COMUNICAÇÃO ANÍMICA – XENOGLOSSIA
O termo
animismo tem como raiz etimológica a palavra anima, do latim, que significa
alma. Conforme o conceito adotado na Codificação, alma é um Espírito encarnado.
Este termo animismo foi proposto por Aksakof; que diz: “Para maior brevidade,
proponho designar pela palavra animismo todos os fenômenos intelectuais e
físicos que deixam supor uma atividade extracorpórea ou a distância do
organismo humano e mais especialmente todos os fenômenos mediúnicos que podem
ser explicados pela ação que o homem vivo exerce além dos limites do corpo”.
Os fenômenos
espíritas podem ser classificados em 3 categorias:
1° -
Anímicos > as manifestações que decorrem da alma do médium.
2° -
Mediúnicos > as manifestações que decorrem da ação de um Espírito
desencarnado através de um médium.
3°- Mistos
> Anímicos e Mediúnicos > derivados dos dois primeiros.
No livro
“Nos Domínios da Mediunidade” de Francisco Candido Xavier, pelo Espírito de
André Luiz, no Cap. 22, Emersão do Passado, afirma que muitos espíritas vêm
convertendo a teoria animista num travão injustificável a lhes congelarem
preciosas oportunidades de realização do bem, não cabendo adotar a palavra
“mistificação” inconsciente ou subconsciente no lugar da palavra animismo.
Muitos companheiros se mostram incapazes de remover os obstáculos criados pelo
animismo, destruindo, assim, magnifica oportunidade de ajudarem elementos que,
buscando as casas espíritas nessas condições, poderiam, posteriormente,
contribuir em favor dos necessitados.
De fato que,
os fenômenos anímicos são aqueles em que o médium, sem nenhuma ideia
preconcebida de mistificação, recolhe impressões do pretérito e as transmite,
como se por ele mesmo um Espírito estivesse comunicando. Os fatos mediúnicos,
propriamente ditos, são aqueles em que o médium é, apenas, um veículo a receber
e transmitir as ideias dos Espíritos desencarnados ou encarnados (Manifestação
Mediúnica entre encarnados). Uma pessoa encarnada também pode determinar uma
comunicação mediúnica, isto é, fazer com que o sensitivo lhe assimile as ondas
mentais e as reproduza pela escrita ou pela palavra. Pela lei de sintonia, pessoas
adormecidas igualmente podem provocar comunicações mediúnicas, uma vez que,
enquanto dormimos, nosso Espírito se afasta do corpo e age sobre terceiros,
segundo os nossos sentimentos, desejos e preferências.
Na
Codificação, não encontramos o termo animismo. Nem os Espíritos nem Allan
Kardec dele se serviram, porquanto ele só surgiu mais tarde, proposto por
Alexandre Aksakof como vimos acima. Mas, nem por isso, os fenômenos anímicos
deixaram de ser ali mencionados e estudados, tendo sido objeto de todo o
capítulo VIII, da 2ª parte, do Livro dos Espíritos, onde podemos citar o
sumário das seguintes matérias:
1- O sono e
os sonhos.
2- Visitas
espíritas entre pessoas vivas.
3-
Transmissão oculta do pensamento.
4- Letargia,
catalepsia. Mortes Aparentes.
5-
Sonambulismo.
6- êxtase.
7- Dupla
vista.
8- Resumo
teórico do sonambulismo.
No Livro dos
Médiuns, também são estudados fenômenos anímicos, a saber:
A- No capítulo VI – 2ª parte, Kardec
trata da bicorporeidade, da transfiguração e invisibilidade, das aparições entre
pessoas vivas, dos homens duplos (citando e analisando fatos da vida de Santo
Afonso de Liguori, Santo Antônio de Pádua e Vespasiano).
B- Nos capítulos XIX e XX, ainda na 2ª
parte, ele estuda o papel dos médiuns nas Comunicações Espíritas, perquirindo
sobre a influência do Espírito do médium nessas comunicações e ainda cogita das
evocações de pessoas vivas e da telegrafia humana, que como sabemos, são fatos
anímicos.
O Espírito é
uma individualidade imortal, o seu psiquismo global é uno, porém a sua memória
inconsciente armazena os registros de cada encarnação, em faixas próprias e
distintas, embora formando um todo no seu conjunto. Esses registros constituem
a bagagem psíquica do indivíduo. Em cada encarnação, o Espírito vive determinada
personalidade com seus caracteres próprios, quer os antropológicos, quer os
psicológicos e morais. Na reencarnação do Espírito, a personalidade da
encarnação anterior fica registrada na memória do pretérito do inconsciente,
não mais aflorando ao plano da consciência, a não ser acidentalmente, sob um influxo
detonador psíquico, cuja natureza é variável. Quando isso acontece e a
personalidade anterior se manifesta, ocorre um fato anímico, como o relatado
por André Luiz no livro citado.
