PENAS E GOZOS FUTUROS II
PENAS TEMPORAIS - EXPIAÇÃO E ARREPENDIMENTO
- DURAÇÃO DAS PENAS FUTURAS - PARAÍSO, INFERNO, PURGATÓRIO, PARAÍSO PERDIDO
PENAS TEMPORAIS - LE 983-989
“O Espírito
que expia as suas culpas numa nova existência passa apenas por sofrimentos
materiais. Assim, não será exato dizer que após a morte a alma só tem
sofrimentos morais?”
R) “É bem
verdade que, reencarnada, a alma encontra nas tribulações da vida o seu
sofrimento; mas apenas o corpo sofre materialmente. Dizeis em geral que o morto
já não sofre mais, mas isso nem sempre é verdade. Como Espírito, não sofre mais
dores físicas, mas segundo as faltas que tenha cometido pode ter dores morais mais
cruciantes, e numa nova existência pode ser mais infeliz.... Todas as penas e
tribulações da vida são expiações de faltas de outra existência, quando não se
trata de consequências das faltas da existência atual” (LE 983)
Ainda
podemos complementar com o Evangelho Segundo o Espiritismo, no Capitulo V itens
de 4 a 5, Causas Atuais das Aflições e itens 6 a 10, Causas Anteriores das
Aflições.
Os
sofrimentos pelos quais passamos nem sempre são consequências de erros
cometidos nesta existência, mas sim, provas impostas por Deus, ou quando temos
condições de escolhê-las, na vida espiritual, para que possamos expiar faltas
cometidas em vida material anterior. Segundo a lei de justiça, nada fica sem
punição, se não for na existência atual, obrigatoriamente será numa próxima.
Todos os sofrimentos
pelos quais estamos passando, com certeza são necessários para uma felicidade
futura.
Kardec, ao
comentar a questão 985 de O Livro dos Espíritos, sobre a reencarnação em mundos
menos grosseiros, diz que: “Nos mundos em que a existência é menos material do
que neste, as necessidades são menos grosseiras e todos os sofrimentos físicos
são menos vivos. Os homens não mais conhecem as más paixões que, nos mundos
inferiores, os fazem inimigos uns dos outros. Não tendo nenhum motivo de ódio
ou de ciúme, vivem em paz porque praticam a lei de justiça, amor e caridade.
Não conhecem os aborrecimentos e os cuidados que nascem da inveja, do orgulho e
do egoísmo e que constituem o tormento de nossa existência terrena”.
Após a
evolução no nosso planeta, o Espírito pode voltar a reencarnar aqui a pedido,
para completar uma missão que, por motivos vários, não foi possível
completá-la. Nesse caso, como já tinha condições de escolha, essa volta não é
mais uma expiação.
Mesmo a
Terra sendo um mundo de provas e expiações, está nela Espíritos de uma evolução
superior para ajudar com seu nobre trabalho na mudança para um mundo de
regeneração. Nesse caso também, não significam que estão passando por provas e
expiações. O Espírito encarnado que nada fez de mal, mas também nada fez para
se libertar dos apegos as coisas materiais, ou seja, não “andou” nenhum metro
na direção da perfeição, deve recomeçar uma nova vida na matéria, semelhante
aquela, tendo assim, que prolongar os sofrimentos de sua expiação.
A esse homem
falta o despertar do coração, porque todo aquele que conhece o amor, conhece a
Jesus e compreende a necessidade de cumprir as leis de Deus.
Pelo termo
“estacionário” constante da resposta dos Espíritos na questão 987, não devemos
entender no sentido comum, pois nada fica parado, na inércia; tudo está em
movimento. Como o Espírito não regride, ou seja, nunca volta pior em uma
reencarnação, seja neste planeta ou em outro, sempre retoma um pouco melhor,
porque passa por varias experiências e essas lhe trazem novos aprendizados,
seja no campo intelectual ou (e) moral.
Deus não
desampara nenhuma de suas criaturas.
Na questão
988 quando foi perguntado aos Espíritos sobre aquelas pessoas que nada fazem
por si mesmo, mas que vivem felizes, se nada tem a sofrer pelas consequências
da existência anterior. Eles perguntaram a Kardec se ele conhecia muitas pessoas
assim, pois a suposta felicidade nada mais é que aparente. Eles podem ter
escolhido este tipo de vida, mas quando retornam ao plano espiritual descobrem o
tempo que perderam. Só podemos nos elevar através das atividades necessárias e
que teremos que responder pelo o nosso não fazer nada.
A soma da
felicidade futura esta na razão da soma do bem que tivermos feito.
Existem
pessoas que sem serem necessariamente más, por suas atitudes prejudicam outras,
fazendo-as infelizes, portando, não são criaturas quem tem o amor no coração, e
deverão em nova existência responderem proporcionalmente, pelo que fizeram
outras sofrerem.
