CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

15ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

Amor aos Inimigos – Julgamento

“Ouvistes que foi dito: Amareis o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; desse modo vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos Céus, porque ele faz nascer o seu sol igualmente sobre maus e bons e cair à chuva sobre justos e injustos. Com efeito, se amais aos que vos amam, que recompense: tendes? Não fazem também os publicanos a mesma coisa? E se saudais apenas os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem também os gentios a mesma coisa? Portanto, deveis ser perfeitos como vosso Pai Celeste é perfeito.” (Mt 5:43-48).

A citação acima nos faz refletir sobre o amor e a amizade que nutrimos pelos nossos amigos. O amigo que desenvolve o papel de companheiro de todas as horas, que suaviza as nossas dores, que embalsama as nossas feridas, sendo sempre indulgente e tolerante para com os nossos erros.

O Mestre indaga-nos dizendo: “Se amais os que vos amam que recompensa tereis?” Qual é a virtude de amar aqueles que nos amam? O mérito não esta em amarmos os nossos amigos e sim em amarmos os nossos inimigos; são estes que nos impulsionam ao progresso espiritual, quando nos apontam os nossos erros através da critica, e nos propiciam uma oportunidade de aprendizado.

Jesus deu-nos o exemplo manifestando o amor e o perdão aos seus perseguidores.

Entretanto, sabemos que não podemos amar aos nossos inimigos com a mesma intensidade que amamos aos nossos amigos. As leis físicas, por meio das forças de atração e repulsão, nos esclarecem quanto às sensações contrarias que sentimos a aproximação de um amigo, a alegria de um encontro e a uma certa aversão quando sentimos a presença de nossos desafetos.

O Companheiro Divino não quis ensinar-nos que devemos ter pelo inimigo a mesma ternura, a mesma confiança que temos pelo amigo, como também a mesma satisfação em estarmos juntos. Entretanto ele quis nos dizer que não devemos alimentar em relação a eles o sentimento de ódio, de rancor e o desejo de vingança.

Allan Kardec, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no capitulo XII, item 3, esclarece: Amar os inimigos não é pois, ter por eles uma afeição que não é natural... E perdoar-lhes sem segunda intenção e incondicionalmente, pelo mal que nos fizeram. É não opor nenhum obstáculo a reconciliação. E desejar-lhes o bem em vez do mal.

Nós, Espíritas, diante do inimigo, quando não encontrarmos as causas dos nossos sofrimentos e animosidades nesta vida, devemos lançar o nosso olhar para o passado, para outras existências. Façamos uma reflexão sobre a condição do planeta, qual a nossa finalidade na Terra e consequentemente concluiremos que devemos aproveitar a oportunidade que o Pai nos oferece, na presente existência, para a realização das nossas tarefas, para a quitação das nossas dívidas, para processarmos os resgates e conquistarmos a harmonia com os nossos irmãos.

A Doutrina Espírita ensina-nos que a maldade no coração do Homem é um estado transitório, que é uma decorrência do mal praticado, e que à medida que galgar estágios de crescimento aprenderá a corrigir os seus erros, operando uma mudança em si para o bem.

Em “O Evangelho dos Humildes”, no capitulo 5, item 44, Eliseu Rigonatti nos diz que “O ódio liga pelos laços do sofrimento, ao passo que o amor une pelos laços da felicidade. A morte não nos livra dos inimigos, como não nos separa dos amigos”.

Quando alimentamos o sentimento do amor em nós, conquistamos o sentimento de alegria, de felicidade e quando fortalecemos as correntes do ódio, caminhamos em direção do sofrimento, da dor.

Sabemos que com o desencarne não nos livramos dos nossos inimigos e que a lei de reencarnação diz que os Espíritos que se odeiam ou que são credores podem encamar no mesmo grupo, para que através da convivência do dia a dia, dos trabalhos realizados em conjunto, das alegrias e tristezas, tenham a oportunidade, a bênção, de transformar aqueles sentimentos em amizade fraterna. Assim procedendo, nos livramos de um pesado fardo, resgatando as nossas dívidas.

JULGAMENTO

À antiga lei Jesus acrescentou: “Não julgueis para não serdes julgados. Pois com o julgamento com que julgais sereis julgados”. (Mt 7;1-2),

Certa vez, um homem solicitou ao Mestre: “Mestre, dize ao meu irmão que reparta comigo a herança”. Ele respondeu: “Homem, quem me estabeleceu juiz ou árbitro da vossa partilha”? (Lc 12:13- 14).

Jesus, o Espírito mais puro que já esteve na Terra, investido de autoridade para tal ação, não concordou em exercer o papel de juiz, diante de uma simples ocorrência. E nós, criaturas imperfeitas, egoístas, podemos julgar os atos dos nossos irmãos?

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no capitulo X, item 13, lemos: “... que não devemos julgar os outros mais severamente do que nos julgamos a nós mesmos, nem condenar nos outros o que nos desculpamos em nós. Antes de reprovar uma falta de alguém, consideremos se a mesma reprovação não nos pode ser aplicada.”

O julgamento pertence a Deus.

Jesus acrescenta ainda no capitulo 7, item 2: “Com a medida com que medís sereis medido”. Esta sentença estabelece plena ligação com outra afirmação do Mestre: “Quem com ferro fere, com ferro será ferido”, o que implica em dizer que de acordo com a lei de causa e efeito poderemos ser feridos pelos mesmos instrumentos com os quais ferimos os nossos irmãos, durante as nossas existências.

Portanto, quando realizamos um falso juízo, diante das atitudes e atos do nosso próximo, um julgamento parcial, prejudicando alguém, assumimos compromissos de reajustes com a nossa consciência e com as Leis Divinas, uma vez que não ha efeito sem causa.

Diante das nossas imperfeições julgamos sempre de forma unilateral, atendendo aos nossos interesses pessoais. Sendo assim, a justiça Divina se exercera sobre todos que desta forma procederem.

Portanto, com o exercício do maior mandamento: “Amai ao vosso próximo como a vós mesmos...”, jamais usaremos de juízos apressados, provocando dores e injustiças aos nossos irmãos.

Nós, Espíritas, sabemos as consequências dos maus julgamentos e dos atos maldosos. A lei de Reencarnação é bênção que permite que reparemos e tenhamos novas oportunidades de crescimento a cada momento de nossas existências.

