CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

quinta-feira, 18 de abril de 2024

5ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

As Profecias Sobre a Vinda do Messias - Os Domínios Estrangeiros e o Mundo Romano

As Profecias Sobre a Vinda do Messias

O nome “Cristo” é o equivalente em grego à palavra “Messias”, assim, o nome Jesus Cristo significa “Jesus, o Messias” ou “Jesus, o Ungido”.

Nas duas passagens seguintes, ele próprio diz claramente que é “o Messias” que haveria de vir:

1) “Ele foi a Nazaré, onde fora criado, e, segundo seu costume, entrou em dia de sábado na sinagoga, e levantou-se para fazer a leitura. Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaias; desenrolou-o, encontrou o lugar onde está escrito: ‘O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou pela unção para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos presos e aos cegos a recuperação das vistas, para restituir a liberdade aos oprimidos, e para proclamar um ano de graça do Senhor. Enrolou o livro, entregou-o ao servente e sentou-se; todos na sinagoga olhavam-no, atentos. Então, começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu aos vossos ouvidos essa passagem da Escritura... ’.” (Lc 4:16-21).

2) “A mulher lhe disse: ‘Sei que vem um Messias (que se chama Cristo). Quando ele vier nos explicara tudo’. Disse-lhe Jesus: ‘Sou eu, que falo contigo.” (Jo 4225).

Podemos encontrar por diversas passagens no Antigo Testamento profecias apontando para a chegada daquele que seria o Salvador. Estão presentes nos livros de Jeremias, Daniel, Miquéias, Oséias, Zacarias, etc.

Porém, de todos, o que mais se destaca em citações sobre a vinda do Messias é Isaias. Descreve-o ao mesmo tempo como um servo sofredor que morreria pelos pecados da humanidade e como um príncipe soberano que governara com justiça. Apreciemos algumas profecias: “Uma voz clama: ‘No deserto, abri um caminho para Iahweh’...”; Isaias 40:3. Esta profecia data do século VIII a.C e está comprovada no Novo Testamento no Evangelho de Mateus, 3:1; “Naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da Judéia e dizendo: Arrependei-vos, porque o Reino dos Céus esta próximo. Pois foi dele que falou o profeta Isaias...”

Ainda em lsaías 11:1-4 lemos: “Um ramo saíra do tronco de Jesse, um rebento brotara de suas raízes... Ele não julgara segundo a aparência. Ele não dará sentença apenas por ouvir dizer. Antes, julgara os fracos com justiça, com equidade pronunciará sentença em favor dos pobres da terra”.

Em Miquéias 5:1-5, encontramos: “E tu, Belém-Éfrata, pequena entre os clãs de Judá, de ti sairá para mim àquele que governará Israel...”

No livro de Daniel 9:25-26, lemos: “Fica sabendo, pois, e compreende isto: Desde a promulgação do decreto ‘sobre o retorno e a reconstrução de Jerusalém ’, até um Príncipe Ungido, haverá sete semanas... Depois das sessenta e duas semanas um Ungido será eliminado embora ele não tenha... E a cidade e o santuário serão destruídos...”

A profecia mostra uma sequência de fatos: a vinda do Messias, a sua morte e a destruição de Jerusalém, inclusive do templo. O cumprimento destas profecias esta em Lucas 2:1-7: “Naqueles dias, apareceu um edito de César Augusto, ordenando o recenseamento de todo o mundo habitado... E todos iam se alistar. Também José subiu da cidade de Nazaré, na Galiléia, para a Judéia, a cidade de Davi, chamada Belém, por ser da casa e da família de Davi, para se inscrever com Maria, desposada com ele, que estava grávida...”.

O livro de Zacarias, 9:9 diz: “Exulta muito, filha de Sião! Grita de alegria, filha de Jerusalém! Eis que o teu rei vem a ti: ele é justo e vitorioso, humilde, montado sobre um jumento...”. Esta profecia sobre a entrada messiânica de Jesus em Jerusalém, em 500 anos a.C. está relatada em João 12:12-15: “... Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor.. Não temas, filha de Sião! Eis que vem o teu rei montado num jumentinho!”

Essas passagens anunciam o que seria o ponto inicial da lição salvadora do Cristo, como a dizer que a humildade representa a chave de todas as virtudes. Começava a era definitiva da maioridade espiritual da humanidade terrestre onde Jesus entregaria o código da fraternidade e do amor a todos os corações.

TODOS ESPERAVAM O MESSIAS

Além do povo hebreu, Jesus, na sua proteção e na sua misericórdia, desde os tempos mais distantes enviou missionários aqueles agrupamentos de criaturas que se organizavam, econômica e politicamente, entre as coletividades primarias da Terra. Emmanuel cita em “A Caminho da Luz”, cap. III: “Os enviados do Infinito falaram, na China milenária, da celeste figura do Salvador muitos séculos antes do advento de Jesus. Os iniciados do Egito esperavam-no com as suas profecias. Na Pérsia, idealizaram a sua trajetória, antevendo lhe os passos nos caminhos do porvir; na índia védica, era conhecida quase toda a história evangélica, que o sol dos milênios futuros iluminaria na região escabrosa da Palestina, e o povo de Israel durante muitos séculos, cantou-lhes as glórias divinas, na exaltação do amor e da resignação, da piedade e do martírio, através da palavra de seus profetas mais eminentes".

Essa espera teria sido iniciada muito antes do que se imagina. Emmanuel comenta que Jesus reunira no espaço infinito os proscritos que se exilaram na Terra, vindos de Capela, antes de sua reencarnação geral. Estes, jamais se esqueceram das palavras confortadoras do Messias em suas divinas promessas. “Suas vozes enchem todo o âmbito das civilizações que passaram... e, apresentado com mil nomes, Segundo as mais variadas épocas, o Cordeiro de Deus foi aguardado pela compreensão e pela memória do mundo...” (A Caminho da Luz - cap. IX).

A ESPERA PELO POVO DE ISRAEL

Foquemos nossos estudos junto ao povo de Israel, nação que se destacava pelo fato de, antecipando-se as conquistas dos outros povos, ter ensinado em todos os tempos a fraternidade, a par de uma fé soberana e imorredoura. Sua existência histórica, contudo, é Uma lição dolorosa para todos os povos do mundo, das consequências nefastas do orgulho e do exclusivismo.

Emmanuel acrescenta que “todas as raças da Terra devem aos judeus esse benefício sagrado, que consiste na revelação do Deus único, Pai de todas as criaturas e Providência de todos os seres.” (A Caminho da Luz, cap. VII).

TODAS AS PROFECIAS SÃO VERDADEIRAS?

No livro “Cristianismo: A Mensagem Esquecida”, Hermínio C. Miranda faz uma série de reflexões apontando que os redatores dos Evangelhos não eram historiadores que buscavam narrar com precisão a história tal qual ela é. Estariam assim, mais interessados em provar a tese de que Jesus é o Messias prometido pelos antigos e de que nele se cumpriram as profecias. Para isso, pode ter havido a escolha indiscriminada de profecias para dar apoio a eventos reais.

Entretanto, Hermínio é categórico ao afirmar que acima de qualquer adaptação que tenha havido e muito mais do que o Messias judaico previsto nos textos tidos como proféticos do Antigo Testamento: “Jesus é um Messias, no sentido de enviado, de missionário, incumbido de uma tarefa da mais alta relevância no processo evolutiva da humanidade; um indicador de rumos, um reformista religioso, social e ético, um Espírito de elevadíssima condição”.

Assim mudou para sempre as diretrizes do planeta, conforme vemos influenciando diretamente na conduta da Humanidade até os dias de hoje.

Questão Reflexiva:

Após a chegada do Cristo houve uma renovação dos valores da humanidade. Como a vinda de Jesus influenciou nossas vidas como Espíritos em jornada para a perfeição?

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

terça-feira, 16 de abril de 2024

4ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

Moisés e o Decálogo

O povo hebreu permaneceu no Egito por volta de 430 anos. Esse período foi marcado por grande prosperidade e crescimento populacional. Este fato despertou a preocupação do Faraó Ramsés II, que passou a oprimir o povo hebreu. Adotando medida extrema, tentando impedir o nascimento das crianças do sexo masculino, determinou que as parteiras matassem todos os meninos hebreus recém-nascidos.

Foi nesse cenário que a mãe de Moisés, Jocabel, da descendência de Levi, com intuito de protegê-lo, escondeu-o até o terceiro mês de idade. Posteriormente, temendo ser descoberta, o colocou num cesto no rio Nilo de onde foi retirado pela princesa Termútis, filha de Ramsés II.

A princesa adotou-o como filho, dando-lhe o nome de Moisés. Foi criado dentro do palácio e recebeu toda a educação reservada a um nobre egípcio.

