“O Reino dos Céus é
semelhante a um homem, pai de família, que ao romper da manhã saiu a assalariar
trabalhadores para a sua vinha”. E tendo feito com eles o ajuste de um denário
por dia, mandou-os para a sua vinha. Saiu, ainda, pela terceira hora, e viu
estarem outros na praça, ociosos. E
disse-lhes: ide vós também para a minha vinha e dar-vos-ei o que for justo. E eles
foram. Saiu, porém, outras vezes, pela sexta e pela nona hora do dia; e fez o
mesmo. E tendo ainda saído à undécima hora achou outros que lá estavam, também
desocupados e lhes disse: por que estais vós aqui o dia todo, ociosos?
Responderam-lhe eles: porque ninguém nos assalariou. Ide então vós também para
a minha vinha. Porém, lá no fim da tarde, disse o senhor da vinha ao seu
mordomo: chama os trabalhadores e paga-lhes o jornal, começando pelos últimos e
acabando nos primeiros. Tendo chegado, pois, os que foram ajustados na hora
undécima, recebeu cada um o seu denário. E chegados também os que tinham ido primeiro,
o seu denário. E chegados também os que tinham ido primeiro julgaram que haviam
de receber mais; porém também estes não receberam mais do que um denário cada um.
E ao recebê-lo, murmuravam contra o pai de família, dizendo: Estes, que vieram
por último, não trabalharam senão uma hora e tu os igualastes conosco, que
aturamos o peso do dia e do calor. Porém ele, respondendo a um deles, lhe disse:
Amigo, eu não te faço agravo; não concordaste comigo no preço de um denário
pelo teu dia? Toma o que te pertence e vai-te, que eu de mim quero dar também
este último tanto como a ti. Não é licito fazer o que quero? Acaso teu olho é
mau porque eu sou bom? “Assim, os últimos, serão os primeiros e os primeiros
serão os últimos, pois muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos”.
(Mateus, 20:1-16. Ver também Mt, 22:1-14).
”Parábola da festa de
Núpcias”. Consideramos que nesta parábola, entre outras coisas, o Mestre
aproveita para mais uma vez admoestar os homens sobre o seu inveterado costume
de reparar sempre demais nas coisas que dizem respeito aos outros do que cuidar
das que lhes são próprias. Estamos sempre prontos para superavaliar o nosso
próprio mérito e subestimar o merecimento alheio e parece-nos injustiça que os
outros recebam mais ou tanto quanto nós por um serviço que, na nossa opinião,
executamos tão bem ou melhor do que eles.
Avaliando o nosso
próprio valor, somos invariavelmente levados a exagerá-los perante o mundo, em
detrimento do valor real que muitas vezes possui o nosso semelhante. Por isso, Jesus,
conhecedor profundo de nossas fraquezas, ministra-nos lições que nos alertam e
nos obrigam a considerar melhor o nosso procedimento, ajudando-nos a aceitar sem
revoltas e sem murmurações tudo o que nos couber na vida, pois recebemos sempre
o que melhor nos serve e de acordo com o nosso merecimento.
As reiteradas vezes
que o pai de família, durante as várias horas do dia, desde o amanhecer até a
última hora, sai, para convidar e assalariar novos trabalhadores, devem
significar para nós a constância com que somos chamados a realizar a nossa
tarefa, e o pagamento, sempre de acordo com o nosso esforço, perseverança e
dedicação, nem sempre proporcional ao tempo gasto para executá-la, simboliza as
conquistas definitivas que vamos fazendo, em busca de nosso aperfeiçoamento no
caminho da evolução.
As referências que
notamos no texto evangélico, sobre a hora terceira, hora sexta e hora nona, correspondem,
respectivamente, de acordo com a divisão do dia usada naquele tempo, às nossas
atuais 9 horas, 12 horas e 15 horas do dia, sendo ainda, a undécima hora deles
igual às 17 horas de hoje.
Em face do orgulho que
caracterizava as classes elevadas dos judeus daquela época, objetivava o Mestre
com a sua Doutrina, abater aquele sentimento mau, ao mesmo tempo que animava os
esforços das classes menos favorecidas, enchendo de esperanças e de coragem os
pecadores que se arrependiam, mostrando-lhes, ainda, que a questão não era de
classe, nem de culto ou de nacionalidade, mas sim de trabalho para obter
merecimento recompensado e encorajado, igualmente, os trabalhadores que
tardiamente adquiriam o conhecimento das verdades evangélicas.
Com muito mais
propriedade, ainda, pode a parábola ser explicada através da Lei da Reencarnação,
sendo então fácil aceitarmos a aparente desproporção da paga, visto tratar-se no
caso, de caminheiros da eternidade em diferentes estágios evolutivos, uns mais
e outros com menos realizações trazidas do passado e portadores, portanto, de
necessidades diferentes.
Da mesma forma se
esclarece porque haverá primeiros que serão últimos e últimos que serão primeiros,
pois o que decidirá será a maneira como caminharmos, isto é, se nos esforçamos para
frente, em linha reta, seremos dos primeiros e, no caso contrário, se tomarmos
atalhos tortuosos, seremos dos últimos, não obstante pudéssemos ter sido dos
primeiros, a iniciar a marcha e a adquirir conhecimentos.
Igualmente, muitos
serão chamados de cada vez e todos serão chamados no curso dos tempos, mas,
como é sempre muito grande o número de recalcitrantes e retardatários em relação
aos obedientes e diligentes, acontece que poucos são os escolhidos de cada vez.
BIBLIOGRAFIA:
Xavier, F. C - Roteiro
QUESTIONÁRIO:
1 - Quem são os
trabalhadores da última hora?
2 - O que significa
"os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos"?
3 - Na sua opinião,
qual o principal ensinamento da parábola?
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