-a: a palavra divina, da qual estava penetrado, se encarnou nele: trouxe-a ao nascer e foi com razão que Jesus Pode dizer “O Verbo se fez carne e habitou entre nós”. Jesus pode, pois estar encarregado de transmitir a palavra de Deus, sem ser Deus, ele mesmo, como um embaixador transmite as palavras de seu soberano, sem ser o soberano. Segundo o dogma da divindade, é Deus quem fala: na outra hipótese, ele fala pela boca de seu enviado, o que não rouba nada a autoridade de suas palavras.

A divindade de Jesus, que fora rejeitada por três concílios, foi proclamada no Concilio de Nicéia, em 325, nestes termos: “A igreja de Deus, católica e apostólica, anatematiza os que dizem que houve um tempo em que o filho não existia, ou que não existia antes de haver sido gerado.” Esta declaração esta em contradição formal com as opiniões dos apóstolos. Ao passo que todos acreditavam que o filho fora criado pelo Pai, os bispos do século IV proclamavam que o Filho era igual ao Pai, eterno como ele, gerado e não criado, contradizendo as palavras de Jesus, que constantemente dizia: “Meu Pai é maior do que eu”.

Em suma, a única autoridade competente para decidir a questão são as próprias palavras do Cristo, quando disse: “...porque não falei por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, me prescreveu o que dizer e o que falar e sei que seu mandamento é vida eterna.” (Jo 12:49).

“Minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou. Se alguém quer cumprir sua vontade, reconhecera se minha doutrina é de Deus ou se falo por mim mesmo.” (Jo 7:16-17).

Outro ponto a favor da proclamação da divindade do Cristo foi consolidado pelos chamados milagres, que de acordo com as religiões dogmáticas, são de caráter sobrenatural. Sobre este tema, já vimos o papel desempenhado pela ciência, que tem revelado muitas leis que governam a matéria e pelo Espiritismo, que nos deu a compreensão de muitos fatos outrora considerados inexplicáveis, proporcionando-nos conhecimento acerca do principio espiritual, da ação dos Espíritos sobre a matéria, da ação dos fluidos, das faculdades da alma, da existência e das propriedades do perispírito. A Doutrina Espírita esclarece que estes fatos pertencem a categoria dos fenômenos de ordem psíquica, Sendo consequências de leis naturais.

Estas faculdades tem se manifestado em diferentes graus, nos mais diversos tipos de indivíduos, ao longo da historia.

Porém, em nos reportando a Jesus não podemos deixar de considerar que ele possuía estas faculdades em grau superlativo, pois que estava secundada por um amor divino, por uma vontade sempre submissa ao Pai e por um desejo incessante de fazer o bem, aliviando a dor dos seus irmãos.

Kardec pondera em “Obras Póstumas”, primeira parte, que se Jesus qualificou seus feitos de milagre, é porque havia necessidade de que o Mestre adaptasse sua linguagem aos conhecimentos da época. Porém, conclui de forma irretorquível: “Um fato digno de nota é que Jesus se serviu dos “milagres” para confirmar a missão que recebera de Deus, segundo suas próprias palavras, mas jamais deles se prevaleceu para se atribuir um poder divino”.

A NATUREZA D0 CORPO DE JESUS

Vamos ao exame da Segunda questão: Era o corpo de Jesus carnal ou fluídico?

A concepção de que Jesus não teria se revestido de um corpo de carne foi rebatida pelo apostolo João em sua 1ª epistola, capitulo 4:1-2; “Caríssimos, não acrediteis em qualquer espírito, mais examinai os espíritos para ver se são de Deus, pois muitos falsos profetas vieram ao mundo. Nisto reconheceis o espírito de Deus; todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio na carne é de Deus....”

Ora, se João Evangelista exorta os cristãos a rejeitarem a crença de que Jesus não teria encarnado, é porque havia quem apregoasse tal crença. Porém, não obstante combatida, aparece, entre o século I e II, a seita dos docetistas, que afirmavam que Jesus só tinha um corpo aparente, que havia nascido, vivido e sofrido em aparência. Esta seita foi considerada herética.

No século 19, esta crença é retomada por Roustaing, considerado por Herculano Pires, como um retrocesso histórico. Quem foi Roustaing e o que é o roustanguismo?