Na idade adulta, certo dia, ao se deparar com um guarda egípcio agredindo um hebreu, tomou-lhe a defesa e acabou por ocasionar a morte daquele guarda. O episódio toma-se conhecido e o Faraó, tendo notícia do caso, procurava matá-lo.

Em fuga, Moisés dirigiu-se para a terra de Madiã. La conheceu as filhas do sacerdote Jetro, e depois de protegê-las de uma injusta agressão por parte de alguns pastores da região, foi acolhido na casa de Jetro, e unindo-se a sua filha Séfoxa, teve um filho de nome Gersam.

Vários anos depois, quando apascentava o rebanho de seu sogro teve a visão de uma chama de fogo no meio de uma sarça. Ali Moisés recebe a sua missão: “lahweh disse: Eu vi, eu vi a miséria do meu povo que está no Egito. Ouvi seu grito por causa dos seus opressores; pois eu conheço as suas angústias. Para isso desci a fim de libertá-lo da mão dos egípcios, e para fazê-lo subir desta terra para uma terra boa e vasta, terra que emana leite e mel, o lugar dos cananeus, dos heteus, dos amorreus, dos ferezeus, dos heveus e dos jebuseus. Agora, o grito dos israelitas chegou até mim, e também vejo a opressão com que os egípcios os estão oprimindo. Vai, pois, e eu te enviarei ao Faraó, para fazer sair do Egito o meu povo, os israelitas“ (êxodo, 3:7-10).

Moisés parte e encontra seu irmão Aarão no deserto que o auxiliaria frente ao Faraó. Quando chegam ao Egito dirigem-se ao Faraó e procuram negociar a libertação do povo hebreu.

Porém, como o Faraó não concordou com aquele pedido, Segundo o relato bíblico, o Egito foi acometido das dez pragas:

1. A água transformada em sangue;

2. As rãs;

3. Os mosquitos;

4. As moscas;

5. A peste dos animais;

6. As úlceras;

7. A chuva de granizo;

8. Os gafanhotos;

9. As trevas;

10. A morte dos primogênitos.

Do ponto de vista científico, as 10 pragas são interpretadas atualmente como uma série de eventos que culminaram numa catástrofe ecológica. A própria enumeração das pragas obedece a uma sequência lógica que, quando explicada pelos cientistas, desmistifica o caráter miraculoso desses eventos.

Finalmente, após todas essas tribulações, o Faraó permitiu a saída do povo hebreu do Egito (Êxodo). A Páscoa Judaica é exatamente a comemoração desse momento crucial da história hebraica.

O Faraó arrependeu-se da permissão concedida e ordenou a seus exércitos que perseguissem o povo hebreu.

Liderado por Moisés, os hebreus atravessaram o Mar Vermelho; já o exército egípcio sucumbiu sob suas águas.

O DECÁLOGO

Apos três meses da partida do Egito, os hebreus, liderados por Moisés, alcançaram o Monte Sinai. Lá Moisés é convocado por lahweh, e recebe os Dez Mandamentos (Decálogo):

“I - Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás deuses estrangeiros diante de mim. Não farás para ti imagens de escultura, nem figura alguma de alguma que há em cima no céu, e do que há embaixo na terra, nem de coisa que haja nas águas debaixo da terra. Não adorarás, nem lhes darás culto”.

II - Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão.

III - Lembra-te de santificar o dia de sábado.

IV- Honrarás a teu pai e a tua mãe, para teres uma dilatada vida sobre a terra que o Senhor teu Deus te há de dar.

V – Não matarás.

VI - Não cometerás adultério.

VII – Não furtarás.

VIII – Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.

IX- Não desejaras a mulher do próximo.

X- Não cobiçaras a casa do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem outra coisa alguma que lhe pertença. (E.S.E. cap.I, item 2).

Esta lei é de caráter divino, revelação para todos os povos, sendo verdadeira em todos os tempos. Por isso, o Decálogo é considerado, na visão espírita, a primeira revelação, pois vem trazer a primeira constituição moral sintetizada visando o progresso espiritual humano.

Porém, para comandar esse povo bastante rude do ponto de vista moral e intelectual eram necessárias outras leis, de natureza civil, que permitissem reger e ordenar a vida em sociedade. Essas leis, de caráter transitório, foram instituídas pelo grande legislador hebreu, para auxiliar a condução desse povo indisciplinado e, por vezes, rebelde.

Essa rebeldia pode ser constatada na própria história do recebimento dos mandamentos divinos. Conforme relato bíblico, Moisés subiu ao monte Sinai para receber as tabuas da lei e lá permaneceu por 40 dias e 40 noites. Em sua ausência, o povo, que no Egito acostumou-se as práticas idólatras, fabricou um bezerro de ouro para ser adorado. Quando Moisés desceu do monte e verificou o que vinha acontecendo, encheu-se de ira e quebrou as tabuas da lei onde constavam os dez mandamentos.

Apos punir de forma severa o povo em seus excessos, Moisés retoma ao Monte Sinai para refazer as tábuas da lei. Essa postura dos hebreus nos leva a pensar quanto a nossa dificuldade em sermos fiéis a Deus e confiar Nele em todos os momentos de nossa existência.

Devido a essa grave falta do povo, Moisés decide permanecer no deserto durante 40 anos, para que houvesse uma renovação moral e de valores, e uma nova geração adentrasse a Terra Prometida.

Além de sua firme liderança junto aos hebreus e de suas apuradas faculdades mediúnicas que permitiram o recebimento do Decálogo, a Moisés é creditada a autoria do Pentateuco, ou seja, dos primeiros cinco livros do Antigo Testamento - a Tora, como é denominada a Bíblia judaica. São eles:

- Gênese: conta a história da criação do mundo e do Homem, e da formação da aliança entre os patriarcas hebreus e Deus;

- Êxodo: narra a saída dos hebreus do Egito sob a liderança de Moisés, e o recebimento do Decálogo e a criação das leis civis;

- Levítico: manual que regula o sacerdócio, os sacrifícios, e as punições devidas a cada falta;

- Números: refere-se a dois recenseamentos dos hebreus no deserto e a primeira tentativa de adentrar em Canaã;

- Deuteronômio: significa “Segunda lei“, aprofundando-a nos aspectos religioso e jurídico. Contém os 3 discursos de Moisés ao povo.

Moisés, embora tenha sido o grande líder do povo hebreu, não adentrou a terra de Canaã, a “Terra Prometida“. Visualizou-a do monte Nebo, onde veio a falecer, antes, porém, havia indicado Josué como seu sucessor (1.200 a.C.).

E Josué que lidera o povo na travessia do rio Jordão, planeja a tomada de Jericó e, após varias batalhas, instala-se na região de Canaã. Ele ainda organiza a partilha das terras entre as doze tribos, e foi o responsável pela instalação do sistema tribal.

QUESTÃO REFLEXIVA

Comente a importância do Decálogo, ou seja, dos Dez Mandamentos, para a humanidade.

Bibliografia

- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - A Gênese - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. F EESP.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

quinta-feira, 11 de abril de 2024

4ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

A Formação Do Povo Hebreu

A Raça Adâmica e a História Do Povo Hebreu

A Doutrina Espírita ensina-nos que os mundos progridem de duas formas:

- Fisicamente, pela elaboração da matéria;

- Moralmente, pela purificação dos Espíritos que os habitam.

Há, assim, uma grande diversidade de mundos, mais ou menos evoluídos, segundo o adiantamento ou inferioridade de seus habitantes. Uns são inferiores a Terra, outros estão no mesmo grau evolutivo, outros, ainda, são superiores.

“Quando, portanto um mundo chegou a um de seus períodos de transformação que deve fazê-lo subir na hierarquia, mutações se operam na população encarnada e na desencarnada' é então que ocorrem as grandes emigrações e imigrações”. (GE, XI, item 43).

Essas mudanças ocorrem de duas maneiras:

- Parciais - mudança circunscrita a um povo;

- Gerais - quando atinge todo um determinado mundo.

A Terra, como ocorre em todos os mundos, foi palco dessas mudanças populacionais com a chegada dos Espíritos exilados de Capela.

Conforme apontamento de Emmanuel na obra “A Caminho da Luz”, Capela é uma grande estrela da Constelação de Cocheiro, e dista da Terra 42 anos-luz. Tendo alcançado um elevado grau intelectual, continha, entretanto, em seu seio, uma grande quantidade de Espíritos rebeldes, comprometidos moralmente, e que dificultavam a consolidação do progresso daquele mundo. Diante desse quadro, havia necessidade da retirada desses Espíritos para outros mundos.

Dentre aqueles revoltosos, muitos foram enviados a Terra, e foram recebidos amorosamente por Jesus. Essa população daria origem às raças que ficariam conhecidas como adâmicas. Essa chegada dos capelinos é simbolizada pelas figuras de Adão e Eva.