O Mestre convida-nos a análise: “Porque reparas no cisco que está no olho do teu irmão, quando não percebes a trave que estás no teu? Ou como poderás dizer ao teu irmão deixa-me tirar o cisco do teu olho, quando tu mesmo tens uma trave no teu”.

A criatura humana, de um modo geral, de acordo com o seu estágio de evolução, busca sempre apontar os erros e as falhas do seu semelhante, não admitindo as suas próprias imperfeições.

Jesus, referindo-se a este trecho, recomendou-nos que procurássemos remover a trave, os obstáculos, que estão em nossos próprios olhos, e assim poderemos ver com o olho bom as qualidades boas que existem em nosso irmão.

Podemos citar como origem deste mal, o orgulho, o egoísmo e a inveja. Muitas pessoas observam qualidades nobres em seus semelhantes, e, não as possuindo, tentam denegri-las, atribuindo-lhes falhas que às vezes elas mesmas possuem.

Isso não quer dizer que devamos fechar os olhos a tudo que há de mal no mundo. Ha dois tipos de censura: uma positiva e uma negativa. A censura positiva é branda e construtiva. Visa apenas auxiliar alguém a encontrar melhores caminhos ou a desembaraçar-se dos próprios vícios. A censura negativa, porém, é maledicente e tem por fim apenas denegrir a imagem de quem é criticado.

Desta forma, o aprendiz, diante das tribulações do dia a dia, ao analisar a conduta alheia, deve usar o bom discernimento, o senso crítico caridoso, não assumir o papel de juiz ou de acusador. O bom proceder consiste em examinar a situação, não atribuir ao ofensor uma condenação ou castigo, mas tentar compreender o outro.

O Companheiro Divino, que sabia examinar sem julgar, muito menos punir, soube ser compreensivo e generoso com os necessitados. O ser humano atinge a maturidade quando aprende a ter uma postura saudável, uma atitude correta no convívio com o seu semelhante.

Logo, o Mestre, na sua sabedoria, aconselha-nos a busca de si mesmo, a autoanálise, o autodescobrimento, para não apontarmos falsamente defeitos e criticas aos outros. A partir do momento que passamos a nos conhecer, a nossa consciência se torna lúcida, facilitando o nosso aprimoramento em direção à evolução.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Reflita e comente a afirmação: É comum enxergarmos um cisco no olho do vosso irmão e não percebermos a trave que está em vosso olho.

Bibliografia
- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- Godoy, Paulo Alves – Os Quatro Sermões de Jesus
- Rigonatti, Eliseu – O Evangelho dos Humildes
- Schutel, Cairbar - Parábolas e Ensinos de Jesus.


Fonte da imagem: Internet Google.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

15ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

Amai os Vossos Inimigos

Olho por Olho, Dente por Dente – Se Alguém te Ferir na Face Direita

No Evangelho de Mateus, capitulo V, versículos de 38 a 42, Jesus apresenta-nos a verdadeira lei, a lei Divina, a lei do Amor: “Ouvistes que foi dito: olho por olho e dente por dente. Eu, porém, vos digo: não resistais ao homem mau; antes, aquele que te fere na face direita oferece-lhe também a esquerda; e aquele que quer pleitear contigo, para tomar-te a túnica, deixa-lhe também o manto; e se alguém te obriga a andar uma milha, caminha com ele duas. Dá ao que te pede e não voltes as costas ao que te pede emprestado”.

Jesus, nesta passagem, refere-se à lei adotada por Moises: “Olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe.” (EX 21:23-25).

Esta lei, proclamada há muitos séculos, era destinada a um povo ignorante e violento, e foi chamada de pena de talião. Consistia em impor ao delinquente castigo idêntico ao delito por ele praticado. Como sabemos, a palavra talião não vem de um personagem histórico, nem significa o “pai da lei”. A lei de talião lembra retaliar, que vem do latim “retaliare”, e significa revidar com dano igual ao dano recebido.

Naquela época foi necessário implantar-se esta lei, porque a vingança era um costume e na maior parte das vezes era exercida de forma brutal, atingindo em primeiro lugar o ofensor e em seguida a família, a mulher, os filhos e os parentes.

Quando um indivíduo ofendia outro, a ofensa era retribuída de forma punitiva sem nenhuma relação com o delito cometido, geralmente tomando proporções exageradas.

A sociedade hebraica daquela época aplicava punições severas como o apedrejamento para as faltas graves; e em outras comunidades, desde os açoites, a crucificação, o esquartejamento, o sepultamento em vida, o afogamento e até o enfrentamento de feras. Estes costumes bárbaros passaram a ser controlados pela lei de talião.

A intenção do grande legislador, Moisés, ao implantar a lei de talião foi reprimir abusos, combater a idolatria reinante, procurar evitar que a vingança se realizasse em proporções maiores que o delito. Desse modo, esta lei foi o meio encontrado para impedir que se praticassem excessos.

Com a chegada do Mestre, porém, a Humanidade já estava um pouco mais amadurecida para receber outros ensinamentos. Por isso, Jesus disse: “Eu, porém vos digo que não resistais ao mal; mas se alguém vos bater na face direita, oferecei-lhe também à esquerda”. (Mt 5:38-39). Recomendava, assim, que não devemos resistir ao mal e perdoar sempre a quem nos ofende.

Jesus vem nos trazer esclarecimentos sobre a lei de Amor, nos ensinando o perdão das ofensas, como o melhor remédio para os nossos males. Entretanto, teve que enfrentar o obscurantismo, as superstições, os costumes da época; esteve frente a frente com os seus detratores implacáveis, destacando entre eles os escribas e fariseus, que viam em Jesus um inovador, um perigo capaz de mudar as leis de Moisés, que eram reconhecidas como sagradas.

De que maneira Jesus combateu as leis antigas?

- Combateu o apedrejamento quando a mulher adúltera, perseguida por seus algozes, procura a sua proteção.

Nessa ocasião, o Mestre diz: - “Atire a primeira pedra quem estiver sem pecados”... E voltando-se para a mulher: - “Vai e não peques mais” (Jo, 8:4-11).

No que tange em guardar o sábado, Jesus curou a mulher curvada em num dia considerado santo e explica aos discípulos - “O sábado foi feito para o homem e não o homem para se tornar escravo do sábado”.

Portanto, Jesus veio confirmar o Decálogo e revogar certos costumes bárbaros daquela época.