Jean Baptiste Roustaing era um emérito advogado de Bordeaux, França, que após sair de uma grave doença, tomou conhecimento de “O Livro dos Espíritos” e de “O Livro dos Médiuns”.

Considerando-se apto a receber mensagens que esclarecessem fatos obscuros de Jesus sobre a Terra e querendo elucidações sobre a natureza do Cristo, pediu ao Espírito de João Batista, que viesse em seu socorro, através da mediunidade.

Em dezembro de 1861, travou contato com madame Collignan, que seria doravante a médium, que receberia os Espíritos dos evangelistas, cujas mensagens originaram a obra “Os quatro evangelhos”, publicado como texto completo em 1865.

Durante a elaboração da obra não houve nenhum contato entre Kardec e Roustaing.

A teoria central do Roustanguismo é a do corpo fluídico de Jesus. Herculano Pires e Júlio de Abreu na obra “O Verbo e a Carne”, fazem uma analise do roustanguismo, dizendo que estas “revelações” primam pela ausência de bom senso.

Kardec escreve um artigo sobre a obra na Revista Espírita (julho/1886) e dele destacamos o seguinte trecho: “Convém considerar tais explicações como opiniões pessoais dos espíritos que as formularam, opiniões que podem ser justas ou falsas, mas que, em todo caso, precisam da sanção da concordância universal e até confirmação mais ampla não devem ser tidas como parte integrante da Doutrina Espírita”.

Ora, acreditar que Jesus não tenha tido um corpo carnal colocaria o seu sacrifício e a sua morte na condição de uma farsa, absolutamente incompatível com a superioridade do Cristo.

Em “A Gênese”, capitulo XM item 65, Kardec destaca que: “A permanência de Jesus na Terra apresenta dois períodos. 'o que precedeu e o que seguiu a sua morte.” Desde o momento da concepção ate o nascimento, tudo se passa com sua mãe, como nas condições comuns da vida. A partir do nascimento e até a sua morte, tudo, em seus atos, sua linguagem e nas diversas circunstâncias de sua vida, apresenta os caracteres inequívocos da sua corporeidade... Depois de sua morte, ao contrário, tudo revela nele o ser fluídico. A diferença entre esses dois estados é tão fundamentalmente traçada, que não é possível assemelhá-las.

Em síntese, as respostas às perguntas formuladas são:

- Jesus é filho de Deus, nosso irmão, cujas virtudes o colocam muito acima da Humanidade, pertence a categoria dos Espíritos Puros e é o pastor do imenso rebanho da Terra.

- Jesus encarnou entre nós, tinha um corpo carnal como todos.

Superioridade do Cristo

Onde se funda a superioridade de Cristo?

Vejamos o que nos diz Kardec, na Gênese, capitulo XM item 2: “Como homem, tinha a organização dos seres carnais; mas como Espírito puro, desligado da matéria, deveria viver da vida espiritual mais que da vida corporal, cujas fraquezas Ele não possuía. A superioridade de Jesus sobre os homens não se prendia as qualidades particulares de Seu corpo, mas as de Seu Espírito, que dominava a matéria de maneira absoluta, e as de seu perispírito tirado da parte mais quintessênciada dos fluidos terrestres.”

Na obra “A Caminho da Luz”, cap. 1, Emmanuel pontua que, de acordo com as tradições do mundo espiritual, há uma comunidade de Espíritos Puros, da qual Jesus faz parte, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades planetárias, por determinação de Deus.

Jesus é o pastor de nossas almas, elegido por Deus para nos conduzir ao seu aprisco de amor.

Leon Denis, em sua obra, “O Espiritismo e Cristianismo” assevera: “Jesus é um destes divinos missionários e é de todos o maior. Destituído da falsa auréola da divindade, mais importante nos parece ele. Seus sofrimentos, seus desfalecimentos, sua resignação, deixam-nos quase insensíveis, se oriundos de um Deus, mas tocam- nos, comovem-nos profundamente em um irmão. Jesus é de todos os filhos dos homens, o mais digno de admiração. É extraordinário no Sermão da Montanha, em meio a turva dos humildes. É maior ainda no Calvário, quando a sombra da cruz se estende sobre o mundo na tarde do suplício”.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente: “O maior dos milagres de Jesus, aquele que atesta verdadeiramente sua superioridade, é a revolução que seus ensinamentos operou no mundo, ...”. (Kardec, A Gênese, cap. XV, item 6)


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quinta-feira, 6 de outubro de 2016

20ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

As Curas na Visão Espírita – A Assistência Espiritual

“Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. De graça recebestes, de graça dai”. (Mt 10:8).

