O SURGIMENTO DO ESPIRITISMO
Embora as
manifestações espirituais sejam de todos os tempos, foi assinalado como 18 de
abril de 1857 (data da publicação de “O Livro dos Espíritos”) o início da
doutrina espírita. Contudo, bem antes dessa data, iniciou-se o que Arthur Conan
Doyle denominou de “invasão organizada”, ou seja, manifestações espirituais
persistentes que culminaram com o aparecimento do Espiritismo.
Surgiram
médiuns, fatos e comunicações espirituais que preparam o terreno para a
codificação de Kardec – os chamados antecessores.
Emmanuel Swedenborg (1688-1772)
Sueco,
vidente, mas também um gênio científico e tecnológico de seu tempo. Graduou-se
em Engenharia de Minas e também era profundo conhecedor da Bíblia, teólogo,
autoridade em Mineração, Metalurgia, Engenharia Militar, Astronomia, Física,
Zoologia, Anatomia, Economia, Política e Finanças.
Desde
criança, Swedenborg já manifestava sinais de uma mediunidade de elevado
potencial. Com notável clarividência, certa noite, em um jantar em Gothenburg,
percebeu e narrou fielmente, para mais de 16 testemunhas, um grande incêndio
que ocorria a cerca de 400 km de distância, em Estocolmo, da casa de seu
vizinho.
Descreveu
com nitidez a vida espiritual, além do fenômeno da exteriorização do
ectoplasma, que definiu como “uma espécie de vapor que se exalava dos poros de
meu corpo. Era um vapor aquoso muito visível e caia no chão, sobre o tapete”.
Edward Irving (1792 - 1834)
Ministro da
Igreja da Escócia (presbiteriana), Edward Irving nasceu em Annan.
Foi na
Inglaterra que fatos mediúnicos marcantes o fizeram conhecido. De personalidade
vibrante, carismático e com um porte físico avantajado, possuía grande
eloquência. O brilhantismo de suas pregações logo conquistou um grande número
de adeptos, motivo que o fez ser transferido para a igreja escocesa de Regent
Square, em Londres.
Em 1831
surgiu em sua comunidade um surto de manifestações mediúnicas de xenoglossia,
quando fiéis começaram a falar em línguas estranhas. Algumas pessoas entravam
em convulsão e se pronunciavam em latim, com voz cavernosa, e em outras línguas
desconhecidas.
Posteriormente
começaram a aparecer possessões por entidades inferiores, o que levou ao fim
das manifestações psíquicas na comunidade.
Andrew Jackson Davis (1826 - 1910)
Também
conhecido como o profeta da nova revelação, nasceu em Blooming Grove, às
margens do Rio Hudson, Nova York (EUA).
De família
de poucos recursos materiais e intelectuais, possuía apenas a educação
primaria. Desde a infância, porém, manifestou a clarividência e a
clariaudiência.
Em transe
magnético, o corpo humano era como que transparente para Davis, o que lhe dava
oportunidade de fazer diagnósticos precisos de pessoas doentes. Também
magnetizado, com 19 anos de idade, ditou várias comunicações mediúnicas, entre
as quais, sua grande obra “The Principles of Nature, Her Divine Revelation, and
a Voice to Makind”. Ainda em estado mediúnico, trouxe comunicações em hebraico
e demonstrou enormes conhecimentos de Geologia, Arqueologia, Historia,
Mitologia, origem das Línguas e de fatos bíblicos.
O
aparecimento do Espiritismo foi previsto por ele em “Os Princípios da Natureza”
(1847), onde diz: “É verdade que os Espíritos se comunicam entre si, quando um
está no corpo e outro em esferas mais altas - e, também, quando uma pessoa em
seu corpo é inconsciente do influxo e, assim, não pode se convencer do fato.
Não levará muito tempo para que essa verdade se apresente como viva
demonstração”.
As Irmã Fox
Golpes
produzidos por um Espírito desencarnado em uma humilde casa no Vilarejo de
Hydesville, Estado de Nova Iorque (EUA) deram origem ao que, posteriormente,
foi chamado de Moderno Espiritualismo.
No centro
dos acontecimentos, encontramos Margaret (1833-1893), Kate (1837-1892) e Leah
(1814-1890) Fox, médiuns de efeitos físicos.
Em dezembro
de 1847, a família Fox, composta por pai e mãe metodistas e duas filhas,
Margaret então com 14 anos e Kate, de 10 anos, alugou a casinha modesta e já
com fama de mal-assombrada. Leah, à época, morava em Rochester, onde ensinava música.
