Os ensinamentos de
Jesus tinham um endereço certo: o coração humano. Mais do que à inteligência, o
Divino Mestre falava ao sentimento. A resposta do Cristo a Pedro deve aplicar-se
a cada um de nós, indistintamente: “Perdoarás, mas sem limites; perdoarás cada
ofensa, tantas vezes quantas elas vos for feita; ensinarás a teus irmãos esse
esquecimento de si mesmos, o qual nos torna invulneráveis às agressões, aos
maus tratos e às injúrias; serás doce e humilde de coração, não medindo jamais
a mansuetude; e farás, enfim, para os outros, o que desejas que o Pai celeste
faça por ti.
Não tem Ele de te
perdoar sempre, e acaso conta o número de vezes que o seu perdão vem apagar as
tuas faltas”. (E.S.E.Cap. X, item14).
É essencial a prática
do perdão irrestrito, da indulgência sem limite, da caridade desinteressada, da
renúncia de si mesmo; em última análise, o exercício do amor ao máximo que
pudermos, para que estejamos em condição de receber o perdão a que Jesus se
refere na oração dominical.
“Ide, meus bem-amados,
estudai e comentai essas palavras que vos dirijo, da parte d’Aquele que, do
alto dos esplendores celestes, tem sempre os olhos voltados para vós, e
continua com amor a tarefa ingrata que começou há mais dezoito séculos.
Perdoai, pois, aos vossos irmãos, como tende necessidade de ser perdoados. Se
os seus atos vos prejudicaram pessoalmente, eis um motivo a mais para serdes
indulgentes, porque o mérito do perdão é proporcional à gravidade do mal, e não
haveria nenhum em passar por alto os erros de vossos irmãos, se estes apenas vos
incomodassem de leve”. (E.S.E., Cap. X, item 14).
O perdão irrestrito
ensinado por Jesus não só se refere às vezes em que devemos exercitá-lo, mas
também em relação a quem se deve externá-lo. De fato, o Cristo recomendou o
perdão também aos nossos inimigos, o que representa uma superação das próprias
imperfeições.
Se desejamos que
nossas ofensas sejam perdoadas, não podemos ser intransigentes, duros, exigentes.
Mesmo porque se fizermos um exame sincero de consciência, talvez cheguemos à conclusão
de que fomos nós mesmos que provocamos a ofensa.
Muitas vezes, uma
palavra mal empregada, uma opinião dada em momento inoportuno, uma reação mais
ríspida, um gesto mal recebido, pode degenerar numa antipatia, numa inimizade,
numa aversão ferrenha.
“Mas há duas maneiras
bem diferentes de perdoar: há o perdão dos lábios e o perdão do coração”. Muitos
dizem do adversário: “Eu lhe perdoo”, enquanto, interiormente, experimentam um
secreto prazer pelo mal que lhe acontece, dizendo-se a si mesmo que foi bem
merecido.
Quando dizem: “Perdoo”,
e acrescentam: mas jamais me reconciliarei; não quero vê-lo pelo resto da
vida!” É esse perdão segundo o Evangelho? Não.
O verdadeiro perdão, o
perdão cristão, é aquele que lança um véu sobre o passado. É o único que vos
será levado em conta, pois Deus não se contenta com as aparências; sonda o
fundo dos corações e os mais secretos pensamentos e não se satisfaz com
palavras e simples fingimentos.
O esquecimento
completo e absoluto das ofensas é próprio das grandes almas; o rancor é sempre
um sinal de baixeza e de inferioridade.
Não esqueçais que o
verdadeiro perdão se reconhece pelos atos, muito mais do que pelas palavras”,
conforme a sábia mensagem do Apóstolo Paulo (E.S.E. Cap. X, item 15).
Portanto, é preciso
saber perdoar, principalmente com a sinceridade e gestos largos, para que nenhum
resíduo de mágoa possa resistir ao impulso de bondade do coração.
BIBLIOGRAFIA:
Kardec, Allan - O
Evangelho Segundo o Espiritismo
QUESTIONÁRIO:
1 - Quais são os
limites do perdão, segundo Jesus?
2 - Como devemos ver o
perdão aos nossos inimigos?
3 - De que maneira
podemos perdoar?
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