CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

23ª AULA PARTE ÚNICA - CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO 1º ANO - FEESP

OS TRÊS REINOS

Subentende-se por Reino cada uma das três grandes divisões em que se agrupam todos os corpos da natureza, a saber: reino mineral, vegetal e reino animal, ou ainda em duas grandes classes: seres orgânicos e seres inorgânicos.

Alguns estudiosos, no entanto, do ponto de vista moral consideram a espécie humana como pertencente a um quarto reino, o hominal, em que razão da sua inteligência ilimitada que o diferencia dos demais componentes do reino animal. Tal posição é plenamente corroborada pela Codificação Espírita, pois, do ponto de vista moral, há, evidentemente, quatro graus.

Esses quatro graus têm, com efeito, caracteres bem definidos, embora pareçam confundir-se os seus limites (LE, perg. 585).

I - OS MINERAIS E AS PLANTAS:

MINERAIS: A matéria inerte que contitui o reino mineral, não possui mais do que uma força mecânica (LE, perg. 585). Caracterizando-se pelas inúmeras variedades e combinações dos corpos simples da natureza, este reino constitui-se a partir da agregação da matéria sob o impulso das leis de atração e coesão que unem e equilibram os átomos em estruturas simples e/ou vitalidade, já neste reino encontra-se, latente, o suporte necessário à manifestação da vida que irá despontar no reino vegetal.

PLANTAS: As plantas, compostas de matéria inerte, são dotadas de vitalidade (LE, perg. 585), e embora possuindo fisiologia específica, não têm consciência de sua existência; não pensam e não têm mais do que vida orgânica. Assim, não experimentam sensações nem sofrem quando são mutiladas. São fisicamente afetadas por ações sobre a matéria, mas não têm percepções; por conseguinte, não têm a sensação de dor (Le, perg. 587).

A força observada pelos botânicos, que atrai as plantas umas às outras, não constitui manifestação de vontade; trata-se somente de uma força mecânica da matéria que age na matéria; elas não poderiam opor-se (LE, perg. 588). Algumas plantas, porém, têm determinados movimentos fisiológicos que levam à impressão de possuírem não apenas sensibilidade, como também uma espécie de vontade, como ocorre, por exemplo, com a sensitiva e a dionéia. Mas isto não significa que ambas possuam a faculdade de pensar, elas representam, sim, formas intermediárias entre o reino vegetal e o animal, da mesma maneira que certos minerais representam a transição para o reino vegetal.

Tudo é transição da Natureza, pelo fato mesmo de que nada é semelhante e, no entanto tudo se liga. As plantas não pensam, e, por conseguinte não têm vontade... O organismo humano nos fornece exemplos de movimentos análogos, sem a participação da vontade, como as funções digestivas e circulatórias... O mesmo deve acontecer com a sensitiva, na qual os movimentos não implicam absolutamente a necessidade de uma percepção e menos ainda de uma vontade (LE, perg. 589). Mesmo nos mundos superiores, as plantas são sempre plantas, como os animais são sempre animais, e os homens sempre homens. (LE,perg. 591).

II - OS ANIMAIS E O HOMEM

OS ANIMAIS: Comparando-se o homem e os animais, em relação à inteligência, torna-se difícil estabelecer uma linha divisória entre ambos, pois certos animais têm notória superioridade sobre certos homens. Mas, nesse terreno, o homem é um ser à parte, que desce às vezes muito abaixo. Todavia, no físico o homem é como os animais e menos provido que muitos deles, pois suas necessidades de sobrevivência, por exemplo, são providas pela própria natureza, ao passo que o homem precisa usar a inteligência para inventar os meios adequados a fim de suprir suas necessidades materiais.

Os animais, quase que na totalidade de suas vidas, agem por instinto; contudo, alguns já se expressam por uma vontade determinada, provando desfrutar de uma inteligência, sem bem que rudimentar e limitada. Há, pois, neles uma espécie de inteligência, mas cujo exercício é mais precisamente concentrado sobre os meios de satisfazer às suas necessidades físicas e prover à conservação.