O Mestre não recomendou o revide e se assim o fizesse, conforme gostariam os imediatistas, teria uma conduta reprovável frente aos seus ensinamentos, pois negaria a sua face amorosa.

Aqueles que revidam ao golpe infeliz recebido não oferecendo a outra face, deixando-se sucumbir pelos sentimentos do ódio e da vingança, transformam-se em criminosos iguais aos seus agressores. O perdão eleva a criatura, enquanto a vingança acarreta atraso moral ao Espírito. O primeiro liberta os laços do ódio e promove a alegria de viver. O segundo gera conflitos, acorrenta o agressor a sua vitima. Logo, os laços do amor harmonizam as criaturas, enquanto os sentimentos de ódio e vingança desequilibram os indivíduos.

A Doutrina do Amor recomenda-nos que devemos nos resguardar de qualquer animosidade, não nos envolver em contendas, não se vingar nunca, não revidar o mal com o mal, mesmo que surjam oportunidades propicias para a sua realização. Contudo, não podemos ser submissos, nem coniventes com os erros. Não admitir o conformismo, atitudes passivas, mas devemos adotar atitudes ativas, que nos impulsionem para o Bem, e nos auxiliem a ser mais compreensivos para com os nossos semelhantes.

Vitorioso é aquele que vence o mal no seu interior e põe em prática os ensinamentos do Cristo.

Ainda, esta passagem evangélica nos convida a mudanças de atitudes, quando diz: “Se alguém quiser tomar a nossa capa, devemos também dar-lhe o manto.” Atitudes difíceis de serem praticadas, que exigem desprendimento e caridade, o que o Mestre nos convida a vivenciar.

Dando continuidade aos seus ensinamentos, Ele nos esclarece: - “Se alguém te obriga a andar uma milha, caminha com ele duas”. (Mt 5:41).

Caminhar mais uma milha com os nossos desafetos significa que devemos permanecer juntos, porque no decorrer deste tempo podemos refletir sobre o que aconteceu, mudando a nossa maneira de pensar em relação ao outro; e durante o percurso podemos treinar a paciência, exercitar a tolerância e a fraternidade.

Se na primeira milha caminhamos como dois desconhecidos, quem sabe na segunda milha, passemos a dialogar com o nosso adversário, esclarecendo as dúvidas e juntos possamos trilhar o caminho da reconciliação.

A vida nos ensina que aqueles que hoje são inimigos, amanhã podem ser amigos inseparáveis. Tudo é questão de tempo e amadurecimento. A reconciliação deve acontecer enquanto estivermos encarnados na Terra, enquanto estamos caminhando mais uma milha. Os que assim não procederem, apos o desencane sentirão a lei de ação e reação, e arcarão com as consequências em existências futuras.

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no capitulo XII, item 10, temos: “Amai-vos uns aos outros e sereis felizes. Tratai sobretudo de amar os que vos provocam indiferença, ódio e desprezo. O Cristo, que deveis tomar o vosso modelo, deu-vos o exemplo dessa abnegação: missionário do amor; amou até dar o sangue e a própria vida. o sacrifício de amar os que vos ultrajam e perseguem é penoso, mas é isso, precisamente, o que vos torna superiores a eles.”

A Doutrina Espírita recomenda-nos que devemos amar os nossos semelhantes indistintamente, banir as mágoas e ressentimentos dos nossos corações e que a prática do AMOR aproxima-nos de DEUS.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Reflita e comente as palavras de Jesus: “Não resistais ao homem mau; antes, àquele que te fere na face direita, oferece-lhe também à esquerda”.


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terça-feira, 23 de agosto de 2016

14ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

Divórcio

“O divórcio é uma lei humana, cuja finalidade é separar legalmente o que já estava separado de fato. Não é contrário à lei de Deus, pois só reforma o que os homens já fizeram, e só tem aplicação nos casos em que a lei divina não foi considerada...”.(ESE, cap. XXIL item 5).

Prossegue Kardec, afirmando que nem mesmo Jesus consagrou a indissolubilidade absoluta do casamento. Do Evangelho de Mateus, capitulo 19, versículo 8, podemos extrair a seguinte passagem, quando os fariseus tentavam Jesus, perguntando se era permitido repudiar a mulher por qualquer causa:

“Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres, mas no princípio não era assim...”.

Como observa Kardec em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capitulo XXII, item 5, a separação podia tomar-se necessária desde os tempos de Moisés por não ser a afeição mútua o motivo único do casamento.

Além do mais complementa: “no principio não foi assim”, ou seja, na origem da Humanidade, quando os homens ainda não estavam pervertidos pelo egoísmo e pelo orgulho, e viviam segundo a lei de Deus, as uniões, fundadas na simpatia recíproca e não sobre a vaidade ou a ambição, não davam motivo ao repúdio.

Logo, quando avança moralmente, o Espírito reconhece o verdadeiro valor do casamento; valor este que podemos encontrar nesta síntese de Emmanuel, no cap. 8 - Divórcio, do livro “Vida e Sexo”:

“O casamento será sempre um instituto benemérito, acolhendo, no limiar em flores de alegria e esperança, aqueles que a vida aguarda para o trabalho do seu próprio aperfeiçoamento e perpetuação. Com ele, o progresso ganha novos horizontes e a lei do renascimento atinge os fins para os quais se encaminha.”

Não obstante, prossegue:

“Ocorre, entretanto, que a Sabedoria Divina jamais institui princípios de violência, e o Espírito, conquanto em muitas situações agrave os próprios débitos, dispõe da faculdade de interromper, recusar; modificar, discutir o adiar transitoriamente, o desempenho dos compromissos que abraça”.

Nestas sábias palavras de Emmanuel podemos reconhecer uma prerrogativa, um direito do Espírito, o de usar o seu livre arbítrio de acordo com suas convicções. Vislumbramos ainda a sublimidade das Leis de Deus que é soberanamente Justo e Bom.

Não ha, assim, que haver violência, não ha que haver fardos mais pesados do que alguém pode carregar.

Considerando que no casamento há o encontro de dois Espíritos, duas mentes pensantes e com convicções próprias; considerando que podem agir diferentemente, muitas são os quadros familiares que poderemos observar.

Haverá, pois, casos em que, apesar de toda a boa vontade, um cônjuge, apesar de sua dedicação, apesar de sua lealdade, não encontrará, em contrapartida, um sentimento de reciprocidade, de respeito, de amizade, etc.