No entanto, ha que se ressaltar que embora esses Espíritos tenham vindo para impulsionar o progresso do nosso mundo, o Planeta Terra, à época, já era habitado por vários povos: alguns muito primitivos, que compunham a maioria; outros, mais evoluídos, como a raça amarela, consoante citação de Kardec em “A Gênese” no capitulo XI, item 41.

Logo, eles - Adão e Eva - não foram os primeiros habitantes deste planeta, conforme disposto na questão 50 de “O Livro dos Espíritos”:

P. A espécie humana começou por um só homem?

R. “Não; aquele que chamais Adão não foi o primeiro nem o único a povoar a Terra”.

Emmanuel, em sua obra acima citada, no capitulo III, discorrendo sobre os capelinos, esclarece: “Com essas entidades nasceram no orbe os ascendentes das raças brancas”. Esses Espíritos, com o transcurso dos anos, reuniram-se em quatro grandes ramos:

1 - grupo dos ÁRIAS;

2 - civilização do EGITO;

3 - povo de ISRAEL;

4 - castas da ÍNDIA.

O POVO DE ISRAEL OU HEBREU

O povo hebreu era o ramo dos capelinos que tinha como característica principal a fortaleza espiritual pela crença monoteísta. A humanidade terrena deve a esse povo a propagação na crença do Deus único.

No entanto, Segundo dispõe Emmanuel na mesma obra acima citada, no capitulo VII: “Examinando esse povo notável no seu passado longínquo, reconhecemos que, se grande era sua certeza na existência de Deus, muito grande também era o seu orgulho, dentro de suas concepções da verdade e da vida”.

Esse orgulho, podemos compreender, impediu-os de reconhecer Jesus como o Messias esperado, eis que aguardavam um conquistador, um soberano resplandecente de glória terrena, que subjugasse os demais povos da terra e concedesse a Israel a supremacia do mundo. Tais convicções, repetimos; não lhes permitiu compreender a mensagem sublime de Jesus, como veremos, mais detalhadamente, em aulas seguintes.

ORIGENS

Procurando as origens do povo hebreu, verificamos que eles chegaram tarde ao cenário da História. Kardec, na questão 51 de “O Livro dos Espíritos”, tendo indagado sobre a época em que viveu o Adão bíblico, obteve a seguinte resposta: “Mais ou menos naquela que lhe assinalais: cerca de quatro mil anos antes de Cristo”.

Nessa época então assinalada para a origem do povo hebreu, verificamos que já havia grandes civilizações organizadas. O Egito, por exemplo, já tinha suas pirâmides, e a Suméria já era um poderoso império. Os hebreus formavam um grupo de nômades circulando sem destino pelo deserto e nem chegavam a atrair a atenção das grandes potências. Quando se estabeleceram, a terra por eles ocupada era de tamanho insignificante e, em grande parte, de solo estéril.

No entanto, o impacto do povo hebreu sobre nossa civilização foi impressionante. Mais de um terço da humanidade: os troncos judaico, muçulmano e cristão derivam da saga hebraica. Procurando identificar a razão dessa surpreendente influência, entendemos que a sua chave é a crença no Deus único (monoteísmo).

O PATRIARCA ABRAÃO

Pelos relatos bíblicos, podemos identificar a organização do povo hebreu a partir do grande patriarca Abraão, o que teria ocorrido por volta do ano 1850 a.C. (cf. Bíblia de Jerusalém).

Nesta altura, há que se fazerem algumas ressalvas. Quase toda a história da origem e formação do povo hebreu apenas pode ser encontrada nas narrativas bíblicas. Diferentemente de outras grandes civilizações, não existem achados arqueológicos significativos que comprovem todos os fatos ali descritos.

As datas então indicadas, quando se trata da história do povo hebreu, são estimativas, calculadas a partir dos relatos bíblicos, com base nas arvores genealógicas apresentadas e nas idades atribuídas aos patriarcas.

Em alguns casos, a história bíblica, em parte de suas narrativas, coincide com a história oficial. Isto podemos constatar, especialmente, nos hieróglifos egípcios esculpidos em pedra. Entre os fatos coincidentes podemos citar a existência de povos estrangeiros no Egito, o reinado do Faraó Ramsés II e a localização do povo judeu em Canaã no século XII a.C.

Feita esta reserva, passemos aos fatos segundo os relatos bíblicos. Iahweh disse a Abraão: “Sai da tua terra, da tua parentela e a da casa de teu pai, para a terra que te mostrarei. Eu farei de ti um grande povo, eu te abençoarei, engrandecerei teu nome; sê uma benção!“ (Genesis, 12: 1-2).

Abraão que já havia deixado a cidade de Ur, na Caldéia, no vale da Mesopotâmia, entre os rios Tigre e Eufrates, no Golfo Pérsico, encontrava-se em Harã.

“Abraão partiu, como lhe disse Iahweh, e Ló partiu com ele. Abraão tinha setenta e Cinco anos quando deixou Harã. Abraão tomou sua mulher Sara, seu sobrinho Ló, todos os bens que tinham reunido e o pessoal que tinham adquirido em Harã; partiram para a terra de Canaã, e ai chegaram”. (Genesis, 12: 4-5).

Numa época de grande seca, Abraão, com a família e o rebanho, deslocou-se para o Egito. Algum tempo depois, volta a Terra Prometida, mas os Cananeus não os receberam bem. Após desentendimentos entre os pastores dos rebanhos, Abraão e Ló separaram-se.

ISAAC

Abraão teve vários filhos. Entre eles, destacam-se Ismael, filho de Agar, escrava de sua mulher, e Isaac, filho de sua mulher Sara. Com o nascimento de Isaac, Agar e seu filho Ismael deixam o clã de Abraão e seguem para o deserto. A descendência de Ismael deu origem ao povo árabe. Isaac, assim, torna-se o herdeiro de Abraão e casa-se com sua prima Rebeca, e geraram a Esaú e Jacó.

JACÓ

Jacó e seu irmão Esaú tiveram uma convivência cheia de rivalidades. Quando adultos essas disputas tomaram-se ainda mais acirradas, fazendo-os competir entre si pelo direito de sucessão a herança.

A certa altura, Isaac pede a Jacó que se case com uma hebréia e o envia a Harã, a casa de seu tio Labão, irmão de Rebeca. Durante essa viagem, Jacó teve o famoso sonho da escada que se erguia da Terra e os anjos de Deus subiam e desciam por ela (essa visão pode ser considerada como representativa do processo de evolução dos Espíritos na Terra).

La conhece sua prima Raquel por quem se apaixona. Serve a Labão por sete anos para recebê-la em casamento.

Mas Labão, astuciosamente, em lugar de Raquel lhe deu Lia, a irmã mais velha. Depois de uma semana nupcial, Labão entregou-lhe também Raquel, mas Jacó precisou servir-lhe por mais sete anos.

Jacó, após se desentender com seu tio, retorna a Canaã e tem outro sonho, no qual lutava com um anjo até o amanhecer. Como não foi vencido, o anjo deu-lhe o nome de ISRAEL e lhe disse que esse seria o seu nome dai em diante.

OS FILHOS DE JACÓ E A DIVISÃO DAS TRIBOS

Jacó teve 12 filhos, e dessa descendência originaram-se as 12 tribos de Israel que ocupariam Canaã. Há que se esclarecer, no entanto, que a parte que cabia a tribo de Levi foi dividida entre os filhos de José: Manassés e Efraim, pois a tribo de Levi ficou responsável pelas atividades sacerdotais de Israel.

Seu filho José, filho de Raquel, era muito amado pelo pai, e por isso invejado pelos irmãos. Eles então o venderam a mercadores que o levaram para o Egito, e quando retornaram para casa disseram a Jacó que ele tinha sido morto por um animal selvagem.

José, no Egito, após um período de tribulações, quando se encontrava encarcerado, foi chamado pelo Faraó para interpretação de um sonho que o incomodava. Conseguindo fazer uma interpretação precisa do sonho, ganhou a confiança do Faraó e se tornou seu ministro.

José casou-se com Assenet com quem teve dois filhos: Manassés e Efraim.

Diante da grande seca por toda a terra de Canaã, os irmãos de José dirigiram-se para o Egito em busca de mantimentos e ali são reconhecidos pelo irmão, que os perdoou.

Jacó teve a grande alegria de reencontrar, no Egito, o filho que pensava ter perdido. La toda a família se instalou.

Naquela terra, o povo hebreu permaneceria por mais de quatro séculos.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Qual a importância, para nós, do estudo da história do povo hebreu?

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

terça-feira, 9 de abril de 2024

3ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

A Gênese Espiritual

A Ciência tem buscado explicar-nos as causas da formação do mundo material e do surgimento do Homem.

Através das leis físicas, elucidadas pelas pesquisas cientificas, compreendemos uma infinidade de fenômenos que regem as nossas vidas e o nosso mundo.

