Nova Era
Sinais Dos Tempos
Quando lemos
a Bíblia, encontramos diversas citações, tanto no Antigo como no Novo
Testamento, que fazem referência aos “Sinais dos Tempos”.
Jesus, especialmente
no Sermão Profético, anunciou aos seus discípulos uma série de sinais
extraordinários:
“Haveis de
ouvir falar sobre guerras e rumores de guerra. Cuidado para não vos alarmardes.
É preciso que essas coisas aconteçam, mas ainda não é fim. Pois se levantará
nação contra nação e reino contra reino. E haverá fome e terremotos em todos os
lugares. Tudo isso será o princípio das dores.
E surgirão
falsos profetas em grande número e enganarão a muitos. E pelo crescimento da
iniquidade, o amor de muitos esfriará.
Logo após a
tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as
estrelas cairão do céu e os poderes dos céus serão abalados. Então aparecerá no
céu o sinal do Filho do Homem e todas as tribos da terra baterão no peito e
verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu com poder e grande glória”.
(Mt 24:6-8, 11-12 e 29-30).
Neste
sermão, vemos que, se tomadas ao pé da letra, certas predições seriam
assustadoras. No entanto, Kardec, no livro “A Gênese”, cap. XVII, item, 54,
tranquiliza-nos afirmando que o quadro do fim dos tempos é, evidentemente,
alegórico.
“As imagens
que ele contém, mediante a energia destas, são de natureza a impressionar
inteligências ainda rudes. Para impressionar essas imaginações pouco sutis,
eram necessárias pinturas vigorosas, de cores vivas. Jesus se dirigia,
sobretudo ao povo, aos homens menos esclarecidos, incapazes de compreenderem as
abstrações metafísicas, e de perceberem a delicadeza das formas. Para chegar ao
coração, era necessário falar aos olhos com a ajuda de sinais materiais, e aos
ouvidos mediante o vigor da linguagem”.
Era, pois, o
próprio costume da época utilizar-se de linguagem forte e simbólica, como vemos
em diversas ocasiões nas Escrituras.
Nesse
sentido, a figura do Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com grande
majestade, rodeado de seus anjos e com o barulho das trombetas, já havia sido
empregada pelo profeta Daniel, no Antigo Testamento, e, dessa forma, era bem
conhecida entre os judeus à época.
Imagem imponente
atendia as perspectivas judaicas de poder, glória, majestade, esplendor... Muito
mais do que alguém que não tivesse autoridade material, mas apenas ascendência
moral.
Ainda no
mesmo item acima citado de “A Gênese”, prossegue o codificador:
“Como consequência
natural dessa disposição de espírito, o poder supremo não podia, segundo a
crença de então, manifestar-se senão por atos extraordinários, sobrenaturais;
quantos mais esses eram impossíveis, mais eram aceitos como prováveis.”
Com efeito,
podemos constatar tal fato, por exemplo, na seguinte assertiva: “O sol
escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do céu e os
poderes dos céus serão abalados.” Ora, quem nos dias de hoje, utilizando a
razão, poderia acreditar que as estrelas cairiam do céu?
Esta crença,
diante de todos os conhecimentos e descobertas da astronomia, é, em essência,
absolutamente pueril em nossos dias.
Porém,
quando ainda não havia tais conhecimentos, os homens, em sua maioria, só
conseguiam conceber a Divindade atuando através de fenômenos excepcionais e
extraordinários como esses.
Por outro
lado, além dessas figuras alegóricas e irreais, podemos observar que há outras
predições, contidas no Sermão Profético, que estão dentro das ordens naturais
das coisas, como veremos adiante.
Quando
começarão a ocorrer os “Sinais dos Tempos”?
Quando
proferiu o Sermão Profético, Jesus indicou os vários sinais que aconteceriam,
mas, também afirmou:
“Daquele dia
e da hora, ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, mas só o Pai”. (Mt
2436).
Esta
afirmação demonstra-nos, claramente, que não existem, em regra, fatalismos.
Este é, reforcemos, um ponto capital da Doutrina Espírita: o livre arbítrio dos
Homens é o que determina um maior ou menor avanço de uma dada sociedade, num
espaço delimitado de tempo.
Mas embora
os Seres possam caminhar mais ou menos rápido, certo é que todos estão fadados
à perfeição relativa. Neste ponto temos, sim, que admitir um fatalismo. Então,
embora possam, se assim o desejarem, atrasar a própria evolução, não podem
fugir ao cumprimento da Lei Divina.
Lembremos, a
propósito, o que disse o Mestre: “Passarão o céu e a terra. Minhas palavras,
porém, não passarão”. (Mt 24:35)
Inquestionavelmente,
as palavras de Jesus não passarão porque são eternas, representam a mais pura
verdade. Passarão o céu e a terra, pois, pertencendo ao mundo material, estão
sujeitos a leis físicas, mas as palavras de Jesus são o anúncio da vontade
Divina.
Retomando as
predições do Mestre, e fazendo abstração aos fatos extraordinários e
impossíveis, ou seja, deixando de lado tais prodígios, e lançando nossa atenção
apenas nos fatos que, como dissemos, estão dentro da ordem natural das coisas,
notaremos que representam os acontecimentos históricos e atuais que temos
visto.
Guerras,
conflitos, fome, miséria, dores..., afinal, não fazem parte de nossa realidade
atual? E não são eles sinais anunciados por Jesus?
Vemos também
que, mesmo diante de todos esses fatos comoventes, muitos se mantêm
insensíveis, alheios à dor do semelhante, consubstanciando, assim, a afirmação:
“E pelo
crescimento da iniquidade, o amor de muitos esfriará”. (Mt 24:12).
