MATERIALIZAÇÃO E DESMATERIALIZAÇÃO,
BICORPOREIDADE, BILOCAÇÃO E TRANSFIGURAÇÃO
Materialização, ou ectoplasmia, é o
fenômeno mediúnico de efeitos físicos pelo qual os Espíritos, utilizando a substancia
ectoplásmica fornecida pelo médium, eventualmente complementada pela dos
assistentes, e adicionando os fluidos espirituais e os fluídos da Natureza, se
corporificam, total ou parcialmente, no plano físico.
A palavra
ectoplasma - formada dos vocábulos gregos: ektós = fora, exterior, e plasma de
passein = dar forma - designa em Biologia, a parte periférica do citoplasma
(protoplasma da célula, excluído o núcleo). Mas, no âmbito das ciências
metapsíquicas, tem significado específico diferente: designa a substância
fluídica que, em determinadas circunstâncias, emana do corpo de certos médiuns,
pelos orifícios naturais, como as narinas e a boca, e serve para a produção de
fenômenos de efeitos físicos, principalmente os conhecidos por materialização.
André Luiz
descreve o ectoplasma, “qual pasta flexível, a maneira de uma geleia viscosa e
semilíquida”, emanada pelo médium através de todos os poros e, com mais
abundância, pelos orifícios naturais, particularmente da boca, das narinas e
dos ouvidos, do tórax e das extremidades dos dedos. Apresenta o aspecto de
grande massa protoplásmica, viva e tremulante. O ectoplasma está situado entre
a matéria densa e a matéria perispirítica, não tem a fluidez do perispírito nem
a densidade da matéria. É o que se poderia chamar de “semi-matéria”.
De forma
que, materialização é o fenômeno pelo qual os Espíritos se corporificam, total
ou parcialmente, tomando-se visíveis a quantos estiverem presentes no local das
sessões. Não é preciso ser médium para ver o Espírito materializado.
Materializando-se, corporificando-se, pode o Espírito ser visto, sentido e
tocado. Os Espíritos com o fenômeno de materialização, também, podem fazer
perceber sensorialmente imagens, sons, coisas ou objetos trazidos de planos
vibratórios diferentes, dando-lhes forma e substância materiais.
Note-se ainda,
que a materialização é um fenômeno que não ocorre de um modo uniforme podendo
assumir várias gradações. Além disso, não pode ser confundida com a aparição,
fenômeno pelo qual o Espírito é visto apenas por um médium vidente. A
materialização é um fenômeno objetivo e a aparição é um fenômeno subjetivo.
Como a
intensidade da ectoplasmia é variável, pode gerar formas extremamente
vaporosas, quase imperceptíveis aos não videntes, outras vaporosas, mas
plenamente visíveis e outras tangíveis. A rigor, somente estas duas últimas
pode-se aplicar, com propriedade, o termo materialização. Os aspectos do ectoplasma
são tão variáveis que vão desde uma forma rarefeita que o mantém invisível -
porém registrável por outros métodos - até o estado sólido e organizado em
estruturas complexas, tais como os “Espíritos materializados” agêneres
ectoplásmicos. Entre estes dois extremos ele pode passar por estados diversos: gasoso,
plasmático, floculoso, amorfo, leitoso, filamentoso, líquido, etc.
Nos
fenômenos de materialização, os Espíritos tem que contar com três elementos
essenciais, a fim de que o trabalho alcance êxito:
Fluidos
Espirituais - forças superiores retiradas do fluido Cósmico.
Fluidos ou
energias do médium (ectoplasma) e dos assistentes.
Fluidos da
natureza - terrestre, nas aguas, nas plantas, etc.
Podem
materializar-se tanto os Espíritos desencarnados como também os espíritos
encarnados. Temos assim, dois tipos de materialização:
1- Ordem Superior,
ou sublimada - quando o Espírito organiza a expressão corpórea material, que a
torna visível e tangível.
2- Comum -
o Espírito desencarnado une-se ao perispírito do médium, em desdobramento, e
ambos são envolvidos em ectoplasma, sob o comando dos operadores espirituais.
A
materialização total ou parcial de Espíritos, corresponde a uma
desmaterialização parcial do médium, conforme demonstrou a experiências de
Aksakof. Essa desmaterialização pode ser maior ou menor, podendo chegar até
parecer total, o que não ocorre na realidade. A perda de matéria por parte do
médium pode decorrer tão somente da emissão de ectoplasma. Os estudos
realizados a esse respeito levaram a conclusão de que o ectoplasma provem do
citoplasma das células, explicando-se assim, a perda de peso do aparelho mediúnico.
A desmaterialização do médium é sempre parcial, nunca podendo ser total. Após
esgotar-se o fenômeno da materialização, os tarefeiros espirituais submetem o
instrumento medianímico a complicadas operações magnéticas, através das quais a
substância materializante e restituída ao corpo físico, inteiramente purificada.
O médium recupera o peso normal quando reabsorve a substância ectoplásmica.
Allan Kardec
abordou no Livro dos Espíritos o tema “Emancipação da Alma”, de onde podemos
tirar as explicações para entender o fenômeno do desdobramento, que é o
processo de exteriorização do perispírito.
