“Ninguém acende uma
lâmpada, e a esconde com alguma vasilha, ou põe debaixo da cama; põe-na sim,
sobre um candeeiro, para que vejam a luz aqueles que entram. Porque não há nada
de secreto que não venha a ser descoberto, nem nada oculto que não venha a ser conhecido
e tornado público.” (Lucas, 8:16-17).
Causa estranheza ouvir
Jesus dizer que não se deve pôr a luz debaixo do alqueire, ao mesmo tempo que
se esconde a toda hora o sentido das suas palavras sob o véu de alegoria, que
nem todos podem compreender. Ele se explica, entretanto, dizendo aos apóstolos:
Eu lhes falo em parábolas, porque eles não estão em condições de compreender
certas coisas; eles veem, olham, ouvem e não compreendem certas coisas; assim
dizer-lhes tudo, ao menos agora, seria inútil; mas a vós o digo, porque já vos
é dado compreender esses mistérios.
E procedia, portanto,
para com o povo, como se faz com as crianças, cujas ideias ainda não se encontram
desenvolvidas. Dessa maneira, indica-nos o verdadeiro sentido da máxima: “Não
se deve pôr a candeia debaixo do alqueire, mas sobre o candeeiro, a fim de que
todos os que entram possam vê-la”. Ele não diz que tenhamos de revelar inconsideradamente
todas as coisas, pois, todo o ensinamento deve ser proporcional à inteligência
de quem o recebe, e porque há pessoas que uma luz muito viva pode ofuscar sem
esclarecer.
Pergunta-se que
proveito o povo poderia tirar dessa infinidade de parábolas, cujo sentido estava
oculto para ele. Deve notar-se que Jesus só se exprimiu em parábolas sobre as questões,
de alguma maneira abstratas da sua Doutrina. Mas, tendo feito da caridade e da humildade
a condição expressa de salvação, tudo o que disse a esse respeito é
perfeitamente claro, explícito e sem nenhuma ambiguidade.
Assim devia ser,
porque se tratava de regra de conduta, regra que todos deviam compreender, para
poderem observar. Era isso o essencial para a multidão ignorante, à qual se
limitava a dizer: Eis o que é necessário para ganhar o Reino dos Céus. Sobre
outras questões, só desenvolvia os seus pensamentos para os discípulos.
Estando eles mais
adiantados moral e intelectualmente, Jesus podia iniciá-los nos princípios mais
abstratos. Foi por isso que disse: Ao que já tem, ainda mais se dará, e terá em
abundância. (E.S.E., Cap. XVII,
item 15).
Não obstante, mesmo
com os apóstolos, tratou de modo vago sobre muitos pontos, cuja inteligência
completa estava reservada aos tempos futuros. Foram esses os pontos que deram lugar
a diversas interpretações, até que a Ciência, de um lado, e o Espiritismo, de
outro, vieram revelar as novas leis da natureza, que tornaram compreensível o
seu verdadeiro sentido.
“Ninguém acende a
candeia e a coloca debaixo de um móvel, mas no velador, e assim alumia a todos
os que estão na casa”. – Jesus (Mateus 5:15).
Muitos aprendizes
interpretam semelhantes palavras do Mestre como apelo à pregação sistemática e
desvelaram-se através de veementes discursos em toda parte. Outros admitiram que
o Senhor lhes impunha a obrigação de violentar os vizinhos, através de
propaganda compulsória da crença, segundo o ponto de vista que lhes é
particular.
Em verdade, o sermão
edificante e o auxílio fraterno são indispensáveis na extensão dos benefícios
divinos da fé. Nossa existência é a candeia viva. É um erro lamentável
despender nossas forças, sem proveito para ninguém, sob a medida de nosso
egoísmo, de nossa vaidade ou de nossa limitação pessoal.
Prega, pois, as
revelações do Alto, fazendo-as mais formosas e brilhantes em teus lábios; insta
com parentes e amigos para que aceitem as verdades imperecíveis; mas não
olvides que a candeia viva da iluminação espiritual é a perfeita imagem de ti
mesmo.
BIBLIOGRAFIA:
Kardec, Allan - O
Evangelho Segundo o Espiritismo
Xavier, F. C - Fonte
Viva
QUESTIONÁRIO:
1 - O que significa
colocar a candeia debaixo do alqueire?
2 - Por que devemos
procurar ser criaturas que buscam o aperfeiçoamento para se tornar mais uma luz
no mundo?
3 - Na sua opinião,
como devemos proceder para fazer "brilhar a nossa luz"?
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