BREVES HISTÓRIAS DO LIVRO OBRAS PÓSTUMAS E
REVISTA ESPÍRITA
Pelo ano de
1855, Allan Kardec inicia seus trabalhos a observações sobre fenômenos
espíritas. Entreviu as relações do mundo visível com o mundo invisível e
reconheceu suas forcas seu dilema e seu valor.
Assim começou
o seu trabalho que resultou nas seguintes obras:
1. O Livro
dos Espíritos (Abril/1857).
2. O livro
dos Médiuns (Janeiro/1861).
3. O
Evangelho Segundo o Espiritismo (Abri1/1864).
4. O Céu e o
Inferno (Agosto/1865).
5. A Gênese
(Janeiro/1868).
6. A Revista
Espírita (Janeiro/1858 a Junho/1869).
Trabalhador
infatigável, sempre o primeiro a tomar a obra e o último a deixá-la, Allan
Kardec sucumbiu, a 31 de março de 1869, quando se preparava para uma mudança de
local, imposta pela extensão considerável de suas múltiplas tarefas. Diversas
obras que ele estava quase a terminar, ou que aguardavam oportunidade para vir
a lume, demonstrarão um dia, ainda mais, a extensão e o poder das suas
concepções.
Morreu
trabalhando, sofria a longos anos de uma enfermidade no coração e desta maneira
o mundo se viu órfão de um dos maiores pensadores que a Terra já presenciou.
O Livro
Obras Póstumas apresenta uma biografia de Allan Kardec e uma sinopse do seu
trabalho. Este livro inicia-se com um discurso de Camile Flammarion junto ao
túmulo de Allan Kardec traçando num esboço rápido as linhas principais da sua
carreira literária.
Logo em
seguida o livro é dividido em duas partes, a primeira apresentando a tríade
Deus, A Alma e a Criação, as manifestações dos Espíritos, caráter e consequências
religiosas das manifestações dos Espíritos, controvérsias sobre a ideia da
existência de seres interplanetários entre o homem e Deus, causa e natureza da
clarividência sonambúlica, conhecimento do futuro, estudo sobre a natureza do
Cristo.
As
alternativas da humanidade, a morte espiritual, a vida futura e uma ligeira
resposta aos detratores do Espiritismo. A segunda parte já apresenta um resumo do
seu trabalho, desde a iniciação no Espiritismo, os livros da codificação a
missão o futuro do Espiritismo e os princípios fundamentais da doutrina
Espírita, reconhecidos como verdade inabalável.
Um exemplo
do livro Obras Póstumas é a historia: a música celeste, segue texto abaixo: Um
dia, numa das reuniões da família, o pai lera uma passagem de O Livro dos
Espíritos, concernente a musica celeste. Uma de suas filhas, boa musicista,
dizia a si mesma: Mas não ha música no mundo invisível; isso lhe parecia impossível,
todavia, não deu a conhecer o seu pensamento. À noite, ela mesma escreveu,
espontaneamente, a comunicação seguinte:
“Esta manhã,
minha filha, teu pai te leu uma passagem de O Livro dos Espíritos; tratava-se
de música; tu aprendeste que a do céu é muito mais bela do que a da Terra, os
Espíritos a acham muito superior a vossa. Tudo isto é a verdade; entretanto, te
dizias a parte e a ti mesma: Como Bellini poderia vir me dar conselhos e ouvir
a minha música? Provavelmente, foi algum Espírito leviano e farsante. (Alusão
aos conselhos que o Espírito de Bellini lhe dava, às vezes, sobre a música.) Tu
te enganas, minha filha, quando os Espíritos tomam um encarnado sob a sua
proteção, seu objetivo é fazê-lo avançar”.
“Assim,
Bellini não acha mais a sua música bela, porque não pode compará-la a do
espaço, mas ele vê a tua aplicação e o teu amor por essa arte, se te dá
conselhos é por satisfação sincera; deseja que teu professor seja recompensado
por todo o seu trabalho; mesmo achando teu divertimento muito infantil, diante
das sublimes harmonias do mundo invisível, aprecia teu talento que se pode
chamar grande sobre essa Terra. Crede-o, minha filha, o som de vossos
instrumentos, vossa mais bela voz, não poderiam vos dar a mais fraca ideia da
música celeste e de sua suave harmonia.”
