CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

terça-feira, 17 de junho de 2025

14ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Atividade Missionária De Pedro – 1ª Parte

A CASA DO CAMINHO

Era um casarão de grandes proporções e paupérrimo em sua feição exterior. A construção não obedecia a qualquer planificação anterior. Velhas tamareiras circundavam a Casa.

Conforme narram os Espíritos Emmanuel e Amélia Rodrigues, situava-se a margem da estrada entre Jerusalém e Jope. Fora erguida pelas mãos amorosas de Simão Pedro, ajudado por alguns companheiros afeiçoados a Mensagem ainda viva em suas mentes e seus corações.

Nascida para socorrer aqueles que não tinham onde repousar as fadigas nem os desgastes orgânicos, era um reduto de amor evocando a presença do Mestre inolvidável.

Lentamente, foram surgindo os moribundos que não tinham para onde seguir: crianças abandonadas e velhinhos desvalidos, perturbados da mente e obsessos que ali eram deixados com indiferença. Chamando a si os aflitos e os enfermos, a Casa do Caminho inaugurou no mundo a fórmula da verdadeira benemerência social.

As primeiras organizações de assistência ergueram-se com o esforço dos apóstolos, ao influxo amoroso das lições do Mestre. Recolhendo-se ali com a família, Pedro era auxiliado particularmente por Tiago, filho de Alfeu, e por João; mas, Filipe e suas filhas também se instalaram em Jerusalém, vindo a cooperar no grande esforço fraternal. Ali, as mãos espalmadas da caridade sustentavam a fé, a fim de que nunca se apagasse a luz da esperança.

O pescador de Cafarnaum era a figura central da atividade socorrista, em volta de quem circulavam os problemas e afazeres complexos.

Simão Pedro permanecia, não raro, até avançadas horas no atendimento aos combalidos, aos atormentados e desfalecentes. Somente quando a noite cintilante de estrelas anunciava a sua plenitude, é que ele, já bem cansado, buscava o colchão grosseiro para o repouso de poucas horas.

O verbo nos seus lábios, vertido do coração sensível, adquiria tons de beleza, autenticada pelo magnetismo da sua vivência.

Em meio aos casos mais dolorosos, Pedro, ouvindo as conversas dos alienados nos compartimentos próximos, latido dos cães esfomeados em derredor e a musica mágica da natureza, percebia, não raro, o vulto alvo e luminoso do Mestre, sereno, como na ocasião em que caminhou sobre as ondas do mar na direção do barco a lhe dizer:
“- Simão, a chama que coze o pão atrai a mariposa que, descuidada, nela se consome...”  “O discípulo do meu Evangelho é um ponto vivo de referência onde se encontre, atraindo as atenções e sendo vitima das circunstancias, em constante perigo, nunca, porém, em abandono, esquecido do meu amor”.

“Não te martirizes, nem temas. A água refrescante e cristalina que mata a sede é também usada para diluir venenos terríveis de ação rápida”.

“Cada alma vê, no próximo, aquilo que tem no seu ínterim; e cada coração recebe a Mensagem de acordo com a própria necessidade”.

“Permanece fiel e não desfaleças em ocasião alguma...” (“Pelos Caminhos de Jesus”, lição 2, Amélia Rodrigues).

Nesse cenário, Simão amou a todos com muita intensidade, jamais se omitiu ou temeu, até o momento do martírio na cruz, de cabeça para baixo, em Roma, vários anos mais tarde...

CURA DE UM COXO (At 3:1-10)

O Homem generoso, distribuindo daquilo que tem, fixa em si mesmo a luz e a alegria que nascem dessas dádivas, somente quando as realiza com o sentimento de amor, que, no fundo, é a sua riqueza imperecível e legitima.

“Pedro e João estavam subindo ao Templo para a oração da hora nona. Trouxeram então, um homem que era aleijado de nascença, e que todos os dias era deixado a porta do Templo chamada Formosa, para pedir esmolas aos que entravam. Vindo Pedro e João, que iam entrar no Templo, implorou que lhe dessem uma esmola. Pedro, porém, fitando nele os olhos, junto com João, disse-Lhe: ‘Olha para nós! ’Ele os olhava atentamente, esperando receber deles alguma coisa. Mas Pedro lhe disse: ‘Nem ouro nem prata possuo. O que tenho, porém, isto te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareu, anda!’ E, tomando-o pela mão direita, ergueu-o. No mesmo instante seus pés e calcanhares se firmaram; de um salto pôs-se em pé e começou a andar. E entrou com eles no Templo, andando, saltando e louvando a Deus. Todo o povo viu-o andar e louvar a Deus; reconheciam-no, pois era ele quem esmolava, assentado junto a Porta Formosa do Templo. E ficaram cheios de admiração e de assombro pelo que lhe sucedera.” (At. 3: 1-10).

