CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

terça-feira, 22 de agosto de 2017

14ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Atividade Missionária De Pedro – 1ª Parte

A CASA DO CAMINHO

Era um casarão de grandes proporções e paupérrimo em sua feição exterior. A construção não obedecia a qualquer planificação anterior. Velhas tamareiras circundavam a Casa.

Conforme narram os Espíritos Emmanuel e Amélia Rodrigues, situava-se a margem da estrada entre Jerusalém e Jope. Fora erguida pelas mãos amorosas de Simão Pedro, ajudado por alguns companheiros afeiçoados a Mensagem ainda viva em suas mentes e seus corações.

Nascida para socorrer aqueles que não tinham onde repousar as fadigas nem os desgastes orgânicos, era um reduto de amor evocando a presença do Mestre inolvidável.

Lentamente, foram surgindo os moribundos que não tinham para onde seguir: crianças abandonadas e velhinhos desvalidos, perturbados da mente e obsessos que ali eram deixados com indiferença. Chamando a si os aflitos e os enfermos, a Casa do Caminho inaugurou no mundo a fórmula da verdadeira benemerência social.

As primeiras organizações de assistência ergueram-se com o esforço dos apóstolos, ao influxo amoroso das lições do Mestre. Recolhendo-se ali com a família, Pedro era auxiliado particularmente por Tiago, filho de Alfeu, e por João; mas, Filipe e suas filhas também se instalaram em Jerusalém, vindo a cooperar no grande esforço fraternal. Ali, as mãos espalmadas da caridade sustentavam a fé, a fim de que nunca se apagasse a luz da esperança.

O pescador de Cafarnaum era a figura central da atividade socorrista, em volta de quem circulavam os problemas e afazeres complexos.

Simão Pedro permanecia, não raro, até avançadas horas no atendimento aos combalidos, aos atormentados e desfalecentes. Somente quando a noite cintilante de estrelas anunciava a sua plenitude, é que ele, já bem cansado, buscava o colchão grosseiro para o repouso de poucas horas.

O verbo nos seus lábios, vertido do coração sensível, adquiria tons de beleza, autenticada pelo magnetismo da sua vivência.

Em meio aos casos mais dolorosos, Pedro, ouvindo as conversas dos alienados nos compartimentos próximos, latido dos cães esfomeados em derredor e a musica mágica da natureza, percebia, não raro, o vulto alvo e luminoso do Mestre, sereno, como na ocasião em que caminhou sobre as ondas do mar na direção do barco a lhe dizer:
“- Simão, a chama que coze o pão atrai a mariposa que, descuidada, nela se consome...”  “O discípulo do meu Evangelho é um ponto vivo de referência onde se encontre, atraindo as atenções e sendo vitima das circunstancias, em constante perigo, nunca, porém, em abandono, esquecido do meu amor”.

“Não te martirizes, nem temas. A água refrescante e cristalina que mata a sede é também usada para diluir venenos terríveis de ação rápida”.

“Cada alma vê, no próximo, aquilo que tem no seu ínterim; e cada coração recebe a Mensagem de acordo com a própria necessidade”.

“Permanece fiel e não desfaleças em ocasião alguma...” (“Pelos Caminhos de Jesus”, lição 2, Amélia Rodrigues).

Nesse cenário, Simão amou a todos com muita intensidade, jamais se omitiu ou temeu, até o momento do martírio na cruz, de cabeça para baixo, em Roma, vários anos mais tarde...

CURA DE UM COXO (At 3:1-10)

O Homem generoso, distribuindo daquilo que tem, fixa em si mesmo a luz e a alegria que nascem dessas dádivas, somente quando as realiza com o sentimento de amor, que, no fundo, é a sua riqueza imperecível e legitima.

“Pedro e João estavam subindo ao Templo para a oração da hora nona. Trouxeram então, um homem que era aleijado de nascença, e que todos os dias era deixado a porta do Templo chamada Formosa, para pedir esmolas aos que entravam. Vindo Pedro e João, que iam entrar no Templo, implorou que lhe dessem uma esmola. Pedro, porém, fitando nele os olhos, junto com João, disse-Lhe: ‘Olha para nós! ’Ele os olhava atentamente, esperando receber deles alguma coisa. Mas Pedro lhe disse: ‘Nem ouro nem prata possuo. O que tenho, porém, isto te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareu, anda!’ E, tomando-o pela mão direita, ergueu-o. No mesmo instante seus pés e calcanhares se firmaram; de um salto pôs-se em pé e começou a andar. E entrou com eles no Templo, andando, saltando e louvando a Deus. Todo o povo viu-o andar e louvar a Deus; reconheciam-no, pois era ele quem esmolava, assentado junto a Porta Formosa do Templo. E ficaram cheios de admiração e de assombro pelo que lhe sucedera.” (At. 3: 1-10).