Esclarecendo
a questão dos “tempos chegados”, Kardec, em “A Gênese”, cap. XVIII, item 7,
explica que nosso globo, como tudo quanto existe, está sujeito a Lei do
Progresso; por isso progride fisicamente, pela transformação dos elementos que
o compõem e moralmente, pela purificação dos Espíritos encarnados e
desencarnados que o povoam.
Lembremos
ainda que, por isso, disse o Mestre: “É preciso que essas coisas aconteçam...”
(Mt 24:6).
OS SINAIS
No item 60,
cap. XVII, de “A Gênese”, Kardec assevera: "Se, agora, considerando a
forma alegórica de certos quadros, e analisando o sentido íntimo das palavras
de Jesus, compararmos a situação atual com os tempos descritos por Ele, como
devendo marcar a era da renovação, não se pode negar que várias de suas
predições estão se realizando hoje; daí é necessário concluir que chegamos aos
tempos anunciados, o que os Espíritos que se manifestam, confirmam em todos os
pontos do globo”.
Quais são,
então, outros sinais que podemos constatar?
De acordo
com a apreciação de Kardec, expostas no mesmo capítulo acima citado, estes são
alguns dos sinais:
• as
tendências, as aspirações, os pressentimentos das massas, a decadência das
velhas ideias que se debatem em vão há um século contra as ideias novas;
• o advento
do Espiritismo, coincidindo com outras circunstâncias, realiza uma das mais
importantes predições de Jesus, pela influência que ele deve exercer sobre as ideias;
• a
disseminação das comunicações mediúnicas, concretizando a sentença: “Nos
últimos tempos, disse o Senhor, espalharei meu Espírito sobre toda a carne:
vossos filhos e vossas filhas profetizarão”.
São de fato
- bem podemos ver - sinais inconfundíveis. E, é relevante notar, não
representam cataclismos planetários, não representam estrondosas erupções
vulcânicas, não são as entranhas da Terra que se abrem em colapso..., são
“revoluções” de ordem intelectual e moral.
Em sendo
desta natureza, mudança tão radical como a que se elabora, não poderia
realizar-se sem lutas das ideias: “É, portanto da luta das ideias que surgirão
os graves acontecimentos anunciados, e não de cataclismos, ou catástrofes
meramente materiais. Os cataclismos gerais eram a consequência do estado de
formação da Terra: hoje já não são as entranhas do globo que se agitam, são as
da Humanidade”. (GE cap. XVIII, item 7).
Contemplando nossos dias...
Nos dias de
hoje, temos exemplos concretos que os interesses estão renovando-se:
- preocupamo-nos
com o planeta, e seus recursos naturais;
- há uma
ênfase na proteção da fauna, da flora, com o superaquecimento global, com a
camada de ozônio...;
- preocupamo-nos
com os direitos humanos;
- a educação
é cada vez mais reconhecida como um forte leme para alavancar o progresso;
- as
organizações filantrópicas mobilizam-se em prol de causas nobres,
preocupando-se com as nações mais necessitadas;
- ocorre o
enfraquecimento do preconceito;
- a
globalização e seu aspecto econômico-financeiro fizeram, e fazem com que povos
aproximem-se, e;
- a
tecnologia faz com que as distancias encurtem-se cada vez mais e aproxime as
pessoas.
Todos esses
exemplos são também sinais dos tempos, mas o mais importante que vemos no mundo
contemporâneo aponta para um enorme anseio exclamado por várias pessoas
notáveis, de diferentes partes do mundo, e ao mesmo tempo por populações
inteiras: Que haja paz no mundo em que vivemos!
Anseiam por
um mundo sem fronteiras, sem ódio, sem medo, sem guerras, sem intolerância.
Falam em harmonia e união; em compreensão, tolerância e perdão, aspectos
fundamentais a serem considerados para a nova perspectiva. E isto é valido não
apenas para o sentimento religioso em si, como também para os aspectos
científicos, filosóficos, políticos, sociais e tudo o que possa trazer avanços
a Humanidade.
Não podemos
deixar de notar que, também nessa direção, vemos o movimento que se opera
referente às ideias espiritualistas e os princípios de repulsa contra as ideias
materialistas.
Pressentem-se
esses ventos vindos de diversas direções e não somente no Espiritismo. O que
corrobora ainda mais para a ideia da maturidade da Humanidade, que faz dessa
renovação uma necessidade.
As ideias
espíritas constituem poderosa alavanca para o momento que passamos. Kardec em
“A Gênese”, cap. XVIII, item 25, assevera que:
“Por seu
poder moralizante, por suas tendências progressistas, pela amplitude de suas
vistas, pela generalidade das questões que abarca, o Espiritismo está, mais que
qualquer outra doutrina, apto a auxiliar o movimento regenerador; é por isso
que ele lhe é contemporâneo. Ele veio no momento em que podia ser mais útil,
porque para ele também os tempos chegaram; mas cedo, teria encontrado
obstáculos intransponíveis; teria inevitavelmente sucumbido, porque os homens,
satisfeitos do que tinham, não experimentavam ainda a necessidade do que ele
traz.”
Vemos, pois,
que se trata de um momento especial que, nas palavras do Espírito Viana de
Carvalho, no cap. 10 da obra “Espiritismo e vida”, psicografado por Divaldo P.
Franco:
“A grandeza
deste momento está na dicotomia da destruição do mal e da construção do bem,
nas ocorrências calamitosas e edificantes, das quais resultará o amanhecer da
Era de paz e de felicidade relativas que serão convites estimulantes para a
conquista da plenitude sem jaça e de sabor eterno ao alcance de quem a desejar”.
QUESTÃO
REFLEXIVA:
À luz da
Doutrina Espírita, existe motivo para temermos os “Sinais dos Tempos” e as
grandes mudanças que se aproximam?
Fonte da
imagem: Internet Google.
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