Mas o Espiritismo, por todas suas revelações, inclusive por diversos dramas reais que trouxe à luz a título de ensinamento, esclarece que não existe a possibilidade de dois Espíritos nutrirem entre si, para sempre, sentimentos de desamor, rancor e ódio.

Um dia, infalivelmente, a reconciliação devera prevalecer! E não será por imposição, pois certo é que o amor não se impõe, eis que ele brota no coração daquele que aprendeu a amar incondicionalmente.

Não havendo, então, imposições pela Misericórdia Divina, é permitido que os Espíritos que faliram em seus relacionamentos tenham uma outra oportunidade, em uma outra existência, de se reconciliarem.

Pela Sabedoria Providencial, então, os Espíritos dissidentes renascerão, se não compromissados a nova união conjugal, muitas vezes no papel de pais e filhos, irmãos, amigos..., e assim, um dia, fatalmente, serão parentes por laços espirituais.

Antes que isso ocorra, no entanto, numa dada existência, o divorcio, então, como lei humana, trata de homologar uma separação que já existe em pensamento e sentimento, isto é, regularizar separações onde não há mais amor.

A dissolução legal do casamento é o ato jurídico pelo qual se termina o casamento. Efetiva-se, na maioria das legislações, por sentença de juiz competente.

Em “Após a Tempestade”, Joanna de Angelis assevera:
“Imprescindível que, antes da atitude definitiva para o divórcio, tudo se envide em prol da reconciliação, ainda mais considerando quanto aos filhos, que merecem que os pais se imponham em uma união respeitável, de cujo esforço muito dependerá a felicidade deles. Na dissolução dos vínculos matrimoniais, e que padeça a prole, será considerado responsabilidade dos genitores, que se somassem esforço poderiam ter contribuído com proficiência, através da renuncia pessoal, para a vida dos filhos.”

Não existem, há que se enfatizar, uniões conjugais ao acaso. No entanto, o Espírito dispõe, repetimos, a faculdade de decidir e modificar ou adiar os compromissos que abraça.

O divórcio acaba ocorrendo quando o companheiro ou a companheira praticam atos de crueldade, de menosprezo, de desrespeito, violência ou deslealdade. Surge assim a separação como uma solução.

O Espiritismo não é de modo algum uma doutrina repressora. É uma doutrina que consola e orientam encarnados e desencarnados, mostra os caminhos convenientes a seguir caso queiramos ser felizes.

No cap. 9 - União Infeliz, da obra acima citada de Emmanuel, afirma-se: “Dolorosa, sem dúvida, a união considerada menos feliz. E, claro, que não existe obrigatoriedade para que alguém suporte, a contragosto, a truculência, o peso de alguém, ponderando-se que todo espírito é livre em pensamento para definir-se, quanto às próprias resoluções. Que haja, porém, equilíbrio suficiente nos casais jungidos pelo compromisso afetivo, para que não percam a oportunidade de construir a verdadeira libertação”.

Somos, acima de tudo, Espíritos imortais de passagem pela face da Terra a fim de progredir num corpo masculino ou feminino. Para que a união seja perfeita entre dois seres é essencial que haja comunhão de pensamentos e de sentimentos. Somente nesta mutua compreensão de dois seres que se amam e se compreendem é que podemos encontrar a felicidade na face da terra.

No entanto, tendo ocorrida a separação, podemos refletir sobre as seguintes palavras de Joanna de Angelis, na obra “Após a Tempestade”: “Se alguém não mais deseja, espontaneamente, seguir contigo, não te transformes em algema ou prisão. Cada ser ruma pela rota que melhor lhe apraz e vive conforme lhe convém... Quando se modifica uma circunstancia ou uma muda uma situação, não infiras disso que a vida, a felicidade, se acabaram. Prossegue animado de que aquilo que hoje não tens será fortuna amanhã em tua vida. Se estiveres a sós e não dispuseres de forças, concede-te outra oportunidade, que enobrecerás pelo amor e pela dedicação.”

Bendita é a lei da reencarnação! Lei de Justiça e Amor!

QUESTÃO REFLEXIVA:

“O divórcio é uma lei humana, cuja finalidade é separar o que já estava separado de fato”. Conhecedores da lei de reencarnação, podemos recorrer ao divórcio sob qualquer pretexto?

Bibliografia
- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- Peralva, Martins – Estudando a Mediunidade.
- Barcelos, Walter – Sexo e Evolução – Ed. FEESP.
- Santo Neto, F./Hammed – Renovando Atitudes.
- Xavier, Francisco C./Emmanuel – Vida e Sexo
- Xavier, Francisco C./André Luiz – Sinal Verde


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quinta-feira, 18 de agosto de 2016

14ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

Casamento, Família e Divórcio

Casamento e Família

A família é uma instituição de origem divina. Kardec em “O Evangelho Segundo o Espiritismo, no capitulo XXII, item 3, esclarece: “...Deus quis que as seres se unissem, não somente pelos laços carnais, mas também pelos da alma, a fim de que a mutua afeição dos esposos se estenda aos filhos, e para que sejam dois, em vez de um, a amá-los, tratá-los e fazê-los progredir...”

Nesta bela descrição do casamento, vemos como é grande a sua abrangência, pois implica no desenvolvimento da capacidade de amar, implica na expansão da afeição que existe entre os cônjuges para que este sentimento de afeto e ternura também alcance os filhos e estes possam progredir.

Emmanuel, na obra “Vida e Sexo”, traz o seguinte conceito de casamento: “O casamento ou a união permanente de dois seres, como é óbvio, implica o regime de vivência pelo qual duas criaturas se confiam uma a outra, no campo da assistência mútua. Essa união reflete as Leis Divinas que permitem seja dado um esposo para uma esposa, um companheiro para uma companheira, um coração para outro coração ou vice-versa, na criação e desenvolvimento de valores para a vida”.

Em “O Livro dos Espíritos”, na questão nº 695, encontramos: P. “O casamento, ou seja, a união permanente de dois seres é contrária à Lei da Natureza?” R. “É um progresso na marcha da Humanidade”.

Refletindo sobre as causas desse progresso, podemos constatar que quanto mais regressarmos na história, mais encontraremos, nos estados primitivos, as uniões livres que, nas palavras de Kardec em comentário a questão nº 696, pertence ao estado de natureza, e, ainda, a abolição do casamento representaria o retomo a infância da Humanidade.

