PARÁBOLA DOS TALENTOS
Alguns dias
antes de ser crucificado, Jesus subiu ao Monte das Oliveiras e com seus
discípulos e contou-lhes a Parábola dos Talentos. Talento era o peso e moeda da
Antiguidade grega e romana, que servia para uso corrente no comércio e também
para avaliar metais preciosos, porém de vários padrões de acordo com a espécie
de metal.
Jesus
Cristo, valendo-se da circunstancia e da importância que davam ao dinheiro,
deixou essa maravilhosa parábola:
“Porque isto
é também como um homem que, partindo para outro país, chamou os seus servos e
lhes entregou os seus bens: a um deu cinco talentos, a outro dois e a outro um;
a cada qual segundo a sua capacidade; e seguiu viagem. O que recebera cinco
talentos, foi imediatamente negociar com eles e ganhou outros cinco; do mesmo
modo o que recebera dois, ganhou outros dois. Mas o que tinha recebido um só,
foi se, fez uma cova no chão e escondeu o dinheiro do seu senhor. Depois de
muito tempo voltou o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles. Chegando
o que recebera cinco talentos, apresentou-lhes outros cinco, dizendo: Senhor,
entregaste-me cinco talentos: aqui estão outros cinco que ganhei. Disse-lhe o
seu Senhor: Muito bem, servo bom e fiel, já que foste fiel no pouco,
confiar-te-ei o muito; entra no gozo do teu Senhor. Chegou também o que
recebera dois talentos, e disse: Senhor, entregaste-me dois talentos; aqui estão
outros dois que ganhei. Disse-lhe o seu Senhor: Muito bem, servo bom e fiel, já
que foste fiel no pouco, confiar-te-ei o muito; entra no gozo do teu Senhor. E
chegou por fim o que havia recebido um só talento, dizendo: Senhor, eu sei que
és homem severo, que ceifas onde não semeaste e recolhes onde não joeiraste; e,
atemorizado, fui esconder o teu talento na terra; aqui tens o que é teu. Porém
o seu Senhor respondeu: Servo mau e preguiçoso, sabias que ceifo onde não
semeei, e que recolho onde não joeirei? Devias, então, ter entregado o meu
dinheiro aos banqueiros, e, vindo eu, teria recebido o que é meu com juros!
Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem os dez talentos; porque a todo o
que tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundancia; mas ao que não tem, até o que tem
ser-lhe-á tirado. Ao servo inútil, lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá
choro e ranger de dentes.” (Mateus, XXV 14-30)
A Parábola
dos Talentos tem a mesma significação que a Parábola das Minas, narrada por
Lucas, XIX: 11-27, porque exprimem os deveres que nos assistem, material e
moral. Somos todos filhos de Deus; o Criador reparte com todos igualmente os
seus dons; a uns dá mais, a outros dá menos, sempre de acordo com a capacidade
de cada um. A uns dá o dinheiro, a outros a sabedoria, a outros dons
espirituais, e, a outros concede todas essas dadivas reunidas. De modo que um
tem cinco talentos, outro dois, outro um; ou então um tem dez minas, outro
cinco, outro duas. Não há privilégios nem exclusões para o Senhor; e se cada
qual, cônscio do que possui e compenetrado de seus deveres agisse de acordo com
os preceitos da Lei Divina, ninguém teria razão de reclamar da sorte.
De forma
que, o Senhor a que se refere a parábola é Deus, os servos somos todos nós, é a
humanidade; os talentos são os bens e recursos que a Providência nos outorga
para serem empregados em benefício próprio e de nossos semelhantes; o tempo
concedido para a sua movimentação é a existência terrena.
Não existe
um só individuo no mundo que não seja depositário de um talento ou de duas
minas. A distribuição de talentos em quantidades desiguais, ao contrário do que
possa parecer, nada tem de arbitrária nem de injusta, pois, baseia-se na
capacidade de cada um, adquirida antes da presente encarnação, em outras jornadas
evolutivas. Toda criatura ao reencarnar, traz consigo o compromisso de realizar
tarefas ao seu favor e também a favor de seus semelhantes. Assim, a parábola
trata-se de uma advertência aos que não fazem bom uso das oportunidades que
Deus lhes concede, quando do desempenho do aprendizado terreno. Existem pessoas
que guardam os talentos recebidos egoisticamente, tudo para si, enterrando os
talentos, não beneficiando nem a si e nem ao seu próximo. Deixam passar a
oportunidade de servir.