Toda ação
gera uma reação compatível, por isso diz o Evangelho que cada centavo deve ser
pago.
EXPIAÇÃO E ARREPENDIMENTO
Segundo as
questões 990 a 1002 de O Livro dos Espíritos, o nosso arrependimento pelo que
fizemos de errado, tanto pode ser como encarnado quando, pelo nosso aprendizado
já conseguimos distinguir o que é o bem e o que é o mal, ou como desencarnado.
Quando o
nosso arrependimento se dá na nossa estada no plano espiritual, a consequência
é o desejo de uma nova oportunidade no plano físico para novos aprendizados
morais para que sejamos um pouco mais felizes e para isso devemos expiar as
faltas cometidas.
O
arrependimento como encarnado tem como resultado a melhora na mesma existência,
se houver tempo para a reparação dos erros cometidos.
Nenhuma
criatura humana é voltada exclusivamente para o mal, pois o mal não existe, ele
é simplesmente a ausência do bem.
Se alguém
nos perguntar quem são nossos inimigos, devemos responder que são aqueles a
qual ainda não descobriram que nos amam, pois aquelas pessoas que nesta vida só
tem a maldade no coração, em outra terão o bem já criado raízes e em outras
totalmente plantadas como uma árvore frondosa e resistente, pois é necessário
que todos, um dia, atinjam a perfeição relativa, uns mais rápidos e outros
lentos, de acordo a evolução individual.
Todo aquele
que é mau e não reconhece seus erros na vida corporal, com certeza os
reconhecera na vida espiritual e por isso sofrerá muito quando reconhecer todo
mal que praticou. Logicamente esse arrependimento não é de imediato; uns mesmo
sofrendo permanecem alheios a necessidade do arrependimento, mas como a todos
Deus dá oportunidades iguais, esses também um dia o arrependimento baterá à
porta do coração.
Como o
progresso é uma lei Divina, todos aqueles que necessariamente não são maus, mas
não se preocupam com a própria vida e muito menos se ocupa de coisas uteis,
terão de sofrer por aquilo de bom que deixaram de fazer. Mas eles também tem o
desejo de amenizar seus sofrimentos; ainda não o fazem porque a vontade verdadeira
ainda esta longe de ser conseguida. Citamos como exemplo uma pessoa que prefere
morar sob um viaduto, ponte, marquise, pedindo esmolas do que trabalhar para
sair da situação em que se encontra.
Há Espíritos
desencarnados que têm consciência que são maus e agravam sua situação
prolongando seu estado de inferioridade desviando os homens que seguem um bom
caminho. Esses são aqueles de arrependimento tardio. Não podemos esquecer que
nem todo arrependimento vem do âmago de alma, portanto, alguns podem se deixar
levar para o caminho do mal pelas influências de Espíritos mais atrasados.
Existem
Espíritos bastante inferiores que aceitam e acolhem as preces que são feitas em
seus benefícios e há outros mais esclarecidos que são dotados de um
endurecimento e de um cinismo enorme. Os Espíritos, na questão 997 do LE, nos
esclarecem que “a prece só tem efeito em favor do Espírito que se arrepende”.
Aquele que permanece no orgulho, com o coração revoltado contra Deus e
persistindo nos seus erros, com certeza não recebem as benesses da prece, até o
dia de seu arrependimento sincero.
“A expiação
se cumpre na existência corpórea, através das provas a que o Espírito é
submetido, e na vida espiritual pelos sofrimentos morais decorrentes do seu
estado de inferioridade” (Questão 998)
Não basta o
Espírito se arrepender sinceramente do mal praticado, se esse arrependimento
não estiver acompanhado de boas obras. Todo, ato mal deve ser reparado.
Podemos a
partir desta vida resgatar nossas faltas, mas não podemos esquecer que “o mal
não é reparado senão pelo bem, e a reparação não tem mérito algum se não
atingir o homem no seu orgulho ou nos interesses materiais” (questão 1000)
Segundo
Martins Peralva no livro “O Pensamento de Emmanuel”, Cap. 37, “em sã consciência,
nenhum espírita esclarecido julgar-se-á isento de experiências reabilitadoras
sob alegação, doutrinariamente inconsistente, de que “se arrependeu do mal
praticado” e, por tal motivo, justificado está perante as leis divinas".
Completando
esse capítulo, ele nos diz que devemos levar em conta quatro pontos essenciais,
a saber:
a)
Reconhecer com humildade, o erro cometido.
b) Não
reproduzi-lo ou, pelo menos, tudo fazer no sentido de evitar sua repetição.
c) Ajudar
aqueles a quem ferimos.
d) Sustentar-nos
na fé e no trabalho, a fim de que a reabilitação se dê gloriosa e sublime, uma
vez que, indubitavelmente, o trabalho e a fé são avanços de sustentação das
almas enfraquecidas.
