SERVIR A DEUS E A MAMON
"Ninguém
pode servir a dois senhores; porque ou odiará a um e amará ao outro, ou se afeiçoará
a um e desprezará o outro. Não podeis servir, ao mesmo tempo, a Deus e a Mamon".
(Lucas, Cap. XVI, v. 13).
Não se pode
servir ao mesmo tempo a Deus e à riqueza foi o sentido das palavras de Jesus nesta
passagem evangélica, pois Mamon era a divindade pagã que simbolizava a riqueza.
Ao colocá-lo frente a Deus conclamando os homens a escolherem entre eles, o
Mestre fez uma clara advertência àqueles que se deixam escravizar pela posse
dos bens materiais, esquecendo-se do verdadeiro tesouro do Espírito imortal;
muito embora Espírito e Matéria seja os princípios constitutivos do Universo,
importa colimar sempre os valores reais e eternos do Espírito.
A afirmativa
de Jesus diz respeito ao fato de que o homem não pode viver exclusivamente pelas
coisas materiais e comprometer sua evolução espiritual, pois é impossível
conciliar dois princípios opostos entre si: uma mesma fonte não pode jorrar
água pura, cristalina, e ao mesmo tempo jorrar água contaminada. Contudo, é
necessário ressaltar que Deus não condena a riqueza e ninguém será condenado
por ser rico. O alerta de Jesus é para o mau uso; é uma advertência para os que
não sabem aplicar os bens que possuem, pois os riscos dessa perigosa prova
terrena são justamente sua carga negativa de tentações e fascinação que o poder
decorrente de seus efeitos exerce sobre os homens, é a algema mais poderosa que
o prende às origens grosseiras da matéria.
A riqueza é
uma ferramenta que a Providência Divina coloca à disposição do homem para o seu
aprimoramento espiritual, que tanto pode ser útil a serviço do bem como a
serviço do mal, na medida em que o apego a ela exacerba o orgulho, o egoísmo, a
indiferença com o sofrimento alheio. Com ela pode-se devolver a esperança para
os que desfaleceram na luta, pode-se devolver a fé para aqueles que choram no
seu infortúnio, mas principalmente pode ser a força divina de transformação
social no advento do Terceiro Milênio.
Disse Jesus
a um moço que lhe perguntava o que fazer para conseguir a vida eterna, além de se
seguir os mandamentos: "Se quereis ser perfeito, ide, vendei tudo o que
tendes e dai-aos pobres e tereis um tesouro no céu" (ESE, cap. xvi, ítem
2).
Diante dessa
recomendação, o jovem abaixou a cabeça e afastou-se, pois não tinha a intenção
de se desfazer de seus bens.
Dirigindo-se
aos apóstolos, o Mestre continuou seu ensinamento: Quão difícil é a salvação
dos ricos. “É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que
entrar um rico no Reino dos Céus” (ESE, cap. xvi, ítem 2) ( A palavra
"camelo" em hebreu serve tanto para designar o animal propriamente
dito, como uma corda feita do pelo do animal. Na tradução, deram-lhe o primeiro
desses significados, mas é provável que Jesus a tenha empregado com a segunda significação).
O objetivo
de Jesus ao dizer ao jovem que se desfizesse de sua fortuna para segui-lo não
foi o de estabelecer uma condição necessária a renúncia da fortuna para
alcançar o progresso espiritual, mas ensinar a colocar essas riquezas sob o
manto da caridade e do amor universal.
Mais adiante
Jesus narrou a parábola do avarento que, preocupado em acumular cada vez mais
suas fartas colheitas, construiu enormes celeiros para a estocagem de seus
bens; feito isso disse este homem: "Minha alma tu tens muitos bens
reservados para vários anos; repousa, come, bebe, ostenta. Mas Deus ao mesmo
tempo disse a esse homem: "Insensato que és! Vai ser retomada tua alma
esta noite mesmo; e para quem será o que amontoaste?” (ESE, cap. XVI, ítem 3).
Cabe ao
homem trabalhar para a evolução espiritual e material do mundo físico, em decorrência
da Lei de Reencarnação como etapa indispensável para a aprendizagem do Espírito.
O trabalho cumulativo do ser humano desde o seu ingresso no reino hominal, modificando
a face do planeta através dos milênios, criando, desenvolvendo, acumulando conhecimentos
e bens materiais não significa pontos negativos aos olhos de Deus, mas é o caminho
por Ele traçado para o desenvolvimento do planeta, enquanto mundo de provas e expiações.
É na prova
reencarnatória da riqueza que o homem burila seus sentimentos, corrige suas
imperfeições, resolve os conflitos de vidas passadas em luta pela posse
insaciável dos bens terrenos, em detrimento da caridade e do amor ao próximo.
A sabedoria
divina utiliza nas provas terrenas de seus filhos a pobreza para uns, como
prova de paciência e resignação; para outros proporciona a riqueza como prova
de caridade, humildade, renúncia e desprendimento. Os tesouros acumulados no
mundo pertencem a Deus; o homem é apenas seu administrador, e serão cobradas
contas do bom ou mau uso; infeliz daquele que os empregou apenas para sua
satisfação pessoal.
Ensinam os
Espíritos sobre o desapego aos bens materiais: “Sabei contentar-vos com pouco”.
Se sois
pobres, não invejais os ricos, porque a fortuna não é necessária à felicidade.
Se sois ricos, não esqueçais de que esses bens vos são confiados e que devereis
justificar seu emprego, como sendo tutores"(ESE - Cap. XVI, item 14).
Aqueles que
servem a Deus colocam suas riquezas a serviço dos mais necessitados. Este servir
não é apenas desenvolver a caridade fria e egoísta que consiste em dar o
supérfluo, mas a caridade que ampara a pobreza, que ergue sem humilhar, que
gera trabalhos e ordem social, que oferece recursos para o desenvolvimento
científico, que distribui entre os infortunados o pão do trigo e o pão do amor.
Para esses, nada há de faltar.
QUESTIONÁRIO:
C) SERVIR A
DEUS E A MAMON
1) O que
simbolizava Mamon?
2) Jesus
condenou a riqueza?
3) Qual a
mensagem implícita na parábola do avarento?
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