2ª
Epístola Aos Coríntios
CONTEXTO HISTÓRICO
Quando
escreveu a 1ª carta aos Coríntios de Éfeso, Paulo pretendia voltar a Corinto e
depois visitar a Macedônia. Neste meio tempo, enviou Timóteo para visitá-los (1º
Cor 16:10-11; At 19:22). Timóteo descobriu que a igreja sofria forte influência
de pessoas que se opunham a Paulo, semeando confusão entre eles.
Parece então
ter ocorrido um incidente em que Paulo ou um de seus representantes foi
ofendido por um membro da igreja. Paulo decide não fazer uma visita “na
tristeza” e envia seu colaborador Tito, com uma “Carta escrita entre lágrimas”,
contendo censuras e advertências. Essa carta também foi perdida, embora alguns
estudiosos a identifiquem com os capítulos 10, 11, 12, 13 da 2ª carta aos
Coríntios.
Após
encontrar Tito na Macedônia e receber a noticia dos efeitos benéficos que a
carta “escrita entre lágrimas” havia produzido no coração da maioria dos
coríntios, Paulo escreve, então, a epístola que conhecemos como sendo a 2ª,
antecedendo a sua ida a Corinto.
Esta carta é
escrita da Macedônia, por volta de 58 d.C., e contém a apologia mais
contundente de sua autoridade apostólica. Paulo expressa todos os seus
sentimentos em relação a eles: a indignação, a tristeza, o amor, a ternura, o
devotamento.
CONTEÚDO
Introdução da carta
Paulo inicia
destacando a Misericórdia de Deus: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor
Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de toda consolação” (2 Cor 1:3).
A
Misericórdia de Deus está sempre presente, e a fé nesta Misericórdia mostra-se
sobremaneira quando o momento é de tribulação, propiciando consolação.
Refere-se então aos sofrimentos que atravessou em Éfeso, tão intensos que ele
havia perdido a esperança de sobreviver. Só em Deus, ele podia guardar qualquer
esperança e a Providência Divina libertou-o da morte.
A
mudança de planos
Paulo
explica porque modificou seus planos de viagem: “... foi para vos poupar que eu
não voltei a Corinto. Não tencionamos dominar a vossa fé, mas colaboramos para
que tenhais alegria...” (2 Cor 1:23).
Refere-se ao
episódio no qual ele havia sido ofendido, convidando os coríntios a perdoarem
tal como ele perdoara.
Quanto à
carta, levada por Tito, não foi escrita para lhes causar tristeza, mas “... para
que conheçais o amor transbordante que tenho para convosco”. (2 Cor 2:4).
Ofensas não
perdoadas, bem o sabemos, propiciam o assédio dos Espíritos inferiores, cujo intuito
é promover a desunião, a animosidade e a discórdia.
Paulo afirma a sua condição missionária
“Graças
sejam dadas a Deus, que por Cristo nos carrega sempre em seu triunfo e, por
nós, expande em toda parte o perfume de seu conhecimento.” (2 Cor 2:14).
Paulo não
era como muitos que falsificavam a palavra de Deus. E declara que os coríntios
eram testemunhas de que ele era um enviado de Deus. Precisaria ele de uma Carta
de recomendação?
“Nossa carta
sois vós, carta escrita em vossos corações, reconhecida e lida por todos os
homens. Evidentemente, sóis uma Carta de Cristo, entregue ao nosso ministério,
escrita não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra,
mas em tábuas de carne, nos corações.” (2 Cor 3:2-3).
Que bela
declaração! Sim, pois ele havia sido o portador da Boa Nova aos coríntios. As
sementes que ele plantara nos corações dos coríntios germinaram, dando flores
de amor e caridade, que atestavam a excelência das sementes (que provém de
Deus) e os cuidados do semeador em plantá-las, tal qual as recebeu de Jesus.
Paulo era o
exemplo Vivo do Bem, constituído semeador por Jesus, e por esta investidura
haveria de aceitar todos os sacrifícios e sofrimentos inerentes à tarefa de
semear a luz num mundo onde as sombras dominavam. Colocava-se na condição de
instrumento, pois não atribuía a si mesmo a capacidade para desenvolver a sua
tarefa: “Mas é de Deus que vem a nossa capacidade.” (2 Cor 3:3).
