MEDIUNIDADE NAS ARTES, PINTURA – ESCULTURA –
MÚSICA
Allan Kardec,
ao analisar a influência das ideias materialistas nas Artes, afirma que “as
preocupações de ordem material se sobrepõem aos cuidados artísticos” e que a
concentração dos pensamentos sobre as coisas materiais é o resultado da
ausência de toda crença, de toda fé na espiritualidade do ser.
Enfatiza
ainda o Codificador que “As Artes só sairão de seu torpor, quando houver uma
reação, visando as ideias espiritualistas”. Dessa forma, antecipa-se o que se
pode constatar na atualidade, no terreno da Arte Espírita, em suas várias
modalidades, frente a violência humana, refletida nos meios de comunicação, e através
das expressões artísticas mais destacadas, como a música, a pintura, o teatro,
o cinema e a televisão.
Afirma ainda
Kardec, que “é matematicamente exato dizer que, sem crenças, as Artes não tem
vitalidade possível, e toda transformação filosófica acarreta, necessariamente,
uma transformação artística paralela.
Kardec
apresenta três momentos filosóficos e correspondentes a transformações
artísticas, a saber:
1- Época
Primitiva: Arte Pagã, em que se divinizava a perfeição da Natureza. Só
conheciam a vida material.
2- Época da
Idade Média: Arte Cristã, sucedeu a Arte Pagã e representava os sentimentos
atormentados entre o Céu e o Inferno tanto na Pintura, como na Escultura.
Reconhecimento de um poder criador, acima da matéria.
3- Época
Atual: Arte Espírita, em que deverão expressar-se as novas ideias da
imortalidade da alma, da pluralidade das existências ou dos mundos, ainda, da
comunicação com os Espíritos, irá complementar e transformar a Arte Cristã.
Léon Denis,
Cap. 1, diz: “O papel essencial da Arte é expressar a vida com todo poder, sua
graça e sua beleza”.
E é nesse
sentido que comenta o Espírito de Lavater, dizendo:
Não é belo,
realmente belo, senão aquilo que é sempre e para todos. E esta beleza eterna,
infinita, e a manifestação divina sob seus aspectos incessantemente variados; é
Deus em suas obras, em suas leis! Eis a única beleza absoluta. Acrescenta,
ainda: “Nós que progredimos, não possuímos senão uma beleza relativa, diminuída
e combatida pelos elementos inarmônicos de nossa natureza”.
Complementa
Léon Denis, Cap. III, que “o objetivo sublime da criação é a fusão do bem e do
belo. Esses dois princípios são inseparáveis, inspiram toda a obra divina e
constituem a base essencial das harmonias do cosmo”.
Emmanuel, na
pergunta 161 do Livro “O Consolador”, ensina que a Arte é a mais elevada
contemplação espiritual por parte das criaturas. Ela significa a mais profunda
exteriorização do ideal, a divina manifestação desse ‘mais além’ que polariza
as esperanças da alma.
“O artista
verdadeiro é sempre o ‘médium’ das belezas eternas, e o seu trabalho, em todos
os tempos, foi o tanger as cordas mais vibráteis do sentimento humano,
alçando-o da Terra para o infinito e abrindo, em todos os caminhos, a ânsia do
coração para Deus, nas suas manifestações supremas de beleza, de sabedoria, de
paz e de amor”.
Complementa
que “a Arte será sempre uma só, na sua riqueza de motivos, dentro da
espiritualidade infinita, porque será sempre a manifestação da beleza eterna,
condicionada ao tempo e ao meio de seus expositores”.
Há todo um
processo de formação do artista ao longo de sua caminhada evolutiva, que
exterioriza na obra seus sentimentos, seu equilíbrio mental, sua paz, sua
bondade, sua crença.
Por isso,
diz Denis, cap. 1: “quando o Espírito humano encarna na Terra e leva consigo -
seja de suas vidas terrestres, certa noção de ideal estético, tão logo ele
chegue a maturidade na vida terrestre, sua bagagem artística exterioriza-se sob
a forma de inspirações reunidas a uma qualidade mestra que chamaremos de gosto reunido
ao sentido do belo”.
A mesma ideia
transmite Emmanuel, na pergunta 163: “A perfeição técnica de um artista bem
como as suas mais notáveis características não constituem a resultante das
atividades de uma vida, mas de experiências seculares na Terra e na esfera espiritual”.
Este gosto
pela Arte, numa de suas características quaisquer, leva o homem a busca da
inspiração, que é uma forma de mediunidade intuitiva, pela qual o artista entra
em contato com os Espíritos para a realização de seu trabalho. (LM, 2ª Parte, cap.