O Espírito
utilizando-se do perispírito deixa o corpo físico e dirige-se a outros locais
sempre ligados ao corpo material pelo cordão fluídico. O desdobramento é um
estado de relativa liberdade para os Espíritos encarnados. No desdobramento
considerado mediúnico existe a interferência e ajuda do Plano Espiritual Superior,
quando o trabalho é feito com responsabilidade. Assim é que Nos Domínios da
Mediunidade, de André Luiz e F.C. Xavier, temos o relato sobre o médium Castro
que recebe um capacete de antolhos para proteção e é conduzido ao encontro com
o Oliveira.
Bilocação é o fenômeno anímico que
consiste na manifestação de um Espírito encarnado, em estado de emancipação
(desdobramento, projeção astral ou viagem astral), em lugar diferente daquele
em que se encontra seu corpo físico. A presença da alma em local diferente
daquele em que se encontra seu invólucro material só é possível mediante prévio
desdobramento. A presença da alma desdobrada em lugares diferentes daquele em
que se encontra o seu corpo físico só pode ser percebida pelos desencarnados ou
por almas igualmente emancipadas do corpo, ou ainda por clarividentes ou médiuns
videntes. Neste caso temos dois lugares de manifestações, porém, o corpo
fluídico, ou perispírito não adquire tangibilidade. Não houve materialização,
mas só a manifestação do perispírito em outro lugar. Apolônio de Tiana em
Éfeso, falando em uma reunião, calou-se repentinamente e logo em seguida passou
a anunciar o assassinato do Imperador, que nesse momento estava presenciando em
Roma e no qual intervinha gritando: morte ao Imperador!
Bicorporeidade é quando a alma em
desdobramento adquire visibilidade para as pessoas comuns, em alguns casos
tangibilidade. Se durante sua aparição em outros lugares que não aquele em que
se encontra o corpo físico, o corpo fluídico, ou perispírito, da pessoa
desdobrada adquire tangibilidade e a aparência do corpo material, o fenômeno
passa a denominar-se bicorporeidade. Não se trata mais de uma simples aparição,
mas do Espírito de uma pessoa viva materializado. Neste caso temos dois lugares
de manifestação, um com o corpo físico e o outro com o perispírito
materializado. Oportuna a observação de Kardec de que dos dois corpos com que o
indivíduo se mostra simultaneamente em dois lugares diferentes, um somente é
real, o outro é simples aparência. Pode-se dizer que o primeiro tem a vida
orgânica e o segundo a vida da alma. Ao despertar o indivíduo, os dois corpos
se reúnem e a vida da alma volta ao corpo material.
Santo
Antônio de Pádua foi visto e ouvido em dois lugares diferentes, com o mesmo
corpo (um somático, onde ele estava pregando, o outro perispiritual
materializado, defendendo o pai que iria ao suplício, acusado de uma morte,
cujo autor foi preso).
Não se deve
confundir bicorporeidade com fenômenos que ocorrem com os desencarnados, como
as projeções mentais ou de imagens, pelas quais os Espíritos se comunicam ou são
vistos em muitos lugares ao mesmo tempo, que é o Dom da Ubiquidade; ou com os
fenômenos dos agêneres que é uma modalidade de aparição tangível, um estado de
certos Espíritos, quando temporariamente, revestem as formas de uma pessoa
viva, ao ponto de produzirem ilusão completa. LM, 2ª Parte, cap. VIII n° 125.
Neste caso é um desencarnado materializando-se na forma do corpo de um vivo.
Transfiguração consiste num ato de
efeitos Físicos. É um fenômeno resultante de uma transformação perispiritual,
que se produz sobre o próprio corpo vivente, isto é, materialização do próprio
corpo espiritual, dando origem a formas belas, radiosas, luminosas, se forem de
Espíritos elevados, ou feias, horríveis, se forem de Espíritos inferiores.
Nesse fenômeno ocorre a mudança do aspecto de um corpo vivo, tanto na aparência
dos traços fisionômicos, como no olhar, na voz, no peso do corpo, etc.
No Livro dos
Médiuns, 2ª Parte, cap. VII, item 122 é mencionado o exemplo de uma moça de 15
anos aproximadamente, transfigurava-se num jovem de 25, corpulento, seu irmão
falecido alguns anos antes, assimilando-lhe além dos traços fisionômicos, o
modo de falar, de olhar, a compleição física. A transfiguração de Jesus, no
Monte Tabor, é relatada no Evangelho e comentada por Kardec, em A Gênese, Cap.
XV, item 43 onde cita Marcos, IX:2-4. “Seis dias depois, Jesus tomou consigo a
Pedro, Tiago e João, e os levou, sozinhos, para um lugar retirado sobre uma
alta montanha. Ali foi transfigurado diante deles. Suas Vestes tornaram-se resplandecentes,
extremamente brancas, de uma alvura tal como nenhum lavadeiro na terra as
poderia alvejar. E lhes apareceram Elias com Moisés, conversando com Jesus”.
Bibliografia:
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