IDENTIDADE DOS ESPÍRITOS
Diz Kardec
no item 255 do LM: “A questão da identidade dos Espíritos é uma das mais
controvertidas, mesmo entre os adeptos do Espiritismo. Porque os Espíritos, de
fato, não trazem nenhum documento de identidade e sabe-se com que facilidade
alguns deles usa nomes emprestados”. Diz ele ainda, mais adiante, no mesmo item,
que a questão torna-se mais complexa quando temos de comprovar a identidade de
Espíritos de personalidades antigas, o que muitas vezes é impossível.
De modo
geral, devemos avaliar os Espíritos como avaliamos os homens: pela sua
linguagem, estilo, tendências morais, atos, pelos conselhos dados, etc. Desde
que o Espírito só diga coisas boas e proveitosas, pouco importa o seu nome. É
como nos disse Jesus: “Porque não é boa árvore a que dá maus frutos, nem má árvore
a que dá bons frutos. Portanto cada árvore é conhecida pelo seu fruto” (Lucas,
VI: 43 e 44).
Para um
Espírito superior, o nome que teve em alguma encarnação, ou aquele que lhe
queiramos dar, pouco lhe importa. Devemos compreender que “à medida que os
Espíritos se purificam e se elevam na hierarquia, as características
distintivas de suas personalidades desaparecem, de certa maneira, na
uniformidade da perfeição, mas nem por isso deixam eles de conservar a sua
individualidade.” Um Espírito Superior pode, assim, se apresentar por um nome
conhecido quando pertence ao mesmo grupo dessa personalidade ou nos dando um
“simples indício do lugar que ocupa na Escala Espírita (ver a questão n° 100 do
LE)”.
Muitas
vezes, contrariando os conselhos de Kardec quanto à prudência e ao estudo
sistemático da doutrina para bem avaliarmos as mensagens recebidas, seja pela
psicofonia, psicografia, psicopictografia e etc. ainda nos apegamos a nomes
conhecidos, sem analisarmos o seu conteúdo. Isso demonstra o quanto ainda podemos
ser orgulhosos, porquanto, mesmo que mantenhamos uma relação mediúnica com um
Espírito superior, não significa que também sejamos superiores.
Um médico
trata de um doente, mas não é pelo fato do médico ser importante que o doente o
seja também.
Quando se
trata de identificarmos um Espírito de ordem inferior, o cuidado deve ser
redobrado, pois ele pode fornecer um nome respeitável para se fazer acreditar.
Neste caso, graças aos nomes emprestados e com a ajuda da fascinação que causam
nas pessoas incautas, é que Espíritos imperfeitos (impuros, levianos ou pseudo-sábios)
procuram impor ideias muitas vezes absurdas e ridículas que se espalham no meio
doutrinário.
Na
codificação encontramos inúmeros exemplos de tais comunicações. A título de
ilustração, indicamos a leitura do item “Mensagens apócrifas” do capítulo 32 de
“O Livro dos Médiuns”.
Diz J.
Herculano Pires, em nota de rodapé, do item 257, de LM, que “a identificação
dos Espíritos é feita através da personalidade do falecido. Dados diversos
podem ajudar essa identificação, mas não o seu caráter, os seus modos, os seus
hábitos, todo esse conjunto pessoal que nos prova a sua presença. Exigir a identificação
material é absurdo. Mas quando essa identificação é possível como pelos sinais
digitais, pela forma do rosto ou das mãos impressas no gesso, ou mesmo pela
fotografia ou pela materialização do Espírito, ainda assim os negadores
sistemáticos não a aceitam”.
Um estudioso
de André Luiz, Emmanuel, Humberto de Campos (ou Irmão X), de Bezerra de
Menezes, Maria Dolores e tantos outros Espíritos, saberá distingui-los por suas
características de estilo, formas de linguagem e conteúdo doutrinário.
Pode-se também
colocar entre as provas de identidade a semelhança de caligrafia e de
assinatura, mas, diz Kardec, isso não representa uma garantia suficiente, pois
não são todos os médiuns que apresentam bons resultados, além do que um
Espírito pode imitar a assinatura.
