Regeneração Da Humanidade
Em “O Livro
dos Espíritos”, terceira parte, cap. VIII, encontramos detalhadamente, a
explicação da Lei do Progresso que, inexoravelmente, impulsiona a Humanidade e
todas as coisas do universo no caminho da evolução.
O progresso
da Humanidade, portanto, efetua-se em virtude de leis naturais e, como todas as
leis da natureza, estas também são obras de Deus. Logo, podemos dizer que
quando a Humanidade está madura para transpor um degrau, os “tempos marcados”
por Deus chegaram.
Chegado o
momento certo, a transição efetuar-se-á.
As mudanças,
no entanto, são paulatinas, sem grandes convulsões.
Nesse
sentido, em “Obras Póstumas”, no item “Regeneração da Humanidade” encontramos a
seguinte comunicação:
“Não
percebeis que sopra um vento pela superfície da Terra, o qual agita os
Espíritos? O mundo espera alguma coisa e sente-se dominado de um vago
pressentimento da próxima tempestade.
Não
acrediteis, entretanto que o mundo acabe materialmente. Ele progrediu desde o
primeiro dia e deve progredir indefinidamente.
A humanidade
é que atingiu um dos seus períodos de transformação e a terra vai elevar-se na
hierarquia dos mundos”.
Esses
períodos de transformações são caracterizados por instabilidades, em que os
valores, no tumulto dos acontecimentos, são renovados, culminando em profundas
modificações na vida, nos costumes e na própria natureza humana.
Não há, no
entanto, sobressaltos. Tudo transcorre como um longo processo e,
gradativamente, a Humanidade vai renovando seus valores.
Temos,
então, que não há nada de místico ou sobrenatural em dizer que a Humanidade
chegou a um período de transformação e que a Terra deve se elevar na hierarquia
dos mundos. Trata-se do cumprimento de uma das grandes leis inevitáveis do
Universo.
A HIERARQUIA DOS MUNDOS
Em “O
Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. III, item 3, Kardec, compilando as diversas
comunicações dos Espíritos Superiores, explica que os diversos mundos possuem
condições muito diferentes uns dos outros em relação ao atraso ou adiantamento
de seus habitantes. Há desse modo, alguns que são ainda inferiores à Terra,
física e moralmente, outros estão no mesmo grau, e há outros que lhe são
superiores.
Em seguida,
apresenta a classificação dos mundos em cinco categorias, vejamos:
- Mundos
Primitivos - onde se verificam as primeiras encarnações da alma humana;
- Mundos de
Expiações e de Provas - onde o mal predomina;
- Mundos
Regeneradores - onde as almas que ainda têm o que expiar adquirem novas forças,
repousando das fadigas da luta;
- Mundos
Felizes - onde o bem supera o mal, e;
- Mundos
Celestes ou Divinos - morada dos Espíritos purificados, onde o bem reina sem
mistura.
Esta
classificação - ensina Kardec - é antes relativa que absoluta, então, é apenas
uma divisão geral.
Conclui o
codificador que: “A Terra pertence à categoria dos mundos de expiações e de
provas, e é por isso que nela o homem está exposto a tantas misérias”.
No item 13,
do mesmo capítulo acima citado, encontramos uma mensagem de Santo Agostinho,
com a seguinte síntese sobre os mundos de expiação e de provas, e especialmente
sobre a Terra:
“A
superioridade da inteligência, num grande número de seus habitantes, indica que
ela não é um mundo primitivo, destinado à encarnação de Espíritos ainda mal
saídos das mãos do Criador. Suas qualidades inatas são prova de que já viveram
e realizaram um certo progresso, mas também os numerosos vícios a que se
inclinam são o indício de uma grande imperfeição moral. Eis porque Deus os
colocou num mundo ingrato, para expiarem suas faltas através de um trabalho
penoso e das misérias da vida...”
E, mais
adiante, discorrendo sobre a progressão dos mundos, no item 19, anuncia que a
Terra:
“... chegou
a um de seus períodos de transformação, e vai passar de mundo expiatório a
mundo regenerador. Então os homens encontrarão a felicidade, porque a lei de
Deus governará”.
Como
ocorrerá a regeneração?
