EVOCAÇÕES DOS ESPÍRITOS - PROIBIÇÕES
Esclarece-nos
Kardec em “O Livro dos Médiuns” que os Espíritos podem se comunicar
espontaneamente ou serem evocados. Contudo, os Espíritos são inteligências
livres e qualquer evocação que lhes desagradem ou que não seja apropriada fará
com que não nos atendam ao apelo.
Mas existem
condições proibidas para a evocação dos Espíritos?
A primeira
questão que podemos abordar é a proibição de Moisés aos hebreus, narrada de
maneira tão clara no Antigo Testamento.
“O homem ou
mulher que tiver Espírito pitônico, morra de morte. Serão apedrejados e o seu
sangue recairá sobre eles”, ameaça Moisés no Levítico, cap. XX, versículo 27.
A proibição
pode ser vista ainda no capítulo XIX, v.31 do mesmo Levítico e no Deuteronômio
(Cap. XVIII vv 9 a 12)
Para
entendermos a posição radical de Moisés, devemos entender o panorama da época.
Recém libertos do cativeiro egípcio, os hebreus haviam adquirido o costume de
interrogar os desencarnados para toda sorte de abusos. “(...) a evocação dos
mortos não se originava nos sentimentos de respeito, afeição ou piedade para com
eles, sendo antes um recurso para adivinhações, tal como nos augúrios e
presságios explorados pelo charlatanismo e pela superstição”, nos diz Kardec em
“O Céu e o Inferno”. As inquirições aos Espíritos ainda eram fonte de comércio,
quando se pagava ao adivinho para ouvir aquilo que se gostaria. Moisés,
conduzindo pelo deserto um povo rebelde e indisciplinado não encontrou outra
maneira senão a de punir com a morte os abusos, já que ali não havia prisões ao
seu dispor. Além disso, o legislador hebreu não poderia permitir que ideias,
costumes e hábitos estranhos ao de seu povo fossem contrários às leis que
implantou a custa do sacrifício dos anos de penúria no deserto.
Chegando à
época de Jesus, é também notório que entre os primeiros cristãos o intercâmbio
com os desencarnados era fato comum. São muitos os relatos das manifestações
mediúnicas no Novo Testamento e o próprio Jesus não comentou nada em relação à
proibição do intercâmbio com os Espíritos. Se as evocações realmente fossem
proibidas, certamente Jesus não teria ficado calado a respeito de assunto tão
importante.
Outrossim, o
que nos demonstram os Evangelhos é que por ser um Espírito puro, Jesus era
dotado de faculdades muito superiores aos dos homens de seu tempo, inclusive,
mantendo uma comunhão constante com os Espíritos. “Estes, muitas vezes,
tornavam-se visíveis ao seu lado. Seus discípulos o viram, assombrados, conversar
um dia no Tabor com Elias e Moisés”.
Um outro
ponto que levantam os contraditores do intercâmbio mediúnico é o de que as
evocações seriam falta de consideração para com os mortos, constituindo mesmo
uma profanação. “Profanação haveria se as evocações fossem feitas com
leviandade”, nos esclarecem os Espíritos.
O
Espiritismo, resgatando nos tempos modernos o Evangelho de Jesus, também não
recomenda evocar os Espíritos com as mesmas motivações condenadas por Moisés.
Recomenda-nos sim alguns critérios e cuidados a serem tomados, salientando a
importância das comunicações como instrução e consolo dos sofrimentos.
“Se essa
comunicação existe, deve ter sua utilidade, porque Deus não faz nada de inútil;
ora, essa utilidade ressalta não só desse ensinamento, mas ainda e, sobretudo
das consequências desse ensino”, diz Kardec.
Frequentemente,
nas reuniões regulares, apresentam-se espontaneamente Espíritos que já estão
habituados a própria regularidade dessas sessões. Emmanuel diz preferir esse
tipo de manifestação, contudo Kardec nos recomenda a evocação, como forma de
controlar com maior rigor as manifestações.
