LOCAIS ASSOMBRADOS
A
superstição e o desconhecimento das leis que regulam a vida espiritual
originaram a crença em locais assombrados. Histórias muitas vezes fantasiosas e
lendas são criadas sobre tais lugares, dando a eles um toque de mistério que,
geralmente, impressiona os incautos e que assustam crianças. Como ocorre com
fatos extraordinários que o senso comum desconhece, a ignorância viu sempre nos
fenômenos espíritas uma causa sobrenatural e a fé cega complementaram o erro,
juntando-lhes absurdas crendices.
A ocorrência
pode ser real, quando não é provocada por fraudes, mas não maravilhosa ou
sobrenatural.
Portanto,
não existem lugares assombrados. Diz-nos Kardec em o “Livro dos Médiuns” que o
fenômeno nada mais é do que “manifestações espontâneas verificadas em todos os
tempos”, provocadas pela “insistência de alguns Espíritos em mostrarem a sua
presença”. Na mesma obra, questão 85, Kardec explica que as manifestações
Físicas têm por finalidade nos chamar a atenção para algo, além de nos
convencer da presença de um poder que nos é superior.
Lembremo-nos
de que foi por meio de uma manifestação espontânea desse tipo que a história do
moderno Espiritualismo começou: as manifestações ocorridas em 1848 na casinha
modesta da família Fox, em Hydesville, Estado de Nova Iorque (EUA), e que
despertou o mundo para a realidade da vida espiritual. Ainda hoje aqueles que
desconhecem as leis que regem o intercâmbio entre desencarnados e encarnados,
ou seja, a afinidade e a sintonia, encaram a manifestação dos Espíritos como
aparições demoníacas ou dos gênios do mal, quaisquer que sejam as manifestações
e ainda mais no caso dos ditos locais assombrados.
Camille Flammarion
na obra “As Casas Mal Assombradas” nos relata o caso da Rua das Nogueiras, em
Paris, onde havia uma casa em que todos desistiam de morar, pelos inúmeros
projéteis lançados em seu interior, vindos do nada e que chegavam a machucar
quem lá estivesse. Um dos estudiosos do caso, o Marquês de Mirville, não
chegando a nenhuma conclusão aceitável do que provocava o fenômeno, confessou,
equivocado, que suas experiências só ajudaram-no a fortalecer sua crença na
existência do demônio.
Segundo o
Espiritismo, anjos e demônios não existem. Existem sim Espíritos puros, no caso
dos denominados “anjos” ou ainda devotados ao mal, quando os rotulamos de
“demônios”. Kardec elucida em “O Céu e Inferno” que “há Espíritos em todos os
graus de adiantamento, moral e intelectual, na imensa escala do progresso. Em todos
os graus existe, portanto, ignorância e saber, bondade e maldade”. Os Espíritos
que se ocupam de manifestações físicas ou materiais são, comumente, os
inferiores ou também designados por Espíritos batedores, pela mesma razão
porque entre nós os torneios de força e agilidade são próprios dos saltimbancos
e não de sábios.
Geralmente
assim procedem por serem levianos e brincalhões, quando se comprazem em fazer
travessuras (ver questão 530 de “O Livro dos Espíritos”), ou que não gostam de
fazer coisas úteis, ou são demasiadamente apegados a matéria e por outras
razões. E o que levaria ainda um Espírito a produzir tais fenômenos? “Sua
simpatia por algumas das pessoas que frequentam os lugares ou o desejo de se comunicarem
com elas. Entretanto, suas intenções nem sempre são louváveis. Quando se trata
de maus Espíritos, podem querer vingar-se de certas pessoas das quais tem
queixas”.
Contudo,
qualquer seja a causa da manifestação, sempre é necessário que haja um médium
por perto, pois o Espírito sozinho não consegue produzir o fenômeno. É preciso
o médium que lhe forneça o fluido animalizado (ver questões 92 e 93 de “O Livro
dos Médiuns”).
O Espírito
também pode ser forçado a permanecer num local como lição. É o caso de algumas
localidades onde aconteceram crimes, como é relatado na “Revista Espírita” de
fevereiro de 1860, em “História de um condenado”. Em todos esses casos de
manifestações, elas não se prendem a dias e horários específicos porque para os
Espíritos o tempo é vivido de maneira diversa da nossa. A escuridão, o
silêncio, o aspecto lúgubre do local, uma ruína, não favorecerão a realização
do fenômeno, mas somente excitarão a imaginação da mentalidade pueril, embalada
ainda pelos contos fantásticos que ouviu na infância.
Para afastar
esses Espíritos é preciso que os habitantes do local se melhorem, pois são os
pensamentos e as intenções que ligam os desencarnados aos encarnados. Sessões
de exorcismo de nada valem, ao contrário, divertem esse tipo de Espírito. O
melhor meio de expulsar um mau Espírito é atrair os bons, o que acontece quando
fazemos o bem no limite das nossas forças. Dessa maneira, “os maus fugirão,
pois o bem e o mal são incompatíveis. Sede sempre bons e só tereis bons
Espíritos a vosso lado”.
Quando se
trata de um Espírito sofredor que permanece no local, o melhor remédio é a
prece para aliviar-lhe as dores. Kardec conclui que muitos Espíritos que se apegam
a locais podem não se manifestar e mesmo sendo inferiores, não são
necessariamente maus. “São mesmo, algumas vezes, companheiros mais úteis que
prejudiciais, pois caso se interessem pelas pessoas podem protegê-las”.
Fatos antiquíssimos,
que nos acompanham desde sempre, certamente ainda perdurarão por um longo
tempo, até que aprendamos a nos desapegar de tudo o que é material.
Bibliografia:
CAMARGO,
Cid. O Casarão do General
DENIS, Leon.
No Invisível. – 2ª Parte - Cap. XVI
FLAMMARION,
Camille. As Casas Mal Assombradas
KARDEC,
Allan. O Céu e o Inferno: Cap. X
e XI
KARDEC,
Allan. Livro dos Médiuns: 2a Parte - Cap. V e IX e 1ª Parte - Cap. X, item 13
KARDEC,
Allan. Revista Espírita: fevereiro/1860
PUGLIA,
Silvia C. S. C. – CDM
Fonte da
imagem: Internet Google.
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