CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

terça-feira, 26 de setembro de 2017

17ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

2ª Epístola Aos Coríntios

CONTEXTO HISTÓRICO

Quando escreveu a 1ª carta aos Coríntios de Éfeso, Paulo pretendia voltar a Corinto e depois visitar a Macedônia. Neste meio tempo, enviou Timóteo para visitá-los (1º Cor 16:10-11; At 19:22). Timóteo descobriu que a igreja sofria forte influência de pessoas que se opunham a Paulo, semeando confusão entre eles.

Parece então ter ocorrido um incidente em que Paulo ou um de seus representantes foi ofendido por um membro da igreja. Paulo decide não fazer uma visita “na tristeza” e envia seu colaborador Tito, com uma “Carta escrita entre lágrimas”, contendo censuras e advertências. Essa carta também foi perdida, embora alguns estudiosos a identifiquem com os capítulos 10, 11, 12, 13 da 2ª carta aos Coríntios.

Após encontrar Tito na Macedônia e receber a noticia dos efeitos benéficos que a carta “escrita entre lágrimas” havia produzido no coração da maioria dos coríntios, Paulo escreve, então, a epístola que conhecemos como sendo a 2ª, antecedendo a sua ida a Corinto.

Esta carta é escrita da Macedônia, por volta de 58 d.C., e contém a apologia mais contundente de sua autoridade apostólica. Paulo expressa todos os seus sentimentos em relação a eles: a indignação, a tristeza, o amor, a ternura, o devotamento.

CONTEÚDO

Introdução da carta

Paulo inicia destacando a Misericórdia de Deus: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de toda consolação” (2 Cor 1:3).

A Misericórdia de Deus está sempre presente, e a fé nesta Misericórdia mostra-se sobremaneira quando o momento é de tribulação, propiciando consolação. Refere-se então aos sofrimentos que atravessou em Éfeso, tão intensos que ele havia perdido a esperança de sobreviver. Só em Deus, ele podia guardar qualquer esperança e a Providência Divina libertou-o da morte.

A mudança de planos

Paulo explica porque modificou seus planos de viagem: “... foi para vos poupar que eu não voltei a Corinto. Não tencionamos dominar a vossa fé, mas colaboramos para que tenhais alegria...” (2 Cor 1:23).

Refere-se ao episódio no qual ele havia sido ofendido, convidando os coríntios a perdoarem tal como ele perdoara.

Quanto à carta, levada por Tito, não foi escrita para lhes causar tristeza, mas “... para que conheçais o amor transbordante que tenho para convosco”. (2 Cor 2:4).

Ofensas não perdoadas, bem o sabemos, propiciam o assédio dos Espíritos inferiores, cujo intuito é promover a desunião, a animosidade e a discórdia.

Paulo afirma a sua condição missionária

“Graças sejam dadas a Deus, que por Cristo nos carrega sempre em seu triunfo e, por nós, expande em toda parte o perfume de seu conhecimento.” (2 Cor 2:14).

Paulo não era como muitos que falsificavam a palavra de Deus. E declara que os coríntios eram testemunhas de que ele era um enviado de Deus. Precisaria ele de uma Carta de recomendação?

“Nossa carta sois vós, carta escrita em vossos corações, reconhecida e lida por todos os homens. Evidentemente, sóis uma Carta de Cristo, entregue ao nosso ministério, escrita não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, nos corações.” (2 Cor 3:2-3).

Que bela declaração! Sim, pois ele havia sido o portador da Boa Nova aos coríntios. As sementes que ele plantara nos corações dos coríntios germinaram, dando flores de amor e caridade, que atestavam a excelência das sementes (que provém de Deus) e os cuidados do semeador em plantá-las, tal qual as recebeu de Jesus.

Paulo era o exemplo Vivo do Bem, constituído semeador por Jesus, e por esta investidura haveria de aceitar todos os sacrifícios e sofrimentos inerentes à tarefa de semear a luz num mundo onde as sombras dominavam. Colocava-se na condição de instrumento, pois não atribuía a si mesmo a capacidade para desenvolver a sua tarefa: “Mas é de Deus que vem a nossa capacidade.” (2 Cor 3:3).