Não há entre eles nenhuma criação, nenhum melhoramento... Mesmo o progresso que realizam pela ação do homem é efêmero e puramente individual, porque o animal abandonado a si próprio, não tarda a voltar aos limites traçados pela Natureza. (LE, perg. 593).

Eles também não possuem uma linguagem formada de sílabas e palavras, mas têm formas de se comunicarem, sempre adequadas aos limites restritos de suas necessidades. Na ausência de voz compreendem-se por outros meios, assim como os homens, quando mudos usam a mímica. Sendo-lhes facultada a vida de relação, possuem meios de se prevenirem e de exprimirem as sensações que experimentam; é por isto que os peixes comunicam-se entre si, da mesma forma que as baleias e outros animais, pois a linguagem não é privilégio exclusivo do homem.

Ocorre que a linguagem dos animais é instintiva e limitada pelo círculo exclusivo das suas necessidades e das suas ideias, enquanto a do homem é perfectível e se presta a todas as concepções da sua inteligência (LE, perg. 594a). Em relação à aptidão que certos animais denotam de imitar a linguagem humana, deve-se ao fato de haver uma certa conformação dos órgãos vocais e é por isso que, levados pelo instinto de imitação, chegam à linguagem e aos gestos dos homens, como é o caso de algumas aves e dos símios.

Apesar de não desfrutarem do livre-arbítrio, os animais não são simples máquinas; têm liberdade de ação, embora limitada e restrita aos atos da vida material, pois possuem uma inteligência igualmente limitada, que os possibilita para tal. No entanto, se possuem uma inteligência que lhes faculta certa liberdade de ação, é porque há neles um princípio independente da matéria, e que sobrevive ao corpo a tal princípio pode-se didaticamente chamar de "alma", mas é inferior à do homem. Há entre a "alma" dos animais e a do homem distância quanto entre a alma do homem e Deus (LE, perg 597a).

Posto que os animais não possuem "alma" propriamente dita, mas um princípio espiritual, após a morte conservam sua individualidade, mas não a consciência de si mesmos, uma vez que a vida inteligente permanece em estado latente. Ficam numa espécie de erraticidade, pois não estão mais unidos à matéria, mas nem por isso são Espíritos errantes. Espírito errante é um ser que pensa e age por sua livre vontade; o dos animais não tem a mesma faculdade (LE,perg. 600).

Os animais também acompanham a lei do progresso e nos mundos superiores suas possibilidades são bem desenvolvidas, embora permanecendo sempre inferiores e submetidos aos homens; toda evolução, inclusive a animal, decorre em função da ordem natural das coisas. Mas, mesmo nestes mundos e por não possuírem livre-arbítrio, não passam pelo processo expiatório e ignoram a existência de Deus.

A inteligência do homem e a dos animais, portanto, procede de um mesmo princípio inteligente imanente nos reinos da natureza; mas o reino animal é a última etapa em que este princípio estagia em busca da sua individualização plena e responsável, pois o despertar da sua consciência, já no reino hominal, lhe trará a condição de Espírito perfectível.

O HOMEM: Ao adentrar o reino hominal, o princípio inteligente, trazendo consigo todo o acervo de experiências multimilenares conquistadas nos reinos da natureza, adquire o domínio da razão e a consciência de si mesmo, que é principal atributo do Espírito: não é mais "essência espiritual", mas Espírito com individualidade própria, discernimento, responsabilidade de seus atos, conhecimento do bem e do mal, conhecimento de Deus e de Suas leis. Para tanto, passa a sua primeira fase desenvolvimento no plano extra físico e, em seguida, numa série de existências que precedem o período chamado Humanidade.