Nos casos de
reuniões mediúnicas, onde apresentem médiuns com manifestações anímicas, com a
emersão no passado, os dirigentes e colaboradores, devem tratar o caso com a
mesma atenção e carinho que se ministra aos Espíritos sofredores que se
comunicam. Em tais casos a manifestação anímica constitui uma verdadeira
catarse (em psicologia é a liberação de um trauma, de uma lembrança
desagradável), e o esclarecimento munido de recursos evangélicos com um sentido
edificante e construtivo é primordial, pois, o médium também é um Espírito
imortal, solicitando-nos concurso e entendimento para que se lhe restabeleça a
harmonia. Um doutrinador sem tato fraterno apenas lhe agravaria o problema,
diante do seu padecimento moral, porque a pretexto de servir à verdade, talvez
lhe impusesse corretivo inoportuno ao invés de socorro providencial. Primeiro,
é preciso remover o mal, para depois fortificar a vítima na sua própria defesa.
Um vaso defeituoso pode ser consertado e restituído ao serviço.
Ademais,
quantos mendigos arrastam na terra o esburacado manto da fidalguia efêmera que
envergaram outrora! ... Quantos escravos da necessidade e da dor trazem consigo
a vaidade e o orgulho dos poderosos senhores que já foram em outras épocas.
Quantas almas conduzidas à ligação consanguínea caminham do berço ao túmulo,
transportando quistos invisíveis de aversão e ódio aos próprios parentes, que
lhes foram duros adversários em existências pregressas! ... Todos podemos cair
em semelhantes estados se não aprendemos a cultivar o esquecimento do mal, em
marcha incessante do bem! ... Sendo assim, o dirigente ou o colaborador usarão
sempre do carinho fraterno, fazendo que as suas palavras, dirigidas ao Espírito
do próprio médium, porque a consolação e a prece, seguidas do esclarecimento
edificante, são os recursos aplicáveis ao caso.
XENOGLOSSIA
(ou Glossolalia) > O termo “Xenoglossia” foi o professor Richet quem o
propôs, com o intuito de distinguir, de modo preciso, a mediunidade poliglota
propriamente dita, pela qual os médiuns falam ou escrevem em línguas em que
eles ignoram totalmente na presente encarnação e, as vezes, ignoradas de todos os
presentes.
Ernesto
Bozzano, em sua monografia sobre o assunto esclarece que a mediunidade
poliglota pode ser classificada da seguinte maneira:
A- Falante
(Psicofonia)
B- Audiente
C-
Escrevente (Psicografia ou tipitologia)
D- Voz direta
E- Escrita
direta
O médium
fala em qualquer idioma, seja em inglês ou francês, latim ou hebraico, sem
conhecer essas línguas na atual encarnação. Porém não são apenas os tratados e
monografia que registram tais fenômenos. O Antigo e o Novo Testamento são ricos
em comunicações xenoglóssicas. Como por exemplo, a explosão de Pentecostes.
A
mediunidade poliglota tem a sua causa no recolhimento de valores intelectuais
do passado, os quais repousam na subconsciência do sensitivo, ou médium. Ela
decorre, primordialmente, de um simples fenômeno de sintonia no tempo que é o
processo pelo qual a mente humana, ligando-se ao pretérito distante, provoca a emersão,
das profundezas subconsciente, de expressões variadas e formas diversas que ali
estão adormecidas.
A
subconsciência é o “porão da individualidade”. Lá se encontram arquivados todos
os valores intelectuais e conquistas morais acumulados em várias encarnações,
como fruto natural de sucessivas experiências evolutivas. Só pode ser médium
poliglota aquele que já conheceu, noutros tempos, o idioma pelo qual se expresse
durante o transe.
Bibliografia:
XAVIER,
Francisco Candido (Espírito Emmanuel). Seara dos Médiuns; Lição 44
BOZZANO,
Ernesto. Xenoglossia
XAVIER,
Francisco Candido (Espírito André Luiz). Mecanismos da Mediunidade: Cap. XXIII
KARDEC,
Allan. O Livro dos Médiuns: 2ª parte – Caps. VI, XIX e XX
PERALVA,
Martins. Estudando a Mediunidade: Caps. XXXVI e XXXVIII
Fonte da imagem: Internet Google.
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