Tudo provém de Deus: a força, a esperança, a coragem, a fé, o amor.

A nova aliança

Paulo fora constituído instrumento de uma aliança nova. A antiga era passageira. A nova é para sempre e foi instituída entre Deus e os homens, através de Jesus. Os judeus convertidos ao Cristianismo, mas que prosseguiam de visão obscurecida arraigados ao Antigo Testamento, eram prisioneiros da letra: “... a letra mata, mas o Espírito comunica a vida.” (2 Cor 3:6).

O apego à letra conduz a falsas interpretações, ao passo que a interpretação racional, com uso do bom senso, traduz a essência espiritual da mensagem.

Aqueles que tinham a visão obscurecida colocavam-se contra Paulo, ensinando segundo uma interpretação que acomodava e justificava velhas crenças, concepções, como se fossem essenciais à salvação das criaturas.

“Não proclamamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, Senhor.” (2 Cor 4:5).

“Trazemos, porém, este tesouro em vasos de argila, para que este incomparável poder seja de Deus e não de nós. Somos atribulados por todos os lados, mas não esmagados; postos em extrema dificuldade, mas não vencidos pelos impasses; perseguidos, mas não abandonados; prostrados por terra, mas não aniquilados.” (2 Cor 4:7- 9).

Poderiam os adversários impor-lhe múltiplos sofrimentos e dificuldades, mas não poderiam aniquilar a coragem, o ideal de servir, a fé e o amor a Jesus.

“Por isso não nos deixamos abater. Pelo contrário, embora em nós o homem exterior vá caminhando para a sua ruína, o homem interior se renova dia a dia.” (2 Cor 4:16).

Quando encarnados, dia após dia, o corpo material vai se desgastando. Contudo, a cada dia renovam-se as oportunidades de modificar sentimentos, valores, pensamentos, atitudes. O que nos está reservado para além da morte? A vida espiritual, que será tanto mais plena, quanto mais valores espirituais tivermos conquistado.

“Pois nossas tribulações momentâneas são leves em relação ao peso eterno de glória que elas nos preparam até o excesso.” (2 Cor 4:17).

A edificação do homem novo

“Se alguém está em Cristo, é nova criatura.” (2 Cor 5:17).

“... reconciliai-vos com Deus.” (2 Cor 5:20).

“... não recebais à graça de Deus em vão.” (2 Cor 6:1).

Se aceitarmos os ensinamentos do Evangelho, devemos esforçarmo-nos para vivenciá-los, pois não é possível o exercício da caridade se não lutarmos contra a indiferença ante a dor dos semelhantes, não é possível seguir Jesus com os pés chumbados ao solo do nosso egoísmo. “Que afinidade pode haver entre a justiça e a impiedade? Que comunhão pode haver entre a luz e as trevas? (2 Cor 6:14).

Assinala Emmanuel em “Caminho, Verdade e Vida”, lição 7: “É contrassenso valer-se do nome de Jesus para tentar a continuação de antigos erros”. Reconciliarmo-nos com Deus implica em viver em harmonia com as suas Leis. Que o nosso conhecimento não seja infrutífero, pois muito será pedido a quem muito foi dado.

Paulo recomenda-nos a não adiarmos a tarefa de nossa renovação “Eis agora o tempo favorável por excelência. Eis agora o dia da salvação.” (2 Cor 6:2).

Sem dúvida, o caminho é longo, mas é preciso dar o primeiro passo. Hoje é a oportunidade, o presente de Deus. Amanhã, a oportunidade de hoje, não aproveitada, é passado. Hoje é tempo de semear. Amanha é tempo de colher.

