A Atuação dos Apóstolos e a
Primeira Comunidade Cristã
DISCURSO
DE PEDRO A MULTIDÃO
“Pedro,
então, de pé, junto com os onze, levantou a voz e assim lhes falou”: ‘Homens da
Judéia e todos vós, habitantes de Jerusalém, tomai conhecimento disto e prestai
ouvidos as minhas palavras. Estes homens não estão embriagados, como pensais,
pois esta é apenas a terceira hora do dia. O que está acontecendo é que foi
dito por intermédio do profeta: ‘Sucederá nos últimos dias, diz Deus, que
derramarei do meu Espírito sobre toda carne. Vossos filhos e vossas filhas
profetizarão, vossos jovens terão visões e vossos velhos sonharão. Sim, sobre
meus servos e minhas servas derramarei do meu Espírito’.
(...) Homens
de Israel, ouvi estas palavras! Jesus o Nazareu, foi por Deus aprovado diante
de vós com milagres, prodígios e sinais, que Deus operou por meio dele entre
vós, como bem sabeis. Este homem, entregue segundo desígnio determinado e a
presciência de Deus, vós matastes, crucificando pela mão dos ímpios. Mas Deus ressuscitou,
libertando-o das angústias do Hades, pois não era possível que ele fosse retido
em seu poder.
(...) “Saiba,
portanto, com certeza, toda a casa de Israel: Deus constituiu Senhor e Cristo,
este Jesus a quem vós crucificastes.” (At 2:14-36).
Após aquele
inesquecível episódio do Pentecostes, muitos estavam, então, assombrados;
outros, entretanto, estavam céticos.
Pedro, que
cada vez mais consolidava sua liderança, levanta-se... Ergue sua voz diante da
multidão, e inicia relembrando-os sobre a predição do profeta Joel (Joel 3: 1):
“Vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões e
vossos velhos sonharão.”
Os antigos
profetas hebreus, como podemos ver no Antigo Testamento, faziam muitas
predições para séculos que estavam por vir. O profeta Joel (sec. IV a.C.), em
seu livro, prediz “julgamento das nações” e a “vitória” final de Iahweh.
Em momento
anterior a esse “julgamento dos povos” e a essa “era paradisíaca”, prevê o
profeta Joel, exatamente, a difusão, sem precedentes, da manifestação da
faculdade mediúnica de forma generalizada nos jovens, nos anciãos, e, ainda,
outros “sinais nos céus e na terra”.
As
profecias, entre o povo hebreu, repitamos, é algo indissociável, inseparável de
sua cultura. É, entretanto, interessante notar que, na verdade, pouco ouvido
eles davam a esses profetas. Cultuavam-nos como heróis de sua história, mas, na
prática, parece que duvidavam de suas profecias.
Não os vemos
- os hebreus à época de Moises - blasfemarem e confrontarem o grande profeta?
Quantos outros profetas não foram rechaçados em sua época? Quantas não foram às
profecias desprezadas no momento em que se cumpriam? A vinda do Cristo não
estava prevista? Não rejeitaram eles o Cristo? Por isso disse Jesus:
“Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são
enviados...”
Isso nos
leva a refletir e perguntar: Como é possível que nem os Doutores da Lei, que
conheciam como ninguém as Escrituras, que diariamente citavam os profetas, que
repetiam suas predições, como é possível que nem eles pudessem “enxergar” o
cumprimento da Lei?
É que essa
“cegueira” é movida pelo egoísmo, movida por todas as más paixões que impedem o
ser de avançar. Para alcançar a real compreensão, essa “visão” da verdade, é
preciso ser humilde de coração, é preciso ser submisso à Lei de Deus.
Mas, assim
como havia muitos que renegaram o Cristo e seu Evangelho, muitos outros se
encontravam sedentos da Doutrina Redentora.
Pedro,
tomado por inspiração divina, conclama-os a “ver”, convoca-os a relembrar das
profecias, a compreender que o que tinha ocorrido estava previsto nas
Escrituras.
Ele relembra
o Mestre, e o episódio do Gólgota em que, pela impiedade dos Homens, foi o
Cristo levado ao madeiro da infâmia.
Mas
prossegue o grande apóstolo e testemunha a vitória de Jesus sobre a morte
física, pois Deus havia atuado “libertando-o das angústias do Hades” (“do
Hades”, conforme nota de rodapé da Bíblia de Jerusalém, significa: “da morte”).
Sim, o
Cristo Vive! Naquele dia, quanta esperança foi derramada a todos aqueles de boa
vontade, a todos aqueles que desejavam acreditar no verdadeiro Messias.
OS PRIMEIROS CRISTÃOS E A PRIMEIRA
COMUNIDADE CRISTÃ
“Eles
mostravam-se assíduos ao ensinamento dos apóstolos, a comunhão fraterna, à
fração do povo e as orações. Apossava-se de todos temor, pois numerosos eram os
prodígios e sinais que se realizavam por meio dos apóstolos. Todos os que tinham abraçada a fé reuniam-se e punham
em comum: vendiam suas propriedades e bens, e dividiam-nos entre todos, segundo
as necessidades de cada um. Dia após dia, unânimes, mostravam-se assíduos no
Templo e partiam o pão pelas casas, tomando o alimento com alegria e
simplicidade de coração. Louvavam a Deus e
gozavam da simpatia de todo o povo. E o Senhor acrescentava a cada dia ao seu
número os que seriam salvos”. (At 2:42-47).
Qual outra
Doutrina Moral foi capaz de tais formidáveis manifestações de seus fiéis?
Vejamos
essas admiráveis ações: “vendiam suas propriedades e bens, e dividiam-nos entre
todos, segundo a necessidade de cada um”.
