As Epístolas Do Novo Testamento
Introdução
O Novo
Testamento é composto pelos quatro Evangelhos, pelo livro profético do
Apocalipse e pelo conjunto das epístolas.
Epístolas
são cartas que foram escritas por alguns dos apóstolos e seguidores de Jesus,
destinadas aos cristãos. São 21 cartas no total: 14 de Paulo, 2 de Pedro, 3 de
João, 1 de Judas e 1 de Tiago.
Das 14
cartas de Paulo, 1 foi dirigida às comunidades específicas por ele fundadas; 3
epístolas, chamadas pastorais, foram escritas a Timóteo (2) e a Tito (1); e há,
ainda, 1 carta pessoal endereçada a Filêmon.
Muitas
cartas que circulavam pela cristandade, e eram atribuídas aos apóstolos, foram
catalogadas como apócrifas, ou seja, não foram consideradas autênticas pelos
concílios. Exemplos: carta de Paulo aos Laodicenses, correspondência entre
Paulo e Sêneca, epístola de Barnabé, carta de Pedro a Tiago.
AS CARTAS DE PAULO
Noticias da Espiritualidade
Paulo, o
grande apóstolo dos gentios, tinha uma terna solicitude por todos os núcleos
cristãos. Em seu ardor missionário, o intrépido trabalhador, após verificar que
as sementes do Evangelho já haviam germinado em terra fértil, partia em demanda
de outras terras, como dizia ele, para desbravar caminhos e ensolarar corações
com as benesses da Boa Nova.
No entanto,
inúmeras solicitações chegavam de suas igrejas amadas, pedindo a sua presença,
as suas orientações, os seus conselhos. Importante é ressaltar que Paulo, em
seus escritos, refere-se constantemente as igrejas cristãs. Quando usava esse
termo “igreja”, em verdade, estava designando as diversas comunidades cristãs
que haviam se formado.
Conta-nos
Emmanuel, em “Paulo e Estevão”, capitulo VII, 2ª parte, que os assuntos eram
urgentes e variados. Os irmãos carinhosos e confiantes contavam com a sua
dedicação.
Como atender
a todos? Buscava na luz da oração a inspiração necessária... E uma Voz fazia-se
ouvir, trazendo-lhe a solução almejada: “Poderás resolver problema escrevendo a
todos os irmãos em meu nome; os de boa-vontade saberão compreender porque o
valor da tarefa não está na presença pessoal do missionário, mas no conteúdo
espiritual do seu verbo, da sua exemplificação e da sua vida. Doravante,
Estevão permanecerá mais conchegado a ti, transmitindo-te meus pensamentos, e o
trabalho de evangelização poderá ampliar-se em benefício dos sofrimentos e das
necessidades do mundo”.
Assim,
prossegue Emmanuel, começou o movimento dessas cartas imortais, cuja essência espiritual
provinha da esfera do Cristo, através da contribuição amorosa de Estevão.
Embora
destinadas às igrejas específicas, seu conteúdo dirige-se aos cristãos de todos
os tempos. As epístolas não constituem tratados teológicos; na realidade, são escritos
que respondem a situações concretas, fruto das solicitações ou necessidades das
igrejas.
No entanto,
ao lado das respostas as situações específicas, em todas Paulo abordava os
seguintes temas fundamentais:
- a
imortalidade da alma, comprovada pela “ressurreição” de Jesus,
- a Lei do
Amor, revelada pelo Mestre como caminho para Deus,
- a
necessidade da renovação interior como condição essencial para seguir os passos
de Jesus.
Do conjunto
de 14 epístolas, 9 serão abordadas com mais profundidade, em função da
abrangência do programa. Quanto às demais, faremos a seguir uma breve
apresentação.
EPÍSTOLA AOS TESSALONICENSES
Paulo
escreveu duas epístolas aos Tessalonicenses. Escritas em Corinto, por volta de
51 d.C., foram as primeiras epístolas escritas por Paulo e são, provavelmente,
os documentos cristãos mais antigos.
Cartas de
Paulo às comunidades pastorais e pessoal:
Tessalonicences
1 e 2
Colossenses
Coríntios 1
e 2
Romanos
Efésios
Gálatas
Hebreus
Filipenses
Timóteo 1 e
2
Tito
Filêmon
Paulo,
Silas, Lucas e Timóteo deram os primeiros passos para instituir uma comunidade
Crista em Tessalônica, durante a 2ª viagem missionária. Tessalônica era a
cidade mais populosa da Macedônia, até o século III d.C.