DURAÇÃO DAS PENAS FUTURAS
Lembremos a
questão 1003: “A duração dos sofrimentos do culpado na vida futura é arbitrária
ou subordinada a alguma lei?”
R) “Deus
nunca age de maneira caprichosa e tudo no Universo é regido por leis que
revelam a sua sabedoria e a sua bondade.”
Quanto às
questões 1003 a 1010, podemos resumi-las assim: A duração dos nossos
sofrimentos é o tempo necessário para que possamos nos melhorar, porque o
estado de sofrimento e de felicidade está diretamente ligado ao grau de nossa
evolução. À medida que nos depuramos, nossos sofrimentos se modificam.
Para o
Espírito que se encontra no plano espiritual, e ainda sofre, o tempo parece
muito mais longo, porque o descanso não existe para ele, mas, para aqueles que
já estão num patamar de evolução melhor, o tempo é totalmente diferente.
Os
sofrimentos só seriam eternos se a maldade fosse eterna, como Deus não criou
ninguém voltado eternamente para o mal, todos devem progredir, cada um levando
o tempo necessário, de acordo com a própria vontade.
Todos nós,
encarnados ou desencarnado, um dia nos arrependeremos, pois estamos sujeitos à
Lei do Progresso.
São Luiz na
questão 1008 nos diz: A duração das penas podem ser impostas por determinado
tempo, mas Deus, que não desejava senão o bem de suas criaturas, aceita sempre
o arrependimento, e o desejo de se melhorar nunca é estéril.
PARAÍSO, INFERNO, PURGATÓRIO. PARAÍSO
PERDIDO
Sobre as
questões 1011 a 1015:
Não há um
lugar determinado no Universo onde os Espíritos possam gozar das benesses e
muito menos outro onde purguem seus erros, pois estão em toda parte. Os
Espíritos perfeitos podem se reunir em qualquer parte da imensidão cósmica e
outros por simpatia. O sofrimento e a felicidade é inerente ao grau de evolução
de cada um.
Os
encarnados são mais ou menos felizes ou infelizes, de acordo o nível de
evolução do orbe que habitam. O Paraíso e o Inferno nada mais são que figuras
que foram incutidas durante muitos séculos pela Igreja.
“O Céu
começará sempre em nós mesmos e o Inferno tem o tamanho da rebeldia de cada um
“Disse-nos o Cristo: O Reino de Deus está dentro de vós, ao que de acordo com
ele mesmo, ousamos acrescentar: e o inferno também”. (Peralva, Martins,
“Pensamento de Emmanuel, Cap. 38)
Podemos
entender por Purgatório, como um tempo de expiação pelas nossas faltas; é a
própria Terra, o lugar necessário para que isso ocorra.
Quando os
Espíritos que já mostram certa elevação trazem mensagem falando sobre Paraíso,
Inferno e Purgatório é porque tem que se adequar ao entendimento daqueles que
os interrogam, e preferem não ferir convicções dos que ainda creditam nessas
imagens.
Alguns
Espíritos interrogados dizem que se encontram sofrendo no inferno ou no
purgatório, isso devido a sua inferioridade e ainda estão ligados a matéria,
conservando parte de suas ideias de quando encarnado, usando impressões que ainda
lhe são familiares.
Deve-se
entender por alma penada, aquele Espírito que se encontra no Estado errante e
sofre, pois está incerto do seu futuro. Essa entidade espiritual quando vem se
comunicar conosco, os encarnados, sente um certo alívio.
Podemos
entender o Céu como o espaço universal compreendendo os planetas, as estrelas e
todos os mundos superiores onde habitam Espíritos dotados de todas as suas
faculdades, sem angústias que são inerentes à inferioridade e sem as
atribulações da vida material.
BIBLIOGRAFIA:
KARDEC,
Allan - O Livro dos Espíritos, Livro 4°, cap. II, questões 983 a 1018;
KARDEC,
Allan - O Céu e o Inferno, 1ª Parte, cap. III; cap. IV, nº 13; cap. V, nº 8;
caps. VII e VIII; 2ª Parte, cap. V; cap. VI, nº 19;
KARDEC,
Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap. IV itens 4 a 17; cap. XXVII,
item 21;
Revista
Espírita, de outubro de 1858; Revista Espírita, de dezembro de 1863; Revista
Espírita, de julho e outubro de 1864; Revista Espírita, de maio de 1866;
Bibliografia
Complementar:
O Espírito
da Verdade - Diversos Espíritos - itens 61, 68 e 98;
PERALVA,
Martins - O Pensamento de Emmanuel- n° 37 a 40;
EMMANUEL,
Francisco Cândido Xavier - Estude e viva – nº 11;
EMMANUEL,
Francisco Cândido Xavier - Religião dos Espíritos, cap. 71 a 251;
EMMANUEL,
Francisco Cândido Xavier - Justiça Divina;
EMMANUEL,
Francisco Cândido Xavier - Roteiro - n° 6
Fonte da imagem: Internet Google
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