Essas recomendações de Jesus, dirigidas a seus discípulos, ainda soam aos nossos ouvidos. A busca do alivio das dores humanas é uma busca de todos nos, e Jesus, de forma única, compreendia nossa necessidade.

Procurou, em todos os momentos, de todas as formas, esclarecer, consolar, aliviar.

Kardec, em “A Gênese”, cap. XV item 27, diz: “De todos os fatos que testemunham o poder de Jesus, os mais numerosos são, sem dúvida, as curas. Ele queria provar por esse meio que o verdadeiro poder é o que faz o bem, e que seu objetivo era ser útil, e não satisfazer a curiosidade dos indiferentes por meio de coisas extraordinárias”.

Como citamos anteriormente, as curas de Jesus não podem ser creditadas como milagres, mas como fenômenos decorrentes de sua natureza superior, do pleno conhecimento que ele possuía das leis naturais e de seu grande amor pela Humanidade.

E por esse grande amor é que Jesus disse aos seus apóstolos, ao término de sua missão terrena, que ele rogaria ao Pai para que enviasse um Consolador para que restabelecesse os seus ensinamentos e para que esclarecesse aquilo que não pode ser dito.

A Doutrina Espírita, como Consolador Prometido por Jesus, além de restabelecer a Moral do Cristo, em sua essência, vem desvendar as leis que regem os fenômenos tidos como milagrosos.

Dentre os seus fundamentos que explicam as diversas curas operadas por Jesus, e por seus discípulos, está o conceito de fluidos, entre os quais o fluido magnético ou principio vital, tratado no capitulo IV de “O Livro dos Espíritos”.

O principio vital é o agente especial ou substancia ativa, derivada do fluido cósmico universal, que da vida aos seres orgânicos que então o absorvem e assimilam, e que após a morte do ser orgânico retorna a massa primordial.

Quanto à qualidade, o fluido vital é modificado segundo cada espécie.

Quanto à quantidade, ele não é constante no mesmo individuo, pois depende de diversas circunstancias, podendo a mesma pessoa ter maior ou menor vitalidade, e, também, não é constante nos vários indivíduos de uma mesma espécie, uma vez que alguns estão saturados do fluido vital, enquanto outros o possuem apenas em quantidade suficiente.

Disso resulta que vemos pessoas que são mais ativas, mais vivazes, enquanto outras são debilitadas e sem animo. A quantidade de fluido vital pode se esgotar e se tomar incapaz de manter a vida orgânica, se não for constantemente renovado, absorvido e assimilado.

Vemos, assim, que o ser orgânico não possui uma quantidade de vitalidade estanque, fixa, que recebe no ato de sua concepção, mas, ele deve buscar nutrir-se do principio vital por toda a vida.

Essa absorção ocorre:

- através da assimilação de substâncias que contém o fluido vital,

- por meio dos processos de alimentação e respiração;

- através da absorção da energia da natureza;

- através de um indivíduo para outro, pois aquele que tem em maior quantidade pode doar ao que tem menos, e, em certos casos, fazer voltar uma vida prestes a extinguir-se;

- através dos fluidos recebidos dos Benfeitores Espirituais.

Conforme nos orienta Kardec em “A Gênese”, a ação magnética é produzida de diversas formas:

1º “Pelo próprio fluido do magnetizador; é o magnetismo propriamente dito, ou magnetismo humano, cuja ação está subordinada a potência e, sobretudo à qualidade do fluido;”

2º “Pelo fluido dos Espíritos agindo diretamente e sem intermediário sabre um encarnado, seja para o curar ou abrandar um sofrimento, seja para provocar o adormecimento sonambúlico espontâneo, seja para exercer sobre o individuo uma influência física ou moral qualquer. É o magnetismo espiritual, cuja qualidade esta na razão das qualidades do Espírito;”

3º “Pelo fluido que os Espíritos derramam sobre o magnetizador e ao qual este serve de condutor. É o magnetismo misto, semi-espiritual, ou, se o preferir; humano-espiritual. O fluido espiritual combinado com o fluido humano fornece a este último as qualidades que lhe faltam. A participação dos Espíritos, em semelhante circunstância, é às vezes espontânea, porém mais frequentemente é provocada pela invocação do magnetizador.” (GE,XIV,33).