O matrimônio na Terra pode ser um meio de fortalecer laços de pura afinidade espiritual, ou, em outros casos, pode ser o reencontro para o necessário reajuste.

Desse modo, por vezes, o lar é um templo para se vivenciar o amor sublimado, onde reina a compreensão, a união; outras vezes os lares são cadinhos de purificação, pelos quais por meio de provações e sofrimentos, Espíritos caminham em direção à evolução.

Há, pois, uma diversidade de situações que podem ser consideradas como determinantes das uniões conjugais. Em nosso planeta, que é um mundo de expiação e prova, podemos concluir que a grande parte das uniões matrimoniais decorre de compromissos diante da Lei de Causa e Efeito.

Nesse sentido, Emmanuel, na mesma obra acima citada, afirma: “Acontece, no entanto, que milhões de almas, detidas na evolução primária, jazem no Planeta, arraigadas a débitos escabrosos perante a lei de causa e efeito e, inclinadas que ainda são ao desequilíbrio e ao abuso...”

Mas, podemos questionar: todos os casamentos e nascimentos são programados no plano espiritual? Isto é, ninguém se casa com a pessoa errada ou tem mais ou menos filhos do que foi programado? A Doutrina Espírita ensina-nos que muitos dos nossos compromissos são definidos no plano espiritual, porém, devemos lembrar que o Espírito tem o livre arbítrio, e a partir de suas escolhas pode avançar mais rápido, ou, às vezes, desistir de alguma provação e ficar estacionado por tempo indeterminado.

Reencarnação

Sobre o casamento ha uma passagem no Evangelho de Marcos, no capitulo 12, versículos 18 a 27, em que os Saduceus, interrogam Jesus:

“Mestre, Moises deixou-nos escrito: Se alguém tiver irmão que morra deixando mulher sem filhos, tomará ele a viúva e suscitará descendência para seu irmão. Havia sete irmãos. O primeiro tomou mulher e morreu sem deixar descendência. E o mesmo sucedeu ao terceiro. E os sete não deixaram descendência. Depois de todos também a mulher morreu. Na ressurreição, quando ressuscitarem, de qual deles será a mulher? Pois que os sete a tiveram por mulher Jesus disse-lhes: ‘Não estais errados, desconhecendo tanto as Escrituras como o poder de Deus? Pois quando ressuscitarem dos mortos, nem eles se casam, nem elas se dão em casamento, mas serão como anjos nos céus. Quanto aos mortos que há de ressurgir não lestes no livro de Moisés, no trecho sobre a sarça, como Deus lhe disse: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó? Ora, ele não é Deus dos mortos, mas sim de vivos. Estais muito errados!”.

Nesta passagem vemos que os Saduceus, maliciosamente – eis que não acreditavam em ressurreição - queriam enredar Jesus com alguma palavra.

O Mestre então responde, de forma alegórica, figurada, que os mortos, quando “ressuscitarem”, serão como os “anjos nos céus”.

Jesus, como bem sabemos, numa época em que ainda não era chegada a hora, falava de forma simbólica, pois todo grande conhecimento, toda grande verdade depende de bases solidas, depende de um alicerce, de uma pedra fundamental. Esse conhecimento então, de forma clara, aberta, publica, caberia a Doutrina Espírita.

O Espiritismo então, em seu tempo, revelou-nos, a propósito, que:

- Os Espíritos não têm sexo da forma que entendemos, porque sexo depende da constituição orgânica. (LE q. 200).

- São os mesmos Espíritos que ora animam um corpo de homem, ora animam um corpo de mulher. (LE q. 201).

- Há duas espécies de família: as famílias por laços espirituais e as famílias por laços corporais. Estas; as de laços corporais, são frágeis como a própria matéria, extinguem-se com o tempo. Por outro lado, as famílias por laços espirituais são duradouras e se perpetuam no mundo dos Espíritos. (ESE, XlV item 8).

Vemos, pois, que o estudo do Espiritismo conduz-nos a observações e reflexões que nos impelem ao aprimoramento dos laços familiares, impelem-nos a tolerância, ao entendimento, a compreensão, que se obtém da vida o que se lhe da, colhe-se o material do plantio.

A consciência da realidade de nossas vidas passadas impulsiona-nos a renovação. Sendo assim, a Doutrina Espírita exerce influência salutar na vida, no destino, e na felicidade do ser humano.

E por meio da reencarnação que amigos se aproximam no mesmo lar, e também no mesmo ambiente, adversários se encontram para definitiva extinção de ódios cuja origem se encontra em alguma preexistência.

Sem a reencarnação não teríamos a oportunidade de reconciliação com aqueles a quem ofendemos ou ferimos, ou que nos ofenderam ou feriram.

Diz Emmanuel na mesma obra “Vida e Sexo”: “Os débitos contraídos por legiões de companheiros da Humanidade, portadores de entendimento verde para os temas do amor; determinam a existência de milhões de uniões supostamente infelizes, nas quais a reparação de faltas passadas confere a numerosos ajustes sexuais, sejam eles ou não acobertados pelo beneplácito das leis humanas, o aspecto de ligações francamente expiatórias, com base no sofrimento purificador. De qualquer modo, é forçoso reconhecer que não existem no mundo conjugações afetivas, sejam elas quais forem, sem raízes nos princípios cármicos, nos quais as nossas responsabilidades são esposadas em comum”.

Sem a reencarnação, como poderíamos buscar a reconciliação com almas que semearam espinhos em nosso caminho e com almas que tiveram em seu caminho pedras colocadas por nós?

Sem a reencarnação não teríamos a oportunidade de retomarmos na condição de filhos, esposos, esposas, parentes e amigos que tiveram suas vidas e seus destinos complicados pela nossa ignorância aos preceitos do evangelho. O divino Mestre disse: “Ninguém verá o reino de Deus se não nascer de novo”.

Há, assim, que haver esforço para aprimorarmos nossos relacionamentos. Na obra “Sinai Verde”, André Luiz deixa-nos diversas recomendações para a vida conjugal. Vejamos algumas:

- Não deprecie os ideais e preocupações do outro;

- Antes de observar os possíveis erros ou defeitos do outro, vale mais procurar-lhe as qualidades e dotes superiores para estimulá-los ao desenvolvimento justo;

- Não sacrifique a paz do lar com discussões e conflitos, a pretexto de honorificar essa ou aquela causa da Humanidade, porque a dignidade de qualquer causa da Humanidade começa no reduto doméstico.