O tema
central das duas cartas decorre de questões levantadas pela comunidade sobre a
‘segunda vinda’ do Cristo e o consequente dia do ‘juízo final’.
Neste ponto,
precisamos observar que, especialmente no primeiro século, era corrente a
crença que o Cristo retomaria em breve (segunda vinda).
Em ambas as
cartas, o conteúdo da resposta de Paulo está em conformidade com o Sermão
Profético proferido por Jesus, contido no capitulo 24 do Evangelho de Mateus.
Nestas
epístolas, Paulo enaltece a fé que havia entre eles e procura encorajá-los a
perseverarem, apesar das tribulações; exorta-os, ainda, a prática do bem e,
cada vez mais, a busca do progresso espiritual.
A Primeira Carta
Na
comunidade de Tessalônica, o destino daqueles que haviam morrido antes da
esperada volta de Jesus havia se tornado uma grande preocupação. Então, nesta
1ª Carta, Paulo procura dissipar essa inquietação.
Primeiramente,
Paulo reafirma que a “ressurreição” dos mortos é uma realidade, e, que por
ocasião da segunda vinda de Jesus, tanto os que morreram após se renovarem com
a mensagem do Cristo, assim como os que estavam vivos e praticando os seus
ensinamentos, todos eles se encontrariam com o Mestre e: “assim, estaremos para
sempre com Senhor. Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras” (I Ts
4:17-18).
Não sabemos
quando se dará a vinda de Jesus, diz Paulo: “Portanto, não durmamos, a exemplo
dos outros; mas vigiemos e sejamos sóbrios. Quem dorme, dorme de noite; quem se
embriaga, embriaga-se de noite. Nós, pelo contrário, que somos do dia, sejamos
sóbrios. Revestidos da couraça da fé e da caridade e do capacete da esperança
da salvação.” (I Ts 5:6-8).
A Segunda Carta
Após a 1ª
epístola, ainda havia certa ansiedade quanto à data em que Jesus viria, a qual
se acreditava ser iminente. Este será tema central da 2ª epístola.
“Quanta a
vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e à nossa reunião com ele, rogamo-vos,
irmãos, que não percais tão depressa a serenidade de espírito, e não vos
perturbeis nem por palavra profética, nem por carta que se diga vir de nós, como
se o Dia do Senhor já estivesse próximo.” (II Ts 2:1-2).
Importante
destacar a recomendação de Paulo quanto à necessidade de analisar o conteúdo
das comunicações espirituais à luz dos ensinamentos que ele ministrava
(concordes com as revelações de Jesus) e de rejeitar as comunicações
espirituais, cujo teor se apresentasse divergente destes ensinamentos.
Quando se
daria a vinda do Senhor?
Paulo afirma
que a vinda de Jesus será precedida de muitos sinais: ocorrerá o esfriamento da
fé e, então, Homem tornar-se-á ímpio, ou seja, descrente e impiedoso. E todos
os que se deixarem seduzir pelo ímpio e praticarem a injustiça serão
condenados.
Paulo
alertava para a necessidade da vigilância em relação àqueles que mesmo produzindo
prodígios eram em verdade, falsos profetas.
É importante
ressaltar que a linguagem utilizada para descrever a segunda vinda do Cristo e
o juízo final é simbólica. Daí o imperativo de tirar véu da letra para
interpretar segundo espírito que vivifica, ou seja, buscando a essência espiritual.
O segundo
advento do Cristo e juízo final, temas que estão interligados, foram objeto de
analise de Kardec em “A Gênese”, capitulo XVII, item 45:
“Jesus
anuncia Seu segundo advento, mas não diz que voltará a Terra com um corpo
carnal, nem que o Consolador será personificado n’Ele. Ele se apresenta como
devendo vir em Espírito, na glória de Seu Pai, julgar mérito e demérito, e
recompensar a cada um segundo suas obras, quando os tempos se completarem... ”
E no item 67 afirma:
“A
qualificação de juízo final não é exata, já que os Espíritos passam por
semelhante tribunal a cada renovação dos mundos que habitam, até que tenham
atingido certo grau de perfeição. Não existe, portanto, para falar
propriamente, juízo final, mas Existem juízos gerais em todas as épocas de
renovação parcial ou total da população dos mundos, em consequência das quais
se operam as grandes emigrações ou imigrações de Espíritos”.