O processo de cura, por todos os mecanismos acima expostos, pode ser sintetizado, nas palavras de Kardec, em: “a troca de uma molécula malsã por uma molécula sã".

Outro fator imprescindível para que ocorra a cura é a fé. A fé é uma convicção intima, é uma crença em algo invisível, é a confiança plena num resultado futuro que será gerado por determinada conduta.

Nas palavras do grande escritor russo Tolstoi, a fé é a força da vida.

Especialmente em relação ao processo de cura, a fé exerce uma forte atração dos fluidos curadores, permitindo sua ação de uma forma mais plena.

A fé, devemos ainda acrescentar, é uma conquista do Espírito, pois à medida que busca o aprendizado da Lei Divina, e se submete a vontade do Pai, fortalece-se e é fortalecido.

A ASSISTENCIA ESPIRITUAL

Diz Kardec em “A Gênese”, cap. XIV item 34: “A faculdade de curar pela influência fluídica é muito comum, e pode-se desenvolver pelo exercício”.

Na Doutrina Espírita, utiliza-se o passe como ferramenta de transmissão dos fluidos curadores. Na obra “Nos Domínios da Mediunidade”, no capitulo intitulado “O Passe”, temos a seguinte definição: “O passe é uma transfusão de energias alterando o campo celular”.

E ainda: “O passe, como reconhecemos, é importante contribuição para quem saiba recebê-lo com o respeito e a confiança que o valorizam”.

Nesse mesmo capitulo vemos a detalhada descrição de André Luiz, narrando uma sessão de passes. Ali, podemos notar os extremos cuidados que são tomados pelos componentes da equipe espiritual que conduz o trabalho, e a qual os médiuns dão apoio.

Assim os Benfeitores Espirituais preparam o ambiente, higienizando a atmosfera, protegem o recinto da invasão de Espíritos inferiores e auxiliam os médiuns a se preparar para a tarefa.

Na Federação Espírita de São Paulo, temos a Assistência P3F (F de físico), ligada a Área de Assistência Espiritual, especificamente destinada ao atendimento dos portadores de doenças físicas crônicas ou de maior gravidade.

É importante ressaltar que tal assistência não dispensa o tratamento médico adequado, até mesmo porque o objetivo principal do Espiritismo é a transformação moral do individuo e não simplesmente a cura do corpo físico. Esta, a propósito, é uma das missões dos verdadeiros cristãos, como vimos na exortação, acima citada, de Jesus aos seus discípulos.

E para sermos ferramentas adequadas e dóceis ao Plano Superior, precisamos cuidar antes de nossa própria saúde. Nossas escolhas influem decisivamente em nossa vida e em nossa saúde corporal.
Assim, precisamos:

- frequentar ambientes salutares;

- praticar exercícios regularmente;

- ter uma alimentação adequada;

- manter o pensamento elevado através da prece, da meditação e do estudo;

- cultivar as virtudes e a prática da caridade;

O Espiritismo mostra-nos o caminho adequado a nossa evolução. É um caminho que busca a pureza, a purificação, o refinamento, a espiritualização e a transcendência do ser.

O Evangelho de Jesus é a grande terapia para nos mantermos saudáveis física e espiritualmente.

Conforme citação de Martins Peralva na obra “Estudando a Mediunidade”: “Quanto mais se renova para o Bem, quanto mais se moraliza e se engrandece, espiritualizando-se, maiores possibilidades de servir adquire o companheiro que serve ao Espiritismo Cristão no setor de passes”.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Como cultivar a saúde em nosso dia-a-dia?