- E a Doutrina Espírita diz: “Nascer, crescer; morrer, renascer ainda, progredir continuamente, tal é a lei”.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Reflita e comente: O casamento pode ser um caminho de reajuste, perante as nossas faltas em vidas anteriores.


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terça-feira, 16 de agosto de 2016

13ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

Não Vim Destruir a Lei

“Não penseis que vim revogar a Lei e os Profetas. Não revogá-los, mas dar-lhes pleno cumprimento, porque em verdade vos digo que, até que passem o céu e a terra, não será omitido nem um só i, uma só vírgula da Lei, sem que tudo seja realizado. Aquele, portanto, que violar um só desses menores mandamentos e ensinar os homens a fazerem o mesmo, será chamado o menor no Reino dos Céus. Aquele, porém, que os praticar e os ensinar esse será chamado grande no Reino dos Céus.”

“Com efeito, eu vos asseguro que se a vossa justiça não exceder a dos escribas e dos fariseus, não entrareis no Reino dos Céus.” (Mt 5;17-20).

Nesta passagem, Jesus afirma que não veio para alterar a Lei. A que lei o Mestre refere-se?

Como vimos anteriormente, na história do povo hebreu sempre houve diversos homens que tinham por missão revelar a Lei Divina. Esses homens chamados profetas, estiveram presentes em todos os tempos da saga daquele povo.

A palavra profeta, conforme definição de Kardec em “O Evangelho Segundo Espiritismo” era atribuída àqueles que eram capazes de fazer previsões. No entanto, na acepção evangélica, profeta é todo aquele que veio para transmitir as grandes verdades ao povo.

Mesmo, antes de Moisés, podemos lembrar que Abraão, o primeiro grande patriarca hebreu, nesse sentido, pode ser considerado um profeta.

Moisés, um dos mais importantes vultos do povo judaico, teve dupla atuação: não só era um grande profeta, mas também um grande legislador.

Esse é um aspecto importante que temos a destacar. Há, assim, duas partes distintas na Lei Mosaica: a Lei Divina (o decálogo) e a Lei Civil ou Disciplinar. Essa segunda parte, a Lei Civil, ha que se ressalvar, era apropriada aquela época, hoje, porém, vemos que seus dispositivos são muito rígidos e destinavam, assim, ao povo rebelde daquele momento histórico.

Após Moisés, muitos outros profetas surgiram até a chegada do Mestre. Podemos aqui, por exemplo, lembrar de alguns desses profetas, e notar que em suas pregações também orientavam espiritualmente o povo.

Vejamos:

“Purifica teu coração da maldade, Jerusalém, para que seja salva. Até quando abrigarás em teu seio os teus pensamentos culpáveis.” (Jeremias 4:14)

“Procurai Iahweh enquanto ele se deixa encontrar; invocai-o enquanto está perto. Abandone o ímpio o seu caminho, e o homem mau seus pensamentos, e volte a Iahweh, pois terá compaixão dele, ao nosso Deus, porque é rico em perdão.” (Isaias 55:6-7).

Notamos bem, nestas passagens, como suas exortações convocavam as pessoas a seguir um caminho de religiosidade e da prática das virtudes.

E por que Jesus disse que não veio para revogar a Lei? Porque o Mestre, em todos os seus ensinamentos, não veio para instituir, como Moisés, a legislação civil, esta que é transitória, isto é, modifica-se com o tempo, mas, para anunciar a Boa Nova que se referia a Lei Divina que é imutável, eterna.

Nesse sentido, todos os ensinamentos que foram anteriormente trazidos pelos antigos profetas, e que representavam a Lei Divina, não necessitavam ser alterados. Eis o motivo por que Jesus, em muitas passagens, pergunta aos fariseus, escribas ou outros que o interpelavam:

“O que está escrito na Lei?”.

Em relação ao Decálogo, por exemplo, Jesus não o revogou, mas o sintetizou em: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.

No entanto, embora o Mestre não tenha vindo para modificar a Lei e os Profetas, ele veio sim para ampliar, para dar-lhes o verdadeiro sentido, de acordo com o adiantamento dos homens. Ainda na mesma passagem bíblica citada no inicio, Jesus afirmou: ”... até que passem o céu e a terra, não será omitido um só i, uma só vírgula da Lei, sem que tudo seja realizado".

Paulo Godoy, na obra “Crônicas Evangélicas”, ensina-nos que: “... poderemos dilatar a duração de nosso processo evolutivo, malbaratar as dádivas generosas das reencarnações sob o mesmo Céu e a mesma Terra, mas enquanto não tivermos praticado tudo aquilo que está contido nas leis morais e eternas, jamais seremos promovidos a estágios mais elevados na Espiritualidade, nas muitas moradas que existem na Casa do Pai.”

Os ensinamentos de Jesus, repetimos, representam a mais pura moral. A Doutrina dos Espíritos, assim, vem restabelecer a verdade, reviver esses preceitos na sua forma mais cristalina, que aproxima os homens e promove a prática da fraternidade.

RECONCILIAÇÃO PERANTE A LEI DIVINA

“Portanto, se estiveres para trazer a tua oferta ao altar e ali te lembrares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa a tua oferta ali diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão; e depois virás apresentar a tua oferta. Assume logo uma atitude conciliadora com teu adversário, enquanto estás com ele no caminho, para não acontecer que o adversário te entregue ao juiz e o juiz ao oficial de justiça e, assim, sejas lançado na prisão. Em verdade te digo: dali não sairás, enquanto não pagares o ultimo centavo.” (Mt 5:23-26)

Nesta passagem, Jesus indica qual é a oferta mais agradável a Deus: é a reconciliação com o próximo.

De acordo com as tradições e costumes religiosos dos judeus da época, era um dever religioso fazer oferendas que consistiam em sacrifícios de animais como cordeiros, pombos, ou ainda de produtos da terra. Estas práticas externas, muitas vezes desprovidas de sentimento religioso verdadeiro, foram combatidas veementemente por Jesus. Assim, temos neste ensinamento a orientação da verdadeira espiritualização, que consiste na busca da renovação interior, a qual enseja o convívio fraterno.