Verificamos, na passagem da cura acima transcrita, o quanto os apóstolos Pedro e João estavam sintonizados com a Espiritualidade Superior.

Como nos ensina a Doutrina Espírita, nos processos de cura tão formidáveis como este, são necessárias diversas condições. Entre elas podemos destacar a fé daquele que cura, assim como daquele que é curado, pois ao primeiro é necessária a convicção e ao segundo a receptividade. E, especialmente, é indispensável a pureza de intenções, e o desejo verdadeiro de auxiliar, pois, assim, é estabelecida, em conjunto com os Benfeitores Espirituais, a Corrente magnética curadora.

Quem espera pelo ouro ou pela prata, a fim de contribuir nas boas obras, em verdade ainda se encontra distante da possibilidade de ajudar a si próprio. Mas, lembrando a confiança em Jesus, a coragem e as palavras amorosas de Pedro; que venhamos a dar de nós mesmos, no esforço da própria iluminação.

DISCURSO DE PEDRO AO POVO NO TEMPLO (At 3:11-26)

“A vista disso, Pedro dirigiu-se ao povo: ‘Homens de Israel, por que vos admirais assim? Ou por que fixais os olhos em nós, como se por nosso próprio poder ou piedade tivéssemos feito este homem andar? O Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó, o Deus de nossos pais glorificou seu servo Jesus, a quem vos entregastes e negastes diante de Pilatos, quando este já estava decidido a soltá-lo”. (At 3:11-13).

Uma vez curado, o ex-coxo não largou mais Pedro e João. E todo o povo, assombrado, acorreu para junto deles, no chamado Pórtico de Salomão. Vendo isso, Pedro dirigiu-se as pessoas e teve oportunidade de anunciar o Evangelho de Jesus.

A fé que vem por meio de Jesus, essa sim houvera restituído a saúde e fortalecido o homem que todos viam e reconheciam como o antigo coxo que pedia esmolas.

Enunciou, então, a parte mais importante do ensinamento quando disse: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, a fim de que sejam apagados os vossos pecados, e deste modo venham da face do Senhor os tempos do refrigério.” (At 3:19).

Os crentes ainda distanciados do sentido do Evangelho de Jesus quase sempre imaginam que se livrarão das dificuldades com as cerimônias exteriores; outros acreditam que se identificarão com os céus tão somente pelo cantar de alguns hinos, enquanto enorme percentagem de espíritas se crê na intimidade de supremas revelações, apenas pelo fato de haver frequentado algumas sessões. Tudo isso constitui preparação valiosa, mas não é tudo.

Há um esforço iluminativo para o interior, sem o qual Homem algum penetrará no santuário da Verdade Divina.

A palavra de Pedro à massa popular contém a síntese do vasto programa de transformação essencial, a que toda criatura submeter-se-á para a felicidade da união com o Cristo. Uma vez que ninguém atinge, em um só passo, a eterna claridade, há estações indispensáveis para essa realização.

Conforme nos ensina a Doutrina Espírita, o autoconhecimento e a renovação interior são as chaves para o sucesso espiritual de todos nos.

A PRISÃO DE PEDRO E DE JOÃO (At 4:1-22)

“Falavam eles ao povo, quando sobrevieram os sacerdotes, o oficial do Templo e os saduceus, contrariados por vê-los ensinar ao povo e anunciar, em Jesus, a ressurreição dos mortos. Lançaram as mãos neles e os recolheram ao cárcere até a manhã seguinte, pois já estava entardecendo. Entretanto, muitos dos que tinham ouvido a Palavra abraçaram a fé. E seu número, contando-se apenas os homens, chegou a cerca de Cinco mil.” (At 4:1-4).

Após o ato de prisão acima narrado, os maiorais do judaísmo reuniram-se em Jerusalém no dia seguinte, para deliberar a respeito da situação de Pedro e João, fazendo-os comparecer diante deles para os interrogarem a respeito da cura do coxo.

Profundamente inspirado, Pedro apresentou com lógica os seus argumentos, dizendo que eles estavam sendo julgados por terem feito o bem e a caridade em nome e através de Jesus Cristo, o Nazareno, que fora crucificado, mas ressurgira dos mortos.

“É ele a pedra desprezada por vós, os construtores, mas que se tornou a pedra angular Pois não há, debaixo do céu, outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos.” (At 4: 11-12).

Os interrogadores ficaram admirados ao verem a coragem com que Pedro e João falavam, sendo pessoas simples e sem instrução. Verificaram que eles tinham andado com Jesus, mas vendo, junto a eles, em pé, o homem que tinha sido curado, nada podiam dizer em contrário. Então os mandaram sair do Sinédrio e começaram a discutir entre si:

“Que faremos com estes homens? Que por eles realizou-se um sinal notório é claramente manifesto a todos os habitantes de Jerusalém, e não podemos negá-lo. Mas, para que isto não se divulgue ainda mais entre povo, proibamo-los, com ameaças, de tornarem a falar neste nome a quem quer que seja.” (At 4: 16-17).

