CREMAÇÃO - DOAÇÃO DE ÓRGÃOS E TRANSPLANTES
Uma vez
ocorrida a morte, que destino dar ao corpo que já não pode entreter a vida?
Enterrá-lo ou cremá-lo, são as alternativas mais comuns.
Hoje está em
evidência a questão da doação e transplantes de órgãos, que ajudam a prolongar
a vida daqueles que dependem desse gesto para sua sobrevivência. Pode-se, até
mesmo, pensar na doação de todo o corpo para estudos científicos, mais
comumente nos cursos de Medicina.
Remontando
aos fatos históricos, percebemos diversas formas de tratar os mortos. Diz-se
que os gauleses abandonavam os corpos de seus soldados mortos no campo de
batalha, para espanto dos povos com que travavam confrontos, visto que só se
importavam com a alma. O costume no Ocidente, porém, é de sepultar o corpo, no
processo também chamado de inumação (do latim in- em e húmus - terra, chão).
Trata-se, na verdade, de um hábito muito antigo que remonta a pré-história, há
cerca de 30.000 anos, quando criou-se todo um ritual de sepultamento, o que
demonstra que o homem daquele período, de alguma forma, já pensava na vida de além-túmulo.
A cremação é
um costume antigo do homem. Segundo estudos arqueológicos, foi no Período
Neolítico (a Idade da Pedra Polida), por volta 12.000 a 4.000 a.C, que o homem
começou a incinerar os corpos de seus mortos, em uma ou outra comunidade. Na
Idade dos Metais (de 6,5 mil anos a 5,5 mil anos atrás), passou-se a
disseminação mais ampla desse costume.
Habito mais
comum em povos do Oriente, principalmente na Índia e no Japão, no Ocidente,
porém, a cremação é adotada mais como uma opção, por falta de espaço nos
cemitérios ou pela crescente conscientização ecológica.
Segundo o
posicionamento da doutrina espírita, a cremação nada tem de prejudicial ao
Espírito, visto que apenas o corpo é consumido pelo fogo, depois de observados
todos os tramites legais para o ato e o tempo de espera, que varia de 24 a 72
horas, em média. O processo de desligamento do Espírito, em relação ao corpo
biológico, tem início, como revelam os Espíritos a Kardec, algum tempo antes do
suspiro final e se faz gradualmente. Nunca é uma separação brusca, pois
acontece como na ocasião da união do Espírito ao corpo, no momento da
encarnação, se operando célula a célula.
O que pesa
na escolha da cremação é levar o apego do indivíduo a matéria, sua formação
cultural e religiosa, isto é, a maneira como encara a morte. Na verdade, o
corpo sem vida orgânica não transmite nenhuma sensação física ao Espírito e
qualquer reflexo que esse sinta, em razão da cremação, será de ordem moral e
não material. É certo que alguns Espíritos ficam mais tempo “ligados” ao corpo
que deixaram, muitas vezes acompanhando até mesmo o processo de sua
decomposição. Contudo, essa ligação é apenas mental.
Se o indivíduo
valoriza mais a vida material que a espiritual, mesmo que for enterrado, muitas
vezes, se acreditará ainda encamado, experimentando as sensações do esgotamento
das forças vitais. Assim, toma-se fundamental a preparação para a morte, como
faziam os antigos egípcios, desde o nascimento do ser. É necessário um esforço
de auto renovação, assim como a prática desinteressada do bem. Além disso, o
decidido desapego, ainda em vida, das ligações materiais, será essencial para a
opção da cremação, não deixando dúvidas quanto ao que se deve fazer do corpo
após a morte.
Os relatos a
respeito dos transplantes também são antigos apesar de serem creditados a
lendas e tradições sem registro científico. Na Bíblia (Gênesis, 2:21-22) Adão aparece
como o primeiro doador. Outro relato conhecido é o dos irmãos gêmeos Cosme e
Damião. Conta-se que por volta de 300 d.C, transplantaram a perna de um soldado
negro recém morto em um idoso branco que havia perdido a perna no mesmo dia.
Passaram a história como mártires e posteriormente foram considerados santos
pela Igreja por nada cobrarem de seus pacientes além de combaterem os deuses
pagãos foram perseguidos julgados e executados pelo Imperador romano
Diocleciano.
Na atual
legislação brasileira é a Lei n 9.434 de 04.02.97, que dispõe sobre a doação de
órgãos e transplantes.
Foi
posteriormente alterada pela Lei no 10.211 que determinava que a manifestação
do desejo de doação constasse na Carteira de Identidade Civil e na Carteira
Nacional de Habilitação tal modificação perdeu sua validade em 22.12.2000 –
portanto, hoje, a doação pós-morte só pode ser realizada com a autorização
familiar.
Os
transplantes começaram a ganhar importância, nos tempos atuais com o primeiro
transplante de coração realizado pelo Dr. Cristian Barnard, na Cidade do Cabo
(África do Sul) em dezembro de 1967 surgindo daí a discussão dos aspectos
científico, ético e moral que envolve a questão. Enfrentou-se em primeiro lugar
o problema da rejeição do organismo do receptor em relação ao órgão transplantado
A ciência desde então desenvolveu novas técnicas e drogas anti rejeição bem
sucedidas na maioria dos casos.
Hoje, porém
as preocupações da sociedade concentram-se mais nos aspectos éticos da questão
principalmente no que diz respeito ao diagnóstico de morte. Do ponto de vista
científico é a morte encefálica que define o quadro de irreversibilidade de uma
enfermidade levando o indivíduo em pouco tempo a falência múltipla dos órgãos.
Nesse caso não há qualquer esperança de retorno a vida. E a possibilidade de
erro de diagnóstico e remotíssima, em face do progresso da ciência médica que
tem por meta aplicar todos os meios ao seu alcance para dilatar a vida.
A Doutrina
Espírita define a causa da morte como “a exaustão dos órgãos” (L.E. questão
68). É a morte, propriamente dita, bem definida por Allan Kardec “é apenas a
destruição do corpo” (L.E. questão 155-a). Contudo enquanto o corpo puder
servir aos fins para os quais foi criado são sempre louváveis a doação e o
transplante, até porque não acarreta nenhum dano ao perispírito do doador, que
passa para o mundo espiritual íntegro.
Aliás, a
doação só traz benefícios ao doador pela alegria e gratidão do receptor e de
seus familiares, em relação ao prolongamento de sua vida e pelo fim de seus
sofrimentos orgânicos. Trata se de um ato de caridade: um gesto de amor ao
próximo acima de tudo.
Kardec
lembra que “as descobertas da ciência glorificam Deus, em lugar de rebaixá-Lo;
elas não destroem senão o que os homens construíram sobre as falsas ideias que
eles fizeram de Deus” (A Gênese Cap. I, Item 55)
A ciência
busca continuamente a melhoria da vida do homem na Terra e os transplantes de
órgãos são um exemplo disso. Ademais, sabemos que nada é obra do acaso, e em
tudo temos as Leis Naturais que regulam o funcionamento do Universo. Assim é
que nos cabe fazer a nossa parte no auxílio ao próximo, à luz do Evangelho de
nosso Divino Mestre Jesus.
FIXAÇÃO DO
APRENDIZADO
1) A
cremação pode trazer algum prejuízo ao Espírito? Quais cuidados devemos ter
para realizá-la?
2) Como
preparar-nos bem para a morte física?
3) Por que a
doação de órgãos é um ato de amor?
BIBLIOGRAFIA
PEREIRA,
W.A. História dos Transplantes. 3 ed.
Fonte da imagem: Internet Google.
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