Podemos compreender facilmente o valor deste ensinamento. Com efeito, temos que admitir que sem o sacrifício do amor próprio, do orgulho, da magoa, do ressentimento, não pode haver verdadeira conciliação com nosso semelhante, pois, então, estaremos com o coração fechado, com a mente em desarmonia.

Para que tenhamos sentimentos mais nobres, e estejamos com os pensamentos e emoções equilibradas, precisamos esforçar-nos; e assim agindo rompemos as amarras, estabelecendo a nossa ligação com Deus. Em síntese, podemos concluir que a verdadeira ligação com Deus baseia-se em uma ligação amorosa e uma convivência fraterna com o nosso semelhante.

“Assume logo uma atitude conciliadora com o teu adversário, enquanto estás com ele no caminho, para não acontecer que o adversário te entregue ao juiz e o juiz ao guarda e, assim, sejas lançado na prisão. Em verdade te digo dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo”. (Mt 5:25 e 26).

Neste outro trecho, além da exortação à conciliação, encontramos as consequências de uma atitude de animosidade, de má vontade para restabelecer um relacionamento que sofreu uma ruptura, uma cisão.

Esta lição é bastante oportuna, pois qual de nós já não teve momentos difíceis em algum relacionamento familiar ou de amizade?

As pessoas são; bem sabemos; diferentes uma das outras. Para que um relacionamento perdure precisamos ter tolerância com as diferenças e aceitar as pessoas como elas são. Temos que nos livrar de qualquer atitude caprichosa, ou de qualquer imposição de preferências. Há que existir respeito mútuo.

Quando ocorrem as desavenças, precisamos de um esforço ainda maior para nos superarmos e ter uma atitude verdadeiramente Cristã, condizente com os ensinamentos de Jesus.

A Doutrina Espírita ensina-nos que estamos aqui na Terra para nos aprimorarmos. Portanto, devemos aproveitar as oportunidades para aprendermos, crescermos e nos tomarmos pessoas melhores.

Esse crescimento a que estamos destinados pode ser alcançado pelo esforço pessoal em aprender, pelo esforço em deixar as más paixões e cultivar as virtudes.

Quando, porém, pelo nosso livre arbítrio, pelas nossas escolhas, desperdiçamos as oportunidades de crescimento e seguimos um caminho que seja diferente dos ensinamentos evangélicos, estaremos gerando, segundo a lei de causa e efeito, situações aflitivas para o futuro, inclusive para as próximas existências.

É que, como ensinou o Mestre, da mesma forma que tratamos o nosso semelhante, seremos tratados. Como, pois, poderíamos querer ser perdoados se não estendermos esse benefício ao nosso irmão?

A capacidade de perdoar é uma das mais belas virtudes que podemos cultivar. O perdão é libertador, pois permite que nos desvencilhemos da situação dolorosa que tenhamos vivenciado, e evita o comprometimento negativo de nossa sintonia vibratória.

Ser entregue ao juiz representa, então, sofrer os efeitos de nossas ações negativas, quando esquecemos os ensinamentos evangélicos e a Lei nos obriga a uma reparação.

Sobre o perdão, podemos trazer este trecho do “Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. X, item 15: “Perdoar aos inimigos é pedir perdão para vós mesmos; perdoar aos amigos é dar prova de amizade; perdoar as ofensas é mostrar que se melhora. Perdoai, pois, meus amigos, para que Deus vos perdoe”.

Aproveitemos, pois, todas as oportunidades que o Pai nos oferece para nos reconciliarmos com os nossos irmãos.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Reflita e comente sobre a necessidade de nos reconciliarmos com os nossos semelhantes.

Bibliografia
- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan – A Gênese - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Xavier, Francisco C./Emmanuel – Vinha de Luz.


Fonte da imagem: Internet Google.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

13ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

A Missão Cristã no Mundo e a Perfeição da Lei

Vós Sois o Sal da terra e a Luz do Mundo

E terminando de enumerar as suas bem-aventuranças, Jesus dirige-se aos que as ouvem e lhes diz com ênfase:

“Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se torna insosso, com que o salgaremos? Para nada mais serve, senão para ser lançado fora e pisado pelos homens.” (Mt 5: 13).

Jesus, em sua arte de ensinar, sempre se utilizava de exemplos simples, mas que embasavam seu ensinamento. Mas por que o sal? O sal é um mineral encontrado em toda parte do globo, em todas suas regiões, tanto na terra quanto nos mares e oceanos.

É parte fundamental da constituição de nosso corpo físico, sendo também responsável pelo nosso equilibro orgânico. Mas, independentemente de onde o encontremos ele será sempre o mesmo, ou seja, inalterável.

Ele se mantém incorruptível, pois nada o altera, nem o deteriora, ou seja, ele não assimila impurezas.

Como fala Vinicius (Pedro de Camargo), na obra “Em Busca do Mestre”: “... o sal é o condimento por excelência, usado na arte culinária para temperar alimentos. Temperar é equilibrar é harmonizar os manjares com o paladar”.

Da mesma forma, nossa vida pode ser analisada neste contexto, ou seja, de estar ou não “temperada”, equilibrada.

Quando não esta “temperada” ela se toma tediosa, as coisas ficam obscuras, sem sentido; não encontramos felicidade nas coisas do cotidiano, como estar em família, entre amigos. Não encontramos paz, nem conosco, nem com o mundo.

Temos, portanto, dificuldades de alcançar nossos objetivos, principalmente os de crescimento espiritual.

E o que dá o “sal” a nossa vida?

Numa só palavra, temos a resposta: o Evangelho.

A vivência do Evangelho conduz-nos ao autoconhecimento e a percepção do mundo que nos rodeia e das necessidades do outro. Esse processo permite que saiamos de nós mesmos e percebamos que a nossa presença no mundo tem um significado maior. Esse significado diz respeito também as nossas responsabilidades como seguidores do Cristo.

Na mesma obra acima citada, Vinicius acrescenta: “Esse é o papel que compete aos discípulos do Mestre na sociedade: funcionar como elemento equilibrador temperando todos os excessos. Equilíbrio é harmonia, e harmonia é felicidade.”

Aos seus discípulos, Jesus sempre apresentou essa necessidade de ser como o sal, de ser invulnerável a corrupção do mundo, de manter a essência do Evangelho, de ser o diferencial, de ser aquele que traz algo mais.