A mensagem
do Cristo havia invadido lhes a alma.
Naqueles
dias, os discípulos de Jesus estavam exultantes, os ensinamentos do Mestre
estavam propagando-se; o fermento da esperança fazia com que mais e mais almas
procurassem a mensagem libertadora do Cristo.
Era preciso
estabelecer-se. Era preciso fundar uma base para o Cristianismo nascente, a
primeira delas seria a “Casa do Caminho”.
Ali os
discípulos, organizados, propagariam o Evangelho e acolheriam a multidão de
aflitos. Na obra ‘Dias Venturosos’, psicografado por Divaldo Franco, Amélia
Rodrigues, na mensagem n° 25, narra: “A igreja dos cristãos reunia-se todos os
dias e todas as noites para comentar os feitos e as palavras do doce e enérgico
Rabi, assim como para orar e amar. Os seus membros criaram a primeira
comunidade fraternal da Humanidade sob a inspiração do Primeiro Mandamento”.
De forma
inigualável, a Boa Nova, como um bálsamo, alcançava os corações necessitados de
amor, amparo, consolo. A mesma autora acima citada, na obra “Luz do Mundo”,
também psicografada por Divaldo Franco, na mensagem n° 23, expõe: “Os homens
esfaimados, as criaturas exauridas de sofrer; os corações cansados e cheios de
decepções - eis o barro que teriam de movimentar para transformar em ânfora
capaz de reter elixir divino, conservando puras as suas excelentes qualidades.”
Na obra
‘Lázaro Redivivo’, lição 28, o irmão X, afirma: “Suas reuniões íntimas
prosseguiam regulares e as assembleias de caráter público efetuavam-se sem
impedimento. As fileiras intermináveis de pobres e infelizes, procedentes dos
‘vales de imundos’, lhes batiam a porta, recendo carinhosa atenção, e esse
espírito de serviço aos filhos do desamparo conquistou-lhes, pouco a pouco,
valiosos títulos de respeitabilidade...”.
Quão
inspiradores são esses relatos dos passos dos primeiros discípulos do Evangelho
de Jesus!
SINAIS E PRODÍGIOS REALIZADOS PELOS
APÓSTOLOS
Pelas mãos
dos apóstolos faziam-se numerosos sinais e prodígios no meio do povo...
Costumavam
estar; todos juntos, de comum acordo, no pórtico de Salomão, e nenhum dos
outros ousava juntar-se a eles, embora povo os engrandecesse. Mais e mais
aderiam ao Senhor pela fé, multidões de homens e de mulheres.
...A ponto
de levarem os doentes até para as ruas, colocando-os sobre os leitos e em
macas, para que ao passar Pedro, ao menos sua sombra cobrisse algum deles.
Também das cidades vizinhas de Jerusalém acorria à multidão, trazendo enfermos
e atormentados por espíritos impuros, os quais eram todos curados. (At
5:12-16).
Nesta
impressionante passagem, vemos o vigor, a magnitude, a grandiosidade desses
primeiros passos dos apóstolos de Jesus.
Onde mais
encontramos tamanha comoção? O início do Cristianismo é uma das mais belas
páginas de nossa História. Considerando toda a História da Humanidade, que
ainda continua sendo escrita, encontraremos momentos de opressão, mas outros de
liberdade; encontraremos períodos obscuros, mas outros de claridade e luz intensa.
Jesus é a
Luz do Mundo, suas palavras compõem uma sublime poesia de eterna sabedoria,
seus ensinamentos, como um farol que clareia as trevas, brilha resplandecente.
A seus fiéis seguidores fica a missão de propagar a Boa Nova por toda a Terra.
Seus apóstolos,
nesta narrativa; vemo-los exercendo plenamente seus ministérios. Pela boa
vontade, pela humildade, pela pureza de coração, pela submissão a Vontade
Divina, por perseverarem incansavelmente, vemos quão admiráveis são suas ações.
A multidão
de aflitos e sofredores, testemunhando suas condutas irrepreensíveis, suas valorosas
palavras de esperança... Acorria para ouvir o Evangelho e obterem a cura para
seus males.
Na obra
“Lázaro Redivivo”, na mesma lição já citada, psicografado por Francisco Xavier,
o Irmão X, sintetiza: “A ressurreição enchera-lhes a alma de energias sublimes
e até então desconhecidas. Que não fariam pelo Mestre ressuscitado? Iriam ao
fim do mundo ensinar a Boa Nova, venceriam trevas e espinhos, pertenceriam a
Ele para sempre”.
Em reflexão,
ficamos admirados. Que fé surpreendente era despertada “a ponto de levarem os
doentes até para as ruas; colocando-os sobre os leitos e em macas, para que ao
passar Pedro, ao menos sua sombra cobrisse algum deles”.
Sob o amparo
amigo de Jesus, quão emocionante não foram esses dias gloriosos desses
valorosos discípulos. Imaginemos o fervor da multidão, acreditando que sim, há
esperança, sim, as profecias cumpriam-se, sim, o “Reino de Deus” está ao
alcance de todos.
Que nós
sejamos capazes de possuir essa mesma fé que motivou os primeiros cristãos!
QUESTÃO
REFLEXIVA:
Porque
muitas vezes hesitamos e não usamos todo nosso potencial para anunciar o “Reino
de Deus”, como fizeram os primeiros discípulos de Jesus?
Bibliografia:
- A Bíblia
de Jerusalém.
- Kardec,
Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Xavier,
Francisco C./Irmão X - Lázaro Redivivo.
- Franco,
Divaldo/Amélia Rodrigues - Dias Venturosos.
- Franco,
Divaldo/Amélia Rodrigues - Luz do Mundo.
Fonte da
imagem: Internet Google.
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