XXXI, item X)
Nem sempre é
possível distinguir quando o trabalho é do homem ou quando é sugerido pelo
Espírito, nos casos de inspiração, mas, se houver no homem a disposição
orgânica para o exercício da mediunidade, em seu sentido específico, ter-se-á
então, a aplicação da mediunidade nas Artes.
Nestas
condições, o papel do médium não é o de um criador da Arte, mas de um
instrumento para que o Espírito produza o seu trabalho, que será tanto mais
belo quanto mais evangelizado estiver o médium.
A mediunidade
nas Artes revela-se através da escultura, da pintura, da literatura (oratória,
poesia etc.), do teatro ou da música. Diferentes núcleos de estudos têm-se
formado atualmente, em decorrência da divulgação da Doutrina dos Espíritos,
objetivando mostrar os valores da vida espiritual e sua relação com a vida
física.
O teatro,
levado ao público, pelos meios de comunicação eletrônicos, poderia ser um
poderoso meio de educação intelectual e moral, pela elevação do pensamento,
pelos nobres exemplos que a vida real mostra, se para lá fossem levados.
O cinema e a
televisão, através de filmes e novelas poderiam levar ao público um trabalho
mais nobre, digno e educativo, de exemplificação do bem, do trabalho e da busca
de uma vida melhor. A internet surge também como valioso instrumento de
comunicação, educação e auxílio, contribuindo assim, para o progresso intelectual
e moral da humanidade.
A pintura
mediúnica, psicopictografia ou psicopictoriografia, tem se desenvolvido,
ultimamente, com intensidade, talvez devido a apresentação pública de alguns
médiuns, mostrando ao mundo dos homens a intervenção dos Espíritos pintores,
através da mediunidade, e revelando que a vida continua além dos horizontes da
morte.
A Arte não é
um atributo do homem, mas do Espírito imortal. É por isso que na vida
espiritual as artes continuam com toda a sua beleza harmoniosa. Os Espíritos
narram passagens maravilhosas. Em “Chama Eterna”, cap. 15, Luiz Sérgio fala no
Departamento da Arte, dos problemas de relação Espírito-médium.
Allan
Kardec, em diversas passagens da “Revista Espírita”, alude a Arte Espírita,
mas, no nº 5, de maio/1858, entrevista Mozart que, falando de música, diz: “No
planeta onde estou, Júpiter, a melodia está por toda a parte, no murmúrio da água,
no ruído das folhas, no canto do vento; as flores murmuram e cantam; tudo emite
sons melodiosos... A natureza é tão admirável! Tudo nos inspira o desejo de
estar com Deus. Não temos instrumentos; são as plantas, os pássaros, que são os
coristas; o pensamento compõe, e os ouvintes desfrutam sem audição material,
sem o recurso da palavra, e isso a uma distância incomensurável. Nos mundos superiores
isso e ainda mais sublime”.
Em todo o
trabalho mediúnico, no campo da Arte, deve o médium compreender que o trabalho
não é seu, mas do Espírito. Importante, por isso não envaidecer-se de “sua
arte” nem de sua mediunidade, porquanto, se o trabalho é dos Espíritos, a
mediunidade tantas vezes decorre da misericórdia divina.
O
importante, também, é o médium compreender que não deve comercializar a obra,
tirando proveito para si mesmo, mas conduzir todo o resultado pecuniário obtido
para obras assistenciais.
Mais
importante, ainda, é o médium manter-se humilde em relação aos elogios; manso,
em relação às críticas, e perseverante em relação aos princípios basilares do
ensino dos Espíritos, que deve ser divulgado como um corpo doutrinário, sem a
interferência da opinião dos homens.
Em última
análise, deve o médium exemplificar por sua conduta, como homem, e por sua
atividade, como médium sendo, como um verdadeiro representante dos ensinamentos
de Jesus e dos Espíritos.
Escreveu
Meimei (no livro “Sentinela da Alma”) a “Oração do Pintor”, em que conclui:
“Ensina-me o equilíbrio e o respeito aos outros, para que eu apenas crie formas
do bem e para o bem, a fim de que eu possa cooperar na segurança e na ordem, na
serenidade e na alegria permanentes de tua obra, hoje e sempre”.
Bibliografia:
KARDEC,
Allan. Obras Póstumas: Influência Perniciosa das Ideias Materialistas, Sobre as
Artes em Geral
DENIS, Leon.
O Espiritismo nas Artes
XAVIER,
Francisco Candido (Espírito Emmanuel). O Consolador: Pergs. 161 a 172
KARDEC,
Allan. O Livro dos Médiuns: 2ª parte - Cap. XVI - item 19o
KARDEC,
Allan. Revista Espírita: Maio 1858
DUBUGRAS,
Elsie e outros. Renoir, é você?
Fonte da imagem: Internet Google.
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