Entretanto, somente as leis que regulam o mundo físico não são capazes de explicar o sentimento de imortalidade que anima a criatura humana ou, ainda, a inteligência que se desenvolve em todos os campos de sua atuação.

Devemos lembrar, portanto, que para a Doutrina Espírita o Universo é constituído de dois elementos gerais: a matéria e o espírito, ambos criados por Deus. (LE, questão 27). O Espiritismo vem então nos elucidar as leis espirituais; a Ciência, por sua vez, vem apresentar-nos as leis materiais.

PRINCÍPIO ESPIRITUAL

Observando a realidade constituída ao nosso redor, percebemos que a existência da matéria - ou princípio material - não necessita de prova, uma vez que ela se manifesta de maneira ponderável, ou seja, pode ser medida de alguma forma, e, desse modo, percebida por nossos sentidos. E importante lembrar que a matéria é formada a partir da elaboração do elemento cósmico universal (fluido cósmico).

O outro elemento constitutivo do Universo, o princípio espiritual (ou inteligente), afirma sua existência por seus atos ou efeitos inteligentes. Em “O Livro dos Espíritos”, na questão n° 23, Kardec pergunta “Que é o espírito?” e obtém a seguinte resposta: “O princípio inteligente do Universo”.

O principio inteligente é então, em absoluto, distinto da matéria. Mas, ele se utiliza da matéria para se manifestar no mundo físico. Há, no entanto, que se ressaltar, que inteligência e princípio inteligente são coisas diferentes, eis que a inteligência é apenas um dos diversos atributos essenciais do principio inteligente.

Sobre a origem do princípio inteligente, ou princípio espiritual, Kardec formula, em “A Gênese”, no capitulo XI, item 7, a seguinte questão: “O ser espiritual sendo admitido, e a sua fonte não podendo estar na matéria, qual é a sua origem, seu ponto de partida?”, e, a seguir, é apresentada a seguinte resposta:

“Aqui, os meios de investigação faltam absolutamente, como em tudo o que está ligado ao princípio das coisas. O homem pode constatar apenas o que existe; sobre todo o resto, ele pode emitir apenas hipóteses; e, seja porque esse conhecimento ultrapasse o alcance de sua inteligência atual, seja porque exista para ele inutilidade ou prejuízo em possuí-lo agora, Deus não dá a ele, nem mesmo pela revelação”.

Através da análise do conjunto de conhecimentos hoje compilados pela humanidade, verificamos a presença de um encadeamento progressivo. Assim, à medida que avançamos, agregamos mais informações que vão construindo novos campos do saber, ou aprimorando os já existentes.

Especialmente em relação à Doutrina Espírita, que tem a natureza de revelação (3ª Revelação), podemos lembrar que, como constantemente nos explica Kardec, todas as informações que nos foram trazidas pelos Espíritos Superiores não representam a totalidade do conjunto do que podemos apreender, mas se limitam à nossa atual capacidade de compreensão. No universo tudo vem a seu tempo!

Em “O Livro dos Espíritos“, no capitulo XI, Kardec abordou os “Três Reinos“ da natureza.

Antes de prosseguirmos, temos que ressalvar que esta classificação, como todas as classificações científicas, tomou-se hoje mais complexa, e foram classificados novos reinos da natureza, pois se constatou que alguns seres, em sua essência, não se encaixavam nas características de um dos três reinos ate então considerados.

Alguns exemplos são: os vírus, os cogumelos e os corais, pois possuem naturezas que, dizem os cientistas, justificam a classificação em reinos próprios.

Tal avanço da classificação cientifica é uma especialização necessária; mas, em relação ao foco que por ora nos interessam, os princípios presentes são os mesmos, e apresentam os seres avançando dos espécimes mais simples para os mais complexos. Lembremos, ainda, como Kardec expôs diversas vezes, a Doutrina Espírita não será superada pela Ciência, pois todos os fatos científicos devidamente comprovados não serão rejeitados pelo Espiritismo, mas, ao contrário, plenamente acolhidos. Essa é a natureza cientifica da Doutrina Espírita que impede que ela seja superada. Podemos ainda acrescentar que, comumente, na Doutrina Espírita, usamos a expressão “Reino Hominal” que então pode ser considerado um 4° reino.

Voltemos ao principio espiritual. O principio espiritual teve um inicio, pois apenas Deus é eterno, e todas as demais coisas existentes no universo são criações de Deus. Em seu início, o principio espiritual transita entre os reinos da natureza e não tem consciência de si mesmo.

Na questão 586 de “O Livro dos Espíritos“, a propósito, Kardec pergunta sobre o estado do principio espiritual nas plantas, vejamos: “As plantas têm consciência de sua existência?” resposta: “Não. Elas não pensam, não têm mais do que a vida orgânica”.

Assim, uma planta possui: a matéria densa que forma seu corpo físico, o fluido vital que a anima, e, além dessa simples vida orgânica, reside o principio espiritual, mas, repetimos, sem consciência de sua existência.

Quando alcança o reino animal, o principio inteligente já adquiriu individualidade. Na questão n° 607-a de “O Livro dos Espíritos” encontramos uma síntese. Vejamos:

P. “Parece, assim, que a alma teria sido o princípio inteligente dos seres inferiores da criação?”

R. “Não dissemos que tudo se encadeia na Natureza e tende à unidade? É nesses seres, que estais longe de conhecer inteiramente que o princípio inteligente se elabora; se individualiza pouco a pouco e ensaia para a vida, como dissemos. É, de certa maneira, um trabalho preparatório, como da germinação, em seguida ao qual o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito. É então que começa para ele o período da humanidade e, com este, a consciência do seu futuro, a distinção do bem e do mal e a responsabilidade dos seus atos. Como depois do período da infância vem o da adolescência, depois a juventude e por fim a idade madura...”

Destacamos a palavra “Espírito” para ressaltar seu significado único para a Doutrina Espírita: o Ser inteligente quando atinge a fase hominal.

Quanta beleza podemos ver nas obras de Deus! Tudo é movimento, tudo é progresso, tudo é harmonia nas Leis Eternas. Dentre todos os sistemas criados pelo Homem, nenhum deles foi capaz de explicar o mundo e sua origem. Ha uma grandiosidade tal que só por revelação poderíamos conhecer.

André Luiz, em “Evolução em Dois Mundos”, cap. VI, menciona uma genealogia do Espírito, completando: “Com a Supervisão Celeste, o princípio inteligente gastou, desde os vírus e as bactérias das primeiras horas do protoplasma na Terra, mais ou menos quinze milhões de séculos, a fim de que pudesse; como ser pensante, embora em fase embrionária da razão, lançar as suas primeiras emissões de pensamento continuo para os Espaços Cósmicos”.

Diz, ainda, André Luiz, em “No Mundo Maior”, cap. 4, “... O princípio espiritual desde o obscuro momento da criação, caminha sem detença para frente (...). Viajou do simples impulso para a irritabilidade, da irritabilidade para a sensação, da sensação para o instinto, do instinto para a razão, tendo feito assim a passagem através dos Reinos da Natureza”.

Dentro deste contexto, toma-se o mundo material o palco para a manifestação dos seres espirituais, fornecendo elementos para que eles desenvolvam a sua inteligência e a sua moralidade, sendo a matéria então, o objeto de trabalho do Espírito. Ou seja, ele atua sobre ela e para que isso seja possível, ele a utiliza como vestimenta. 

Para tanto, Deus dotou o ser humano de corpos organizados e versáteis, capazes de responder a vontade do ser inteligente que o habita. E importante notar que o desenvolvimento do Espírito suscita novos gêneros de trabalho e, por consequência, corpos mais sutis, aptos a atividades mais depuradas em mundos também mais evoluídos.

A programação espiritual que acompanha a criação e a elaboração de um planeta, as encarnações e reencarnações que serão realizadas nele, são sempre dirigidas por uma comunidade de Espíritos Puros, eleitos por Deus. Sendo Jesus um dos membros dessa comunidade, é ele o responsável pelo processo evolutivo de nosso planeta. Estudar então a gênese planetária faz-se necessário para que possamos saber de onde viemos, como estamos e qual será a nossa destinação.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Reflita sobre a seguinte frase: Na natureza tudo se encadeia.

Bibliografia

- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Livro dos Médiuns - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - A Gênese - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Céu e o Inferno.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

quinta-feira, 4 de abril de 2024

3ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

Gênese Mosaica e Kardequiana – Gênese Espiritual

Deus, Gênese Mosaica e Kardequiana

DEUS

Esta aula contém a análise do processo de formação do Universo, sob as óticas da Bíblia, da Ciência e da Doutrina dos Espíritos.

Atualmente, a teoria científica mais aceita para explicar a origem do Universo é a do “Big Bang”, desenvolvida a partir do inicio do século XX. Segundo esta teoria, ha cerca de 15 bilhões de anos, houve uma grande explosão que originou todo o Universo. O planeta Terra, por sua vez, formou-se por volta de 4,5 bilhões de anos atrás.

