A LEI DIVINA OU NATURAL
CARACTERES, DIVISÃO E CONHECIMENTO DA LEI
DIVINA OU NATURAL - O BEM E O MAL
Caracteres
da Lei Natural:
O que se
deve entender por lei natural?
- A lei
natural é a lei de Deus. É a única verdadeira para a felicidade do homem; ela
lhe indica o que deve ou não fazer; e ele é infeliz somente quando se afasta
dela. (LE, questão 614).
Todos os
fenômenos, físicos e espirituais, regem-se por leis soberanamente justas e sabias,
seja no nosso mundo, seja fora dele e em todo o Universo. Tais leis formam, em
seu conjunto, o que conhecemos como Lei Divina ou Natural, que é eterna e
imutável como o próprio Deus.
Embora
possamos pensar, em razão de uma análise superficial, que a Lei Divina sofra
transformações, ela não é mutável. Só as leis estabelecidas pelo homem é que o
são, porque são leis imperfeitas e sujeitas as modificações inerentes ao
progresso.
À medida que
os seres humanos evoluem, quer moralmente, quer intelectualmente, compreendem
melhor a Lei Natural e passam a reformular antigos conceitos. Para isso, no
entanto, fazem-se necessárias numerosas existências corporais, até que cheguem
à categoria de Espíritos Superiores ou a categoria de Espíritos Puros, quando
reunirão os conhecimentos indispensáveis a esse mister.
Divisão da
Lei Natural:
A Lei
Natural abarca dois tipos principais de leis:
I. As leis físicas, que regulam o
movimento e as relações da matéria bruta e cujo estudo pertence ao domínio da Ciência
propriamente dita.
II. As leis morais, que dizem respeito
ao homem considerado em si mesmo e em suas relações com o Criador e com os seus
semelhantes.
Apesar de a
Lei Natural compreender tudo o que existe na obra da criação, a maioria dos
homens; no estágio evolutivo em que nos encontramos, não a conhece bem. É por
isso que em todas as épocas da história humana tem Deus enviado ao planeta
Espíritos missionários que, reencarnados nas diferentes áreas do saber, vêm até
nós para no-la ensinar.
Desde as
épocas mais remotas a Ciência tem-se dedicado exclusivamente ao estudo dos
fenômenos do mundo físico, suscetíveis de serem examinados pela observação e
pela experimentação, deixando a cargo da Religião o trato das questões
metafísicas e espirituais.
Com o
progresso intelectual verificado nos últimos tempos ocorreu um distanciamento
pronunciado entre a Ciência e a Religião, coisa que não deveria se dar, porque
ambas são expressões da Lei Natural, a que todos nós estamos submetidos.
Quanto mais
o homem desenvolve suas faculdades intelectuais e aprimora suas percepções
espirituais, tanto mais ele se vai inteirando de que o mundo físico, esfera de
ação da Ciência, e a ordem moral, objeto especulativo da Religião, guardam
intimas e profundas relações, concorrendo ambas para a harmonia universal, mercê
das leis sábias, eternas e imutáveis que os regem; como sábio, eterno e
imutável é o Seu legislador.
É assim que
podemos verificar, sobretudo nos últimos anos, que a importância de
determinados valores especialmente caros a ideia religiosa - como o afeto, a
religiosidade, o amor e a solidariedade - tem sido comprovada por meio de
pesquisas realizadas por vultos eminentes da Ciência terrena, fato que concorre
para que se concretize um dia, que não esta distante, a aliança entre a Ciência
e a Religião, antevista por Allan Kardec na passagem seguinte:
“São
chegados os tempos em que os ensinos do Cristo devem ter a sua execução; em que
o véu propositadamente lançado sobre alguns pontos desses ensinos deve ser
erguido; em que a Ciência, deixando de ser exclusivamente materialista, tem de
levar em conta o elemento espiritual, e em que a Religião, deixando de ignorar
as leis orgânicas e imutáveis da matéria, reconheça que estas duas forças se
amparam uma a outra e seguem harmonicamente, prestando-se mútuo auxílio. A
Religião, já não sendo mais desmentida pela Ciência, adquirirá então uma força
invulnerável, porque estará de acordo com a razão e terá a seu favor a
irresistível lógica dos fatos.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. 1,
item 8).
Conhecimento
da Lei Natural:
O
Conhecimento da Lei Divina ou Natural faz parte do progresso espiritual do
homem. Revelada através dos tempos gradualmente, não se submete as injunções
transitórias das paixões humanas, que sempre desejaram padronizá-las à sua
própria vontade, submetendo-a a sua desonesta determinação.
Rodolfo
Calligaris, no seu livro “As Leis Morais”, no capítulo “As leis morais da
vida”, nos ensina que: “Ninguém contesta ser absolutamente indispensável habituar-nos
pouco a pouco, com a intensidade da luz para que ela nos deslumbre e nos deixe
cegos. A verdade, do mesmo modo, para que seja útil precisa ser revelada de conformidade
com o grau de entendimento de cada um de nós; daí não ter sido imposta. Ela
sempre está ao alcance de todos, igualmente dosada”.