Nós também que queremos seguir o Mestre, precisamos ser esse algo mais, e buscar a integridade e, por consequência, a honestidade em nossas ações. Assim como o sal manifesta sempre as suas propriedades, o discípulo do Mestre age sempre na causa do Bem.

Para sermos elementos harmonizadores, onde estivermos, é fundamental que passemos a vivenciar o Evangelho de Jesus. Esse deve ser o nosso roteiro para que possamos fazer-nos úteis e assim cumprirmos a nossa missão na terra.

VÓS SOIS A LUZ DO MUNDO

“Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte. Nem se acende uma lâmpada e se coloca debaixo do alqueire, mas do candelabro, e assim ela brilha para todos os que estão na casa. Brilhe do mesmo modo a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, eles glorifiquem o vosso Pai que esta nos céus.” (Mt 5: 14-16).

A “luz” é uma palavra que tem forte simbolismo. Em seu significado literal ela significa à fonte de energia que leva claridade a escuridão. Em nosso mundo, quando o analisamos, podemos ver, em geral, todas as coisas sobre dois aspectos, ou seja, os extremos opostos de uma dada circunstância. Assim, a luz, em seu significado físico, tem como contraponto a obscuridade.

Por outro lado, em seu simbolismo, ela tem uma riqueza de significados. Jesus, na passagem acima, refere-se à luz para conceituar a potencialidade do Espírito, que quando adquire o conhecimento e o coloca em prática, assemelha-se a uma “lâmpada sobre o candelabro”, ou seja, ilumina, esclarece e revela as verdades espirituais a aqueles que ainda se encontram nas sombras.

Esse, a propósito, é um processo natural: o do aprendizado constante. À medida que o ser avança em sua jornada evolutiva vai, naturalmente, buscando a luz do esclarecimento e da razão. Como diz Kardec em “O Evangelho Segundo o Espiritism0”, cap. XXIV item 4 “Acontece com os homens, em geral, o mesmo que com os indivíduos. As gerações passam também pela infância, pela juventude e pela madureza. Cada coisa deve vir a seu tempo, pois a sementeira lançada à terra, fora de tempo, não produz.”

Não obstante seja um processo natural, não podemos esquecer que o Espírito usa o seu livre arbítrio para fazer suas escolhas, podendo elas serem sábias e, então, conduzirem a bons resultados, ou, ao contrário, se for sem discernimento e sem uso do bom senso, levar ao sofrimento. Desta forma, sempre depende de nós a busca do conhecimento e a iniciativa de acelerar o nosso crescimento espiritual.

Nessa preciosa passagem do Evangelho que ora analisamos, o Mestre ensina que não devemos “colocar a lâmpada debaixo do alqueire”. É importante lembrar aqui que em várias outras traduções da Bíblia, a palavra utilizada para lâmpada é “candeia”. Qual o significado desse trecho?

Aqui a palavra “alqueire” não é a nossa unidade de medida de superfície agrária, mas, antiga vasilha de metal para medir produtos secos (trigo, arroz, etc.).

Assim temos, em outras palavras, que a lâmpada não foi feita para ser colocada embaixo de uma vasilha fechada, mas para ser colocada bem no alto, onde possa iluminar; Clarear, revelar o ambiente, para que todos possam vê-la.

O Evangelho é, pois, a Luz que ilumina o mundo!

Os ensinamentos de Jesus trazem a revelação das verdades espirituais, extinguindo as trevas decorrentes da ignorância e do egoísmo, e permite o avanço da humanidade.

Essa luz significa, ainda, a ação do ser que despertou para a verdade, e na sua vivência passa a brilhar, beneficiando a si e a seus semelhantes. Esse brilhar implica também em propagar a mensagem Cristã para toda a humanidade.

Jesus, com esse fim, convidou todos os seus discípulos a divulgarem a mensagem evangélica a todos os povos, para que levassem a luz, através do seu brilho próprio, de forma incondicional, a quem os escutasse.

Meditando sobre isso, notamos que em muitas épocas e ainda hoje, muitas vezes a luz foi ocultada. Como isso ocorre? Analisando a questão, podemos identificar várias situações que implicam em ocultar a luz; vejamos algumas:

- O egoísmo, que é a principal chaga da humanidade e conduz o Ser a ignorar seu semelhante;

- A dominação política, que leva um pequeno grupo a esconder conhecimento da maioria para poder subjugá-la;

- A imposição de crença religiosa que estabelece uma verdade como absoluta a todos os fiéis, que os impede de exercer a fé raciocinada;

- A ignorância, quando o Ser tem acesso a Verdade, mas por não ter maturidade, não compreende o seu real significado e alcance.

Emmanuel, na obra “Fonte Viva”, lição 81, ensina: “Atentemos para o símbolo da candeia. A claridade na lâmpada consome força ou combustível. Sem o sacrifício da energia ou do óleo não ha luz. Para nós, aqui, o material de manutenção é a possibilidade, o recurso, a vida. Nossa existência é a candeia viva. É um erro lamentável, despender nossas forças, sem proveito para ninguém, sob a medida de nosso egoísmo, de nossa vaidade ou de nossa limitação pessoal”.

Tem o mesmo significado a imagem da cidade situada sobre o monte que não pode ser escondida. Uma cidade, pela sua dimensão e pela movimentação, não pode, obviamente, permanecer oculta, pois é totalmente visível, especialmente por estar nas alturas de um monte.

Assim também podemos representar o Evangelho de Jesus que, pelos seus valores morais elevados, representa uma Luz grandiosa e resplandecente que dividiu a história e transformou a humanidade.

A revelação de Jesus, a sua mensagem de Amor, abriu caminhos para o advento da Doutrina Espírita – A Terceira Revelação – que nos traz esclarecimentos e o restabelecimento da Doutrina do Cristo.

Em síntese, encontramos no “Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XXIV, item 7: “O Espiritismo vem atualmente lançar a sua luz sobre uma porção de pontos obscuros, mas não o faz, inconsideradamente.

Os Espíritos procedem, nas suas instruções, com admirável prudência. É sucessiva e gradualmente que eles têm abordado as diversas partes já conhecidas da Doutrina, e é assim que as demais partes serão reveladas no futuro, à medida que chegue o momento de fazê-las sair da obscuridade.”

QUESTÃO REFLEXIVA:

Como, em nosso dia-a-dia, podemos ser o “sal da terra” e a “luz do mundo”?


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