“A Gênese” de Kardec, eminentemente científica, refere-se a Deus como “a causa primária de todas as coisas, o ponto de partida de tudo, o eixo sobre o qual repousa o edifício da criação...” (GE, cap.II, item 1), sendo assim, é de suma importância que estudemos Deus antes de tudo.

Para tanto, uma vez que “Deus não se mostra, mas se afirma pelas Suas obras” (GE, cap.II, item 6), podemos estudá-lo a partir do principio de que “todo efeito inteligente deve ter uma causa inteligente” (GE, cap.II, item 3).

A Natureza nos mostra inúmeros exemplos de processos materiais e mecânicos que têm como aplicação um efeito inteligente, denotando então, uma causa inteligente. Conforme exemplo de Kardec, “A existência do relógio atesta a existência do relojoeiro; a engenhosidade do mecanismo atesta a inteligência e o saber do relojoeiro“ (GE, cap. II, item 6). O Universo, entendido em toda a sua complexidade, engenhosidade e intencionalidade, dá-nos mostras então da existência de um Ser divino responsável pela sua criação.

Aceitando-se a existência de Deus, ainda que não se possa compreendê-Lo em Sua essência, pode-se conhecer-Lhe os atributos, pois, segundo Kardec (GE, cap. II, item 8), “sem o conhecimento dos atributos de Deus, seria impossível compreender a obra da Criação;...”. Pode se afirmar que Deus é “a suprema e soberana inteligência; Ele é único, eterno, imutável, imaterial, todo poderoso, soberanamente justo e bom, infinito em todas as Suas perfeições.” (GE, cap. II, item 19).

Assim, poderíamos perguntar-nos: Se Deus esta em toda a parte, por que não O vemos?

Uma imagem muito interessante que nos permite compreender melhor a esta questão se encontra em “A Gênese“, cap.II, item 33: “Aquele que está no fundo de um vale, mergulhado numa bruma espessa, não vê o Sol; contudo, na luz difusa, ele imagina a presença do Sol (...). Somente após elevar-se completamente acima da camada brumosa, encontrando-se num ar perfeitamente puro, ele o vê em todo o seu esplendor.“ O mesmo se dá com o Espírito que, de acordo com o seu grau de evolução, tem uma percepção cada vez mais apurada de Deus. Assim, podemos senti-Lo cada vez mais, à medida que vivenciamos os ensinamentos de Jesus.

Remontando a história da origem de quase todos os povos, percebemos que os seus primeiros livros foram religiosos. Dentre todas Gêneses antigas, a que mais se aproxima dos dados científicos é a Moisés. A Gênese Mosaica, no entanto, apresenta-nos a formação do mundo em seis dias, de vinte e quatro horas. Fato que a Ciência atual afirma como inconcebível, a não ser que sejam negadas as leis físicas existentes. Em “O Livro dos Espíritos“, Cap. III, item 6, subitem 59, encontramos: “A formação do globo está gravada em caracteres indeléveis no mundo fóssil, e está provado que os seis dias da Criação representam outros tantos períodos, cada um deles, talvez, de muitas centenas de milhares de anos.”

A partir destas ideias, analisemos a seguir os quadros comparativos entre os dias da criação da Gênese de Moisés e as eras geológicas. 

Deve-se notar uma concordância notável com relação à sucessão dos seres orgânicos, inclusive com a aparição do ser humano no último “dia”. Percebe-se também, no “terceiro dia” e no “terceiro período” que os continentes apareceram e a partir daí puderam surgir os animais terrestres.

Observação: nos quadros o termo “era” foi substituído por “período”, termo utilizado por Kardec no livro “A Gênese”.

CIÊNCIA e GÊNESE MOSAICA

CIÊNCIA: I. PERÍODO ASTRONÔMICO. A aglomeração da matéria cósmica universal num ponto do espaço. Condensação da matéria - origem das estrelas, Terra, Lua e os planetas.

Estado primitivo, fluídico e incandescente da Terra. Atmosfera imensa carregada de toda a água em vapor e de todas as matérias volatilizáveis.

GÊNESE MOSAICA: 1º DIA. No começo criou Deus o Céu e a Terra. Terra uniforme e nua; trevas e o Espírito de Deus pairava sobre as águas. Ora, Deus disse: Faça-se a luz e a luz foi feita.

Deus viu que a luz era boa e separou a luz das trevas. Luz - dia e trevas - noite e da tarde e da manhã se fez o primeiro dia.

CIÊNCIA: II. PERÍODO PRIMÁRIO. Endurecimento da superfície da
Terra, pelo resfriamento; formação das camadas graníticas. Atmosfera espessa e ardente, impenetrável aos raios solares.

Precipitação gradual da água e das matérias solidas volatilizadas no ar. - Ausência completa de vida orgânica.

GÊNESE MOSAICA: 2º DIA. Disse Deus: Faça-se o Firmamento no meio das águas e que ele separe das águas as águas. E Deus fez o Firmamento e separou as águas que estavam debaixo do Firmamento das que estavam acima do Firmamento. E Deus deu ao Firmamento o nome de céu; da tarde e da manhã se fez o segundo dia.

CIÊNCIA: III. PERÍODO DE TRANSIÇÃO. As águas cobrem toda a superfície do globo. Calor úmido. O Sol começa a atravessar a atmosfera brumosa. Primeiros seres organizados da constituição rudimentar - Liquens, musgos, fetos, licopódios, plantas herbáceas. Vegetação colossal. Primeiros animais marinhos.

GÊNESE MOSAICA: 3º DIA. Deus disse ainda: Que as águas que estão sob o céu se reúnam em um só lugar (mar) e que o elemento árido apareça (terra). Produza a terra a erva verde que traz a semente e árvores frutíferas que deem frutos cada um de uma espécie, e que contenham em si mesmas as suas sementes. E da tarde e da manhã se fez o terceiro dia.

CIÊNCIA: IV PERÍODO SECUNDÁRIO. Superfície da Terra pouco acidentada; águas pouco profundas. Temperatura menos ardente; atmosfera mais depurada. Vegetação menos colossal; novas espécies; primeiras árvores. Peixes; cetáceos; animais aquáticos e anfíbios.

GÊNESE MOSAICA: 4º DIA. Deus disse também: Façam-se corpos de luz no firmamento do céu, a fim de que separem o dia da noite e sirvam de sinais para marcar o tempo e as estações, os dias e os anos. Deus então fez dois grandes corpos luminosos, um, maior, para presidir ao dia, o outro, menor, para presidir a noite; fez também as estrelas. E da tarde e da manhã se fez o quarto dia.

CIÊNCIA: V PERÍODO TERCIÁRIO. Crosta sólida; formação dos continentes. Retirada das águas para os lugares baixos; formação dos mares. Atmosfera depurada; temperatura atual produzida pelo calor solar. Gigantescos animais terrestres. Vegetais e animais da atualidade. Pássaros.

GÊNESE MOSAICA: 5º DIA. Disse Deus ainda: Produzam as águas animais vivos que nadem nas águas e pássaros que voem sobre a Terra.

Deus então criou os grandes peixes e todos os animais que têm vida e movimento e criou também todos os pássaros, cada um de uma espécie. E os abençoou, dizendo: Crescei e multiplicai-vos...

CIÊNCIA: VI. DILÚVIO UNIVERSAL. PÓS DILUVIANO. Terrenos de aluvião. Vegetais e animais atuais. O homem.

GÊNESE MOSAICA: 6º. DIA. Disse Deus: Produza a Terra animais vivos, os animais domésticos e os animais selvagens... Deus então criou o homem a sua imagem e o criou a imagem de Deus e o criou macho e fêmea. Deus os abençoou e lhes disse:

Crescei e multiplicai-vos...

Kardec finaliza o estudo da Gênese Mosaica, com a seguinte afirmação: “Não rejeitemos, pois, a Gênese Bíblica; estudemo-la ao contrário, como se estuda a infância dos povos. É uma epopeia rica de alegorias, das quais é preciso procurar o sentido oculto; que é necessário comentar e explicar com as luzes da razão e da ciência“ (GE cap. XII, item 12).

Após a análise comparada dos enunciados da Ciência e da Gênese Mosaica, vemos que o ponto culminante da criação foi o surgimento do Homem. Nós somos, assim, herdeiros da criação e responsáveis pela conservação planetária, cabendo a cada um de nós a execução de nossas tarefas para o alcance do bem estar comum e do progresso da humanidade.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente a nossa responsabilidade como filhos de Deus e herdeiros da Sua criação.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

terça-feira, 2 de abril de 2024

2ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

O Novo Testamento

O Novo Testamento (NT) é o conjunto dos textos escritos após a vida publica e a morte de Jesus. Expõe a história da Nova Aliança, feita entre Jesus e os homens e as principais condições e leis dessa aliança.