Verificamos, na passagem da cura acima transcrita, o quanto os apóstolos Pedro e João estavam sintonizados com a Espiritualidade Superior.

Como nos ensina a Doutrina Espírita, nos processos de cura tão formidáveis como este, são necessárias diversas condições. Entre elas podemos destacar a fé daquele que cura, assim como daquele que é curado, pois ao primeiro é necessária a convicção e ao segundo a receptividade. E, especialmente, é indispensável a pureza de intenções, e o desejo verdadeiro de auxiliar, pois, assim, é estabelecida, em conjunto com os Benfeitores Espirituais, a Corrente magnética curadora.

Quem espera pelo ouro ou pela prata, a fim de contribuir nas boas obras, em verdade ainda se encontra distante da possibilidade de ajudar a si próprio. Mas, lembrando a confiança em Jesus, a coragem e as palavras amorosas de Pedro; que venhamos a dar de nós mesmos, no esforço da própria iluminação.

DISCURSO DE PEDRO AO POVO NO TEMPLO (At 3:11-26)

“A vista disso, Pedro dirigiu-se ao povo: ‘Homens de Israel, por que vos admirais assim? Ou por que fixais os olhos em nós, como se por nosso próprio poder ou piedade tivéssemos feito este homem andar? O Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó, o Deus de nossos pais glorificou seu servo Jesus, a quem vos entregastes e negastes diante de Pilatos, quando este já estava decidido a soltá-lo”. (At 3:11-13).

Uma vez curado, o ex-coxo não largou mais Pedro e João. E todo o povo, assombrado, acorreu para junto deles, no chamado Pórtico de Salomão. Vendo isso, Pedro dirigiu-se as pessoas e teve oportunidade de anunciar o Evangelho de Jesus.

A fé que vem por meio de Jesus, essa sim houvera restituído a saúde e fortalecido o homem que todos viam e reconheciam como o antigo coxo que pedia esmolas.

Enunciou, então, a parte mais importante do ensinamento quando disse: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, a fim de que sejam apagados os vossos pecados, e deste modo venham da face do Senhor os tempos do refrigério.” (At 3:19).

Os crentes ainda distanciados do sentido do Evangelho de Jesus quase sempre imaginam que se livrarão das dificuldades com as cerimônias exteriores; outros acreditam que se identificarão com os céus tão somente pelo cantar de alguns hinos, enquanto enorme percentagem de espíritas se crê na intimidade de supremas revelações, apenas pelo fato de haver frequentado algumas sessões. Tudo isso constitui preparação valiosa, mas não é tudo.

Há um esforço iluminativo para o interior, sem o qual Homem algum penetrará no santuário da Verdade Divina.

A palavra de Pedro à massa popular contém a síntese do vasto programa de transformação essencial, a que toda criatura submeter-se-á para a felicidade da união com o Cristo. Uma vez que ninguém atinge, em um só passo, a eterna claridade, há estações indispensáveis para essa realização.

Conforme nos ensina a Doutrina Espírita, o autoconhecimento e a renovação interior são as chaves para o sucesso espiritual de todos nos.

A PRISÃO DE PEDRO E DE JOÃO (At 4:1-22)

“Falavam eles ao povo, quando sobrevieram os sacerdotes, o oficial do Templo e os saduceus, contrariados por vê-los ensinar ao povo e anunciar, em Jesus, a ressurreição dos mortos. Lançaram as mãos neles e os recolheram ao cárcere até a manhã seguinte, pois já estava entardecendo. Entretanto, muitos dos que tinham ouvido a Palavra abraçaram a fé. E seu número, contando-se apenas os homens, chegou a cerca de Cinco mil.” (At 4:1-4).

Após o ato de prisão acima narrado, os maiorais do judaísmo reuniram-se em Jerusalém no dia seguinte, para deliberar a respeito da situação de Pedro e João, fazendo-os comparecer diante deles para os interrogarem a respeito da cura do coxo.

Profundamente inspirado, Pedro apresentou com lógica os seus argumentos, dizendo que eles estavam sendo julgados por terem feito o bem e a caridade em nome e através de Jesus Cristo, o Nazareno, que fora crucificado, mas ressurgira dos mortos.

“É ele a pedra desprezada por vós, os construtores, mas que se tornou a pedra angular Pois não há, debaixo do céu, outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos.” (At 4: 11-12).

Os interrogadores ficaram admirados ao verem a coragem com que Pedro e João falavam, sendo pessoas simples e sem instrução. Verificaram que eles tinham andado com Jesus, mas vendo, junto a eles, em pé, o homem que tinha sido curado, nada podiam dizer em contrário. Então os mandaram sair do Sinédrio e começaram a discutir entre si:

“Que faremos com estes homens? Que por eles realizou-se um sinal notório é claramente manifesto a todos os habitantes de Jerusalém, e não podemos negá-lo. Mas, para que isto não se divulgue ainda mais entre povo, proibamo-los, com ameaças, de tornarem a falar neste nome a quem quer que seja.” (At 4: 16-17).