No item 31,
do cap. XVIII, de “A Gênese”, Kardec ilustra, através de um exemplo claro como
podemos entender a transição. A maneira pela qual se opera a transformação pode
ser compreendida por uma comparação comum; e, como poderemos notar, ela é toda
moral e não se afasta em absoluto, das leis da natureza:
“Suponhamos
um regimento composto na grande maioria de homens turbulentos e
indisciplinados; estes contribuindo sem cessar para a desordem, que a
severidade da lei penal terá, frequentemente, dificuldade para reprimir. Esses
homens são os mais fortes, porque são os mais numerosos; eles se apoiam,
encorajam-se e se estimulam por meio do exemplo. Os poucos bons são sem
influência; seus conselhos são desprezados; eles são ridicularizados,
maltratados pelos outros, e sofrem com este contato. Não está ai a imagem da
sociedade atual?”
“Suponhamos
que se retirem esses homens do regimento, um por um, dez a dez, cem a cem; e
sejam substituídos pouco a pouco por um numero igual de bons soldados, até por
aqueles que foram expulsos, mas que se hajam seriamente corrigido: no fim de
algum tempo teremos sempre o mesmo regimento, mas transformado; a boa ordem terá
sucedido a desordem. Assim será a Humanidade regenerada.”
Apesar de
todo conforto que o progresso tecnológico trouxe-nos, somente o progresso moral
pode assegurar a felicidade colocando um freio às más paixões, rompendo as
barreiras dos povos, derrubando os preconceitos de casta, calando o antagonismo
das seitas, ensinando os homens a se olharem como irmãos convidados a se
ajudarem mutuamente. (A Gênese, cap. XVIII, item 19).
A NOVA GERAÇÃO
Conforme
vimos, Kardec explica que a geração atual desaparecerá gradualmente, e a nova
lhe sucederá do mesmo modo, sem que nada seja mudado na ordem natural das
coisas.
Temos,
então, que a época atual é de transição; os elementos das duas gerações
mesclam-se. Colocados no ponto intermediário, assistimos à partida de uma e a
chegada da outra, e cada uma já se assinala no mundo por caracteres que lhes
são próprios, uma mais materialista, outra mais espiritualizada.
A nova Terra
devera ser um lugar onde os Homens sejam mais felizes. Por conseguinte, é
necessário que ela seja povoada em sua maioria por bons Espíritos encarnados e
desencarnados. Kardec esclarece em “A Gênese”, no item 27 do mesmo capítulo
acima citado, que:
“Esse tempo
tendo chegado, uma grande emigração se realiza neste momento entre os que a
habitam; aqueles que fazem o mal pelo mal, e que o sentimento do bem não toca,
não sendo mais dignos da Terra transformada, dela serão excluídos...”
Renovado o
panorama do mundo pela presença de Espíritos mais elevados, o clima de
equilíbrio será estabelecido, e tanto os planos espirituais próximos à crosta
quanto à própria superfície planetária refletirão a integridade moral de seus
habitantes.
E quanto ao
“Julgamento Final”?
Conforme
podemos encontrar em “A Gênese”, cap. IX, não faz sentido pensar num julgamento
final, único e universal, que coloque fim a toda a Humanidade. Não há lógica
nessa linha de raciocínio, pois isso implicaria na inatividade de Deus durante
a eternidade que precedeu a criação da Terra e a eternidade que seguirá à sua
destruição.
Além disso,
tal julgamento é inconciliável com a Bondade Infinita do Criador, que Jesus
apresentou-nos sempre como Pai Amoroso e Misericordioso. A própria expressão
‘julgamento final’ não faz sentido.
Há, sim,
julgamentos gerais que ocorrem em todas as épocas de renovação dos mundos e, em
consequência delas operam-se as grandes emigrações e imigrações dos Espíritos.
“Os mansos
herdarão a Terra”, como disse Jesus. Porém, sabemos muito bem que Jesus não
abandona nenhuma de suas ovelhas. No momento adequado, aqueles Espíritos que,
apesar da sua inteligência e de seu saber, perseverarem no mal, passando a ser
entrave ao progresso moral da Terra, serão enviados a mundos mais atrasados,
onde terão oportunidade de aplicar sua inteligência e a intuição dos
conhecimentos adquiridos, auxiliando no progresso daquele mundo a que forem
chamados a viver, como vemos em “A Gênese”, cap. XI, item 43 :
“... ao
mesmo tempo que expiarão, numa serie de existências penosas e por um duro
trabalho, as suas faltas passadas e seu endurecimento voluntário. ”
Emmanuel, em
“A Caminho da Luz”, recorda-nos acontecimento semelhante em um dos orbes
chamado Capela, onde muitos Espíritos rebeldes foram exilados a Terra.