Bibliografia

- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan – A Gênese - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Xavier, Francisco C./André Luiz - Mecanismos da Mediunidade.
- Franco, Divaldo/Joanna de Angelis – Estudos Espíritas
- Peralva, Martins – Estudando a Mediunidade.


Fonte da imagem: Internet Google.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

20ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

Milagres e Curas na Visão Espírita

O Sobrenatural e as Religiões

O Homem, desde seus primórdios, sempre se impressionou com os fenômenos da natureza. Então, não podendo compreender o que se passava, atribuía tais efeitos a divindades ou seres míticos.

A falta de entendimento do que acontecia ao seu redor gerou a crença no sobrenatural.

À medida que ele foi desenvolvendo seu raciocínio, lentamente, foi tomando-se capaz de compreender algumas leis que regiam os fenômenos naturais.

Mas o que é o sobrenatural? Em linhas gerais, o termo designa aquilo que é superior a natureza ou que é muito extraordinário ou maravilhoso.

Segundo definição contida na Revista Espírita de 1860, o sobrenatural é “o que contraria as leis da natureza ou que se lhes desconhecem as causas”.

O Homem em sua evolução, como dissemos, vai desenvolvendo sua capacidade intelectual, amadurecendo seu raciocínio e, a partir dai, cria diversos campos de estudo. Esses setores de conhecimento vão se expandindo, especializando-se, diversificando-se, e, como vemos hoje, temos essa infinidade de áreas como: a Teologia, a Antropologia, a Psicologia, a Medicina, a Química, etc.

Dentro das áreas científicas, muitas se ocupam das leis que regem nosso mundo material. Há, no entanto, para essas ciências, puramente materiais, certa limitação.

Um dos fatores determinantes dessa dificuldade da ciência material é que sua construção é feita passo a passo, pela experimentação, o que, a propósito, confere-lhe credibilidade em seu campo.

Por outro lado, em relação aos fenômenos que envolvem o mundo espiritual, nem todos eles podem ser provados pela experimentação. Neste ponto reside a amplitude da Doutrina Espírita, que não se limita as leis que regem o mundo material, mas Vai além e desvela as leis do mundo espiritual, e demonstra a relação, a interdependência, o intercâmbio, entre esses dois mundos.

O Sobrenatural nas religiões

As religiões, em principio, não têm como meta o estudo cientifico do mundo e de suas manifestações. Por isso, seus fundamentos buscam direcionar a relação do Homem com a Divindade.

Em sua grande pluralidade, as diversas religiões possuem uma infinitude de crenças que transitam entre o politeísmo (a crença em diversos deuses) e o monoteísmo (a crença no Deus único). Dentro de suas concepções, a maioria delas aceita o sobrenatural e o maravilhoso.

Como o Cristianismo; que é um facho de luz a clarear toda obscuridade que reinava em seu advento, um farol a luzir e conduzir a Humanidade ao abandono de toda prática religiosa puramente externa, impregnada de falsos valores, ou reduzida a ritualismos sacerdotais; a Doutrina Espírita, que abrange três aspectos: religioso, filosófico e científico, por sua vez, é também um farol a nos revelar os mecanismos presentes nas relações entre os dois mundos: o material e o espiritual. Vai além, e explica uma série de incontáveis fenômenos antes tidos como maravilhosos.

“Pretender que o sobrenatural seja o fundamento necessário de toda religião e a pedra angular do edifício cristão é sustentar uma tese perigosa; se se fizerem repousar as verdades do Cristianismo sobre a base única do maravilhoso, isso é lhe dar um apoio frágil cujas pedras se soltam a cada dia...” (GE, Cap. XIII, item 18).

As religiões mostram-nos o estudo da história da Humanidade, têm um caráter de transitoriedade em seus fundamentos. À medida que o Ser vai agregando novos valores e a sociedade vai se transformando, a religião tem que se adaptar aos novos valores, e assim toda prática bárbara ou primitiva vai sendo abolida.

Nesse processo, naturalmente, toda convicção que não se baseie em princípios aceitáveis, que não se baseie em fatos positivos, e que, ao contrário, queira perpetuar a crença no maravilhoso e no sobrenatural cairá por terra. Por decorrência, as religiões que insistirem em manter a crença nos fatos sobrenaturais, quando eles já foram explicados dentro das leis naturais, tende essas religiões a perder sua força.