Tudo provém
de Deus: a força, a esperança, a coragem, a fé, o amor.
A nova aliança
Paulo fora
constituído instrumento de uma aliança nova. A antiga era passageira. A nova é
para sempre e foi instituída entre Deus e os homens, através de Jesus. Os
judeus convertidos ao Cristianismo, mas que prosseguiam de visão obscurecida
arraigados ao Antigo Testamento, eram prisioneiros da letra: “... a letra mata,
mas o Espírito comunica a vida.” (2 Cor 3:6).
O apego à
letra conduz a falsas interpretações, ao passo que a interpretação racional,
com uso do bom senso, traduz a essência espiritual da mensagem.
Aqueles que
tinham a visão obscurecida colocavam-se contra Paulo, ensinando segundo uma
interpretação que acomodava e justificava velhas crenças, concepções, como se
fossem essenciais à salvação das criaturas.
“Não
proclamamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, Senhor.” (2 Cor 4:5).
“Trazemos,
porém, este tesouro em vasos de argila, para que este incomparável poder seja
de Deus e não de nós. Somos atribulados por todos os lados, mas não esmagados;
postos em extrema dificuldade, mas não vencidos pelos impasses; perseguidos,
mas não abandonados; prostrados por terra, mas não aniquilados.” (2 Cor 4:7-
9).
Poderiam os
adversários impor-lhe múltiplos sofrimentos e dificuldades, mas não poderiam
aniquilar a coragem, o ideal de servir, a fé e o amor a Jesus.
“Por isso
não nos deixamos abater. Pelo contrário, embora em nós o homem exterior vá
caminhando para a sua ruína, o homem interior se renova dia a dia.” (2 Cor
4:16).
Quando
encarnados, dia após dia, o corpo material vai se desgastando. Contudo, a cada
dia renovam-se as oportunidades de modificar sentimentos, valores, pensamentos,
atitudes. O que nos está reservado para além da morte? A vida espiritual, que
será tanto mais plena, quanto mais valores espirituais tivermos conquistado.
“Pois nossas
tribulações momentâneas são leves em relação ao peso eterno de glória que elas
nos preparam até o excesso.” (2 Cor 4:17).
A edificação do homem novo
“Se alguém
está em Cristo, é nova criatura.” (2 Cor 5:17).
“...
reconciliai-vos com Deus.” (2 Cor 5:20).
“... não
recebais à graça de Deus em vão.” (2 Cor 6:1).
Se
aceitarmos os ensinamentos do Evangelho, devemos esforçarmo-nos para
vivenciá-los, pois não é possível o exercício da caridade se não lutarmos
contra a indiferença ante a dor dos semelhantes, não é possível seguir Jesus
com os pés chumbados ao solo do nosso egoísmo. “Que afinidade pode haver entre
a justiça e a impiedade? Que comunhão pode haver entre a luz e as trevas? (2
Cor 6:14).
Assinala
Emmanuel em “Caminho, Verdade e Vida”, lição 7: “É contrassenso valer-se do
nome de Jesus para tentar a continuação de antigos erros”. Reconciliarmo-nos
com Deus implica em viver em harmonia com as suas Leis. Que o nosso
conhecimento não seja infrutífero, pois muito será pedido a quem muito foi
dado.
Paulo
recomenda-nos a não adiarmos a tarefa de nossa renovação “Eis agora o tempo
favorável por excelência. Eis agora o dia da salvação.” (2 Cor 6:2).
Sem dúvida,
o caminho é longo, mas é preciso dar o primeiro passo. Hoje é a oportunidade, o
presente de Deus. Amanhã, a oportunidade de hoje, não aproveitada, é passado.
Hoje é tempo de semear. Amanha é tempo de colher.
A coleta em favor da Casa do Caminho
No capitulo
8, Paulo faz um apelo à participação dos coríntios, em favor de Jerusalém.
