SONAMBULISMO
Visão
Cientifica - Visão Espírita - Participação
do Perispírito no Sonambulismo
Sonambulismo e Mediunidade
Visão
Científica
Sonambulismo
[do latim somnus= sono e ambulare= marchar, passear.
Sonâmbulo
[do francês somnambule] - Pessoa em estado de sonambulismo, podendo
levantar-se, andar e falar durante o sono.
O
sonambulismo, conhecido também como noctambulismo, segundo a Medicina, é um
transtorno classificado como uma parassonia do sono: manifestação noturna em
forma de movimentos anormais durante o sono, resultando em interrupções do
mesmo. São exemplos de parassonia o despertar confusional, o terror noturno, o
sonambulismo, os pesadelos, os distúrbios alimentares noturnos, entre outros.
O
conhecimento sobre parassonias expandiu-se muito nos últimos anos. Foram
identificados novos transtornos, registrando-se a ocorrência de transtornos
conhecidos mais frequentemente numa faixa etária mais larga e com consequências
mais sérias do que previamente se pensava. As parassonias podem causar traumatismos
relacionados ao sono e promover sofrimento psicológico pela perda repetida do
autocontrole durante o sono.
O
diagnóstico das parassonias é realizado através do uso de entrevista clínica,
(as informações do paciente podem esclarecer o diagnostico e levar ao
tratamento apropriado) e da polissonografia, ou seja, monitorização fisiológica
do sono. Em adultos, as parassonias costumam ser mal diagnosticadas e tratadas inadequadamente
como distúrbios psiquiátricos.
O
sonambulismo ocorre durante os estágios do sono denominados 3 ou 4, chamados
sono de ondas lentas. O sono tem cinco estágios durante os quais as ondas
cerebrais diminuem de intensidade até atingir um profundo estado de relaxamento.
A baixa atividade se mantém no hipotálamo, ligado a consciência, e no córtex cerebral,
que controla os movimentos do corpo. No caso dos sonâmbulos, essas ondas,
vindas de uma área do cérebro chamada ponte, são irregulares. Por isso não
cumprem a contento a função de inibir a região motora.
Como as
áreas motoras permanecem ativas, o sonâmbulo levanta da cama e pode andar,
urinar, comer, realizar tarefas comuns e mesmo sair de casa, enquanto permanece
inconsciente e sem possibilidade de comunicação, pois a área relacionada à
consciência, no hipotálamo, se mantém quase inativa. E isso explica porque quem
sofre desse distúrbio não percebe o que faz e nem se lembra de nada no dia
seguinte.
Os episódios
de sonambulismo geralmente emergem 15 minutos a duas horas depois do inicio do
sono, embora possam ocorrer em qualquer momento durante o sono. A duração dos
episódios poderá variar amplamente.
Algumas
características são comuns entre os sonâmbulos, tais como:
Manter os
olhos abertos durante o sono: falar durante o sono, de maneira incompreensível
e sem propósito; ter uma expressão facial indiferente; sentar-se e parecer
despertar durante o sono; caminhar ou realizar outras atividades detalhadas
durante o sono, de qualquer tipo, sem lembrança do evento ao despertar, além de
cena de confusão e desorientação ao despertar.
Ocorre
sonambulismo sem traumatismos com igual frequência em ambos os sexos, mas o
sonambulismo com traumatismos é mais predominante no sexo masculino. Já foram
relatados casos de sonambulismo homicida, quando o sonâmbulo apresentou
comportamento agressivo com manejo de armas (facas, revólveres); outras vezes
há a perda do senso crítico (sair pela janela do quarto, andar sem destino por
grandes distâncias) que podem resultar em trauma inadvertido ou morte para si
ou outros.
É mais comum
a ocorrência do sonambulismo em crianças e adolescentes. Habitualmente, são
episódios isolados. Dentre as crianças entre 5 e 12 anos de idade, estima-se
que 15 a 40% tenham apresentado algum episódio de sonambulismo, pelo menos uma
vez na vida. A maior Parte das crianças sonâmbulas deixa de apresentar este
comportamento a partir da adolescência. Em crianças, a causa habitualmente é
desconhecida, mas o sonambulismo também pode estar relacionado com a fadiga,
privação de sono ou ansiedade.