Segundo
Kardec, qualquer Espírito pode ser evocado. Porém, nem sempre poderá atender ao
nosso chamado, pois, mesmo que queira, pode ser impedido por motivos que
desconhecemos ou por não ter a permissão de um poder superior. Ainda pode não
se comunicar instantaneamente conosco por estar ocupado ou por alguma missão
que desempenha.
Outro fator
que pode impedir a manifestação de um Espírito diz respeito à condição do
médium, do evocador, ao meio em que se faz a evocação e ao seu intuito. Aqui,
vale a regra de sempre das comunicações mediúnicas: o Espírito ira preferir o
médium com o qual mais se identifique, seja quanto as condições materiais como
nas morais.
O cuidado
que o médium deve tomar sempre nas evocações de interesses privados é o de
evitar transformar-se em instrumento de consultas ou, como Kardec aponta, um
“ledor de sorte”. Não se deve, sob pretexto algum, prestar-se a uma evocação
dessas ao perceber-se curiosidade, questões improdutivas e qualquer outro tópico
que fuja do que se propõe racionalmente aos Espíritos, enfim, quando não
percebemos um objetivo sério por parte do evocador.
Os Espíritos
ainda relacionam, na questão 282 de “O Livro dos Médiuns”, algumas situações
que podem impedir que um Espírito atenda a uma evocação e outras em que não se
deve fazê-la:
Espíritos
que pertencem a mundos inferiores à Terra não podem jamais se comunicar, por
não disporem de meios de comparação para poderem exprimir-se;
Um
Espírito pode não ter permissão para se comunicar como punição ou prova para
ele ou para a pessoa que o evoca;
Os
Espíritos atendem com maior facilidade a pensamentos simpáticos e benevolentes
do evocador. Pensamentos mal dirigidos não atingem o alvo e se o evocador é
indiferente ou antipático ao Espírito, este não atende ao apelo;
Um
Espírito pode negar-se a responder a uma questão, porém, se é inferior pode ser
constrangido a se manifestar por um superior a ele;
Devemos
evitar evocar um Espírito no momento da sua morte. A esta questão, os Espíritos
respondem no item 33 que podemos evocá-lo, porém, sua resposta será muito
imperfeita, por causa do período de perturbação. Adicionam, porém, no item
seguinte, que para alguns a evocação os ajudaria a sair da perturbação;
A
encarnação pode dificultar a evocação de um Espírito. Somente podem atender
aqueles em que a condição corpórea facilite o desprendimento no momento da
evocação ou ainda se estiverem encarnados em um mundo superior, onde os corpos
são menos materiais que no nosso;
Não
podemos evocar também Espíritos que ainda estejam no ventre materno, por
estarem na perturbação que antecede o nascimento, o que lhes tira a consciência
de si mesmos;
E não devem
ser evocadas pessoas vivas nessas condições: crianças em tenra idade, pessoas
gravemente doentes e os velhos enfermos. É sempre inconveniente a evocação de
vivos que estejam com o corpo físico debilitado.
De qualquer
maneira, em qualquer intercâmbio mediúnico, o mais importante é que qualquer
evocação deve ser levada a sério e nunca deve ser encarada como simples
fórmula. E ainda não nos esquecermos de que os Espíritos não são joguetes,
subjugados aos nossos interesses mais pueris.
Bibliografia:
KARDEC,
Allan. O Livro dos Médiuns: 2a parte, Cap. XXV (Das Evocações) nos 269, 270 a
275, 281 e 282 - item ll
KARDEC,
Allan. O Céu e o Inferno: Cap. XI: Da Proibição de Evocar os Mortos
KARDEC,
Allan. O Livro dos Espíritos: questão 935
KARDEC,
Allan. Revista Espírita: Dezembro de 1863
XAVIER,
Francisco Candido (Espírito Emmanuel). O Consolador: Perg. 369
DENIS, Leon.
Cristianismo e Espiritismo: Capítulo V
BÍBLIA
SAGRADA. Antigo Testamento: Levítico, Cap. XX, v.27 - Cap. XIX, v.31 e
Deuteronômio - Cap. XVIII, vv 9 a 12.
Fonte da imagem: Internet Google.
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