Chamaram de novo Pedro e João e lhes ordenaram que, de modo algum, falassem ou ensinassem em nome de Jesus. Pedro e João responderam:

“Julgai se é justo, aos olhos de Deus, obedecer mais a vós do que a Deus. Pois não podemos, nós, deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos.” (At 4: 19-20).

Insistindo em suas ameaças, mas como não tinham meio de castigá-los, deixaram Pedro e João em liberdade, por causa do povo, pois, todos glorificavam a Deus pelo que havia acontecido. O homem beneficiado por este sinal da cura tinha mais de quarenta anos.

Quanta beleza encontramos nessa passagem de Atos dos Apóstolos! Quantos corações conquistados por um ato simples de amor. Através dela, percebemos a conjugação entre homens de valor e Espíritos na divulgação da mensagem de Jesus, naqueles primeiros dias do Cristianismo.

Pedro não temeu a morte. Ele recebeu a responsabilidade da divulgação da mensagem do Amor e do Bem e a defendeu como quem reconhece não haver tarefa maior na Terra.

CURAS, PRISÕES E O PARECER DE GAMALIEL (At 5:1-42)

“Pelas mãos dos apóstolos faziam-se numerosos sinais e prodígios no meio do povo a ponto de levarem os doentes até para as ruas, colocando-os sobre leitos e em macas, para que, ao passar Pedro, ao menos sua sombra cobrisse algum deles." (At 5: 12-15).

O sumo sacerdote e seus seguidores encheram-se de cólera e mandaram prender os apóstolos. Soltos com o auxilio da Espiritualidade, voltaram a pregar no Templo (At 5:17-42). Sendo mais uma vez capturados e colocados diante do Sinédrio, exaltaram o Messias na figura de Jesus.

Ao ouvirem isso, os maiorais ficaram furiosos e queriam matá-los. Levantou-se, no Sinédrio, um fariseu chamado Gamaliel, Doutor da Lei e Mestre de Saulo de Tarso (At 22:13), estimado por todo povo. Ele mandou que os acusados saíssem por um instante.

Conta-nos o Espírito Emmanuel, por meio das mãos abençoadas de Chico Xavier, no livro “Paulo e Estevão”, que, anteriormente, os discípulos do Mestre, cientes da simpatia de Gamaliel pela causa, convidaram-no a visitar as instalações humildes da “Casa do Caminho”.

Simão Pedro, profundamente respeitoso, explicou-lhe as finalidades da instituição e, carinhosamente, ofereceu-lhe uma cópia, em pergaminho, de todas as anotações de Mateus sobre a personalidade do Cristo e seus gloriosos ensinamentos.

Gamaliel, atencioso, agradeceu ao ex-pescador, tratando-o igualmente com deferência e consideração. Chegados à longa enfermaria, em que se aglomeravam os mais diversos doentes, o grande rabino de Jerusalém não pode ocultar a máxima impressão, comovido até as lágrimas com o quadro que se lhe deparava aos olhos espantados.

O grande doutor compreendeu o êxito da nova doutrina. Aquele Jesus desconhecido, ignorado da sociedade mais culta de Jerusalém, triunfava no coração dos infelizes, pela contribuição de amor desinteressado que trouxera aos mais deserdados da sorte.

Gamaliel sabia que os galileus não seriam isentos de perseguição e emitiu alguns conselhos, visando aparar os golpes da violência, que, cedo ou tarde, haveriam de chegar.

Pedro, João e Tiago agradeceram sensibilizados, a carinhosa admoestação, e o velho rabino regressou ao lar, profundamente impressionado com as lições do dia.

Por ocasião da prisão, diante do Sinédrio, levantando-se em defesa dos apóstolos, cuja obra conhecera falou:

“Varões de Israel, atentai bem no que fareis a estes homens. Agora, portanto, digo-vos, deixai de ocupar-vos com esses homens. Soltai-os. Pois, se seu intento ou sua obra provém dos homens, destruir-se-á por si mesma; se vem de Deus, porém, não podereis destruí-los. Não aconteça que vos encontreis movendo guerra a Deus. Concordaram, então, com ele” (At. 5:34-39).