Alguns
instantes depois, a jovem disse: “Papai, papai, eu adormeço, eu caio...” Logo
abateu-se sobre uma poltrona exclamando: “Ó! papai, papai, que música
deliciosa!... Desperte-me, porque para lá me vou.”
Os
assistentes, assustados, não sabendo como despertá-la, ela disse: “Água, água.”
Com efeito, algumas gotas lançadas sobre o seu rosto produziram um pronto
resultado; de início aturdida, retornou lentamente a si, sem ter a menor
consciência do que se passara.
Na mesma noite,
estando o pai só, obteve a explicação seguinte do Espírito de São Luis: “Quando
lias, para a tua filha, a passagem de O Livro dos Espíritos tratando da musica
celeste, ela estava na duvida; não compreendia que a música pudesse existir no
mundo espiritual”. Eis porque, esta noite, eu lhe disse a verdade; isso não podendo
persuadi-la, Deus permitiu, para convencê-la, que lhe fosse enviado um sono
sonambúlico. Então, seu Espírito, se desligando de seu corpo adormecido,
lançou-se no espaço e foi admitido nas regiões etéreas, seu êxtase era
produzido pela impressão da harmonia celeste; também ela exclamou: “Que
música”! “Que música”! Mas sentindo-se cada vez mais transportada nas regiões
elevadas do mundo espiritual, pediu para ser despertada, tendo indicado o meio
para isso, quer dizer, com água.
“Tudo se faz
pela vontade de Deus”. O Espírito de tua filha não duvidara mais; embora não
tenha, estando desperta, conservado a memória nítida do que se passou, seu
Espírito sabe no que ater-se.
“Agradecei a
Deus pelos favores com os quais cumula essa criança; agradecei-lhe por
dignar-se, cada vez mais, vos fazer conhecer a sua onipotência e a sua bondade.
Que suas bênçãos se derramem sobre vós e sobre esse médium feliz entre mil”!
Nota.
Perguntar-se-á, talvez, que convicção pode resultar para essa jovem daquilo que
ouviu, se disso não se lembra mais. Se, no estado de vigília, os detalhes se
apagaram de sua memória, o Espírito se lembra; resta nele uma intuição que
modifica os seus pensamentos; em lugar de fazer oposição, aceitara sem
dificuldade às explicações que lhe serão dadas porque as compreendera, e,
intuitivamente, as achara de acordo com o seu sentimento íntimo.
O que se
passou aqui, por um fato isolado, no espaço de alguns minutos, durante a curta
excursão que o Espírito da jovem fez no mundo espiritual, e análogo ao que
ocorre de uma existência a outra quando o Espírito, que se encarna, possui
luzes sobre um assunto qualquer; ele se apropria, sem dificuldade, de todas as ideias
que se relacionam com esse assunto, se bem que não se lembre, como homem, da
maneira pela qual as adquiriu. As ideias, ao contrario, para as quais não está
maduro, entram com dificuldade em seu cérebro.
Assim se
explica a facilidade com que certas pessoas assimilam as ideias espíritas. Essas
ideias não fazem senão despertar nelas as que já possuíam; são espíritas de
nascimento como outras são poetas, músicos ou matemáticos. Elas compreendem da
primeira palavra, e não tem necessidade de fatos materiais para se convencerem.
Incontestavelmente, é um sinal de adiantamento moral e do principio espiritual.
Na
comunicação acima está dito: “Agradecei a Deus pelos favores com os quais
cumula essa criança; que suas bênçãos se derramem sobre este médium, feliz
entre mil.” Estas palavras pareceriam indicar um favor, uma preferência, um
privilegio, ao passo que o Espiritismo nos ensina que Deus, sendo soberanamente
justo, nenhuma de suas criaturas é privilegiada, e que não facilita mais o
caminho a uns do que aos outros. Sem nenhuma dúvida, o mesmo caminho esta
aberto a todo mundo, mas nem todos o percorrem com a mesma rapidez: e com o
mesmo fruto; nem todos aproveitarão igualmente as instruções que recebem. O
Espírito dessa criança, embora jovem como encarnada, sem dúvida, já viveu muito,
e certamente progrediu.