Esses livros assim se dividem:

- Livros históricos (5): Mateus (Mt), Marcos (Mc), Lucas (Lc), João (Jo), Atos dos Apóstolos; “

- Livros doutrinais (21): Epístolas (cartas) de Paulo: Romanos, I e II Coríntios, Gálatas, e Efésios, Filipenses, Colossenses, I e II, Tessalonicenses, I e II Timóteo, Tito, Filemon e Hebreus; Epístola de Tiago; I e II Epístolas de Pedro; I,II,III Epístolas de João; Epístola de Judas.

- Livro profético (1): Apocalipse de João.

Os manuscritos originais desses textos, assim como suas cópias feitas nos três primeiros séculos, desapareceram totalmente, não somente porque o material usado (papiro, cerâmica) se deteriorava facilmente, mas também porque os perseguidores dos cristãos destruíam sistematicamente todos os escritos sagrados que lhes caiam nas mãos.

Os cristãos, por sua vez, os escondiam para não serem destruídos. Muitos desses textos foram enterrados e jamais recuperados; outros foram encontrados nas buscas arqueológicas mais recentes, como os riquíssimos manuscritos do Mar Morto, deixados nas cavernas de Qumran pelos Essênios, após a destruição de Jerusalém, e encontrados em 1947.

Apos essa descoberta, na Escola Bíblica de Jerusalém, teólogos e religiosos, de vários segmentos cristãos reunidos, compilaram uma bíblia atualizada com as novas informações, cuja tradução foi denominada A Bíblia de Jerusalém.

Os Evangelhos (Evangelho significa Boa Nova, livro portador da mensagem) nasceram do desejo dos fiéis de possuírem, por escrito, a pregação dos Apóstolos, narrando a vida e a mensagem de amor de Jesus. A Igreja Católica rejeitou inúmeros textos, por considerá-los de autenticidade duvidosa e aceitou como canônicos, isto é, divinamente inspirados, apenas quatro Evangelhos: Mateus, Lucas, Marcos e João.

Todos começaram a ser escritos muitos anos após a morte de Jesus, embora não se conheça as datas com exatidão.

É interessante notar que os Evangelhos são sempre intitulados da seguinte forma: “Evangelho segundo Mateus“, “Evangelho segundo João”, etc. É provável que nem todos os textos tenham sido escritos diretamente pelos evangelistas, mas sim por outras pessoas que se baseavam em seus depoimentos e anotações, pois, a exceção de Mateus e Lucas, os discípulos eram pessoas bastante simples do ponto de vista intelectual.

Por serem muito semelhantes entre si, os Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas são conhecidos como sinópticos. O Evangelho de João é considerado o mais espiritual de todos.

A influência dos ensinamentos evangélicos é sentida em todo o mundo, através de todos os tempos, trazendo o código moral que permite a criatura sua renovação interior, pensando nosso caminho evolutivo com maior serenidade, confiança, esperança, até a perfeição relativa e a felicidade para a qual fomos criados.

OS AUTORES DOS EVANGELHOS

EVANGELHO SEGUNDO MATEUS

Mateus - Também chamado Levi, era cobrador de impostos (publicano) em Cafarnaum. Seu Evangelho (O primeiro do NT) foi escrito em aramaico, narra principalmente as pregações na Palestina e era destinado aos judeus, para convencê-los de que Jesus era o Messias prometido ao povo hebreu. No seu Evangelho ha muitas citações do Antigo Testamento.

EVANGELHO SEGUNDO MARCOS

Marcos - João Marcos, primo de Barnabé, discípulo de Pedro e seu companheiro nas pregações. Pedro falava aramaico, e era traduzido para o grego, por Marcos. Considerado o “eco da voz de Pedro“. Esse aprendizado deve ter influenciado os seus escritos. Ele também fez parte da primeira viagem de Paulo. Seu Evangelho (O segundo do NT) foi escrito em grego e procura demonstrar com clareza que Jesus era, verdadeiramente, Filho de Deus. Não era dirigido essencialmente aos judeus, mas aos cristãos da Igreja Romana convertidos do paganismo.

EVANGELHO SEGUNDO LUCAS

Lucas - Era médico, pagão, natural de Antióquia, bastante culto. Não conheceu Jesus em vida, mas converteu-se ao Cristianismo graças à pregação de Paulo, seguindo-o em quase todas as suas viagens missionárias. Seus textos foram elaborados a partir de sua convivência e de seu acesso pessoal aos apóstolos e a Maria, mãe de Jesus.

Foi Lucas quem deu aos seguidores de Jesus o nome de cristãos. Além do seu Evangelho (O terceiro do NT), atribui-se também a ele a autoria dos “Atos dos Apóstolos“. Seu Evangelho também foi escrito em grego e é dirigido aos pagãos convertidos.

EVANGELHO SEGUNDO JOÃO

João - O quarto Evangelho do NT foi escrito por um discípulo direto de Jesus, um dos doze apóstolos: João, conhecido como o Evangelista, testemunha da vida e da morte de Jesus. Ele foi o único apostolo a estar com Jesus na sua crucificação e foi a ele que o Mestre entregou Maria, sua mãe, para que ficasse sobre seus cuidados. João tornou-se, posteriormente, líder da comunidade crista de Jerusalém, ao lado de Tiago e Pedro.

Além do quarto Evangelho, é o autor do Apocalipse e de três Epistolas do NT.

ATOS DOS APÓSTOLOS

“Atos“ é o quinto livro do NT, escrito em grego. Lucas foi o autor de “Atos“, provavelmente entre 80 e 90 d.C., e se apresenta como a continuação de seu Evangelho. Ele descreve a igreja nascente, as primeiras comunidades cristas, seus triunfos e dificuldades, o esforço para seguir o ensino do Cristo e para divulgar a sua doutrina de amor e paz.

Embora o relato se refira aos atos dos Apóstolos, seus principais protagonistas são Pedro (12 primeiros capítulos) e Paulo (os 16 capítulos restantes) - dois personagens fundamentais no Cristianismo.

Lucas escreveu uma obra histórica: Seu Evangelho abrange os atos e ensinamentos de Jesus até sua ascensão aos céus; e “Atos“ é a comprovação de que Jesus, lá do Plano Espiritual, continua sua missão através de seus discípulos. Por isso, “Atos“ é chamado também de “Evangelho do Espírito Santo“ ou “Evangelho do Espírito de Jesus“. Para os espíritas é o “Evangelho da Mediunidade“.

AS EPÍSTOLAS

CARTAS DE PAULO

Paulo de Tarso é provavelmente o personagem mais conhecido e mais admirado do NT, depois de Jesus. A sua personalidade apaixonada, a sua vida dedicada a um ideal religioso, primeiro defendendo o Judaísmo e perseguindo os cristãos, posteriormente pregando com zelo e abnegação incansáveis a doutrina ensinada por Jesus, impressiona-nos profundamente.

Suas catorze cartas ou epistolas consistem em respostas a situações concretas do dia-a-dia difícil que viviam os cristãos da época; são explicações e orientações, conselhos, advertências, cuidados, dirigidos a pessoas ou comunidades cristãs e para além delas, a todos os que se decidiram seguir os ensinos do Mestre.

EPÍSTOLAS UNIVERSAIS OU CATÓLICAS

As outras sete Epístolas do NT foram escritas por diversos autores: uma de Tiago, três de João, duas de Pedro e uma de Judas. Foram reunidas e denominadas de “católicas ou universais“, porque a maioria delas não é direcionada a pessoas ou comunidades em particular, mas aos cristãos em geral.

O APOCALIPSE

Depois de perseguido, João, o quarto Evangelista, foi exilado na ilha de Patmos, na Grécia, onde escreveu também o Apocalipse, um livro considerado profético. O Apocalipse (Revelação) é considerado o livro profético do NT e tem até hoje as mais diversificadas interpretações dentro das várias religiões. Seu objetivo principal é sustentar a fé e a esperança nos momentos de testemunho e renovação da humanidade, alertando-nos para a nossa responsabilidade frente às escolhas evolutivas que fazemos.

OS EVANGELHOS APÓCRIFOS

O TERMO APÓCRIFO

Essa palavra tem origem no grego “apokrypha“, que significa “escondido“. Costuma ser usada por escritores e/ou autoridades religiosas para indicar temas, textos ou obras de origem ignorada ou duvidosa, falsa ou sem autenticidade comprovada.

Apócrifos (dicionário Aurélio): “Entre os católicos, Apócrifos eram os escritos de assuntos sagrados que não foram incluídos pela Igreja no Canon das Escrituras autêntica e divinamente inspiradas”.

O TERMO CANÔNICO

A palavra deriva de “Cânon“, que é o catálogo de Livros Sagrados admitidos pela Igreja Católica, livros divinamente inspirados. A maior parte dos textos considerados apócrifos surgiu entre os séculos II e IV d.C., na mesma época dos denominados canônicos.