Os membros do conselho aceitaram o parecer de Gamaliel. Chamaram os apóstolos, mandaram açoitá-los, proibiram que falassem no nome de Jesus e soltaram-nos. E eles todos os dias, no Templo e pelas casas, não cessavam de ensinar e anunciar que Jesus era o Cristo esperado.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente a postura de Gamaliel frente aos apóstolos.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

quinta-feira, 12 de junho de 2025

13ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

A Atuação dos Apóstolos e a Primeira Comunidade Cristã

DISCURSO DE PEDRO A MULTIDÃO

“Pedro, então, de pé, junto com os onze, levantou a voz e assim lhes falou”: ‘Homens da Judéia e todos vós, habitantes de Jerusalém, tomai conhecimento disto e prestai ouvidos as minhas palavras. Estes homens não estão embriagados, como pensais, pois esta é apenas a terceira hora do dia. O que está acontecendo é que foi dito por intermédio do profeta: ‘Sucederá nos últimos dias, diz Deus, que derramarei do meu Espírito sobre toda carne. Vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões e vossos velhos sonharão. Sim, sobre meus servos e minhas servas derramarei do meu Espírito’.

(...) Homens de Israel, ouvi estas palavras! Jesus o Nazareu, foi por Deus aprovado diante de vós com milagres, prodígios e sinais, que Deus operou por meio dele entre vós, como bem sabeis. Este homem, entregue segundo desígnio determinado e a presciência de Deus, vós matastes, crucificando  pela mão dos ímpios. Mas Deus ressuscitou, libertando-o das angústias do Hades, pois não era possível que ele fosse retido em seu poder.

(...) “Saiba, portanto, com certeza, toda a casa de Israel: Deus constituiu Senhor e Cristo, este Jesus a quem vós crucificastes.” (At 2:14-36).

Após aquele inesquecível episódio do Pentecostes, muitos estavam, então, assombrados; outros, entretanto, estavam céticos.

Pedro, que cada vez mais consolidava sua liderança, levanta-se... Ergue sua voz diante da multidão, e inicia relembrando-os sobre a predição do profeta Joel (Joel 3: 1): “Vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões e vossos velhos sonharão.”

Os antigos profetas hebreus, como podemos ver no Antigo Testamento, faziam muitas predições para séculos que estavam por vir. O profeta Joel (sec. IV a.C.), em seu livro, prediz “julgamento das nações” e a “vitória” final de Iahweh.

Em momento anterior a esse “julgamento dos povos” e a essa “era paradisíaca”, prevê o profeta Joel, exatamente, a difusão, sem precedentes, da manifestação da faculdade mediúnica de forma generalizada nos jovens, nos anciãos, e, ainda, outros “sinais nos céus e na terra”.

As profecias, entre o povo hebreu, repitamos, é algo indissociável, inseparável de sua cultura. É, entretanto, interessante notar que, na verdade, pouco ouvido eles davam a esses profetas. Cultuavam-nos como heróis de sua história, mas, na prática, parece que duvidavam de suas profecias.

Não os vemos - os hebreus à época de Moises - blasfemarem e confrontarem o grande profeta? Quantos outros profetas não foram rechaçados em sua época? Quantas não foram às profecias desprezadas no momento em que se cumpriam? A vinda do Cristo não estava prevista? Não rejeitaram eles o Cristo? Por isso disse Jesus: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados...”

Isso nos leva a refletir e perguntar: Como é possível que nem os Doutores da Lei, que conheciam como ninguém as Escrituras, que diariamente citavam os profetas, que repetiam suas predições, como é possível que nem eles pudessem “enxergar” o cumprimento da Lei?

É que essa “cegueira” é movida pelo egoísmo, movida por todas as más paixões que impedem o ser de avançar. Para alcançar a real compreensão, essa “visão” da verdade, é preciso ser humilde de coração, é preciso ser submisso à Lei de Deus.

Mas, assim como havia muitos que renegaram o Cristo e seu Evangelho, muitos outros se encontravam sedentos da Doutrina Redentora.

Pedro, tomado por inspiração divina, conclama-os a “ver”, convoca-os a relembrar das profecias, a compreender que o que tinha ocorrido estava previsto nas Escrituras.

Ele relembra o Mestre, e o episódio do Gólgota em que, pela impiedade dos Homens, foi o Cristo levado ao madeiro da infâmia.

Mas prossegue o grande apóstolo e testemunha a vitória de Jesus sobre a morte física, pois Deus havia atuado “libertando-o das angústias do Hades” (“do Hades”, conforme nota de rodapé da Bíblia de Jerusalém, significa: “da morte”).

Sim, o Cristo Vive! Naquele dia, quanta esperança foi derramada a todos aqueles de boa vontade, a todos aqueles que desejavam acreditar no verdadeiro Messias.

OS PRIMEIROS CRISTÃOS E A PRIMEIRA COMUNIDADE CRISTÃ

“Eles mostravam-se assíduos ao ensinamento dos apóstolos, a comunhão fraterna, à fração do povo e as orações. Apossava-se de todos temor, pois numerosos eram os prodígios e sinais que se realizavam por meio dos apóstolos. Todos os que tinham abraçada a fé reuniam-se e punham em comum: vendiam suas propriedades e bens, e dividiam-nos entre todos, segundo as necessidades de cada um. Dia após dia, unânimes, mostravam-se assíduos no Templo e partiam o pão pelas casas, tomando o alimento com alegria e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e gozavam da simpatia de todo o povo. E o Senhor acrescentava a cada dia ao seu número os que seriam salvos”. (At 2:42-47).