Da obra “Estudos Espíritas” de Joanna de Angelis, psicografado do Divaldo Pereira, na lição n° 9 – ‘Progresso’, podemos extrair o seguinte trecho: “À hora própria, conforme anunciado, fulguram as lições espiritistas, exatamente quando há recursos capazes de avaliarem a extensão filosófica e moral da Doutrina do Cristo na face em que Ele a ensinou e a viveu”.

“Reservando aos laboratórios próprios o estudo da transcendência do espírito e da vida, na atual conjuntura do progresso entre os homens, a religião espiritista penetra os espíritos, auxilia-nos no progresso necessário e impele-os a gloria do amor com que passam a sentir todos e tudo, rumando jubilosamente para Deus.”

EXISTEM MILAGRES?

Antes, ainda outra pergunta: O que significa a palavra milagre?

Conforme definição trazida no capitulo XIII de “A Gênese”, milagre significa: admirável, coisa extraordinária, surpreendente.

O termo, no entanto, através do tempo, perdeu seu significado original e vem sendo utilizado para explicar determinados fenômenos que - acreditam alguns - revogariam as Leis de Deus.

No sentido teológico o milagre é tido como uma derrogação das Leis Naturais, ou seja, da manifestação do poder de Deus, modificando suas próprias leis.

Essa crença em coisas extraordinárias sempre esteve presente no seio de todos os povos. Restringindo-nos ao povo hebreu, por exemplo, veremos que o Velho Testamento está repleto de histórias impressionantes e surpreendentes de fatos considerados “milagrosos”.

Segundo essas narrações, Deus agiria pessoalmente para, por exemplo, defender o povo hebraico dos inimigos; para abrir o Mar Vermelho após Moisés lançar seu cajado; para fazer “cair do céu” o maná para alimentá-los, etc.

Nessas descrições podemos ressaltar dois pontos relevantes. O primeiro é que, como já vimos em aulas anteriores, à descrição de Deus é sempre de um ser parcial, que defende um povo em prejuízo de outro, e possui muitas das emoções humanas como a ira, o arrependimento, etc. Outro ponto, e o que mais nos interessa por ora, é que essas narrativas contém fatos que se fossem verdadeiros seriam verdadeiramente prodigiosos e maravilhosos.

A Ciência, porém, hoje demonstra-nos que existem leis que regem o peso e a massa dos corpos. Ou seja, demonstra a impossibilidade, perante as leis que regem a matéria, de um mar ser aberto e suas águas ficarem suspensas, violando a lei da gravidade.

Se, em hipótese, admitíssemos esses fatos como verdadeiros, poderíamos afirmar, então, que a Lei de Deus seria instável, inconstante, modificando-se conforme a circunstância e os povos.

O Espiritismo, porém, esclarece-nos que as Leis Divinas são eternas e imutáveis. Com efeito, isso é algo que, a propósito, podemos constatar, senão vejamos: O mundo, o universo é regido por leis que denotam harmonia e unidade. Em tudo que podemos observar: os planetas, girando em suas órbitas, as estrelas, refulgindo luz e aquecendo seus sistemas planetários... Tudo reflete integridade e ordem. Caso não existisse essa uniformidade, então, veríamos o caos.

Há entre a Lei Divina e a Lei dos Homens esta diferença capital. A lei humana, por diversos fatores, é transitória e mutável, e caminha de um inicio primitivo e grosseiro e vai sofisticando-se, acompanhando a evolução do Espírito. Já a Lei Divina é perfeita. Exatamente neste ponto reside o fundamento de sua imutabilidade, ou seja, não precisa de alteração, pois, sendo Criação Divina, é perfeita desde sua concepção.

Como nos diz Kardec, em “A Gênese”, cap. XIII, item 18: “Deus não é menos digno de nossa admiração, de nosso reconhecimento, de nosso respeito, por não ter infringido suas leis, grandes, sobretudo pela sua imutabilidade. Não há necessidade do sobrenatural para prestar a Deus o culto que Lhe é devido; não é a Natureza bastante imponente por si mesma, que seja necessária ainda exagerá-la para provar a Potência Suprema?“.

QUESTÃO REFLEXIVA:

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