CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

terça-feira, 3 de outubro de 2017

18ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Epístola Aos Efésios

INTRODUÇÃO

Paulo escreveu esta epístola na condição de prisioneiro e tudo indica que ele estava em Roma, entre o ano de 61 e 63 d.C.

A quem Paulo destina esta Carta? Hoje há muitas dúvidas se a carta foi dirigida aos cristãos de Éfeso, pois as palavras “em Éfeso” não estão presentes em alguns dos manuscritos que estão entre os considerados mais confiáveis. Era provavelmente uma carta destinada a circular entre as igrejas domésticas de Éfeso, seus arredores e, sobretudo, as comunidades do vale do Lico.

É uma notável síntese de Paulo sobre a condição de Jesus e a revelação do Amor como caminho de redenção para todos.

Quando Paulo escreveu aos Efésios, ele já não vivia para o Cristo, mas em Cristo. Isto explica toda a carta. Ele queria comunicar toda a extensão do entendimento que havia alcançado sobre o Cristianismo e despertar, nos corações dos cristãos, o mesmo amor, a mesma fé, a mesma esperança que sentia em seu coração.

CONTEÚDO

Os Desígnios Misericordiosos de Deus: a redenção

Paulo inicia louvando e agradecendo a Deus pela sua Misericórdia e Amor, pois Ele nos enviou Jesus para nos revelar a Lei do Amor e, através dela, ser propiciada a reconciliação de todos os Homens, pois que todos são filhos de Deus.

Nas mãos misericordiosas de Jesus repousam os destinos da Terra. Ele é o enviado de Deus, tanto para os judeus, que esperavam o cumprimento das profecias, como para os gentios, pois Deus não faz distinção entre as pessoas.

Paulo afirma que, em suas orações, roga a Deus por todos, para: “Que Ele ilumine os olhos dos vossos corações, para saberdes qual é a esperança que o seu chamado encerra, qual é a riqueza da glória da sua herança entre os santos e qual é a extraordinária grandeza do seu poder para nós, os que cremos, conforme a ação do seu poder eficaz.” (Ef 1:18-19).

Esta é a suplica que Paulo endereçava a Deus por todos os cristãos. Que bela esta metáfora acerca “dos olhos do coração”, para que o cristão possa iluminar a sua visão através do sentimento de fé.

A necessidade da renovação espiritual

No capitulo 2, Paulo assinala que a redenção é alcançada pela renovação espiritual. Muitos de nós, antes do conhecimento do Evangelho, agíamos de acordo com as nossas tendências inferiores, buscando a satisfação de nossos desejos, sintonizados com os Espíritos inferiores, e, assim, caminhávamos em desacordo com as Leis de Deus.

No entanto, Deus, em sua Misericórdia, pelo muito que nos ama, enviou-nos Jesus para que ele nos revelasse qual é a Lei Divina que nos propicia a libertação do mal, à medida que nos esforçamos para vivenciar o bem.

O Homem alcançará a vitória espiritual pela fé em Jesus, o que implica em aceitar o que ele nos ensinou e a seguir a sua exemplificação.

Portanto, a salvação não vem pelas “obras da lei”, pois estas obras dizem respeito a preceitos exteriores, que são ineficazes para transformar o Homem. A redenção vem pela prática das boas obras.

Em “O Livro dos Espíritos”, na questão 653, Kardec indaga:

P. “A adoração necessita de manifestações exteriores?”

R. “A verdadeira adoração é a do coração. Em todas as suas ações, pensai sempre que o Senhor vos observa.”

Desde que fomos criados por Deus, estamos destinados a viver a Lei do Amor, conforme a sua vontade.

“Pois somos criaturas dele, criados em Cristo Jesus para as boas obras que Deus já antes preparara para que nelas andássemos.” (Ef 2:10).

A reconciliação entre todos

“Ele é a nossa paz: de ambos os povos fez um só, tendo derrubado o muro da separação e suprimido em sua carne a inimizade - a Lei dos mandamentos expressa em preceitos - a fim de criar em si mesmo um só Homem Novo, estabelecendo a paz, e de reconciliar a ambos com Deus...” (Ef 2: 14-16).