Qual outra Doutrina Moral foi capaz de tais formidáveis manifestações de seus fiéis?

Vejamos essas admiráveis ações: “vendiam suas propriedades e bens, e dividiam-nos entre todos, segundo a necessidade de cada um”.

A mensagem do Cristo havia invadido lhes a alma.

Naqueles dias, os discípulos de Jesus estavam exultantes, os ensinamentos do Mestre estavam propagando-se; o fermento da esperança fazia com que mais e mais almas procurassem a mensagem libertadora do Cristo.

Era preciso estabelecer-se. Era preciso fundar uma base para o Cristianismo nascente, a primeira delas seria a “Casa do Caminho”. 

Ali os discípulos, organizados, propagariam o Evangelho e acolheriam a multidão de aflitos. Na obra ‘Dias Venturosos’, psicografado por Divaldo Franco, Amélia Rodrigues, na mensagem n° 25, narra: “A igreja dos cristãos reunia-se todos os dias e todas as noites para comentar os feitos e as palavras do doce e enérgico Rabi, assim como para orar e amar. Os seus membros criaram a primeira comunidade fraternal da Humanidade sob a inspiração do Primeiro Mandamento”.

De forma inigualável, a Boa Nova, como um bálsamo, alcançava os corações necessitados de amor, amparo, consolo. A mesma autora acima citada, na obra “Luz do Mundo”, também psicografada por Divaldo Franco, na mensagem n° 23, expõe: “Os homens esfaimados, as criaturas exauridas de sofrer; os corações cansados e cheios de decepções - eis o barro que teriam de movimentar para transformar em ânfora capaz de reter elixir divino, conservando puras as suas excelentes qualidades.”

Na obra ‘Lázaro Redivivo’, lição 28, o irmão X, afirma: “Suas reuniões íntimas prosseguiam regulares e as assembleias de caráter público efetuavam-se sem impedimento. As fileiras intermináveis de pobres e infelizes, procedentes dos ‘vales de imundos’, lhes batiam a porta, recendo carinhosa atenção, e esse espírito de serviço aos filhos do desamparo conquistou-lhes, pouco a pouco, valiosos títulos de respeitabilidade...”.

Quão inspiradores são esses relatos dos passos dos primeiros discípulos do Evangelho de Jesus!

SINAIS E PRODÍGIOS REALIZADOS PELOS APÓSTOLOS


Pelas mãos dos apóstolos faziam-se numerosos sinais e prodígios no meio do povo...

Costumavam estar; todos juntos, de comum acordo, no pórtico de Salomão, e nenhum dos outros ousava juntar-se a eles, embora povo os engrandecesse. Mais e mais aderiam ao Senhor pela fé, multidões de homens e de mulheres.

...A ponto de levarem os doentes até para as ruas, colocando-os sobre os leitos e em macas, para que ao passar Pedro, ao menos sua sombra cobrisse algum deles. Também das cidades vizinhas de Jerusalém acorria à multidão, trazendo enfermos e atormentados por espíritos impuros, os quais eram todos curados. (At 5:12-16).

Nesta impressionante passagem, vemos o vigor, a magnitude, a grandiosidade desses primeiros passos dos apóstolos de Jesus.

Onde mais encontramos tamanha comoção? O início do Cristianismo é uma das mais belas páginas de nossa História. Considerando toda a História da Humanidade, que ainda continua sendo escrita, encontraremos momentos de opressão, mas outros de liberdade; encontraremos períodos obscuros, mas outros de claridade e luz intensa.

Jesus é a Luz do Mundo, suas palavras compõem uma sublime poesia de eterna sabedoria, seus ensinamentos, como um farol que clareia as trevas, brilha resplandecente. A seus fiéis seguidores fica a missão de propagar a Boa Nova por toda a Terra.

Seus apóstolos, nesta narrativa; vemo-los exercendo plenamente seus ministérios. Pela boa vontade, pela humildade, pela pureza de coração, pela submissão a Vontade Divina, por perseverarem incansavelmente, vemos quão admiráveis são suas ações.

A multidão de aflitos e sofredores, testemunhando suas condutas irrepreensíveis, suas valorosas palavras de esperança... Acorria para ouvir o Evangelho e obterem a cura para seus males.

Na obra “Lázaro Redivivo”, na mesma lição já citada, psicografado por Francisco Xavier, o Irmão X, sintetiza: “A ressurreição enchera-lhes a alma de energias sublimes e até então desconhecidas. Que não fariam pelo Mestre ressuscitado? Iriam ao fim do mundo ensinar a Boa Nova, venceriam trevas e espinhos, pertenceriam a Ele para sempre”.

