Epístola De Paulo Aos Filipenses
INTRODUÇÃO
Em Filipos,
situada na Macedônia, encontrava-se uma igreja muito amada por Paulo. Foi a
primeira igreja fundada por ele na Europa, durante a 2ª viagem missionária.
Desde então os laços mais puros e fraternos estabeleceram-se entre Paulo e esta
comunidade.
Os corações
que ali ele havia conquistado para Jesus testemunharam-lhe verdadeira afeição,
enviando-lhe socorro quando ele estava em Tessalônica, e depois, em Corinto. E
Paulo escreve justamente para agradecer os novos recursos que lhe foram
enviados por Epafrodito.
Sabemos que
Paulo estava preso quando escreveu esta carta, mas há duvidas se ele estava em
Roma, em Éfeso ou em Cesaréia e, portanto, o ano também é incerto.
É a mais
pessoal de todas as suas epístolas. Nela, Paulo discorre sobre a conduta que os
cristãos devem ter neste mundo, como “luz a brilhar no meio das trevas”.
CONTEÚDO
Paulo inicia
a carta, agradecendo a Deus pela fé frutífera que havia entre eles, pela
solidariedade que eles manifestaram para com ele em suas prisões. Expressa o
seu imenso afeto, dizendo: “Deus me é testemunha de que vos amo a todos com a
ternura de Cristo Jesus.” (Fl 1:8), e coloca que em suas orações a Deus, ele
pedia: “... que vosso amor cresça cada vez mais, em conhecimento e em
sensibilidade, a fim de poderdes discernir o que é importante, para que sejais
puros e irreprováveis no dia de Cristo...” (Fl 1:9-10).
Benefícios
proporcionados pelo seu cativeiro, Paulo comenta que as suas prisões e a forma
como ele as vivenciava redundaram em beneficio do Evangelho, pois muitos se
fortaleceram na fé e passaram a divulgar a Boa Nova com mais coragem. Embora
entre estes houvesse quem pregasse Evangelho motivado por inveja, rivalidade,
que importava, no entanto, era que o Cristo era anunciado e isto o alegrava
sobremaneira.
Interessante
notar que hoje, como ontem, nem todos os que falam no Evangelho fazem imbuídos
do sincero propósito de levar esclarecimento e consolo aos outros. Muitos o
fazem por interesses pessoais: orgulho, vaidade, competitividade, ambição,
personalismo. No entanto, a mensagem é divulgada e pode produzir frutos nos
corações alheios, ainda que não tenham produzido frutos naqueles que ministram
os ensinamentos.
O devotamento incondicional de Paulo a
Jesus
“Minha
expectativa e esperança é de que em nada serei confundido, mas com toda a
ousadia, agora como sempre, Cristo será engrandecido no meu corpo, pela vida ou
pela morte. Pois para mim viver é Cristo e morrer é lucro. Mas, se viver na
carne me dá ocasião de trabalho frutífero, não sei bem que escolher. Sinto-me
num dilema: meu desejo é partir e ir estar com Cristo, pois isso me é muito melhor,
mas o permanecer na carne é mais necessário por vossa causa.” (Fl 1:20-24).
De todas as
formas, em quaisquer situações, Paulo haveria de engrandecer a Jesus. O “viver
é Cristo”, aqui ou no mundo espiritual, é o vivenciar os ensinamentos do Mestre
em todos os instantes. O “morrer é lucro”, pois ao partir deste mundo
transitório, Paulo iria ao encontro do Mestre. Então se sente num dilema:
partir ou permanecer no mundo? O desejo era partir, porém o ficar era mais
necessário pela oportunidade de servir a todos. Eis a perfeita compreensão
quanto ao aproveitamento das oportunidades que a vida na Terra proporciona-nos
a cada dia.
A Terra é
escola bendita que enseja múltiplas lições e possibilidades de servir. Feliz
daquele que aproveita a benção de cada dia para produzir frutos de amor e paz,
pois a colheita será farta!
A humildade de Jesus - modelo para os
cristãos
“Tende em vós
mesmo sentimento de Cristo Jesus: (...) Tornando-se semelhante aos homens e
reconhecido em seu aspecto como um homem e abaixou-se, tornando-se obediente
até a morte... Por isso Deus soberanamente o elevou e lhe conferiu o nome que
está acima de todo nome...” (Fl 2:5-9).
Esta
declaração resume o pensamento de Paulo sobre a condição de Jesus. Não obstante
a sua condição de Espírito Puro, Jesus veio até nós e se fez servo de todos. Em
tudo agia conforme a vontade de Deus; humilhou-se e se apagou para que o Homem
se elevasse da “terra para o céu”.