Os bons
Espíritos, encontrando-a então dócil aos seus ensinos, se alegram em
instruí-la, como faz o professor com o aluno em que encontra felizes
disposições; é a esse título que é médium feliz entre muitos outros que, por
seu adiantamento moral, não tiram nenhum fruto de sua mediunidade. Não há,
pois, neste caso, nem favor, nem privilegio, mas sim uma recompensa; se o
Espírito cessasse de ser digno dela, logo seria abandonada por seus bons guias,
para ver acorrer, ao seu redor, uma multidão de maus Espíritos.
O êxito do
Livro dos Espíritos ultrapassara todas as expectativas. Allan Kardec recebia de
todos os lados relatórios de extraordinários fatos espíritas, cartas
interrogando sobre esse e aquele ponto de doutrina, visitas inesperadas de
pessoas com dúvidas e pedindo esclarecimentos maiores, ao mesmo passo que
recortes de jornais contra o Espiritismo.
Nesta época
só existiam duas revistas em francês que atendiam ao público espírita, o
“Journal de l’âme” de Genebra e nos Estados Unidos o jornal francês “Le
Spiritualiste de La Nouvelle-Orléans” e dezessete jornais na língua inglesa,
consagrados a esses assuntos.
Apesar de
faltar tempo ao codificador da Doutrina Espírita, ele percebeu a necessidade de
um periódico mais abrangente que pudesse atender ao público interessado sobre o
assunto. Nasce em 1 de Janeiro de 1858 a Revista Espírita e superando todas as
expectativas com as suas 36 páginas toma-se uma das revistas mais procuradas do
Velho Continente.
Kardec
frequentemente aproveitava as noticias da imprensa diária, mesmo as que não
tivessem relação alguma com o Espiritismo, para comentá-las sob o angulo
espírita, e, quando necessário, realizava a evocação de Espíritos que lançassem
luz sobre diferentes aspectos dos fatos apresentados. Os jornais, dizia ele,
estão cheios de casos de todos os gêneros, louváveis ou censuráveis, que podem
oferecer assunto para estudos morais sérios, são para os espíritas uma mina
inesgotável de observações e instruções.
Inúmeras
manifestações físicas espontâneas, ruídos, pancadas, arremesso de projéteis de
natureza diversa, deslocamento e quebra de objetos, estrondos, etc., etc., tudo
devidamente comprovado, sem que ninguém descobrisse o autor ou os autores
visíveis, nem mesmo com a vigilância ativa da policia, narradas pela imprensa francesa
e de outros países, foram transcritas por Allan Kardec na Revista Espírita,
dele recebendo explicações e esclarecimentos que lhes tiravam todo o caráter de
sobrenaturais.
Embora lhe
fosse pesada a tarefa, Allan Kardec dirigiu a Revista Espírita durante onze
anos e pouco, por ela se responsabilizando sozinho, sem entraves de nenhuma
vontade estranha. Enfrentou incessantemente as mais ásperas lutas, as mais
violentas tempestades, a fim de deixar aos continuadores de sua querida revista
um campo de trabalho menos árduo e de horizontes mais bem definidos.
De certa
forma, pode-se dizer, com o próprio Kardec, que a “Revue Spirite” é, nos seus
primeiros dez anos, ‘o complemento e o desenvolvimento’ da obra doutrinária por
ele encetada em 1857, e tanto isso é verdade que nos livros da Codificação se
deparam trechos inteiros e até mesmo capítulos anteriormente publicados na revista,
que a partir de 1913 tomaria o nome de “La Revue Spirite”.
Centenas de
colaboradores, de varias nações, entre encarnados e desencarnados, entre sábios
e eruditos, entre criaturas do povo e de elevada posição social, entre
cientistas, filósofos e literatos, entre espíritas e não espíritas, levantaram,
com Kardec e apos Kardec, a admirável pirâmide de mais de cem volumes da “Revue
Spirite”, pirâmide que encerra a força e a beleza indescritíveis do
Espiritismo, nos seus três aspectos: ciência, filosofia e religião.
Um exemplo
prático da Revista Espírita de outubro de 1867 explica os médicos médiuns: A
Sra. Condessa de Clérambert, da qual falamos no artigo anterior, oferecia uma
das variedades da faculdade de curar, que se apresenta sob uma infinidade de
aspectos e de nuanças, apropriadas às aptidões especiais de cada indivíduo. Em
nossa opinião, era o tipo do que poderia ser entre muitos médicos, de que
muitos poderão ser, sem dúvida, quando entrarem na via da espiritualidade, que
lhes abre o Espiritismo, porque muitos verão
desenvolver-se
em si faculdades intuitivas, que lhes serão um precioso auxílio na prática.