A Terra não é o ponto de partida da primeira encarnação humana. O período de humanidade começa, em geral, nos mundos ainda mais inferiores (LE, perg. 607b), o que, no entanto, não constitui regra absoluta; excepcionalmente pode acontecer que um Espírito desde o seu início esteja apto a viver na Terra. Nesta fase, o estado da alma do homem corresponde ao estado da infância na vida corporal; sua inteligência está apenas desabrochando e ensaiando para a vida.

Muitos estudiosos classificam o gênero humano como sendo um animal racional e social. Mas, segundo a Doutrina Espírita, afirmar que o homem é um animal, embora superior, é tão incorreto quanto dizer que o animal é um homem. Seu corpo se destrói como o dos animais, isto é, certo, mas o seu Espírito tem um destino que só ele pode compreender, porque só ele é completamente livre (LE, perg. 592); o que torna o homem superior ao animal são os atributos intelectuais e morais e a intuição da existência de Deus, gravada em sua consciência.

Após a morte, o Espírito não pode lembrar-se de suas existências anteriores ao período de humanidade, porquanto ainda não havia começado a vida de Espírito;... É mesmo difícil que se lembre de suas primeiras existências como homem, exatamente como o homem não se lembra dos primeiros tempos de sua infância, e ainda menos do tempo que passou no ventre materno (LE,perg. 608) O homem, tendo tudo o que existe nas plantas e nos animais, domina todas as outras classes por uma inteligência especial, ilimitada, que lhe dá a consciência do seu futuro, a percepção das coisas extra materiais e o conhecimento de Deus (LE, perg. 585).

Do ponto de vista de reino animal o homem não é um ser à parte, porque nada na natureza se faz por transição brusca; há sempre anéis que ligam as extremidades da cadeia dos seres (LE, perg. 609). Mas, o homem é de fato um ser à parte, porque tem faculdades que o distinguem de todos os outros e tem outro destino. A espécie humana é a que Deus escolheu para a encarnação dos seres que O PODEM CONHECER (LE,perg. 610).

III - METEMPSICOSE:

METEMPSICOSE: é a teoria da transmigração da alma de um corpo para outro, inclusive em animais, aceita por muitos povos da Antiguidade, principalmente a Índia e o Egito. Foi também introduzida na Grécia Antiga por Pitágoras. Constitui-se num dos fundamentos da religião bramânica.

Numa análise superficial, poder-se-ia entender que a tese da Doutrina Espírita relativa à origem do princípio inteligente, que estagia nos três reinos da natureza para aflorar suas potencialidades no reino hominal, seria a consagração da teoria da metempsicose. Os Espíritos, no entanto, explicam: - Duas coisas podem ter a mesma origem e não se assemelharem em nada mais tarde. Quem reconheceria a árvore, suas folhas, suas flores e seus frutos no germe informe que se contém na semente de onde saíram?

No momento em que o princípio inteligente atinge o grau necessário para ser Espírito e entra no período de humanidade, não tem mais relação com o seu estado primitivo e não é mais a "alma" dos animais, como a árvore não é a semente. No homem, somente existe do animal do corpo, as paixões que nascem da influência do corpo e o instinto de conservação inerente à matéria. Não se pode dizer, portanto, que tal homem é a encarnação do Espírito de tal animal, e, por conseguinte a metempsicose tal como a entendem, não é exata (LE, perg. 611).

Portanto, o Espírito após entrar no período da humanidade, jamais poderá retroceder voltando a encarnar no corpo de animais; isto seria confirmar a absurda teoria da metempsicose. O princípio da reencarnação, um dos postulados básicos do Espiritismo, alicerça-se na marcha ascendente da natureza e na progressão do homem, dentro de sua própria espécie.

QUESTIONÁRIO:

1 - Como se caracterizam os Reinos Mineral e Vegetal?

2 - Do ponto de vista da inteligência, em que diferenciam-se os Reinos Hominal e Animal?

3 - Após a morte, o princípio inteligente dos animais conserva a sua individualidade e a consciência de si mesmo? Comente.


Fonte da imagem: Internet Google.

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