Ao tratar da criação
dos Espíritos, Galileu Galilei (Espírito), assim se expressa: “O Espírito não chega
a receber a iluminação divina, que lhe dá, ao mesmo tempo, o livre-arbítrio e a
consciência, a noção de seus altos destinos, sem haver passado pela série
divinamente fatal dos seres inferiores,
entre os quais se elabora lentamente a obra de sua individualidade; é somente a
partir do dia em que o Senhor imprime sobre sua fronte seu augusto sinal, que o
Espírito toma lugar entre as humanidades” (A Gênese, Cap. VI, item 19).
O homem goza do
livre-arbítrio a partir do momento em que manifesta a vontade de agir livremente;
porém, “nas primeiras fases da vida a liberdade é quase nula; ela se desenvolve
e muda de objeto com as faculdades”. (L.E. 844).
A liberdade de agir,
portanto, é relativa, pois depende, primeiramente, da vontade de realizar algo.
No princípio de seu
desenvolvimento, o Espírito ainda não sabe direcionar sua vontade, senão para a
satisfação de suas necessidades básicas. Neste caso, prevalece o instinto.
Uma vez ampliada a sua
consciência, novos interesses surgem. À medida que sua vida vai se tornando
complexa, o livre-arbítrio é limitado pela atuação da lei de causa e efeito,
até que o ser consiga libertar-se do círculo das reencarnações e aí seu
exercício torna-se pleno.
De maneira geral,
contudo, somos livres para agir e somos responsáveis pelos esforços que fazemos
para superar os obstáculos, para realizar nosso programa de vida e para
progredir.
Nenhuma oportunidade
nos é negada; mas não podemos pensar em fazer as coisas de qualquer jeito,
burlando as leis divinas, como burlamos as leis humanas.
Isso não quer dizer
que haja um fatalismo nos acontecimentos da vida, como se tudo já estivesse
escrito previamente; pois, “fatal, no verdadeiro sentido da palavra, só o
instante da morte” (no conceito do Espírito da Verdade a Kardec – L.E., 853).
Todavia, só morremos quando nossa hora é
chegada.
Essa hora é aquela
prevista em nosso programa encarnatório ou aquela que assinalamos pela nossa
imprevidência (excessos que comemos, perigos desnecessários a que nos expomos, vícios
que abreviam nossa existência, etc...).
Não sabemos de antemão
que gênero de morte devemos sofrer, mas sim a que tipos de perigos estamos
expostos pelo gênero de vida que escolhemos.
Além disso, na nossa
condição evolutiva, estamos sujeitos, irresistivelmente, à lei das reencarnações,
pois se o Espírito permanecesse no mundo espiritual, “ficar-se-ia estacionário,
e o que se quer é avançar para Deus” (L.E., 175a).
Portanto, o momento da
encarnação, como o da reencarnação, é fatal: “a fatalidade só consiste nestas
duas horas: aquelas em que deveis aparecer e desaparecer neste mundo” (L.E.
859).
Mas, há um outro tipo
de fatalidade, referente à escolha que o Espírito faz de suas provas, no momento
da encarnação. Ciente de suas necessidades, “traça para si mesmo uma espécie de
destino, que é a própria consequência da posição em que se encontra” (L.E.
851).
É o caso das provas
físicas, que vão delimitar as manifestações do próprio Espírito.
Quanto às provas morais
e ás tentações, poderá ceder ou resistir a elas, pois conserva o livre-arbítrio
para o bem e o mal. Neste caso, conscientiza-se da necessidade do
autoconhecimento e da reforma íntima e faz tudo por melhorar-se, superando suas
imperfeições.
BIBLIOGRAFIA:
Kardec, Allan - O
Livro dos Espíritos
Kardec, Allan - A
Gênese.
QUESTIONÁRIO:
1 - O homem goza de
livre-arbítrio pleno?
2 - O que a liberdade
de agir impõe ao Espírito?
3 - Em que consiste a
fatalidade para o Espírito?
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