Chamaram de novo Pedro e João e lhes ordenaram que, de modo algum, falassem ou ensinassem em nome de Jesus. Pedro e João responderam:

“Julgai se é justo, aos olhos de Deus, obedecer mais a vós do que a Deus. Pois não podemos, nós, deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos.” (At 4: 19-20).

Insistindo em suas ameaças, mas como não tinham meio de castigá-los, deixaram Pedro e João em liberdade, por causa do povo, pois, todos glorificavam a Deus pelo que havia acontecido. O homem beneficiado por este sinal da cura tinha mais de quarenta anos.

Quanta beleza encontramos nessa passagem de Atos dos Apóstolos! Quantos corações conquistados por um ato simples de amor. Através dela, percebemos a conjugação entre homens de valor e Espíritos na divulgação da mensagem de Jesus, naqueles primeiros dias do Cristianismo.

Pedro não temeu a morte. Ele recebeu a responsabilidade da divulgação da mensagem do Amor e do Bem e a defendeu como quem reconhece não haver tarefa maior na Terra.

CURAS, PRISÕES E O PARECER DE GAMALIEL (At 5:1-42)

“Pelas mãos dos apóstolos faziam-se numerosos sinais e prodígios no meio do povo a ponto de levarem os doentes até para as ruas, colocando-os sobre leitos e em macas, para que, ao passar Pedro, ao menos sua sombra cobrisse algum deles." (At 5: 12-15).

O sumo sacerdote e seus seguidores encheram-se de cólera e mandaram prender os apóstolos. Soltos com o auxilio da Espiritualidade, voltaram a pregar no Templo (At 5:17-42). Sendo mais uma vez capturados e colocados diante do Sinédrio, exaltaram o Messias na figura de Jesus.

Ao ouvirem isso, os maiorais ficaram furiosos e queriam matá-los. Levantou-se, no Sinédrio, um fariseu chamado Gamaliel, Doutor da Lei e Mestre de Saulo de Tarso (At 22:13), estimado por todo povo. Ele mandou que os acusados saíssem por um instante.

Conta-nos o Espírito Emmanuel, por meio das mãos abençoadas de Chico Xavier, no livro “Paulo e Estevão”, que, anteriormente, os discípulos do Mestre, cientes da simpatia de Gamaliel pela causa, convidaram-no a visitar as instalações humildes da “Casa do Caminho”.

Simão Pedro, profundamente respeitoso, explicou-lhe as finalidades da instituição e, carinhosamente, ofereceu-lhe uma cópia, em pergaminho, de todas as anotações de Mateus sobre a personalidade do Cristo e seus gloriosos ensinamentos.

Gamaliel, atencioso, agradeceu ao ex-pescador, tratando-o igualmente com deferência e consideração. Chegados à longa enfermaria, em que se aglomeravam os mais diversos doentes, o grande rabino de Jerusalém não pode ocultar a máxima impressão, comovido até as lágrimas com o quadro que se lhe deparava aos olhos espantados.

O grande doutor compreendeu o êxito da nova doutrina. Aquele Jesus desconhecido, ignorado da sociedade mais culta de Jerusalém, triunfava no coração dos infelizes, pela contribuição de amor desinteressado que trouxera aos mais deserdados da sorte.

Gamaliel sabia que os galileus não seriam isentos de perseguição e emitiu alguns conselhos, visando aparar os golpes da violência, que, cedo ou tarde, haveriam de chegar.

Pedro, João e Tiago agradeceram sensibilizados, a carinhosa admoestação, e o velho rabino regressou ao lar, profundamente impressionado com as lições do dia.

Por ocasião da prisão, diante do Sinédrio, levantando-se em defesa dos apóstolos, cuja obra conhecera falou:

“Varões de Israel, atentai bem no que fareis a estes homens. Agora, portanto, digo-vos, deixai de ocupar-vos com esses homens. Soltai-os. Pois, se seu intento ou sua obra provém dos homens, destruir-se-á por si mesma; se vem de Deus, porém, não podereis destruí-los. Não aconteça que vos encontreis movendo guerra a Deus. Concordaram, então, com ele” (At. 5:34-39).

Os membros do conselho aceitaram o parecer de Gamaliel. Chamaram os apóstolos, mandaram açoitá-los, proibiram que falassem no nome de Jesus e soltaram-nos. E eles todos os dias, no Templo e pelas casas, não cessavam de ensinar e anunciar que Jesus era o Cristo esperado.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente a postura de Gamaliel frente aos apóstolos.


Fonte da imagem: Internet Google.

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