Em reflexão, ficamos admirados. Que fé surpreendente era despertada “a ponto de levarem os doentes até para as ruas; colocando-os sobre os leitos e em macas, para que ao passar Pedro, ao menos sua sombra cobrisse algum deles”.

Sob o amparo amigo de Jesus, quão emocionante não foram esses dias gloriosos desses valorosos discípulos. Imaginemos o fervor da multidão, acreditando que sim, há esperança, sim, as profecias cumpriam-se, sim, o “Reino de Deus” está ao alcance de todos.

Que nós sejamos capazes de possuir essa mesma fé que motivou os primeiros cristãos!

QUESTÃO REFLEXIVA:

Porque muitas vezes hesitamos e não usamos todo nosso potencial para anunciar o “Reino de Deus”, como fizeram os primeiros discípulos de Jesus?

Bibliografia:

- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Xavier, Francisco C./Irmão X - Lázaro Redivivo.
- Franco, Divaldo/Amélia Rodrigues - Dias Venturosos.
- Franco, Divaldo/Amélia Rodrigues - Luz do Mundo.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

terça-feira, 10 de junho de 2025

13ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Os Apóstolos em Jerusalém e o Dia de Pentecostes

INTRODUÇÃO AO “ATOS DOS APÓSTOLOS”

“Atos dos Apóstolos” é o livro do Novo Testamento que foi escrito por Lucas, o mesmo autor do 3° Evangelho.

Diferentemente dos demais discípulos, que eram, em sua maioria, homens simples, muitos deles pescadores, Lucas era médico, havia nascido em Antioquia, era fluente na língua grega - a língua culta da época.

Lucas não foi um discípulo direto de Jesus. Sua conversão aconteceu ouvindo as exposições de Paulo. Aqui, devemos lembrar que o apostolo Paulo também não foi discípulo direto de Jesus, seu chamado foi posterior à partida de Jesus.

“Ato dos Apóstolos” é uma obra em que Lucas narra como foi o início da missão dos apóstolos de Jesus; descreve a formação das primeiras comunidades cristãs; conta como se deu o ministério dos apóstolos, especialmente de Pedro e de Paulo; mostra, enfim, como foi à expansão do Cristianismo.

Provavelmente, como cita a maioria dos estudiosos, esse livro foi redigido entre os anos de 61 a 63 D.C.

De valor inestimável, temos nesse livro um canto de louvor ao Cristianismo nascente, dos homens que o consolidaram, com manifestações de fé inigualável, e da Espiritualidade Superior que os sustentou sob a amorosa liderança de Jesus.

OS APÓSTOLOS EM JERUSALÉM

“Então, do monte chamado das Oliveiras, voltaram a Jerusalém. A distância é pequena: a de uma caminhada de sábado. Tendo entrado na cidade, subiu a sala de cima, onde costumavam ficar. Eram Pedro e João, Tiago e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, o Zelota; e Judas, filho de Tiago. Todos estes, unânimes, perseveravam na oração com algumas mulheres, entre as quais Maria, a mãe de Jesus, e com seus irmãos.” (At 1:12-14).

Em Jerusalém, após a partida do Mestre, ainda ressoava a sua mensagem de Amor. Essa grande cidade era o palco das principais atividades da sociedade judaica. Além das práticas religiosas que eram direcionadas para o grande Templo, aquele centro urbano era o núcleo da atividade social e política da época. Para lá, por exemplo, acorriam às multidões para as celebrações das festas religiosas, como a comemoração da Páscoa.

Diante da importância daquela grande cidade, pouco antes de sua partida, Jesus orientou aos seus apóstolos que, inicialmente, permanecessem em Jerusalém, como podemos verificar em Lucas, cap. 24, versículo 47.

Os discípulos, após o choque da despedida do Mestre, tiveram a esperança restabelecida com o reaparecimento de Jesus. Na obra “Dias Venturosos”, psicografado por Divaldo Franco, Amélia Rodrigues, na mensagem n° 22, descreve: “Reconfortados pela sua ressurreição, cantavam-lhes nas almas as festivas reminiscências dos reencontros com o amigo redivivo, em exuberante vitalidade, que nunca mais desapareceria das suas existências.

(...) As notícias do retorno do Mestre produziram diferentes reações, como seria de esperar-se: alegria e curiosidade nas massas, medo e perversidade nos culpados.

“Desejando silenciar a Voz da Verdade, tornaram-na mais potente; pretendendo matar o Cantor fizeram-no mais vivo, e objetivando anular-lhe a mensagem, abriram mais amplo espaço para fazê-la ouvida.”

A missão deveria continuar. Era imperioso que a tarefa continuasse e o Evangelho fosse propagado por todos os cantos. Eles estavam dispostos. Jesus os acompanharia!