A coleta em favor da Casa do Caminho

No capitulo 8, Paulo faz um apelo à participação dos coríntios, em favor de Jerusalém. Destacamos as seguintes considerações:

“Quando existe a boa vontade, somos bem aceitos com os recursos que temos; pouco importa o que não temos. Não desejamos que o alívio dos outros seja para vós causa de aflição, mas que haja igualdade. No presente momento, o que para vós sobeja suprirá a carência deles, afim de que o supérfluo deles venha um dia a suprir a vossa carência.” (2 Cor 8:12-14).

Que sábias considerações sobre a generosidade - a faculdade de dar a quem necessita! Para ser generoso não é necessário ter haveres em abundancia. A generosidade é o ato de dar com boa vontade, de acordo com os recursos que se tem.

Hoje, aquele que tem mais, pode auxiliar aquele que tem menos, de forma que ambos possam ter o necessário. O que importa não é se dispomos de muito ou pouco para dar, mas como nos dispomos a dar o que temos.

Paulo fala de sua condição de Apóstolo (a apologia de Paulo)

Nos capítulos 10, 11, 12, 13, Paulo faz apologia de si mesmo, agindo, como ele mesmo diz, como insensato, para rebater as críticas que os seus opositores em Corinto faziam-lhe, reafirmando sua condição de apóstolo. Seus opositores diziam que ele era severo e enérgico por cartas, mas era fraco e sua linguagem desprezível quando estava presente. Contestavam sua autoridade apostólica, sua condição, o seu saber, a sua pregação.

“Todavia, julgo não ser inferior em coisa alguma, a esses “eminentes apóstolos”. Ainda que eu seja imperito no falar não o sou no saber.” (2 Cor 11:5-6).

“São ministros de Cristo? Também eu. Como insensato, digo: muito mais eu.” (2 Cor 11:23).

E Paulo passa a falar dos inúmeros sofrimentos que vivera por amor ao Cristo: prisões, açoites, vigílias, fadigas, fome, perigos de toda sorte, apedrejamento, perseguições...

“É preciso gloriar-se? Por certo, não convém. Todavia mencionarei as visões e revelações do Senhor.” (2 Cor 12: 1).

Paulo afirma que foi arrebatado ao “3º céu” e ouviu palavras inefáveis. Em “Paulo e Estevão”, cap. III, 2ª parte, Emmanuel narra que Paulo, após o encontro doloroso que tivera com o pai em Tarso, orou pedindo a Jesus que o socorresse. Sentiu-se transportado a uma região de indizível beleza, quando vê Estevão e Abigail indo ao seu encontro. Era o socorro que Jesus lhe enviava. Abigail traça um programa para o desempenho de sua missão no mundo, que consistia em: amar, trabalhar, perdoar, esperar.

Em nota de rodapé, Emmanuel afirma: “Dessa gloriosa experiência, o Apóstolo dos gentios extraiu novas conclusões sobre suas ideias notáveis, referentemente ao corpo espiritual”.

Paulo termina o 12º capítulo reafirmando que falou como insensato, constrangido a declarar sua condição, ainda que convicto de que nada significava. Pois o verdadeiro título que o cristão deve aspirar é o de servo de Jesus.

Exortação final

“Examinai-vos a vós mesmos e vede se estais na fé provai-vos”. (2 Cor 13:5)

Esta exortação é endereçada a todos os cristãos, pois é preciso efetuar um rigoroso exame de nossos atos, sentimentos e pensamentos para verificarmos se estamos vivendo de acordo com os princípios que abraçamos, qual o papel que a fé desempenha em nossas vidas e se somos meros ouvintes ou se já praticamos o Evangelho.

QUESTÃO REFLEXIVA

Comente: “Assim é que, se alguém está em Cristo, nova criatura é”.

Bibliografia

A Bíblia de Jerusalém.
Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed FEESP.
Miranda ,Hermínio – Cristianismo: a mensagem esquecida.
Xavier, Francisco C /Emmanuel - Paulo e Estevão.
Xavier, Francisco C /Emmanuel - Fonte Viva.
Xavier, Francisco C /Emmanuel – Caminho, Verdade e Vida.


Fonte da imagem: Internet Google.

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