A escolha dos Evangelhos canônicos e a rejeição dos apócrifos não foram pacíficas: houve inúmeros problemas e controvérsias, perseguições e exílios de bispos discordantes, jogos políticos, uso e abuso de poder, imposições pela forca e até lutas corporais, para que se definisse o que deveria ou não fazer parte da Bíblia.

O termo canônico surgiu a partir de 385 d.C., quando foi solicitado a São Jerônimo que avaliasse os evangelhos existentes. Foram aprovados como canônicos os Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João.

Em 1945, em Nag Hammadi, no Egito, foram encontrados diversos textos, entre os quais alguns que passaram a ser denominados Evangelhos apócrifos. Existem mais de 60 Evangelhos apócrifos, mas esse é um número que provavelmente esta longe de ser exato. Exemplos: Evangelho de Tomé, de Pedro, de Felipe, de Tiago, dos Hebreus, Judas, dos Nazarenos, dos Doze, dos Setenta, dos Judeus, dos Egípcios, de Madalena, entre outros.

O importante é que saibamos analisar cada obra pelo seu conteúdo, isto é, pela sua essência moral, que é a marca do Cristo. O conhecimento traz a responsabilidade da prática que se traduz pela vivência diária dos ensinamentos do Mestre.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Os textos canônicos e os apócrifos fazem parte da história religiosa do ser humano. Qual deve ser a atitude do espírita em relação a esses testos?

Bibliografia

A Bíblia de Jerusalém.
Kardec, Allan - A Gênese - Ed. FEESP.
Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. F EESP.
Lippelt, Waldyr C. - A Bíblia, um Estudo Sinóptico - Ed. F EESP.
Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. F EESP.
Martins, Sebastião P. - História da Formação do Novo Testamento.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

quinta-feira, 28 de março de 2024

2ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

Noções Gerais Sobre A Bíblia

O Velho Testamento

A Bíblia é o livro considerado o mais importante dentre todos os que já foram escritos em todos os tempos e lugares, o mais editado e já traduzido em mais de mil línguas e dialetos humanos, não havendo termos de comparação entre ela e todos os outros livros.

O termo Bíblia tem origem no grego “Biblos“, plural de “Biblion“, que significa livros.

Em “Visão Espírita da Bíblia”, Herculano Pires escreve: “A Bíblia (que o nome quer dizer simplesmente: O Livro) é na verdade uma biblioteca, reunindo os livros diversos da religião hebraica”.

Representa a codificação da primeira revelação do ciclo do Cristianismo. Livros escritos por vários autores estão nela colecionados, em numero de 42. Foram todos escritos em hebraico e aramaico e traduzidos mais tarde para o latim, por São Jerônimo, na conhecida Vulgata Latina, no século quinto da nossa era. As igrejas católicas e protestantes reuniram a esse livro Os Evangelhos de Jesus, dando a estes o nome geral de “Novo Testamento”.

Até o alemão Johann Gutenberg inventar a tipografia (processo de impressão com caracteres móveis) – no século XV - a Bíblia era um livro raro e extremamente caro, pois todas as cópias eram feitas artesanalmente, manuscritas em material muitas vezes difícil de obter e manipular.

Os textos bíblicos foram escritos nos mais diversos materiais. Encontramos inscrições em pedra no Egito e na Babilônia, datadas de 850 a.C., em argila e cerâmica, em madeira (utilizada durante muitos séculos pelos gregos, em couro, em papiro, em velino (preparado a partir da pele de bezerros), em pergaminho (pele de ovelhas ou cabras) e, mais recentemente, em papel, desde o comum até os extremamente delicados e finos, com bordas douradas. Hoje já podemos ouvi-la em CD e ler seus belos textos em livros virtuais na Internet.

Foi somente no século 16 que o padre católico Martinho Lutero, fundador do Protestantismo, traduziu a Bíblia para o alemão, deixando-a ao alcance das classes menos cultas. Posteriormente, as traduções para outras línguas se popularizaram, o que universalizou seu conteúdo, permitindo a todos o acesso aos seus ensinamentos.

Por causa das inúmeras traduções, da grande quantidade de símbolos, alegorias e sentidos ocultos, das interpretações diferentes dos textos e ate mesmo das alterações propositais de palavras e trechos inteiros, há, em muitos casos, distorções dos textos primitivos. Isso, no entanto, absolutamente, não invalida a Bíblia.

Em “A Gênese“, Cap. IV, item 6, Kardec escreve: “A Bíblia contém evidentemente fatos que a razão, desenvolvida pela ciência, não poderia aceitar hoje, e outros que parecem estranhos e inspiram aversão, porque se prendem a costumes que não são mais os nossos. Mas, ao lado disso, haveria parcialidade em não se reconhecer que ela contém grandes e belas coisas. A alegoria, nela, tem lugar considerável, e sob esse véu ela esconde verdades sublimes que aparecem se se buscar a essência do pensamento, pois nesse caso o absurdo desaparece

Em “O Livro dos Espíritos“, item 59, Kardec discorre sobre alguns pontos divergentes entre as afirmações bíblicas e a Ciência, como as questões da Criação em seis dias, a existência de Adão como o primeiro homem, o dilúvio universal, etc., e considera que as contradições entre ambas são mais aparentes do que verdadeiras, pois decorrem da interpretação dada a elas por homens que tomam ao pé da letra o que tem sentido simbólico ou alegórico. E Kardec questiona: “Devemos concluir, então, que a Bíblia é erro? Não; mas que os homens se enganaram na sua interpretação.”

Kardec mostra um enorme respeito e uma profunda compreensão quanto à importância e a beleza da Bíblia e essa deve ser também a atitude dos espíritas perante ela: devemos conhecê-la e estudá-la como um valioso patrimônio da Humanidade, um instrumento fundamental para trilharmos os caminhos espirituais a que estamos destinados.

COMPOSIÇÃO DA BIBLIA

Em sua forma inicial, a Bíblia não tinha a disposição atual e para facilitar sua leitura e entendimento, em 1227 d.C., convencionou-se dividi-la em capítulos. A subdivisão em versículos se aconteceria em 1551 d.C.

Foi também nesse período, durante o Concilio Ecumênico de Trento (1545-1563), na Itália, que se determinou que a Bíblia, para os católicos, seria composta de 73 livros, divididos em duas partes: Antigo Testamento (46 livros) e Novo Testamento (27 livros).

Esse número varia um pouco, dependendo da religião cristã que a adota, pois algumas rejeitam alguns textos e algumas os acrescentam ou os substituem.

Testamento significa “pacto“, “convênio“ ou “aliança“, e assim temos a Antiga Aliança ou Velho Testamento (Deus e os Hebreus) e a Nova Aliança ou Novo Testamento (Jesus, os Hebreus e toda a Humanidade).

Quanto ao assunto e a forma, seus textos podem ser divididos em três classes:

- Livros históricos;

- Livros doutrinais;

- Livros proféticos.

O Antigo Testamento (AT) é o conjunto dos livros escritos por inúmeros autores na Antiguidade: profetas, escribas, sacerdotes, reis, que relataram os acontecimentos, os costumes, as leis, as regras de convivência social e moral que regiam a vida dos povos da época.

Conta a história do povo de Israel, descrevendo a aliança feita por Deus com Abraão e seu povo, bem como as condições e as leis dessa aliança.

Os livros que o compõem estão assim divididos:

- Livros históricos (21): Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, I Samuel, II Samuel, I Reis, II Reis, I Crônicas, II Crônicas, Esdras, Neemias, Tobias, Judite, Ester, I Macabeus, II Macabeus. Cada um destes textos narra uma parte da história do povo hebreu;

- Livros doutrinais (7): Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos, Sabedoria, Eclesiástico.

São escritos voltados a indicar a correta conduta moral para o Homem de bem;

- Livros proféticos - Muitos séculos antes de Jesus vir ao planeta, para aqui vieram profetas que anunciaram grandes acontecimentos futuros; entre eles, alguns se destacaram pela importância e abrangência de suas profecias:

- Profetas Maiores (6): Isaías (8 a.C.), Jeremias (7 a.C.), Lamentações de Jeremias (6 a.C.), Baruc, Ezequiel, Daniel;

- Profetas Menores (12): Oséias, Joel, Amos, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias.

Os Cinco primeiros livros do Antigo Testamento (Genesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio) formam o que se denomina Pentateuco. Desde os antigos judeus e também entre os cristãos, considera-se que eles são de autoria de Moisés, mas pode haver ali trechos e textos não escritos por ele, como a narração de sua própria morte ou a continuação de certas genealogias envolvendo personagens que viveram depois dele.

O estudo do Antigo e do Novo Testamentos, considerando-se os contextos histórico e cultural do momento da elaboração de cada um dos textos, permite-nos perceber a evolução histórica e moral da Humanidade, as razoes dos acontecimentos e transformações que, progressivamente, conduzem-nos a caminhos espirituais cada vez mais elevados.