A ESCOLHA DE MATIAS

“Naqueles dias, Pedro levantou-se no meio dos irmãos - o número das pessoas reunidas era de mais ou menos cento e vinte - e disse: ‘Irmãos, era preciso que se cumprisse a Escritura em que, por boca de Davi, o Espírito Santo havia de antemão falado a respeito de Judas, que se tornou guia daqueles que prenderam a Jesus. Ele era contado entre os nossos e recebera sua parte neste ministério. Ora, este homem adquiriu um terreno com o salário da iniquidade...”

(...) É necessário, pois, que, dentre estes homens que nos acompanharam todo o tempo em que o Senhor Jesus viveu em nosso meio, a começar do batismo de João até o dia em que dentre nós foi arrebatado, um destes se torne conosco testemunha da sua ressurreição’.

Apresentaram então dois: José, chamado Barsabás e cognominado Justo, e Matias. E fizeram essa oração: ‘Tu, Senhor: que conheces o coração de todos, mostra-nos qual desses dois escolhestes, a fim de ocupar; no ministério do apostolado, lugar que Judas abandonou, para dirigir-se ao lugar que era seu’.

“Lançaram sortes sobre eles, e a sorte veio a cair em Matias, que foi então associado aos onze apóstolos.” (At 1:15-26).

Jesus havia escolhido doze apóstolos, mas, após o trágico fim de Judas, apenas onze apóstolos haviam restado.

O número doze, precisamos recordar, era muito significativo para os hebreus, pois simbolizava as “Doze Tribos” de Israel, que haviam se formado da descendência do patriarca Jacó.

Os hebreus há que se acrescentar, formavam um povo arraigado nas tradições antigas, nos seus antigos profetas. Os grandes eventos encenados por seus ancestrais tinham um enorme valor emblemático, simbólico que lhes conferia satisfação e orgulho.

Quando Jesus, então, escolheu os “doze”, foi exatamente pelo reconhecido significado que esse número tinha. O Mestre jamais violou consciências, jamais impôs uma revolução forçada aos costumes e tradições dos antigos. Jesus não tinha vindo para destruir a “Lei e os Profetas”. Tudo tem seu tempo.

O número “doze” deveria ser mantido. Pedro, que começava a emergir como o líder dos discípulos, reúne-os, em assembleia, para eleição de um novo integrante.

Quais deveriam ser os requisitos para alguém receber tão importante incumbência de ser um apóstolo de Jesus?

Vejamos as exigências contidas na afirmação de Pedro:

“homens que nos acompanharam todo tempo em que o Senhor Jesus viveu em nosso meio”.

Não poderia, obviamente, ser alguém que não tivesse convivido com Jesus, presenciado seus sublimes exemplos, sido testemunha das incontáveis curas, acompanhado o Mestre incomparável em cada um de seus feitos que transbordavam sabedoria, compreensão e humildade.

Tinha que ser alguém que tivesse firme convicção e fé, alguém que fosse capaz de propagar o Evangelho da forma pura que foi apresentado por Jesus. E havia, como vemos no Evangelho de Lucas, no cap. 1, Versículo 1, mais setenta e dois discípulos a quem Jesus contou, pessoalmente, a tarefa de anunciar o “Reino de Deus”.

Matias, provavelmente, deveria ser um desses setenta e dois discípulos que já seguiam o Cristo “a começar do batismo de João”.

João, o Batista, foi, sem duvida, um dos maiores profetas que antecederam Jesus; ele foi o seu precursor.

Ele era respeitado pelo povo, que o reconhecia como profeta. Muitos dos discípulos de Jesus tinham sido discípulos de João Batista. Não havia - afirmou o Mestre - dentre os nascidos de mulher, ninguém maior que João Batista.

Foi a partir do batismo realizado por João que Jesus iniciou sua vida pública, eis o motivo da importância que Pedro lhe atribuiu.

“Um destes se torne conosco testemunha da sua ressurreição”.

O reaparecimento de Jesus após a crucificação é um dos momentos mais marcantes de sua missão. Esse é um ponto capital do Cristianismo, pois demonstra que a vida continua após a morte do corpo físico, demonstra a imortalidade da alma.

Aquele que seria designado como o 12° apóstolo deveria, pois, sem vacilações, ser testemunha plena de todos os atos de Jesus e de seu reaparecimento. Deveria estar convicto para dizer bem alto: Jesus está vivo!

É interessante notar em relação a Matias, como também em relação a muitos outros discípulos que compuseram o Colegiado Apostólico, que não há muitos dados sobre o desempenho de sua missão e o caminho que seguiu.

No entanto, não podemos esquecer que aqueles que buscam o “Reino de Deus” e perseveram em sua divulgação, não buscam méritos para si mesmos, mas têm por objetivo a implantação do Evangelho na Terra. Como disse o Mestre: “Maior será aquele que se fizer menor.”