Os judeus consideravam-se o povo eleito e acreditavam que as obras da lei tomava-os justos perante Deus. A aliança com Deus dava-se pela prática da circuncisão. Para eles, os gentios, como incircuncisos, estavam excluídos do plano da salvação. Mas, com Jesus, todos são chamados a viverem segundo a verdadeira Lei de Deus, diante da qual todos os atos de adoração exterior ficavam destituídos do sentido que lhes eram atribuídos. Jesus vem para edificar o homem novo, para reconciliar todos os povos, na medida em que revela que somos todos filhos de Deus.

Estas considerações, escritas há tanto tempo, infelizmente prosseguem como advertências nos dias de hoje, pois quantos religiosos continuam a preconizar que só a religião a que eles pertencem é o caminho para Deus.

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XV item 8, Kardec referiu-se ao dogma ‘fora da igreja não há salvação’, nos seguintes termos:

“É, portanto, exclusivista e absoluto. Em vez de unir os filhos de Deus, divide-os. Em vez de incitá-los ao amor fraterno, mantém e acaba por legitimar a animosidade entre os sectários dos diversos cultos. Esse dogma é, portanto, essencialmente contrário aos ensinamentos do Cristo e a lei evangélica.”

E contrapôs a esta máxima, aquela que indica o caminho da evolução espiritual: “Fora da caridade não há salvação”, lema este que é o titulo de uma mensagem trazida pelo Espírito Paulo, em 1860, em Paris, que consta no item 10 do mesmo capítulo acima citado.

No tocante a esta máxima, Kardec assevera:

“A máxima - Fora da caridade não há salvação - é a consequência do princípio de igualdade perante Deus e da liberdade de consciência. Tendo-se esta máxima por regra, todos os homens são irmãos e, seja qual for a sua maneira de adorar o Criador, eles se dão as mãos e oram uns pelos outros.”

A missão de Paulo

“Certamente sabeis da dispensação da graça de Deus que me foi dada a vosso respeito. Por revelação me foi dado a conhecer o mistério, como atrás vos expus sumariamente: lendo-me, podeis compreender a percepção que tenho do mistério de Cristo.” (Ef 3:2-4).

Tão elevada compreensão alcançou Paulo sobre a missão, as lições e o Amor incomensurável de Jesus que instaurou um novo tempo, um novo entendimento, uma nova revelação para todos, a fim de que edificassem uma Nova Humanidade.

Assim, ele orou a Deus, pedindo:

“... que Cristo habite pela fé em vossos corações e que sejais arraigados e fundados no amor. Assim tereis condições para compreender com todos os santos qual é a largura e o comprimento e a altura e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo que excede todo conhecimento, para que sejais plenificados com toda a plenitude de Deus.” (Ef3:17-19).

Viver nova vida em Cristo

“Exorto-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor a andardes de modo digno da vocação a que fostes chamados: com toda humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros, com amor procurando conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.” (Ef 4:1-3).

Esta exortação é um apelo à busca da coerência entre o saber e o fazer; um apelo a uma nova vida, de acordo com os preceitos de Jesus.

O que significa viver nova vida em Cristo?

Significa pensar, sentir, agir como cristão... e Paulo dedicar-se-á, nos capítulos 4, 5 e 6, a esclarecer quais são as atitudes compatíveis com os valores cristãos e como é possível vencer a luta interior.

O Homem deve progredir e o faz em contato com outros homens, pois as potencialidades que traz consigo, em gérmen, só podem encontrar campo adequado ao desenvolvimento quando vive em sociedade.

Como adquirir paciência, alcançar entendimento, exercitar o perdão e a tolerância, como aprender a amar senão no convívio com os semelhantes?

Os laços sociais são essenciais ao progresso moral. Para conviver em harmonia e estabelecer a paz é necessário abraçar o Evangelho e combater o egoísmo, a grande chaga da Humanidade, que dificulta tanto o nosso progresso individual quanto social.