No nosso
planeta começa a ocorrer esse mesmo processo.
Na obra
“Espiritismo e vida”, psicografado por Divaldo Pereira Franco, o Espírito
Vianna de Carvalho anuncia, no cap. 10, “A Nova Sociedade do Futuro”:
“Já se
encontram, pois, na Terra, incontáveis preparadores da nova sociedade do
futuro, envergando a vestimenta carnal, despertando o interesse e a atenção dos
mais renitentes negadores do Espírito, de modo que, de imediato, haja lugar
para a instalação do Reino de Deus nas mentes e nos corações afervorados a
verdade.”
Como será a
vida na Terra?
Quando as
mudanças sedimentarem-se, tudo estará diferente: os costumes, o caráter das
pessoas, os anseios, os objetivos, as preocupações..., a fraternidade devera
ser a pedra angular tendo por base inquebrantável a fé nos “princípios
fundamentais que todo o mundo pode aceitar: Deus, a alma, o futuro, o progresso
individual indefinido, a perpetuidade das relações entre os seres.” (GE, cap.
XVIII, item 17).
É preciso um
novo homem para a nova era!
No item 3,
do cap. XVII, “Sede Perfeitos”, de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” quando é
indicado como se comporta o Homem de Bem, encontramos:
“... faz o
bem pelo bem, toma a defesa do fraco contra o forte e sacrifica sempre o seu
interesse a justiça. Encontra sua satisfação nos benefícios que distribui, nos
serviços que presta, nas venturas que promove, nas lágrimas que faz secar; nas
consolações que leva aos aflitos. Seu primeiro impulso é o de pensar nos
outros, antes que em si mesmo, de tratar dos interesses dos outros, antes que
dos seus.
... O homem
de bem, enfim, respeita nos seus semelhantes todos os direitos que lhes são
assegurados pelas leis da natureza, como desejaria que os seus fossem
respeitados”.
Todo
espírita verdadeiro é, por definição, um Homem novo e percebe a plenitude da
paz e será um candidato natural a residir na “nova morada”.
Enquanto o
“leme da embarcação planetária” estiver nas mãos de Jesus, o mundo prosseguirá
lenta e seguramente rumo ao fim para o qual foi criado: habitação feliz de
almas em evolução, escola e oficina de trabalho para os filhos de Deus.
A Doutrina
Espírita apresenta a proposta renovadora do Cristianismo redivivo, do despertar
das potências adormecidas de cada Espírito, da busca da plenitude, que se dá
pela prática incondicional do Bem, para com isto vir a compor o perfil desejado
do Homem da Nova Era e auxiliar a Humanidade em momento tão importante de sua
jornada.
Kardec
indica-nos que o reino do Bem será o da paz e da fraternidade universal e será
derivado do código de moral evangélica posto em prática por todos os povos (GE
cap. XVII). Esse será verdadeiramente o reino de Jesus onde os homens viverão
sob a sua lei.
Em “O
Evangelho Segundo o Espiritismo”, no cap. III, encontramos este cântico de
Santo Agostinho, sobre os mundos regeneradores:
“Entre essas
estrelas que cintilam na abóboda azulada, quantas delas são mundos,
...
Comparados à Terra, esses mundos são mais felizes, e muitos de vós gostariam de
habitá-los, porque representam a calma após a tempestade, a convalescença após
uma doença cruel,
...
Contemplai, pois, durante a noite, na hora do repouso e da prece, essa abóboda
azulada, e entre as inumeráveis esferas que brilham sobre as vossas cabeças,
procurai as que levam a Deus, e pedi que um mundo regenerador vos abra o seu
seio, após a expiação na Terra”.
Confiantes
em Jesus..., seguindo os passos do Mestre, trabalhemos para implantar a Nova
Era na Terra!
QUESTÃO
REFLEXIVA:
Neste
período de renovação da Terra, como podemos contribuir para a regeneração
planetária?
Bibliografia
- A Bíblia
de Jerusalém.
- Kardec, Allan -A Gênese - Ed. FEESP.
- Kardec,
Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- Kardec,
Allan - Obras Póstumas.
- Xavier,
Francisco C./Emmanuel -A Caminho da Luz.
- Xavier,
Francisco C./Emmanuel - Vinha de Luz - Lição 120.
- Divaldo P.
Franco/Vianna de Carvalho - Espiritismo e vida.
Fonte da
imagem: Internet Google.
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