Jesus é
modelo. Em sua grandeza jamais fez distinção entre as pessoas, compartilhou conosco
a condição de humanidade, amou-nos incondicionalmente. E, para nós, se
porventura desejarmos ser superiores aos outros, lembremos a exortação de
Jesus: “No Reino do Céu, o maior é aquele que se fizer menor de todos.” Da
humildade brota a fraternidade, a união e a concórdia.
Eis o apelo
de Paulo: “... pondo-vos acordes no mesmo sentimento, no mesmo amor numa só
alma, num só pensamento, nada fazendo por competição e vanglória, mas com
humildade, julgando cada um os outros superiores a si mesmo, nem cuidando cada
um só do que é Seu, mas também do que é dos outros.” (Fl 2:2-4).
O convite à ação no bem com alegria
“Fazei tudo
sem murmurações nem reclamações. ”(Fl 2: l4).
O que é
murmurar? É falar, em voz baixa, consigo mesmo ou com alguém, em geral, tecendo
comentários negativos, criticas, queixumes.
E o que é
reclamar? Falar em alto e bom som contra tudo aquilo que nos desagrada ou nos
contraria.
Ambos são
verbos que expressam estados de alma negativos, pois implica que estamos
realizando algo a contragosto. Ambos conduzem à maledicência, a rebeldia, a
inquietação, e podem influenciar outros corações.
Muitas
vezes, mesmo entre os tarefeiros, surgem murmúrios e reclamações. Ora, como
procedermos assim quando estamos no desempenho de nossas tarefas perante Jesus?
Não estaríamos sendo ingratos para com aquele que nos permite trabalhar em prol
de nossa melhoria?
Jesus não
impõe a ninguém a condição de servidor. Ele faz-nos um convite, deixando ao
nosso livre-arbítrio a decisão de aceitarmos ou não. Caso digamos: “Sim, Jesus,
eu irei”, que o façamos com alegria e amor, renovando a cada dia o nosso sim,
para que o amor de servir presida-nos as ações.
Seríamos
chamados para semear desanimo ou para semear otimismo, alegria e esperança?
Portanto:
“Fazei tudo sem murmurações nem reclamações, para vos tornardes irreprováveis e
puros, filhos de Deus, sem defeito, no meio de uma geração má e pervertida, no
seio da qual brilhais como astros no mundo, mensageiros da Palavra de Vida.”
(Fl 2:14-16).
Ser
mensageiro da palavra da vida é irradiar a luz do amor, falando através dos
exemplos do coração.
O caminho da redenção
No capitulo
3, a exemplo de outras cartas, Paulo faz advertências contra os falsos
“circuncidados” e salienta a necessidade de se manter firme no esforço de
caminhar na luz do Evangelho, em direção a Jesus. “Cuidado com os cães, cuidado
com os maus operários, cuidado com os falsos circuncidados.” (Fl 3:2).
Paulo
referia-se mais uma vez aos ‘judaizantes’, chamados por ele de maus operários,
pois espalhavam perturbação e confusão entre os cristãos.
Em todos os
tempos, encontramos os adversários do Bem. Ontem, Paulo lutava contra os
‘judaizantes’. Hoje, os maus obreiros continuam a agir em todas as religiões,
constituindo-se em instrumentos das sombras: aqui é alguém que incita os outros
a revolta, ali é aquele que tudo critica, mais além é aquele que desencoraja
tarefas e tarefeiros, que espalha maledicência... São muitos, assim, que
descuidam de si mesmos e através de suas ações revelam quão distantes
encontram-se da prática do Evangelho.
Prosseguindo
na defesa do Evangelho, Paulo esclarece que a verdadeira circuncisão é a do
coração e não a da carne, pois é através do coração que o Homem presta culto a
Deus e não através de preceitos exteriores. Aliás, diz ele, se fosse para
confiar nas exterioridades, ele, pelos títulos conquistados, pela origem, pelo
zelo que demonstrara com a Lei, teria muito mais motivos para se considerar
justo pelas obras da lei. Mas tudo isto ele deixara para trás por amor a Jesus
Cristo.
Qual era o
objetivo de sua vida, qual o alvo para o qual ele marchava dia após dia?
Viver em
Cristo, para Cristo, em direção ao Cristo!
“Não que eu
já tenha alcançado ou que já seja perfeito, mas prossigo para ver se o alcanço,
pois que também já fui alcançado por Cristo Jesus.” (Fl 3:12).
Desde o
momento em que Jesus chamou-o, ele traçou um alvo, o de servi-lo: “Irmãos, não
julgo que eu mesmo tenha alcançado, mas uma coisa digo: esquecendo-me do que
fica para trás e avançando para que está diante, prossigo para o alvo...” (Fl
3:13-14).