Por outro
lado não basta que apenas nos informemos a respeito da lei divina. E necessário
que a compreendamos no seu verdadeiro sentido, para que possamos observá-la.
Todos podem conhecê-la, mas nem todos a compreendem. Os homens de bem e os que
se decidem a investigá-la são os que melhor a compreendem. Todos, entretanto, a
compreenderão um dia, porquanto forçoso é que o progresso se efetue.
Por
compreender isso foi que Paulo, em sua primeira epístola aos Coríntios (13:11),
se expressou desta forma:
“Quando eu
era menino, falava como menino, julgava como menino, discorria como menino; mas
depois que cheguei a ser homem feito deixei de lado as coisas que eram de
menino”.
Eis aqui,
outra contribuição do Espiritismo a humanidade, pois segundo ensinamentos, em
todas as épocas e em todos os quadrantes da Terra, sempre houve homens de bem
inspirados por Deus para auxiliarem a marcha evolutiva da humanidade. Dentre
todos, porém, foi Jesus o modelo da misericórdia divina.
O Bem e o
Mal:
Conceito:
Bem - Designa, em geral, o acordo entre
o que uma coisa é com o que ela deve ser. É a atualização das virtualidades
inscritas na natureza do ser. Relaciona-se com perfeito e com perfectibilidade.
Segundo o Espiritismo, tudo o que está de acordo com a lei de Deus.
Mal - Para a moral, é o contrario de
bem. Aceita-se, também, como mal, tudo o que constitui obstáculo ou contradição
a perfeição que o homem é capaz de conceber, e, muitas vezes, de desejar.
Segundo o Espiritismo, tudo o que não está de acordo com a lei de Deus.
Na questão
629 de LE, os Espíritos nos apresentam a definição de moral: “A moral é a regra
de conduta e, portanto da distinção entre o bem e o mal. Funda-se na observação
da lei de Deus. O homem se conduz bem quando faz tudo tendo em vista o bem e
para o bem de todos, porque então observa a lei de Deus”.
O escuro é
ausência da luz. “Faça-se a luz e a luz se fez” (VT, Genesis, cap.1); a
infelicidade é a ausência da felicidade; o frio é a ausência do calor, o mal é
a ausência do bem, assim como ódio é a ausência do amor; portanto, não existem
a escuridão, a infelicidade e o mal e muitos menos o ódio. Podemos ter certeza
que nossos inimigos são aquelas pessoas que ainda não descobriram que nos amam.
De acordo
com a Doutrina Espírita, o problema do bem e do mal está relacionado com as
leis de Deus e o progresso alcançado pelo Espírito ao longo de suas varias
encarnações.
Muitos
pensam que Deus, que é o criador do mundo e de tudo o que existe, também é o
criador do mal. Para tanto, as religiões dogmáticas elaboraram uma série de
raciocínios sobre a demonologia, ou seja, o tratado sobre o diabo. Baseando-nos
nessas imagens, seriamos forçados a crer que existem dois deuses,
digladiando-se reciprocamente. A lógica e os ensinamentos espíritas
apontam-nos, porém, para a existência de um único Deus, que é a inteligência
suprema, causa primária de todas as coisas. Como um de seus atributos é ser
infinitamente bom, Ele não poderia conter a mais insignificante parcela do mal.
Assim, Dele não pode provir à origem do mal.
Mas o mal
existe e deve ter uma origem.
O mal existe
e tem uma causa. Há, porém, males físicos e morais. Há os que não se pode
evitar (flagelos) e os que se podem evitar (vícios).
Porém, os
males mais numerosos são os que o homem cria pelos seus vícios, os que provém
do seu orgulho, do seu egoísmo, da sua ambição, da sua cupidez, de seus
excessos em tudo.
No que tange
aos flagelos naturais, o homem recebeu a inteligência e com ela consegue
amenizar muito desses problemas.
No sentido
moral, o mal só pode estar assentado numa determinação humana, que se
fundamenta no livre-arbítrio.
Enquanto o
livre-arbítrio não existia, o homem não cometia o mal, porque não tinha
responsabilidades pelas suas ações. O livre-arbítrio é uma conquista do
Espírito e, consequentemente gera nossas escolhas.
Não podemos
esquecer que “fazer o bem não é apenas ser caridoso, mas ser útil na medida do
possível, sempre que o auxilio se faça necessário”. (LE questão 643).
Allan Kardec
diz acertadamente que toda religião que não melhora o homem não atinge a sua
finalidade. A pureza verdadeira é sempre a pureza moral, a única que aprimora o
Espírito.
BIBLIOGRAFIA:
KARDEC,
Allan - O Livro dos Espíritos, Livro 3°, cap. I, questões 614 e 647/648;
KARDEC, Allan - A Gênese - cap. III,
itens 1 a 10; cap. XI, itens 33e 34; cap. XV item 2;
KARDEC,
Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap. XV, itens 4, 5 e 6; cap. XVII,
itens 1 a 3 e 7;
Fonte da imagem: Internet Google.
Nenhum comentário:
Postar um comentário