Dentre os adultos,
as pesquisas estimam que 0,5 a 2,5% apresentaram ou apresentam episódios de
sonambulismo, que pode estar associado habitualmente a distúrbios neurológicos,
psiquiátricos, estresse, apneia do sono obstrutiva, movimentos periódicos das
extremidades, crises noturnas, doença febril e uso ou abuso de álcool.
Outros
fatores de risco incluem privação do sono, gravidez, menstruação e medicamentos
específicos, incluindo psicotrópicos (carbonato de lítio e agentes com efeitos
anticolinérgicos). Em idosos, o sonambulismo pode ser sintoma de uma síndrome
cerebral orgânica.
A causa do
sonambulismo é desconhecida da Ciência e não há tratamento que gere cura eficaz
até o momento. Muitos pesquisadores atribuem como uma das causas o nervosismo
ou o medo, mas ainda não há nada comprovado neste sentido.
Há algumas
orientações preventivas, caso haja predisposição ao sonambulismo, como evitar o
consumo de álcool ou agentes depressores do SNC (Sistema Nervoso Central);
evitar a fadiga, a insônia, o estresse e a ansiedade, que podem agravar o
distúrbio.
Habitualmente
não é necessário nenhum tratamento especifico para o sonambulismo. Podem ser
necessárias medidas de segurança, para impedir a ocorrência de lesões, como: a
modificação do ambiente, mudando objetos como fios elétricos ou moveis para
reduzir tropeções e quedas. Pode ser necessário bloquear as escadas com um
portão. Em alguns casos, os tranquilizantes de curta duração têm sido úteis
para reduzir a incidência do sonambulismo. Se este for acompanhado por outros
sintomas, for frequente ou persistente e/ou incluir atividades potencialmente
perigosas, o sonâmbulo deve ser submetido à avaliação médica mais rigorosa. Se
o sonambulismo for frequente ou persistente, pode ser apropriado um exame para
excluir outros distúrbios, como convulsões. Também pode ser apropriado
submeter-se a uma avaliação psicológica, para determinar causas como ansiedade
excessiva ou estresse, ou a uma avaliação clinica, para excluir outras causas.
Visão Espírita do Sonambulismo
A Doutrina
Espírita considera o sonambulismo como um fenômeno de emancipação da alma, tal
como o êxtase, a dupla vista, os sonhos, etc. Estes fenômenos são naturais,
sempre existiram e comprovam a existência da alma, pois esta se manifesta
independentemente da atividade corpórea.
O corpo pode
viver, enquanto está ausente o Espírito, pois vive a vida orgânica, que
independe do Espírito, embora permaneça ligado a este pelo cordão fluídico. Não
é necessário o sono completo para a emancipação do Espírito, quando os sentidos
entram em torpor o Espírito recobra a sua liberdade. Os órgãos materiais, achando-se
de certa forma em estado de catalepsia, deixam de receber as impressões
exteriores e com a prostração das forcas vitais, o Espírito se desprende,
tomando-se tanto mais livre, quanto mais fraco for o corpo. Para se emancipar,
aproveita todos os instantes de inatividade que o corpo lhe concede. É um
estado de emancipação da alma mais completo do que o sonho, que pode ser
considerado um sonambulismo imperfeito. A manifestação ocorre, sobretudo
durante o sono, quando o Espírito pode deixar provisoriamente o corpo, que se
acha entregue ao repouso indispensável à matéria. Geralmente, o Espírito,
preocupado com algo, se entrega a alguma ação que exige o uso do seu corpo, do
qual se serve como se empregasse uma mesa ou qualquer outro objeto material.
O
sonambulismo pode ser espontâneo, produzindo-se naturalmente e sem influência
de nenhum agente exterior ou artificial ou o que é provocado por emanação
magnética, conhecido como sonambulismo magnético.
No
sonambulismo há uma maior lucidez da alma, porém o esquecimento absoluto no
momento do despertar é um dos sinais característicos do verdadeiro
sonambulismo, visto que a independência da alma e do corpo é mais completa do
que nos sonhos. O cérebro, em repouso como os demais órgãos, não registra a
atividade da alma, dai a impossibilidade da recordação do que foi vivenciado em
estado de emancipação da alma.
