SEDE PERFEITOS
“Porque se
vós amais senão os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não fazem os
publicanos também o mesmo? E se vós saudardes somente os vossos irmãos, que
fazeis nisso de especial? Não fazem os gentios também o mesmo? Portanto, sede
perfeitos, assim como vosso Pai Celestial é perfeito.” (Mt 5:46-48).
Como é a
Perfeição de Deus? É a perfeição absoluta. É principio elementar julgar a causa
pelos seus efeitos.
Sendo Deus a
inteligência suprema Ele se revela através de suas obras admiráveis e de leis
sábias constituindo um conjunto grandioso de harmonia onde há perfeita
adequação dos meios aos fins, que se torna impossível não ver por trás de tão
portentoso mecanismo a ação de uma Suprema Inteligência.
Ao
recomendar que sejamos perfeitos como o Pai celestial, Jesus ensina o amor ao
próximo em sua máxima expressão, ou seja, a prática do amor indistintamente,
seja aos inimigos, seja aos que nos perseguem e caluniam.
O verdadeiro
amor é uma exteriorização da essência divina que deve existir em si mesma, independente
do ser a que é dirigida; é assim que Deus faz brilhar o sol sobre os bons e
maus, sobre os justos e injustos. O homem compenetrado de alegria que o
sentimento de amor proporciona, pratica o bem pelo bem, paga o mal com o bem,
toma a defesa do fraco contra o forte, independentemente da retribuição de quem
quer que seja ou de qualquer interesse pessoal.
Sente-se
jubiloso pelo bem que esparge, pelos atos altamente meritórios de fazer feliz a
quem quer que seja. O amor ao próximo estendido até o amor aos inimigos é
indício de superioridade moral; disso resulta que o grau de perfeição esta na
razão direta da extensão do amor ao próximo (ESE, Cap. XVII, item 2); por isso
recomenda o Mestre a perfeição, no sentido de estendermos o amor a todos, sem
limites e distinção, vivendo assim uma consciência de ordem coletiva e não
apenas pessoal. A perfeição, como disse o Cristo, encontra-se inteiramente na
prática da caridade sem limites, pois os deveres da caridade abrangem todas as
posições sociais, desde a mais ínfima até a mais elevada (ESE, Cap. XVII, item
1o).
Deve-se, no
entanto, entender por essas palavras uma perfeição relativa, aquela de que a
humanidade é suscetível, e que mais pode aproximá-la de Deus. Não se deve nunca
tomar essas palavras em sua acepção absoluta, pois o ser humano jamais poderá
atingir a perfeição absoluta; dado o fato de ser inteligente, ter passado pela
materialidade, ele será sempre relativo, ou seja, sempre perfectível. O
itinerário da perfectibilidade é, portanto, a destinação dos Espíritos, cuja
tendência ao progresso lhes é imanente.
Os
Espíritos, sendo individuações da essência divina, possuem identidade de origem
e de natureza com Deus. A presença divina lhes é, pois, imanente e possuem em
forma de potencial todos os atributos divinos a serem revelados. Cabe-lhes,
assim, revelar, tomar manifestas essas potencialidades infinitas, pela
conscientização e consequente dinamização delas. “Sede perfeitos” implica em
exteriorizar a qualidade infinita da essência oculta que habita o Espírito.
É assim que
afirma ainda Jesus “Vos sois deuses” (Jo 10-34), pois cada criatura é uma
criação divina, e sua destinação consiste na manifestação cada vez mais grandiosa
do que há em si mesmo de divino. Todo o segredo da perfeição, da felicidade
esta, portanto, na autoconscientização das potências divinas que caracterizam o
Espírito.
BIBLIOGRAFIA
KARDEC,
Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap. XVII, itens 7 a 10;
Fonte da imagem: Internet Google.
Nenhum comentário:
Postar um comentário