Em meados de
marco de 1848, certos ruídos começaram a acontecer na casa dos Fox e foram
Crescendo em intensidade. Por vezes, eram batidas, em outras, sons como o de
arrastar de móveis. Na noite de 31 de março, os fenômenos se intensificaram de
modo que o barulho se tomou mais alto e numa frequência mais acentuada.
Foi, então,
que a jovem Kate desafiou a forca invisível a repetir as batidas que ela
ininterruptamente fornecia com os dedos. Embora o desafio tivesse sido feito
com palavras suaves, foi prontamente respondido. Após uma investigação
realizada, os Fox souberam que tratava-se de um Espírito assassinado naquele
local e enterrado na adega, a dez pés de profundidade.
As
comunicações por meio de pancadas continuaram até que, para convencer os
detratores de que o fenômeno era autêntico, as irmãs Fox começaram a fazer
demonstrações públicas. A primeira delas se deu em 14 de novembro de 1849, no
Corinthian Hall, o maior salão de Rochester, resultando na organização do
primeiro núcleo de estudantes do Espiritualismo moderno.
Várias
comissões foram organizadas para estudar o fenômeno e Kate, Margaret e Leah
foram exaustivamente expostas e estudadas.
Em Lyle
Dale, atualmente encontra-se a sede central regional dos Espiritualistas
Americanos, junto com a velha casa da família Fox.
As mesas girantes e Kardec
Na América
do Norte foi desenvolvido o método da comunicação com os Espíritos usando-se o
alfabeto. Falava-se o alfabeto e se pedia ao Espírito para indicar, por batidas
ou pancadas, as letras que compunham as desejadas palavras. No final de 1850,
surge uma nova maneira de comunicação - bastava, simplesmente que os médiuns se
colocassem ao redor de uma mesa sentados, em cima da qual punham as mãos.
Erguendo um de seus pés, a mesa daria uma pancada toda vez que fosse proferida
a letra que servisse ao Espírito comunicante para completar palavras e frases.
Esse processo, apesar de muito lento, produzia excelentes resultados; foi o
início das mesas girantes ou falantes.
No fim de
1854, o Prof. Hippolyte Léon Denizard Rivail, mais tarde Allan Kardec, expressa
sua opinião sobre tais manifestações: “Só acreditarei quando o vir e quando me
provarem que uma mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir e que se
possa tornar sonâmbula. Até lá, permita que eu não veja no caso mais do que um conto
para fazer-nos dormir em pé”.
Rivail era
um homem de ciência e não se dava a credulidade gratuita, sem análises
racionais. A incredulidade inicial, contudo, foi vencida. Na primeira vez que
presenciou o fenômeno das mesas girantes, em maio de 1855, afirmou: “Entrevi,
naquelas aparentes futilidades, no passatempo que faziam daqueles fenômenos,
qualquer coisa de sério, como que a revelação de uma nova lei, que tomei a mim
estudar a fundo”.
A
continuidade dos estudos permitiu a Rivail aplicar nesta nova ciência o método
experimental. Percebeu, nas primeiras observações, que os Espíritos, por serem
os homens desencarnados, eram limitados como nós e também sujeitos a enganos.
Esse pensamento o levou a estruturar o trabalho da Codificação de maneira metódica;
utilizava-se de inúmeros médiuns para realizar a comparação e a fusão de todas
as respostas coordenadas, classificadas e outras vezes refeitas.
Esse trabalho
resultou na primeira edição de O Livro dos Espíritos, em 18 de abril 1857. A
obra foi lançada sob a autoria de Allan Kardec, pseudônimo que fora revelado
pelo Espírito Zéfiro, nome utilizado em uma das encarnações anteriores, na qual
Rivail era um sacerdote druida.
FIXAÇÃO DO
APRENDIZADO:
l) Qual a
importância dos antecessores para o surgimento do Espiritismo?
2) Qual a
contribuição das mesas girantes para o Espiritismo?
3) Como
Kardec analisou as comunicações espirituais? Qual trabalho surgiu dessas
primeiras observações?
BIBLIOGRAFIA
- Doyle,
Arthur Conan - A História do Espiritismo- Ed. Pensamento.
- Kardec,
Allan - Obras Póstumas - Ed. Lake
- Wantuil,
Zêus - As Mesas Girantes e o Espiritismo - Ed. FEB
Fonte da imagem: Internet Google.
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