INTERROGAR OS ESPÍRITOS
As
ocorrências e fatos relacionados às revelações dos Espíritos ou fenômenos
mediúnicos remontam a época denominada Antiguidade, sendo tão antigo quanto o
nosso Planeta.
A História
da humanidade está repleta desses fenômenos de intercomunicação espiritual,
entre os Espíritos encarnados e os desencarnados. Os fenômenos mediúnicos não
são recentes, pois fatos históricos mostram registros de manifestações entre os
povos mais antigos. A relação entre os mundos, material e espiritual, está registrada
em todas as épocas da humanidade.
As
revelações dos Espíritos sempre existiram tanto no Ocidente quanto no Oriente,
como se observa pelos relatos do Código dos Vedas, o mais antigo código
religioso que se tem notícia.
Os Espíritos
são atraídos pela simpatia, a semelhança dos gostos e de caracteres, a intenção
que faz desejar a sua presença. Os Espíritos superiores não vão às reuniões
fúteis, do mesmo modo que um sábio da Terra não iria numa assembleia de jovens
estouvados. O simples bom senso diz que não pode ser de outra forma; ou, se ai
vão algumas vezes, e para dar um conselho salutar, combater os vícios, procurar
conduzir para o bom caminho; se não são escutados, retiram-se. Seria ter uma ideia
completamente falsa, crer que os Espíritos sérios possam se comprazer em
responder a futilidades, a perguntas ociosas que não provam nem afeição, nem
respeito por eles, nem desejo real, nem instrução, e ainda menos que possam vir
dar espetáculo para divertimento dos curiosos. O que não faziam quando vivos,
não podem fazê-lo depois da sua morte.
Repelir as
comunicações de além-túmulo é repudiar o meio mais poderoso de instruir-se, já
pela iniciação nos conhecimentos da vida futura, já pelos exemplos que tais
comunicações nos fornecem. A experiência nos ensina, além disso, o bem que
podemos fazer, desviando do mal os Espíritos imperfeitos, ajudando os que sofrem
a desprenderem-se da matéria e a se aperfeiçoarem. Interdizer as comunicações é,
portanto, privar as almas sofredoras da assistência que lhes podemos e devemos
dispensar.
Quando a
interrogação é feita com recolhimento e religiosamente; quando os Espíritos são
chamados, não por curiosidade, mas por um sentimento de afeição e simpatia, com
desejo sincero de instrução e progresso, não vemos nada de irreverente em
apelar-se para as pessoas mortas, como se fizera com os vivos. Há, contudo, outra
resposta peremptória a essa objeção, é que os Espíritos se apresentam
espontaneamente, sem constrangimento, muitas vezes mesmo sem que sejam
chamados.
Nunca será
excessiva a importância que se dê a maneira de formular as perguntas e, ainda
mais, a natureza das perguntas. Duas coisas se devem considerar nas que se
dirigem aos Espíritos: a forma e o fundo. Quanto à forma, devem ser redigidas
com clareza e precisão, evitando as questões complexas. Mas, outro ponto há não
menos importante: a ordem que deve presidir a disposição das perguntas. Quando
um assunto reclama uma série delas, é essencial que se encadeiem com método, de
modo a decorrerem naturalmente umas das outras.
Os
Espíritos, nesse caso, respondem muito mais facilmente e mais claramente, do
que quando elas se sucedem ao acaso, passando, sem transição, de um assunto
para outro. Esta a razão por que é sempre muito conveniente prepará-las de
antemão, salvo o direito de, durante a sessão, intercalar as que as
circunstâncias tomem necessárias.
Além de que
a redação será melhor, quando feita prévia e descansadamente, esse trabalho
preparatório constitui, como já o dissemos, uma espécie de evocação antecipada,
a que pode o Espírito ter assistido e que o dispõe a responder. É de notar-se
que muito frequentemente o Espírito responde por antecipação a algumas perguntas,
o que prova que já as conhecia. O fundo da questão exige atenção ainda mais
séria, porquanto é, muitas vezes, a natureza da pergunta que provoca uma
resposta exata ou falsa. Algumas há a que os Espíritos não podem ou não devem
responder, por motivos que desconhecemos. Será, pois, inútil insistir. Porém, o
que, sobretudo se deve evitar são as perguntas feitas com o fim de lhes provar
a perspicácia. Imaginai um homem sério, ocupado em coisas úteis e importantes,
incessantemente importunado pelas perguntas pueris de uma criança, e tereis a ideia
do que devem pensar os Espíritos superiores, de todas as futilidades que se
lhes perguntam.
Não se segue
daí que dos Espíritos não se possam obter úteis esclarecimentos e, sobretudo,
bons conselhos; eles, porém, respondem mais ou menos bem, conforme os
conhecimentos que possuem e o interesse que nos têm a afeição que nos dedicam
e, finalmente, o fim a que nos propomos e a utilidade que vejam no que lhes pedimos.
Se, entretanto, os inquirimos unicamente porque os julgamos mais capazes do que
outros de nos esclarecerem melhor sobre as coisas deste mundo, claro é, que não
nos poderão dispensar grande simpatia.
Pensa
algumas pessoas ser preferível que todos se abstenham de formular perguntas e
que convém esperar o ensino dos Espíritos, sem o provocar. É um erro. Os
Espíritos dão, não há dúvida, instruções espontâneas de alto alcance e que
errôneo seria desprezar-se. Mas, explicações há que frequentemente se teriam de
esperar longo tempo, se não fossem solicitadas. As questões, longe de terem
qualquer inconveniente, são de grandíssima utilidade, do ponto de vista da
instrução, quando quem as propõe sabe encerrá-las nos devidos limites.
Têm ainda
outra vantagem: a de concorrerem para o desmascaramento dos Espíritos
mistificadores que, mais pretensiosos do que sábios, raramente suportam a prova
das perguntas feitas com cerrada lógica por meio das quais o interrogante os
leva aos seus últimos redutos. Os Espíritos superiores, como nada tem que temer
de semelhante questionário, são os primeiros a provocar explicações, sobre os
pontos obscuros. Os outros, ao contrário, receando ter que se haver com
antagonistas mais fortes, cuidadosamente as evitam.
Bibliografia:
KARDEC,
Allan. O Livro dos Médiuns: Cap. XXVI- no 286 a 291
KARDEC,
Allan. Revista Espírita: Abril de 1864
KARDEC,
Allan. O Céu e o Inferno: 1ª parte - Cap. XI - itens 10 e 15
XAVIER,
Francisco Candido (Espírito Emmanuel). Religião dos Espíritos: Ante os falsos
profetas
Fonte da imagem: Internet Google.
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