EPÍSTOLA AOS GÁLATAS
Logo depois
que Paulo fundou as igrejas da Galácia, os chamados “judaizantes” começaram a
pregar um evangelho diferente dos ensinamentos de Jesus, semeando confusão e
divisão nas comunidades. Os “judaizantes” eram judeus convertidos ao
Cristianismo, que preconizavam a necessidade de submeter os gentios a
circuncisão e a observância da Lei Mosaica.
Em função
disto, Paulo escreveu a epístola aos Gálatas. É uma carta de repreensão, pois
parte dos gálatas estavam sendo desleais ao Evangelho ministrado por ele. Nesta
Carta, Paulo reafirma sua autoridade apostólica, esclarece uma vez mais os
pontos fundamentais do Evangelho e solicita a eles que retomem os seus
ensinamentos.
A divisão
que vinha ocorrendo não se justificava, pois Jesus abolira a separação que
existia entre os homens:
“Não há
judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem, nem mulher; pois todos
vós sóis um só em Cristo Jesus.” ( Gl 3:28).
Jesus
revelou que o plano da redenção, da “salvação” é para todos, pois Deus não faz
distinção entre as pessoas. Com Jesus, compreendemos que se faz necessário
libertarmo-nos de crenças antigas, sobretudo a crença de que simplesmente o
cumprimento de rituais exteriores pode conduzir Homem a Deus: “Pois, em Cristo
Jesus, nem a circuncisão tem valor; nem a incircuncisão, mas apenas a fé agindo
pela caridade”. (Gl 5:6; grifo nosso).
Paulo
conclama os cristãos a edificação do homem novo pela prática da caridade: “Pois
toda a Lei está contida numa só palavra: “Amarás a teu próximo como a ti
mesmo.” (Gl 5:14).
EPÍSTOLA AOS COLOSSENSES
Esta
epístola foi escrita a igreja de Colossas, no vale do Lico, província da Ásia
Menor. Foi escrita de Roma, por volta do ano 61 d.C. Esta comunidade não foi
fundada por Paulo, mas graças aos esforços de Epafras, um de seus colaboradores
que, visitando Paulo, trouxe-lhe noticias do progresso do Evangelho no vale do
Lico. Entretanto, a igreja também sofria a influência de elementos
perturbadores, que poderiam subverter Evangelho.
A carta foi
escrita em resposta a esta necessidade urgente de orientá-los. A perturbação
provinha, uma vez mais, de falsos doutores que, neste caso, estavam misturando
a Lei Mosaica e ao Evangelho uma série de crenças originárias do Paganismo,
como culto aos anjos e as forças cósmicas, a observância concernente ao
calendário com relação às datas de festas, de luas novas, e também sobre regras
alimentares, etc.
Esses
doutores, assim, referendavam a autoridade dos seus ensinamentos nessas
tradições. Eles alegavam que o Homem alcançaria a salvação através da
observância a esses preceitos e práticas litúrgicas e místicas.
Paulo afirma
que Jesus trouxe a reconciliação entre os homens, ensinando que Amor conduz a
Deus:
“Portanto,
assim como recebestes a Cristo Jesus Senhor assim nele andai...” (Cl 2:6).
Em relação àqueles
que prosseguiam insistindo na necessidade do cumprimento de regras exteriores,
Paulo adverte: “Tomai cuidado para que ninguém vos escravize por vãs e
enganosas especulações da ‘filosofia’, segundo a tradição dos homens, segundo
os elementos do mundo, e não segundo Cristo.” (Cl 2:8).
“Tudo isso
está fadado ao desaparecimento por desgaste como preceitos e ensinamentos dos
homens.” (Cl 2:22).
Quanto às
palavras de Jesus, são palavras de vida eterna. Portanto, que: “A Palavra de
Cristo habite em vós ricamente...” (Cl 3:16).
EPÍSTOLA A FILÊMON
A carta foi
escrita entre 58 a 61 d.C, em Roma, onde Paulo encontrava-se preso e foi
endereçado a Filêmon, abastado cristão de Colossas, Nesta carta, Paulo intercede
por Onésimo, escravo de Filêmon, que havia de algum modo lhe causado dano.
De acordo
com as leis que regiam a escravidão, Paulo sabia que Onésimo precisava ser
devolvido ao seu senhor. Na carta, Paulo implora a Filêmon, que perdoe Onésimo,
reconhecendo-o como um irmão na fé e pede que o liberte para que ele pudesse
continuar a servir com ele. A pedido de Paulo, a reconciliação entre Filêmon e
Onésimo deu-se nos princípios do amor e do perdão.
QUESTÃO
REFLEXIVA:
Comente a
importância que tiveram as Cartas de Paulo.
Fonte da
imagem: Internet Google.
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