Destacamos as seguintes considerações:
“Quando
existe a boa vontade, somos bem aceitos com os recursos que temos; pouco
importa o que não temos. Não desejamos que o alívio dos outros seja para vós
causa de aflição, mas que haja igualdade. No presente momento, o que para vós
sobeja suprirá a carência deles, afim de que o supérfluo deles venha um dia a
suprir a vossa carência.” (2 Cor 8:12-14).
Que sábias
considerações sobre a generosidade - a faculdade de dar a quem necessita! Para
ser generoso não é necessário ter haveres em abundancia. A generosidade é o ato
de dar com boa vontade, de acordo com os recursos que se tem.
Hoje, aquele
que tem mais, pode auxiliar aquele que tem menos, de forma que ambos possam ter
o necessário. O que importa não é se dispomos de muito ou pouco para dar, mas
como nos dispomos a dar o que temos.
Paulo fala de sua condição de Apóstolo (a
apologia de Paulo)
Nos capítulos
10, 11, 12, 13, Paulo faz apologia de si mesmo, agindo, como ele mesmo diz,
como insensato, para rebater as críticas que os seus opositores em Corinto
faziam-lhe, reafirmando sua condição de apóstolo. Seus opositores diziam que
ele era severo e enérgico por cartas, mas era fraco e sua linguagem desprezível
quando estava presente. Contestavam sua autoridade apostólica, sua condição, o
seu saber, a sua pregação.
“Todavia,
julgo não ser inferior em coisa alguma, a esses “eminentes apóstolos”. Ainda
que eu seja imperito no falar não o sou no saber.” (2 Cor 11:5-6).
“São
ministros de Cristo? Também eu. Como insensato, digo: muito mais eu.” (2 Cor
11:23).
E Paulo
passa a falar dos inúmeros sofrimentos que vivera por amor ao Cristo: prisões,
açoites, vigílias, fadigas, fome, perigos de toda sorte, apedrejamento,
perseguições...
“É preciso
gloriar-se? Por certo, não convém. Todavia mencionarei as visões e revelações
do Senhor.” (2 Cor 12: 1).
Paulo afirma
que foi arrebatado ao “3º céu” e ouviu palavras inefáveis. Em “Paulo e
Estevão”, cap. III, 2ª parte, Emmanuel narra que Paulo, após o encontro
doloroso que tivera com o pai em Tarso, orou pedindo a Jesus que o socorresse.
Sentiu-se transportado a uma região de indizível beleza, quando vê Estevão e
Abigail indo ao seu encontro. Era o socorro que Jesus lhe enviava. Abigail
traça um programa para o desempenho de sua missão no mundo, que consistia em:
amar, trabalhar, perdoar, esperar.
Em nota de
rodapé, Emmanuel afirma: “Dessa gloriosa experiência, o Apóstolo dos gentios
extraiu novas conclusões sobre suas ideias notáveis, referentemente ao corpo
espiritual”.
Paulo
termina o 12º capítulo reafirmando que falou como insensato, constrangido a
declarar sua condição, ainda que convicto de que nada significava. Pois o
verdadeiro título que o cristão deve aspirar é o de servo de Jesus.
Exortação final
“Examinai-vos
a vós mesmos e vede se estais na fé provai-vos”. (2 Cor 13:5)
Esta
exortação é endereçada a todos os cristãos, pois é preciso efetuar um rigoroso
exame de nossos atos, sentimentos e pensamentos para verificarmos se estamos
vivendo de acordo com os princípios que abraçamos, qual o papel que a fé
desempenha em nossas vidas e se somos meros ouvintes ou se já praticamos o Evangelho.
QUESTÃO
REFLEXIVA
Comente:
“Assim é que, se alguém está em Cristo, nova criatura é”.
Bibliografia
A Bíblia de
Jerusalém.
Kardec,
Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed FEESP.
Miranda
,Hermínio – Cristianismo: a mensagem esquecida.
Xavier,
Francisco C /Emmanuel - Paulo e Estevão.
Xavier,
Francisco C /Emmanuel - Fonte Viva.
Xavier,
Francisco C /Emmanuel – Caminho, Verdade e Vida.
Fonte da
imagem: Internet Google.
Nenhum comentário:
Postar um comentário