O
desenvolvimento maior ou menor da clarividência sonambúlica depende da
organização física e da natureza do Espírito encarnado. Há disposições físicas
que permitem ao Espírito desprender-se mais ou menos facilmente da matéria. O
sonâmbulo diz que vê de varias formas, porque, achando-se inteiramente preso a matéria,
não compreende como pode ver sem o auxilio dos órgãos. Porém, esta se referindo
à visão da alma, que vê pelo todo, não necessitando de um canal especifico para
tal. O sonâmbulo consegue ver o que se passa no ambiente em que se encontra,
bem como o que esta ocorrendo em locais mais distantes, pois desdobra-se até
estes locais, sente-se transportado ao lugar onde Vê o que descreve. É a dupla
vista ou segunda vista, é a visão da alma. Nos fenômenos sonambúlicos, em que a
alma se transporta, o sonâmbulo experimenta no corpo as sensações do frio e do
calor existentes no lugar onde se acha em Espírito, muitas vezes bem distante do
seu invólucro material, descrevendo cenas ou pessoas daquele local. A alma, que
permanece ligada ao corpo pelo cordão fluídico, desempenha o papel de condutor
das sensações que vidência.
O sonâmbulo,
muitas vezes, demonstra possuir mais conhecimentos do que os que lhe supõe,
falando com exatidão de coisas que ignora quando desperto, do que esta acima de
sua capacidade intelectual. Isto ocorre porque, entrando no estado de crise
sonambúlica, ativa sua bagagem de conhecimentos das existências anteriores e
que estão arquivadas em sua memória perispirítica, embora de modo incompleto.
Passada a crise, a recordação se apaga.
Participação do Perispírito no Sonambulismo
A
participação do perispírito no fenômeno sonambúlico concentra se principalmente
em algumas de suas propriedades, no caso em questão, a expansibilidade, que é o
seu poder de irradiar-se ao redor e a distância do corpo Físico.
É a
expansibilidade do perispírito que faculta o processo de emancipação da alma.
A
expansibilidade é uma das principais propriedades do perispírito. O perispírito
não esta preso ao corpo.
Embora seja
indivisível, pode expandir-se. Em “Obras Póstumas”, no capitulo sobre
manifestações dos Espíritos, 1ª parte, item 11: “O Perispírito não esta
encerrado nos limites do corpo como muna caixa. É expansível por sua natureza
fluídica; irradia-se e forma, em tomo do corpo, uma espécie de atmosfera que o pensamento
e a força de vontade podem ampliar mais ou menos”.
O
perispírito é o órgão sensitivo do Espírito, por meio do qual este percebe
aquilo que escapa aos sentidos corpóreos. O Espírito vê, ouve e sente, por todo
o seu ser, tudo o que se encontra na esfera de irradiação do seu fluido
perispirítico. O sonâmbulo vê, portanto, com os olhos da alma.
O fluido
perispiritual é o agente de todos os fenômenos espíritas. Todos os fenômenos só
podem realizar-se graças à ação recíproca dos fluidos emitidos pelo médium e
pelo Espírito. O desenvolvimento da faculdade mediúnica prende-se a natureza
mais ou menos expansível do perispírito do médium e a sua maior ou menor facilidade
de assimilação com os fluidos dos Espíritos.
A
expansibilidade perispirítica, esta na base dos principais processos
mediúnicos. A ação fluídica do Espírito se transmite de perispírito a
perispírito, e deste ao corpo material. O estado de sonambulismo facilita consideravelmente
essa ação graças ao desprendimento do perispírito, que melhor se identifica com
a natureza fluídica do Espírito. No estado de desprendimento em que se
encontra, a alma do sonâmbulo entra em comunicação mais fácil com os Espíritos
desencarnados, comunicação que se estabelece pelo contato fluídico que conduz a
eletricidade e serve de transmissão ao pensamento, como um fio.
Sonambulismo e Mediunidade
O sonâmbulo
é médium?