Dissemos, e
repetimo-lo, seria um erro crer que a mediunidade curadora venha destronar a
medicina e os médicos. Ela vem lhes abrir uma nova via; mostrar-lhes na
natureza, recursos e forças que ignoravam e com as quais podem beneficiar a
ciência e os doentes, numa palavra, provar-lhes que não sabem tudo, desde que
há pessoas que, fora da ciência oficial, conseguem o que eles mesmos não
conseguem. Assim, não temos a menor dúvida de que um dia haverá
médicos-médiuns, como há médiuns-médicos que, a ciência adquirida, juntarão o dom
de faculdades mediúnicas especiais.
Apenas como
essas faculdades só tem valor efetivo pela assistência dos Espíritos, que podem
paralisar os seus efeitos pela retirada de seu concurso, que frustram à sua
vontade os cálculos do orgulho e da cupidez, é evidente que não prestarão sua
assistência aos que os renegarem e entenderem servir-se deles secretamente, em
proveito de sua própria reputação e de sua fortuna. Como Espíritos trabalham
para a humanidade e não vêm para servir a interesses egoístas individuais;
como, em tudo o que fazem, agem em vista da propagação das doutrinas novas,
são-lhes necessários soldados corajosos e devotados, e nada tem que fazer com
poltrões, que tem medo da sombra da verdade. Assim, secundarão os que, sem
resistência e sem premeditação, colocarem suas aptidões ao serviço da causa que
se esforçam por fazer prevalecer.
O
desinteresse material, que é um dos atributos essenciais da mediunidade
curadora, será, também, uma das condições da medicina mediúnica? Então, como
conciliar as exigências da profissão com uma abnegação absoluta? Isto requer
algumas explicações, porque a posição não e a mesma.
A faculdade
do médium curador nada lhe custou. Não lhe exigiu estudo, nem trabalho, nem despesas.
Recebeu-a gratuitamente, para o bem dos outros, e deve usá-la gratuitamente.
Como antes de tudo e preciso viver, se, por si mesmo, não tem recursos que o
tomem independente, deve achar os seus meios no seu trabalho ordinário, como o
teria feito antes de conhecer a mediunidade. Não dá ao exercício de sua
faculdade senão o tempo que lhe pode consagrar materialmente. Se tira esse
tempo de seu repouso e se emprega em tomar-se útil aos seus semelhantes o que
teria consagrado a distrações mundanas, e o verdadeiro devotamento, e nisto só tem
mais mérito. Os Espíritos não pedem mais e não exigem nenhum sacrifício
desarrazoado.
Não se
poderia considerar devotamento e abnegação o abandono de seu trabalho para
entregar-se a um trabalho menos penoso e mais lucrativo. Na proteção que eles
concedem, os Espíritos, aos quais a gente não se pode impor, sabem
perfeitamente distinguir os devotamentos reais dos devotamentos fictícios.
Muito outra
seria a posição dos médicos-médiuns. A medicina é uma das carreiras sociais que
se abraça para dela fazer uma profissão, e a ciência medica só se adquire a
titulo oneroso, por um trabalho assíduo, por vezes penoso. O saber do médico é,
pois, uma conquista pessoal, o que não é o caso da mediunidade. Se, ao saber humano,
os Espíritos juntam seu concurso pelo dom de uma aptidão mediúnica, é para o
médico um meio a mais para se esclarecer, para agir mais segura e eficazmente,
pelo que deve ser reconhecido, mas não deixa de ser sempre medico; é a sua
profissão, que não deixa para fazer-se médium. Nada há, pois, de repreensível
em que continue a dela viver, e isto com tanto mais razão quanto a assistência
dos Espíritos por vezes é inconsciente, intuitiva, e sua intervenção se
confunde, às vezes, com o emprego dos meios ordinários de cura.
Porque um
médico tomou-se médium e é assistido por Espíritos no tratamento de seus
doentes, não se segue que deva renunciar a toda remuneração, o que o obrigaria
a procurar os meios de subsistência fora da medicina e, assim, renunciar sua
profissão. Mas se for animado do sentimento das obrigações que lhe impõe o
favor que lhe é concedido, saberá conciliar seus interesses com os deveres de
humanidade.
