OS TRÊS REINOS
Subentende-se
por Reino cada uma das três grandes divisões em que se agrupam todos os corpos
da natureza, a saber: reino mineral, vegetal e reino animal, ou ainda em duas grandes
classes: seres orgânicos e seres inorgânicos.
Alguns
estudiosos, no entanto, do ponto de vista moral consideram a espécie humana
como pertencente a um quarto reino, o hominal, em que razão da sua inteligência
ilimitada que o diferencia dos demais componentes do reino animal. Tal posição
é plenamente corroborada pela Codificação Espírita, pois, do ponto de vista
moral, há, evidentemente, quatro graus.
Esses quatro
graus têm, com efeito, caracteres bem definidos, embora pareçam confundir-se os
seus limites (LE, perg. 585).
I - OS MINERAIS E AS PLANTAS:
MINERAIS: A matéria inerte que contitui
o reino mineral, não possui mais do que uma força mecânica (LE, perg. 585).
Caracterizando-se pelas inúmeras variedades e combinações dos corpos simples da
natureza, este reino constitui-se a partir da agregação da matéria sob o impulso
das leis de atração e coesão que unem e equilibram os átomos em estruturas
simples e/ou vitalidade, já neste reino encontra-se, latente, o suporte
necessário à manifestação da vida que irá despontar no reino vegetal.
PLANTAS: As plantas, compostas de
matéria inerte, são dotadas de vitalidade (LE, perg. 585), e embora possuindo
fisiologia específica, não têm consciência de sua existência; não pensam e não
têm mais do que vida orgânica. Assim, não experimentam sensações nem sofrem quando
são mutiladas. São fisicamente afetadas por ações sobre a matéria, mas não têm percepções;
por conseguinte, não têm a sensação de dor (Le, perg. 587).
A força
observada pelos botânicos, que atrai as plantas umas às outras, não constitui manifestação
de vontade; trata-se somente de uma força mecânica da matéria que age na matéria;
elas não poderiam opor-se (LE, perg. 588). Algumas plantas, porém, têm determinados
movimentos fisiológicos que levam à impressão de possuírem não apenas sensibilidade,
como também uma espécie de vontade, como ocorre, por exemplo, com a sensitiva e
a dionéia. Mas isto não significa que ambas possuam a faculdade de pensar, elas
representam, sim, formas intermediárias entre o reino vegetal e o animal, da
mesma maneira que certos minerais representam a transição para o reino vegetal.
Tudo é
transição da Natureza, pelo fato mesmo de que nada é semelhante e, no entanto
tudo se liga. As plantas não pensam, e, por conseguinte não têm vontade... O
organismo humano nos fornece exemplos de movimentos análogos, sem a
participação da vontade, como as funções digestivas e circulatórias... O mesmo
deve acontecer com a sensitiva, na qual os movimentos não implicam
absolutamente a necessidade de uma percepção e menos ainda de uma vontade (LE,
perg. 589). Mesmo nos mundos superiores, as plantas são sempre plantas, como os
animais são sempre animais, e os homens sempre homens. (LE,perg. 591).
II - OS ANIMAIS E O HOMEM
OS ANIMAIS: Comparando-se o homem e os
animais, em relação à inteligência, torna-se difícil estabelecer uma linha
divisória entre ambos, pois certos animais têm notória superioridade sobre
certos homens. Mas, nesse terreno, o homem é um ser à parte, que desce às vezes
muito abaixo. Todavia, no físico o homem é como os animais e menos provido que
muitos deles, pois suas necessidades de sobrevivência, por exemplo, são
providas pela própria natureza, ao passo que o homem precisa usar a
inteligência para inventar os meios adequados a fim de suprir suas necessidades
materiais.
Os animais,
quase que na totalidade de suas vidas, agem por instinto; contudo, alguns já se
expressam por uma vontade determinada, provando desfrutar de uma inteligência,
sem bem que rudimentar e limitada. Há, pois, neles uma espécie de inteligência,
mas cujo exercício é mais precisamente concentrado sobre os meios de satisfazer
às suas necessidades físicas e prover à conservação.