Os servos
que fizeram que os talentos se multiplicassem representam os homens que sabem
cumprir a vontade de Deus, empregando bem a inteligência, a sabedoria, a
autoridade, a saúde ou os dons com os quais foram aquinhoados. É o homem
diligente. O servo que deixou improdutivo o talento, falhando na incumbência que
lhe fora confiada, simboliza os homens que perdem as oportunidades oferecidas
pela Providência para a evolução espiritual. É o homem negligente. As
oportunidades chegam através de uma enfermidade a ser sofrida com paciência, de
um grande dissabor a ser recebido sem desespero, de um filho rebelde a ser
tratado com especial atenção e carinho, de uma injustiça a ser tolerada sem
revolta, de um inimigo gratuito a ser conquistado com amor, etc. retardando
assim, o seu progresso.
No campo da
mediunidade esta parábola tem aplicação integral.
Quantos
indivíduos são providos desta faculdade e, por tantas razões particulares,
deixam de exercê-la, deixando de praticar o bem para si e para o próximo. Um
por ignorância, outro por crença religiosa; este por preguiça, aquele por negligência,
outro ainda por falta de tempo, enfim, enterram os seus talentos ao invés de se
tomarem diletos discípulos de Jesus. Como exemplo podemos citar Paulo de Tarso
que soube aplicar e multiplicar os talentos recebidos. Enquanto religioso
apegado as tradições farisaicas e distanciando da verdade era perseguidor
implacável dos cristãos, havia então enterrado os seus talentos, mas, quando
recebeu na estrada de Damasco, o convite para seguir Jesus, não hesitou e
transformou-se no maior defensor da divulgação Cristã.
Mas, a quem
muito foi dado, muito será pedido. Teremos que prestar constas de tudo aquilo
que nos foi confiado, na mesma proporção que tenhamos recebido. Não há
privilégios nem exclusões, pois, cada um recebe de acordo com a sua capacidade
e com o seu merecimento adquirido em existências anteriores.
Existem
pessoas que guardam egoisticamente para si tudo aquilo que recebem, “enterram
os seus talentos”, não beneficiando nem a si, nem ao seu próximo. Tanto elas
quanto os talentos ficam improdutivos.
Quais são
esses talentos? São as nossas virtudes e conquistas espirituais que repartimos
com os nossos próximos. A palavra usada para consolar e dar ânimo ao
desalentado, a roupa confeccionada para aquecer o que passa frio, o enxoval
ofertado a criança carente de recursos materiais, a capacidade de participar de
trabalhos voluntários, renunciando muitas vezes ao descanso, etc..
São as
aptidões intelectuais, manuais e artísticas que nos permitem temos uma
profissão e provermos a nossa subsistência e a de nossos familiares e amigos.
São os
talentos morais que nos levam a ter uma convivência fraterna com os nossos
semelhantes.
São os
talentos espirituais que, através da mediunidade manifestada em formas diversas:
intuição, psicofonia, psicografia, vidência, nos permitem trabalhar na
Assistência Espiritual em Casas Espiritas.
Devemos
aplicar os talentos e outros bens que recebemos para aumentar o nosso cabedal
de conhecimentos para, quando voltarmos ao mundo espiritual, fazermos jus a
recompensa, traduzida nas palavras: “Servo bom e fiel, foste fiel no pouco,
muito te será confiado”.
O
Espiritismo é a grande luz de libertação das consciências ainda embotadas na
materialidade, e o médium esclarecido e evangelizado será, sempre, ele mesmo o
portador da mensagem cristã, exemplificando o amor, levando a luz e a esperança
onde quer que esteja.
Bibliografia:
KARDEC,
Allan. Livro dos Médiuns
ALMEIDA,
José de Sousa. As Parábolas
GODOY, Paulo
Alves de. As Maravilhosas Parábolas de Jesus
XAVIER,
Francisco Candido (Espírito Emmanuel). Opinião Espírita: Lição 14
RIGONATTI,
Elizeu. Evangelho dos Humildes - Cap. 25
BIBLIA
SAGRADA. 1° Livro de Crônicas: Cap. 22:14
CALLIGARIS,
Rodolfo. Parábolas Evangélicas
SCHUTEL,
Cairbar. Parábolas e Ensinos de Jesus
RIGONATTI,
Eliseu. Evangelho dos Humildes: Cap. 25
Questões
para reflexão:
1. Explique
como os médiuns sentem a presença dos Espíritos.
2. Descreva
os sintomas iniciais dos médiuns de psicografia
3. Descreva
a importância dos ensinamentos de Paulo de Tarso na nossa transformação
comportamental.
4. Comente a
aplicação da Parábola dos Talentos no campo da Mediunidade.
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