Há aqui uma
importante distinção a ser feita, os fenômenos de emancipação da alma são
anímicos e não mediúnicos. Porém, em alguns casos podem se tomar também
mediúnicos.
No estado de
desprendimento em que se coloca, o sonâmbulo pode entrar mais facilmente em
comunicação com os Espíritos, pois o estado de emancipação da alma facilita
essa comunicação. Assim, o sonâmbulo pode ser considerado médium sonâmbulo,
quando durante seu sonambulismo, entrar em contato com os Espíritos, transmitindo
as comunicações destes e não as suas opiniões e visões anímicas.
Faz-se necessário
diferenciar quando ele esta agindo por influência anímica: ver, ouvir e sentir
fora dos limites dos sentidos, transmitir informações que esteja vendo a
distancia ou transmitir conhecimentos de sua bagagem espiritual ou quando está
agindo como médium: intérprete de outro ser, de uma inteligência estranha,
transmitindo conhecimentos que não são dele próprio.
Por conta
disso, o sonambulismo é considerado uma variedade da faculdade mediúnica.
O Espírito
que se comunica o pode fazer com um sonâmbulo; observa-se isto principalmente
em prescrições médicas, quando o sonâmbulo transmite a mensagem com a receita
para o tratamento do enfermo, recebida de um Espírito. Muitas vezes, ao ser
questionado sobre a patologia do doente não sabe responder, pois esta fora do
âmbito de seus conhecimentos, indicando que só transmitiu aquilo que o Espírito
lhe ditou.
Os
sonâmbulos também podem ver e ouvir perfeitamente os Espíritos e os descrever
precisamente, como o fazem os médiuns videntes e audientes. Também podem
transmitir mensagens por meio da psicofonia ou psicografia.
Kardec
denomina os “médiuns de desdobramento” de “médiuns sonâmbulos”.
Encontramos
exemplos de médiuns sonâmbulos na obra “Nos Domínios da Mediunidade” do
Espírito André Luiz, psicografada por Francisco Cândido Xavier, Capítulos 8 e
10 - “Psicofonia sonambúlica” e “Sonambulismo torturado”.
Na
mediunidade sonambúlica a sintonia também é muito importante para a prática da
Mediunidade. Se o médium sonâmbulo não estabelecer sintonia com os bons
Espíritos, mediante a sua conduta cristã, atrairá os Espíritos enganadores e
levianos, perdendo a oportunidade de colaborar na Seara de Jesus, com o bom uso
de sua faculdade mediúnica.
Bibliografia:
NAGEL, Ruddy
Reite. Transtornos do Sono
REIMÃO, Rubens.
Segredos do Sono: sono e qualidade de vida.
Tufik,
Sérgio. Medicina e Biologia do Sono.
Mello, Marco
T{1lio de. Sono: Aspectos profissionais e suas interfaces na saúde.
KARDEC,
Allan. Livro dos Espíritos: Livro 2, Cap. VII, Questões 425 a 455
KARDEC, Allan.
Livro dos Médiuns: 2ª Parte, Caps. XIV n° 172, 173 e Cap. XXV n° 46
KARDEC, Allan. A Gênese: Cap. XIV,
n 22 e 23
KARDEC,
Allan. Obras Póstumas: Dos Médiuns, item 34
KARDEC,
Allan. Revista Espírita: janeiro e novembro de 1858, julho de 1861, janeiro de
1863 e setembro e novembro de 1865
XAVIER,
Francisco Cândido (Espírito André Luiz). Nos Domínios da Mediunidade: cap. 8 e
10 “Psicofonia sonambúlica” e ”Sonambulismo
torturado”.
Folha
Espírita - marco/ 2005: Artigo: “Sonambulismo: Independência do Espírito” -
Entrevista com o Dr. José Roberto Pereira Santos
(Secretário
da AME-Brasil),
Revista
Crista de Espiritismo - edição 36 - artigo: “Sonambulismo”
ZIMMERMANN,
Zalmiro. Perispírito
MOREIRA,
Fernando. Fisiologia da Alma
PERERA,
Yvonne do Amaral. Devassando o Invisível
PEREIRA,
Yvonne do Amaral. Recordações da Mediunidade
Fonte da
imagem: Internet Google.
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