Não há entre
eles nenhuma criação, nenhum melhoramento... Mesmo o progresso que realizam
pela ação do homem é efêmero e puramente individual, porque o animal abandonado
a si próprio, não tarda a voltar aos limites traçados pela Natureza. (LE, perg.
593).
Eles também
não possuem uma linguagem formada de sílabas e palavras, mas têm formas de se
comunicarem, sempre adequadas aos limites restritos de suas necessidades. Na
ausência de voz compreendem-se por outros meios, assim como os homens, quando
mudos usam a mímica. Sendo-lhes facultada a vida de relação, possuem meios de
se prevenirem e de exprimirem as sensações que experimentam; é por isto que os
peixes comunicam-se entre si, da mesma forma que as baleias e outros animais,
pois a linguagem não é privilégio exclusivo do homem.
Ocorre que a
linguagem dos animais é instintiva e limitada pelo círculo exclusivo das suas necessidades
e das suas ideias, enquanto a do homem é perfectível e se presta a todas as concepções
da sua inteligência (LE, perg. 594a). Em relação à aptidão que certos animais denotam
de imitar a linguagem humana, deve-se ao fato de haver uma certa conformação
dos órgãos vocais e é por isso que, levados pelo instinto de imitação, chegam à
linguagem e aos gestos dos homens, como é o caso de algumas aves e dos símios.
Apesar de não
desfrutarem do livre-arbítrio, os animais não são simples máquinas; têm liberdade
de ação, embora limitada e restrita aos atos da vida material, pois possuem uma
inteligência igualmente limitada, que os possibilita para tal. No entanto, se
possuem uma inteligência que lhes faculta certa liberdade de ação, é porque há
neles um princípio independente da matéria, e que sobrevive ao corpo a tal
princípio pode-se didaticamente chamar de "alma", mas é inferior à do
homem. Há entre a "alma" dos animais e a do homem distância quanto
entre a alma do homem e Deus (LE, perg 597a).
Posto que os
animais não possuem "alma" propriamente dita, mas um princípio
espiritual, após a morte conservam sua individualidade, mas não a consciência
de si mesmos, uma vez que a vida inteligente permanece em estado latente. Ficam
numa espécie de erraticidade, pois não estão mais unidos à matéria, mas nem por
isso são Espíritos errantes. Espírito errante é um ser que pensa e age por sua
livre vontade; o dos animais não tem a mesma faculdade (LE,perg. 600).
Os animais
também acompanham a lei do progresso e nos mundos superiores suas possibilidades
são bem desenvolvidas, embora permanecendo sempre inferiores e submetidos aos
homens; toda evolução, inclusive a animal, decorre em função da ordem natural
das coisas. Mas, mesmo nestes mundos e por não possuírem livre-arbítrio, não
passam pelo processo expiatório e ignoram a existência de Deus.
A
inteligência do homem e a dos animais, portanto, procede de um mesmo princípio
inteligente imanente nos reinos da natureza; mas o reino animal é a última
etapa em que este princípio estagia em busca da sua individualização plena e
responsável, pois o despertar da sua consciência, já no reino hominal, lhe
trará a condição de Espírito perfectível.
O HOMEM: Ao adentrar o reino hominal, o
princípio inteligente, trazendo consigo todo o acervo de experiências
multimilenares conquistadas nos reinos da natureza, adquire o domínio da razão
e a consciência de si mesmo, que é principal atributo do Espírito: não é mais
"essência espiritual", mas Espírito com individualidade própria,
discernimento, responsabilidade de seus atos, conhecimento do bem e do mal,
conhecimento de Deus e de Suas leis. Para tanto, passa a sua primeira fase
desenvolvimento no plano extra físico e, em seguida, numa série de existências
que precedem o período chamado Humanidade.