Profundamente inspirado, Paulo destaca a necessidade de cultivarmos a humildade, para que reconheçamos a nossa real condição moral. Nesta perspectiva, podemos então exercitar a compreensão, pois reconhecemos que todos nós temos arestas a aparar e, assim, há que se ter paciência e tolerância. Nesta disposição interior, os conflitos dissipar-se-ão, pois a paz será o vinculo que nos une uns aos outros.

Os cristãos como membros de um mesmo corpo

Como alcançar a desejada harmonia nas relações humanas?

Paulo vislumbra o caminho, tomando o corpo humano como metáfora para situar os cristãos como membros de um corpo, cuja cabeça é Jesus.

Se o cristão perceber-se como um “membro do corpo de Cristo”, compreendera que Jesus é a “cabeça” e governa com amor e sabedoria, pois suas orientações fluem para que todos desenvolvam o amor, no espírito de serviço.

Quanto às funções, quem nos concede as possibilidades de serviço é Jesus. Cada um é chamado a servir onde pode produzir mais e melhor, visando ao aprimoramento espiritual.

“... seguindo a verdade em amor; cresceremos em tudo em direção daquele que é a Cabeça; Cristo...” (Ef 4:14).

Como remover o homem velho e ser um novo Ser?

Paulo convida-nos a abandonarmos velhos hábitos, como a mentira, a cólera, o furto, a maledicência, a amargura, a malícia, enfim, os atos contrários as Leis de Deus, e nos conclama a aquisição de novos hábitos: falar a verdade, trabalhar, partilhar com os necessitados, perdoar, falar construtivamente, ser misericordioso, compassivo, bondoso.

“... andai como filhos da luz, pois o fruto da luz consiste em toda a bondade, justiça e verdade!” (Ef 5:8-9).

Ainda no capitulo 5, a exemplo de outras epístolas, Paulo aborda a ética que deve iluminar as relações familiares: o respeito mútuo, a reciprocidade e o amor.

O combate espiritual

Na conclusão da Carta, Paulo fala do combate espiritual que o cristão trava no seu íntimo e da necessidade de se fortalecer no Senhor, relacionando todos os recursos defensivos que o Homem utiliza-se para enfrentar um combate e lhes atribuindo significado espiritual.

“Portanto, ponde-vos de pé e cingi os rins com a verdade e revesti-vos da couraça da justiça e calçai os pés com o zelo para propagar evangelho da paz, empunhando sempre o escudo da fé. E tomai o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus.” (Ef 6: 14-17).

Para enfrentar este combate é preciso vestir a “couraça da justiça”.

Figura esta utilizada por Paulo para representar a defesa de que podemos nos revestir, através da renovação mental, pela prática do Bem.

A ação do Bem, com a quebra voluntária de nossos sentimentos inferiores, produzem vigorosos fatores de transformação, renovando-nos a atmosfera espiritual. Os fluidos espirituais, que nos circundam, estão impregnados da qualidade de nossos pensamentos felizes ou infelizes, revelando a nossa posição íntima. É por esta emissão de forças mentais que atraímos ondas semelhantes as nossas. Se emitirmos bons pensamentos, atrairemos a influência dos Bons Espíritos.

Paulo fornece o roteiro de semelhante construção: abraçar a verdade (o Evangelho), exercitar a justiça, desenvolver a fé, ser instrumento de paz, propagar a Boa Nova pelo verbo e pela ação. E para perseverar neste roteiro de emancipação espiritual, há que orar e vigiar.

Finalizando, Paulo expressa o seu carinho pelos cristãos de todos os tempos, dizendo:

“Aos irmãos paz, amor e da parte de Deus, o Pai, e do nosso Senhor Jesus Cristo. A graça esteja com todos os que amam a nosso Senhor Jesus Cristo, com amor perene!” (Ef 6:23-24).

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente: “... revesti-vos da couraça da justiça e calçai os pés com o zelo para propagar evangelho da paz, empunhando sempre o escudo da fé...”

Bibliografia

A Bíblia de Jerusalém.
Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Ed FEESP.
Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed FEESP.
Aos Efésios - Lamartine Palhano Junior.
Xavier, Francisco C /Emmanuel - Paulo e Estevão.


Fonte da imagem: Internet Google.

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