Embora ele
chorasse muitas Vezes ante as lembranças amargas que o assaltavam, ou se
defrontasse com as consequências de seus feitos antes da estrada de Damasco,
ele não ficou prisioneiro do passado, paralisado pelo remorso. Convicto do
quanto lhe cabia construir na seara do Mestre, ele assumiu o compromisso de
servir a causa do Bem, com toda a força de sua alma. Em cada dia, em cada
minuto estava a postos para semear onde Jesus o convocasse. Não havia
obstáculos. Não havia a ocasião certa, pois todo minuto era minuto de fazer o
bem. O tempo chamado “hoje” era o tempo por excelência.
Que exemplo
expressivo a ser seguido! Sim, porque todos nós temos um passado de sombras.
Erros, equívocos fazem parte de nossa caminhada. Quando nos aproximamos de
Jesus, compreendendo suas lições, olhamos o que fomos até então e sentimo-nos
arrependidos de tantas coisas! O que fazer?
A resposta
de Paulo é clara: valorizar o tempo da construção, o hoje, e caminhar na
construção do futuro. Quanto ao passado, que possamos consultá-lo para que as
experiências propiciem-nos discernimento no uso do livre arbítrio. Mas
compreendamos, no presente, não só a oportunidade de darmos um passo em direção
ao alvo, mas também de reparar o ontem.
Como
assinala Emmanuel, na lição 50, em “Fonte Viva”: “Na estrada cristã, somos
defrontados sempre por grande numero de irmãos, que se aquietaram à sombra da
improdutividade, declarando-se acidentados por desastres espirituais”.
‘Esqueçamos
todas as expressões inferiores do dia de ontem e avancemos para os dias
iluminados que nos esperam’- eis a essência de seu aviso fraternal a comunidade
de Filipos. Centralizemos nossas energias em Jesus e caminhemos para diante.
“Ninguém
progride sem renovar-se”.
Conselhos e agradecimentos
“... ocupai-vos
com tudo o que é verdadeiro, nobre, justo, puro, amável, honroso, virtuoso ou
que de qualquer modo mereça louvor. O que aprendestes e herdastes, o que
ouvistes e observastes em mim, isso praticai. Então o Deus da paz estará convosco”.
(Fl 4:8-9).
Paulo
termina a carta, agradecendo as dádivas enviadas pelos Filipenses para
socorrê-lo em suas aflições.
Em relação
aos bens materiais, Paulo faz afirmações que nos traçam um programa excelente
para todos que aqui nos encontramos, na condição de usufrutuários dos bens da
Terra, destacando a importância do equilíbrio: “... sei viver modestamente, e
sei como haver-me na abundância; estou acostumado com toda e qualquer situação:
viver saciado e passar fome; ter abundância e sofrer necessidade”. (Fl 4:12).
Assinala
Emmanuel, no livro “Caminho, Verdade e Vida”, lição 29, que: “Raras pessoas se
contentam com material recebido para a solução de suas necessidades, raríssimas
pedem apenas o Pão de cada dia, como símbolo das aquisições indispensáveis. Geralmente,
permanece absorvido pelos interesses perecíveis, insaciado, inquieto, sob o
tormento angustioso da desmedida ambição”.
De fato, se
os recursos são escassos para a solução de suas necessidades, o Homem, em
geral, revolta-se contra Deus. Se os recursos são abundantes, em geral, o Homem
caminha distraído quanto às finalidades da vida. No entanto, a penúria e a
abundancia são condições passageiras que oferecem excelente material educativo
com vistas à aquisição de valores imperecíveis.
Quando o
pensamento de Paulo expressar a nossa própria convicção, a fé que depositarmos
em Jesus tornar-se-á mais importante que a nossa fragilidade. Identificaremos a
nossa fraqueza, mas avançaremos porque confiaremos em Jesus.
“Tudo posso naquele que me fortalece.” (Fl
4:13).
QUESTÃO
REFLEXIVA:
Comentar:
“nada faças por contenda ou por vanglória, mas por humildade”.
Bibliografia
- A Bíblia
de Jerusalém.
- Kardec, Allan - A Gênese - Ed. FEESP.
- Kardec,
Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Xavier,
Francisco C.\Emmanuel - Paulo e Estevão.
- Xavier,
Francisco C.\Emmanuel - Caminho, Verdade e Vida.
- Xavier,
Francisco C.\Emmanuel - Fonte Viva.
- Xavier,
Francisco C.\Emmanuel - Pão Nosso.
Fonte da imagem:
Internet Google.
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