A Terra não
é o ponto de partida da primeira encarnação humana. O período de humanidade começa,
em geral, nos mundos ainda mais inferiores (LE, perg. 607b), o que, no entanto,
não constitui regra absoluta; excepcionalmente pode acontecer que um Espírito
desde o seu início esteja apto a viver na Terra. Nesta fase, o estado da alma
do homem corresponde ao estado da infância na vida corporal; sua inteligência
está apenas desabrochando e ensaiando para a vida.
Muitos
estudiosos classificam o gênero humano como sendo um animal racional e social.
Mas, segundo a Doutrina Espírita, afirmar que o homem é um animal, embora
superior, é tão incorreto quanto dizer que o animal é um homem. Seu corpo se
destrói como o dos animais, isto é, certo, mas o seu Espírito tem um destino
que só ele pode compreender, porque só ele é completamente livre (LE, perg.
592); o que torna o homem superior ao animal são os atributos intelectuais e
morais e a intuição da existência de Deus, gravada em sua consciência.
Após a
morte, o Espírito não pode lembrar-se de suas existências anteriores ao período
de humanidade, porquanto ainda não havia começado a vida de Espírito;... É
mesmo difícil que se lembre de suas primeiras existências como homem,
exatamente como o homem não se lembra dos primeiros tempos de sua infância, e
ainda menos do tempo que passou no ventre materno (LE,perg. 608) O homem, tendo
tudo o que existe nas plantas e nos animais, domina todas as outras classes por
uma inteligência especial, ilimitada, que lhe dá a consciência do seu futuro, a
percepção das coisas extra materiais e o conhecimento de Deus (LE, perg. 585).
Do ponto de
vista de reino animal o homem não é um ser à parte, porque nada na natureza se faz
por transição brusca; há sempre anéis que ligam as extremidades da cadeia dos
seres (LE, perg. 609). Mas, o homem é de fato um ser à parte, porque tem
faculdades que o distinguem de todos os outros e tem outro destino. A espécie
humana é a que Deus escolheu para a encarnação dos seres que O PODEM CONHECER
(LE,perg. 610).
III - METEMPSICOSE:
METEMPSICOSE:
é a teoria da transmigração da alma de um corpo para outro, inclusive em animais,
aceita por muitos povos da Antiguidade, principalmente a Índia e o Egito. Foi
também introduzida na Grécia Antiga por Pitágoras. Constitui-se num dos
fundamentos da religião bramânica.
Numa análise
superficial, poder-se-ia entender que a tese da Doutrina Espírita relativa à
origem do princípio inteligente, que estagia nos três reinos da natureza para
aflorar suas potencialidades no reino hominal, seria a consagração da teoria da
metempsicose. Os Espíritos, no entanto, explicam: - Duas coisas podem ter a
mesma origem e não se assemelharem em nada mais tarde. Quem reconheceria a
árvore, suas folhas, suas flores e seus frutos no germe informe que se contém
na semente de onde saíram?
No momento
em que o princípio inteligente atinge o grau necessário para ser Espírito e
entra no período de humanidade, não tem mais relação com o seu estado primitivo
e não é mais a "alma" dos animais, como a árvore não é a semente. No
homem, somente existe do animal do corpo, as paixões que nascem da influência
do corpo e o instinto de conservação inerente à matéria. Não se pode dizer,
portanto, que tal homem é a encarnação do Espírito de tal animal, e, por
conseguinte a metempsicose tal como a entendem, não é exata (LE, perg. 611).
Portanto, o
Espírito após entrar no período da humanidade, jamais poderá retroceder
voltando a encarnar no corpo de animais; isto seria confirmar a absurda teoria
da metempsicose. O princípio da reencarnação, um dos postulados básicos do
Espiritismo, alicerça-se na marcha ascendente da natureza e na progressão do
homem, dentro de sua própria espécie.
QUESTIONÁRIO:
1 - Como se
caracterizam os Reinos Mineral e Vegetal?
2 - Do ponto
de vista da inteligência, em que diferenciam-se os Reinos Hominal e Animal?
3 - Após a
morte, o princípio inteligente dos animais conserva a sua individualidade e a consciência
de si mesmo? Comente.
Fonte da imagem: Internet Google.
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