Finalmente,
pode-se dizer que a distinção entre bons e maus Espíritos decorre das próprias
comunicações. “A bondade e a afabilidade são atributos essenciais dos Espíritos
depurados. Eles não alimentam ódio nem para com os homens nem para com os demais
Espíritos. Lamentam as fraquezas e criticam os erros, mas sempre com moderação,
sem amarguras nem animosidades”. Já os Espíritos inferiores geralmente
demonstram seu caráter com trivialidades e expressões baixas.
Nem sempre a
inteligência revela um sinal seguro de superioridade, pois um Espírito pode ser
bom, afável e ter conhecimentos limitados, enquanto que um inteligente e
instruído pode ser moralmente bastante inferior.
De qualquer
forma, pode-se “tomar como regra invariável e sem exceção que a linguagem dos
Espíritos corresponde sempre ao seu grau de elevação”.
Em síntese,
Kardec apresenta no item 267 de “O Livro dos Médiuns”, vinte e seis princípios
que nos auxiliam a reconhecer a identidade e qualidade dos Espíritos. Aqui
transcrevemos alguns:
1° - “Não há
outro critério para discernir o valor dos Espíritos, senão o bom senso”;
2° -
“Julgamos os Espíritos pela sua linguagem e pelas suas ações”;
3° -
“Admitido que os Espíritos bons só podem dizer e fazer o bem, tudo o que é mau
não pode provir de um Espírito bom”;
4° - “A
linguagem dos Espíritos superiores é sempre digna, elevada, nobre, sem nenhuma
mistura de trivialidade”;
5° - “Não
devemos julgar os Espíritos pelo aspecto formal e pela correção do seu estilo,
mas sondar-lhes o íntimo, analisar suas palavras, pesa-las friamente,
maduramente e sem prevenção”;
6° - “A
linguagem dos Espíritos elevados é sempre idêntica, senão quanto a forma, pelo
menos quanto a substancia. As ideias são as mesmas, sejam quais forem o tempo e
o lugar”;
7° - “Os
Espíritos bons só dizem o que sabem, calando-se ou confessando a sua ignorância
sobre o que não sabem”;
8° - “Os
Espíritos levianos são ainda reconhecidos pela facilidade com que predizem o
futuro e se referem com precisão a fatos materiais que não podemos conhecer”;
9° - “Os
Espíritos superiores se exprimem de maneira simples, sem prolixidade. Seu
estilo é conciso, sem excluir a poesia das ideias e das expressões”;
10° - “Os
Espíritos bons jamais dão ordens: não querem impor-se, apenas aconselham e se
não forem ouvidos se retiram”;
11° - “Os
Espíritos bons não fazem lisonjas. Aprovam o bem que se faz, mas sempre de
maneira prudente”;
12° - “Os
Espíritos superiores mantém-se, em todas as coisas, acima das puerilidades
formais. Os Espíritos vulgares são os únicos que podem dar importância a
detalhes mesquinhos, incompatíveis com as ideias verdadeiramente elevadas”;
13° -
“Devemos desconfiar de nomes bizarros e ridículos usados por certos Espíritos
que desejam impor-se à credulidade”;
14° -
“Devemos igualmente desconfiar dos Espíritos que se apresentam com muita
facilidade usando nomes bastante venerados e só com muita reserva aceitar o que
dizem”;
15° - “Os
Espíritos bons são também reconhecíveis pela sua prudente reserva no tocante as
coisas que possam comprometer-nos. Repugna-lhes desvendar o mal”;
16° - “Os
Espíritos imperfeitos aproveitam-se frequentemente dos meios de comunicação de
que dispõem para dar maus conselhos. Excitam a desconfiança e a animosidade
entre os que lhe são antipáticos”;
17° - Para
julgar os Espíritos, como para Julgar os homens, é necessário antes saber
julgar-se a si mesmo”.
Bibliografia:
KARDEC,
Allan. O Livro dos Médiuns: 2ª parte - Cap. XXIV - itens 255 e 256
KARDEC,
Allan. O Livro dos Espíritos: Introdução - itens XII, XIII e XIV
Fonte da imagem: Internet Google.
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