NATUREZA DAS COMUNICAÇÕES
Sabemos que
os Espíritos são seres inteligentes atuam sobre a matéria com efeitos
inteligentes comprovando sua causa. Assim um movimento de mesa, um ruído, um deslocamento
de objeto que decorram da ação mental do homem ou apresentam um caráter
intencional, podem ser considerados como ação inteligente.
Só isso,
entretanto, limitaria o interesse por tais estudos, apesar de provar a
existência das manifestações espirituais. Mas é bem diferente quando essa
inteligência permite uma troca regular e continua de ideias, não mais como
simples manifestações inteligentes, mas como verdadeiras comunicações.
“O livro dos
Espíritos” na questão n° 100, traz na Escala Espirita, a classificação dos
Espíritos, que se fundamenta, no seu grau de desenvolvimento, elevação moral e
graus de inteligência. Se atentar para essas condições, as comunicações podem
ser analisadas por diferentes ângulos, porquanto elas devem refletir a elevação
ou a inferioridade dos Espíritos, suas ideias, seu saber ou sua ignorância,
seus vícios e suas virtudes.
Os meios de
comunicações são variadíssimos, diz Kardec – LM item 138: “Atuando sobre os
nossos órgãos e sobre todos os nossos sentidos, podem os Espíritos
manifestar-se à nossa visão, por meio das aparições, ao nosso tato, por
impressões tangíveis, visíveis ou ocultas; a audição, pelos ruídos; ao olfato,
por meio de odores sem causa conhecida”.
Para
facilitar esse estudo, Kardec agrupou as comunicações em quatro categorias:
grosseiras, frívolas, sérias e instrutivas.
Comunicações
grosseiras são as manifestadas em termos que chocam o decoro. Só podem provir
de Espíritos de baixo nível, ainda trazendo muitas impurezas da matéria, e em
nada diferem das que provenham de homens viciosos e grosseiros. Não aceitam a
delicadeza de sentimentos. Em trabalhos mediúnicos são Espíritos que transmitem
comunicações triviais, sem nobreza, obscenas, insolentes, arrogantes e
malévolas, e mesmo ímpias.
As
comunicações frívolas emanam de Espíritos levianos, zombeteiros, ou maliciosos,
antes astuciosos do que maus, que nenhuma importância ligam ao que falam. Como
estas manifestações nada têm de malsãs, certas pessoas gostam desse tipo de
comunicação e dão acesso a Espíritos que se prestam a revelar o futuro, fazer
predições, dando palpites sobre o destino etc. Eles pululam entre os encarnados
e aproveitam todas as ocasiões que lhes forem propicias, para se intrometerem
em comunicações, conforme a curiosidade existente.
As
comunicações sérias são ponderadas quanto ao assunto e elevadas quanto a forma.
Têm finalidade útil, mesmo que de interesse particular. Como os Espíritos
sérios não são todos igualmente esclarecidos, essas comunicações podem estar
sujeitas ao erro de boa-fé, sendo, portanto falsas. Por isso, recomenda-se que
todas as comunicações sejam submetidas ao controle da razão e da lógica. Aqui
convém lembrar o conselho de Joao Evangelista (I Epistola, cap. 4:1), quando
disse: “Amados, não acrediteis em todos os Espíritos, mas provai se os
Espíritos são de Deus, porque são muitos os falsos profetas que levantaram no
mundo”.
As
comunicações instrutivas possuem um caráter sério e verdadeiro. Induzem aos
ensinamentos nos Campos da Ciência, Filosofia e da Moral. São mais profundas,
quanto mais elevado e desmaterializado for o Espírito comunicante. “Somente
pela regularidade e frequência dessas comunicações é que se pode avaliar o
valor moral e intelectual desses Espíritos, bem como o grau de confiança que
mereçam” (LM, 2ª. parte, cap. X, itens 134 a 137).
Com a
crescente divulgação dos ensinamentos dos Espíritos, tem surgido cada vez mais
nas Casas Espíritas, muitos trabalhadores, médiuns. Muitos ainda, não
evangelizados e ignorantes dos princípios filosóficos e morais que norteiam a
Doutrina, se tomam instrumentos imaturos de comunicações e, frequentemente são
envolvidos por Espíritos pseudo-sábios ou mistificadores, dando origem a
comunicações grosseiras, desprovidas de valor moral, contendo erros
doutrinários e de linguagem.
Esses
médiuns querendo ajudar o Centro em que trabalham, julgam estar fazendo o
melhor e promovendo a divulgação das comunicações recebidas, sem uma análise
criteriosa sobre cada uma, trazendo para o meio espirita, mais confusão que
esclarecimento.
Cabe ao
dirigente espirita observar as recomendações de Kardec sobre o assunto
consoante, mencionado em seu livro “Viagem Espirita em 1862”, cap.VI. - evitar
publicações de mensagens que são simplesmente lamentáveis, uma vez que oferecem
da doutrina espírita uma ideia falsa e a expõem ao ridículo. Não se deixar
levar, nas psicografias, por nomes respeitáveis, muitas vezes apócrifos. Os
médiuns devem ser cuidadosos, para não se lisonjearem com o nome do comunicante
ou se melindrarem com observações do dirigente ou de companheiros; - recolher e
passar a limpo as comunicações recebidas, recorrendo-se a elas em caso de
necessidade. Os Espíritos que veem seus ensinos relegados ao abandono, bem cedo
deixam o grupo, fatigados.
- fazer uma
seleção e coleção das que tiverem melhor conteúdo doutrinário. Analisar, reler
e tirar proveito das comunicações que poderão constituir-se num “guia moral da
sociedade”.
“Eis porque,
repito, é necessário que saibamos distinguir aquilo que a Doutrina Espirita
aceita, daquilo que ela repudia”. (Allan Kardec)
Bibliografia:
KARDEC,
Allan. O Livro dos Médiuns: 2ª Parte - Cap. X, no 133 a 138
KARDEC,
Allan. O Livro dos Espíritos: Pergs. 100 a 113
KARDEC,
Allan. A Viagem Espirita em 1862
Fonte da imagem: Internet Google.
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