Não se dá o
mesmo com o desinteresse moral que, em todos os casos, pode e deve ser
absoluto. Aquele que, em vez de ver na faculdade mediúnica um meio a mais de
tomar-se útil aos seus semelhantes, nela se procurasse uma satisfação ao
amor-próprio; que considerasse um mérito pessoal os sucessos obtidos por esse meio,
dissimulando a causa verdadeira, faltaria ao seu primeiro dever. Aquele que,
sem renegar os Espíritos, não visse em seu concurso, direto ou indireto, senão
um meio de suplementar a deficiência de sua clientela produtiva, com alguma
aparência filantrópica que se cobre aos olhos dos homens, faria, por isso
mesmo, ato de exploração. Num caso, como no outro, tristes decepções seria a
sua consequência inevitável, porque os simulacros e as saídas falsas não podem
enganar os Espíritos, que leem no fundo do pensamento.
Dissemos que
a mediunidade curadora não matará a medicina nem os médicos, mas não pode
deixar de modificar profundamente a ciência médica. Sem dúvida haverá sempre
médiuns curadores, porque sempre os houve, e esta faculdade esta na natureza,
mas serão menos numerosos e menos à medida que aumentar o número de
médicos-médiuns, e quando a ciência e a mediunidade se prestarem mútuo apoio.
Ter-se-á mais confiança nos médicos quando forem médiuns, e mais confiança nos
médiuns quando forem médicos.
Não podem
ser contestadas as virtudes curativas de certas plantas e de outras substâncias
que a Providência pôs ao alcance do homem, colocando o remédio ao lado do mal.
O estudo dessas propriedades é do campo da medicina. Ora, como os médiuns
curadores só agem por influência fluídica, sem o emprego de medicamentos, se um
dia devessem suplantar a medicina, resultaria que, dotando as plantas de
propriedades curativas, Deus teria feito uma coisa inútil, o que é
inadmissível. Há, pois, que considerar a mediunidade curadora como um modo especial
e não como meio absoluto de cura. O fluido, como um novo agente terapêutico
aplicável em certos casos e vindo juntar um novo recurso à medicina. Por consequência,
a mediunidade curadora e a medicina como devendo de agora em diante marchar concomitantemente,
destinadas a se auxiliarem mutuamente, a se suplementar e a se completar uma a
outra. Eis porque se pode ser médico sem ser médium curador, e médium curador
sem ser médico.
Então porque
esta faculdade hoje se desenvolve quase que exclusivamente nos ignorantes, em
vez de nos homens de ciência? Pela razão muito simples que, ate agora, os
homens de ciência a repelem. Quando a aceitarem, vê-la-ão desenvolver-se entre
si, como entre os outros. Aquele que hoje a possuísse iria proclamá-la?
Não:
ocultá-la- ia com o maior cuidado. Desde que ela é inútil em suas mãos, porque
lha dar? Seria o mesmo que dar um violão a um homem que não sabe e não quer
tocar.
A este
estado de coisas junta-se outro motivo capital. Dando aos ignorantes o dom de
curar males que os sábios não podem curar, é para provar a estes que nem tudo
sabem, e que ha leis naturais além das que a ciência reconhece. Quando maior a
distancia entre a ignorância e o saber, mais evidente é o fato. Quando se
produz naquele que nada sabe, é uma prova certa de que ali em nada participou o
saber humano.
Mas como a
ciência não pode ser um atributo da matéria, o conhecimento do mal e dos
remédios por intuição, como a faculdade de vidência, só podem ser atribuídos ao
Espírito. Elas provam no homem a existência do ser espiritual, dotado de
percepções independentes dos órgãos corporais e, muitas vezes, de conhecimentos
adquiridos anteriormente, numa precedente existência. Esses fenômenos têm, pois,
ao mesmo tempo, a consequência de serem a humanidade, e de provar a existência
do principio espiritual.
BIBLIOGRAFIA
KARDEC,
Allan - Obras Póstumas;
Revista
Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos - Índice Geral Remissivo;
Revista
Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos - I Ano - 1858 - “Apresentação”.
Fonte da imagem: internet Google.
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