Percebemos que homens primitivos, rudes, muito mais ligados as sensações materiais, que necessitavam de um Deus agressivo e vingativo, com a vinda de Jesus, passam a conhecer um Deus amoroso e compassivo, e que o Mestre não tinha vindo “destruir a Lei“, mas fazê-la cumprir, dando-lhe o seu verdadeiro sentido e preparando a Humanidade para a plena vigência interior da Lei Divina.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Qual a importância do conhecimento do Antigo Testamento para nós, espírita?

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

terça-feira, 26 de março de 2024

1ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

A Religião Na Atualidade

Após termos visto, em rápida análise a evolução da espiritualidade através dos tempos, podemos perguntar:

E hoje? Por todo o mundo, como são as manifestações religiosas que podemos encontrar? Alcançaram elas um patamar de transcendência, de abolição de exterioridades excessivas, e se voltaram à verdadeira espiritualização? Bem sabemos que não.

Há que se ressaltar aqui, a propósito, que a classificação por fases (os horizontes) inicialmente apresentada, não obedece a uma uniformidade se analisarmos a humanidade como um todo. Ou seja, são fases, estados de consciência de um dado grupo social que não tem, necessariamente, relação com o período histórico.

Com efeito, vemos que em nosso mundo atual, em pleno século XXI, ainda existem grupamentos humanos em “estados tribais“, cultuando deuses antropomórficos, adorando animais, fazendo votos a seres mitológicos, etc.

Então, não existe uniformidade, e esses grupos diversos em nosso planeta convivem mais ou menos pacificamente.

É da Lei Divina, devemos lembrar que haja essa diversidade, pois é justamente quando ocorre o encontro entre os diferentes que acontece a transferência de conhecimento daquele que sabe mais para aquele que sabe menos. Ou seja, se não houvesse elementos diversos em sabedoria e moralidade, o avanço seria, de certa forma, impossível, eis que não haveria os precursores, os renovadores, os missionários.

Este é, em essência, o papel dos missionários: inserir-se num meio que lhe é inferior em cultura, e injetar, espalhar, difundir o conhecimento.

Nossa história é rica em missionários. Uns; verdadeiros gênios que dominavam as ciências; legaram-nos os mais variados conhecimentos da matemática, da engenharia, da química, da medicina, da física, mais recentemente da física quântica, etc.; outros, verdadeiros “gigantes“ espirituais, conduziram multidões a um novo caminho de espiritualidade.

Em Jesus, o Cristo, o Mestre inesquecível, visualizamos o ápice, o cume, a excelsa Verdade, a Moral perfeita, irretorquível, insofismável. 

Jesus, segundo palavras que encontramos em “O Evangelho Segundo o Espiritismo“, “é o justo por excelência“.

Inconfundivelmente, sim, a Doutrina do Cristo, segundo ensinamento dos Espíritos Superiores, contém o mais perfeito ensinamento moral que já houve na Terra.

Mas, ainda assim, o que muitos não fizeram com os ensinamentos de Jesus? Quantos não corromperam suas lições para satisfazer interesses próprios? Quantos não rejeitaram suas sublimes palavras e, ainda hoje, parecem querer cultuar “o Bezerro de Ouro”? Quantos não se dizem cristãos, mas quase não dão um passo para exemplificar o Bem?

A lição de Jesus que ficou bem clara é que para a verdadeira adoração a Deus não ha a real necessidade de um templo para se fazerem rituais, sacrifícios e oferendas.

O verdadeiro culto a Deus não depende de rituais externos, mas de renovação intima, de seguir uma vida com retidão e observância as Suas Leis.

Assim, Jesus sempre ia às sinagogas para ensinar, não porque elas fossem sagradas, mas porque eram o local em que as pessoas, pela tradição e costumes, iam para falar ou ouvir sobre a lei de Deus.

Mas Jesus não se limitava as sinagogas; muito pelo contrário, Jesus ensinava o tempo todo, em todos os lugares, nas montanhas, nos campos, nas margens dos rios, nas casas em que visitava... Em todos os lugares.

Esse é o grande exemplo para aqueles que transmitem o Evangelho: que não se limitem a local algum, mas ensinem em todos os lugares em que se encontrem, não só pela palavra, mas principalmente pela conduta correta, irrepreensível.

Vemos, assim, que Jesus transcendeu a todo o conceito pequeno, limitado, de templo e de local sagrado.

Transcendeu a todo conceito de dias especiais, e se empenhou em ensinar e demonstrar que para fazer o bem não há dia certo: todos os dias são dias para fazer o bem! E, exatamente por isso, encontramos muitos relatos bíblicos das curas que Jesus realizava aos sábados.

Mas, podemos perguntar uma vez mais, o que então impede o Ser de caminhar diretamente para alcançar sua plenitude?

São os apegos a costumes e tradições antigas; às vezes, é o medo de dar “voos” mais altos, “voos de consciência” e abandonar a suposta “segurança” da antiga crença. Em uma palavra: por atavismos.

Atavismo, figuradamente falando, são manifestações baseadas em convicções que pertenciam aos homens primitivos; já superadas há muito tempo; são “retornos” a crenças, que não sobreviveriam a luz da razão, não sobreviveriam, especialmente, a luz do Cristo.

Mas, por esses atavismos, continuamos presos aos arcabouços religiosos de outros tempos. Quanto tempo precisa o Ser na evolução, para chegar a esta constatação, compreendendo e aceitando estes enunciados?

Quanto tempo ainda será necessário para se romper com o culto exterior de adoração a Deus?

Apesar da evolução no campo do conhecimento, ainda muitos são vitimas de atavismo milenar. Uma força irresistível ainda mantém muitos cativos ao passado, as lendas, as crendices, as superstições e aos mitos.

Inteligência x Moralidade

Em “O Livro dos Espíritos“, no capítulo que trata da Lei do Progresso, encontramos ensinamentos preciosos sobre o progresso intelectual e moral do Espírito.

Vemos, ali, que é necessário haver progresso intelectual do Ser para ele se aperfeiçoar. Esse progresso de inteligência é que lhe vai permitir a compreensão do Bem e do Mal, e, então, poder fazer escolhas, usar seu livre-arbítrio.

Não vemos as crianças, por exemplo, apresentarem as mais ingênuas dificuldades em distinguir o certo do errado? Isso demonstra claramente que temos que aprender; ganhar experiência, para podermos fazer boas escolhas. Eis por que o Espiritismo convida-nos, constantemente, ao estudo.

E para que tenhamos novas percepções da realidade, para que possamos ver além do horizonte, possamos compreender nossa realidade, a realidade do Espírito e de sua imortalidade. Precisamos então sempre continuar estudando. Sempre! Quando, por exemplo, nosso estudo dirige-se as lições de Jesus, para bem compreender suas mensagens precisamos fazer uma imersão nos fatos históricos em que está inserido o advento do Messias.

Nos ensinamentos de Jesus encontramos uma riqueza impar, única, de sabedoria e moralidade. Muitas vezes, no entanto, deparamo-nos com algumas passagens do Evangelho em que o sentido nem sempre está muito claro.

Então, precisamos ler novamente, refletir, para chegar a uma conclusão.

Para isso, muitas vezes, é necessário um conhecimento dos costumes da época, das tradições, da organização social daquele período, etc. Essa “jornada no conhecimento humano” é muita rica, é muito bela, é fascinante, e pode nos levar a outros níveis de entendimento, nunca antes concebidos.

Conhecimento é felicidade! Aos espíritas, o convite de Kardec: “Amai-vos e instruí-vos“. Teremos, então, no decorrer deste curso, a oportunidade única de adentrar a esse universo, ter a felicidade de poder estudar a história do povo hebreu, estudar o cenário por qual percorreu Jesus, o Rabi da Galiléia, estudar o “palco” onde suas palavras foram sublimemente pronunciadas para se imortalizarem no tempo.

Essa trilha despertara em nós o prazer pelo estudo e a verdadeira compreensão das lições inesquecíveis de nosso Mestre, e nos impulsionará em direção ao Bem. Somos viajantes da eternidade, e dentro de nós reside a consciência de que somos Seres Espirituais em ascensão, no roteiro da paz, da harmonia e da perfeição.

Sabemos que o progresso não vem pelo simples crer, mas acima de tudo pelo viver a nossa essência espiritual.

Romper com os atavismos milenares é a meta! Um futuro glorioso nos espera!...

QUESTÃO REFLEXIVA:

De que maneira a busca de um caminho de religiosidade, de espiritualização, pode conduzir-nos à felicidade verdadeira?

Bibliografia

- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - A Gênese - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Pires, José Herculano - O Espírito e o Tempo.
- Pires, José Herculano - Agonia das Religiões.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.