Matias, por certo, confiante no Mestre Maior, deve ter executado com pleno êxito sua missão.

O DIA DE PENTECOSTES

“Tendo-se completado dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído como o agitar-se de um vendaval impetuoso, que encheu toda a casa onde se encontravam. Apareceram-Lhes, então, línguas como de fogo, que se repartiam e que pousaram sobre cada um deles. E todos ficaram repletos do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia se exprimirem”.

Achavam-se então em Jerusalém judeus piedosos, vindos de todas as nações que há debaixo do céu. Com o ruído que se produziu, a multidão acorreu e ficou perplexa, pois cada qual os ouvia falar em seu próprio idioma. Estupefatos e surpresos, diziam: ‘Não são, acaso, galileus todos esses que falam? Como é, pois, que os ouvimos falar a cada um de nós, no próprio idioma em que nascemos? Habitantes da Mesopotâmia, da Judéia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frígia e da Panfilia, do Egito e das regiões da Líbia próximas de Cirene; romanos que aqui residem; tanto judeus quanto prosélitos, cretenses e árabes; nós os ouvimos anunciar em nossas próprias Ínguas as maravilhas de Deus!’ Estavam todos estupefatos. E, atônitos, perguntavam uns aos outros: ‘Que vem a ser isto? ’Outros, porém, zombavam: ‘Estão cheios de vinho doce!’.” (At 2:1-13).

O dia de Pentecostes é uma das datas mais significativas para o Cristianismo. É considerado, por muitas correntes da teologia Cristã, como sendo o dia da vinda do Paráclito, ou seja, o Consolador Prometido.

No entanto, como os Espíritos Superiores, de forma categórica, elucidaram a Kardec, o Consolador não poderia ter vindo naquela época, pois o próprio Cristo havia advertido que as pessoas ainda não estavam preparadas para sua vinda.

O dia de Pentecostes cabe-nos inicialmente observar, foi instituído por Moisés, conforme podemos encontrar no livro do Êxodo, cap. 23, versículos 14 a 17, e cap. 34, versículos 18 a 23. Tratava-se de uma festa em comemoração as colheitas. Ela ocorria, exatamente, cinco dias após a Páscoa judaica.

Esse grande evento acontecia em Jerusalém. Nesse dia, afluíam para as comemorações, além dos hebreus, vários outros povos estrangeiros. Muitos vinham para comerciar, muitos outros vinham para participar das festividades. Por suas origens diversas, havia pessoas que falavam os mais variados idiomas e dialetos.

Os discípulos estavam presentes nesse dia de Pentecostes, que estava acontecendo cinco dias após a Páscoa judaica em que ocorreu a crucificação do Cristo.

No final do dia, encerradas as comemorações, conforme transcrito na passagem acima houve uma eclosão de manifestações mediúnicas.

Os apóstolos, então, plenamente envolvidos pelo Plano Espiritual Superior, manifestaram a xenoglossia, ou seja, a faculdade mediúnica de falar em línguas estrangeiras que sejam estranhas ao médium.

Temos que lembrar que os discípulos de Jesus, quando o Mestre ainda os preparava para suas missões, foram, em certa ocasião, convocados ao trabalho, conforme encontramos em Mateus, cap. 1, versículo 1:

“Chamou os doze discípulos e deu-lhes autoridade de expulsar os espíritos impuros e de curar toda sorte de males e enfermidades.”

As faculdades mediúnicas, como ensina Kardec, depende de uma disposição orgânica. Os discípulos, assim, possuíam-nas, mas Jesus convoca-os a exercitá-las, incutindo-lhes fé. E eles, de fato, exercitaram-na como podemos ver nos Evangelhos.

No Pentecostes, entretanto, houve uma manifestação rara pela proporção que tomou. Todos os discípulos manifestaram a mediunidade ao mesmo tempo.

O evento foi tão impressionante que eles próprios ficaram surpresos. A multidão, então, acorreu até eles, e as pessoas ficaram perplexas, com que ouviam: o Evangelho era pregado em seus próprios idiomas!

Os céticos - eis que os incrédulos existem em todos os tempos - zombavam e diziam: “Estão cheios de vinho doce”.

Nesse dia, que, repetimos, é um marco na historia da mediunidade, ocorreu à consolidação da missão dos apóstolos. A partir daquele dia, eles seguiriam confiantes e compromissados com suas tarefas.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Quais condutas devem ser observadas, hoje em dia, por àqueles que desejam tornar discípulos de Jesus?

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

quinta-feira, 5 de junho de 2025

12ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Aparições de Jesus Após a Morte

AS APARIÇÕES A LUZ DO ESPIRITISMO

Na antiguidade, muitos fenômenos - que hoje são plenamente explicados pela Doutrina Espírita - eram considerados maravilhosos, sobrenaturais. Acreditava-se que Deus, por Sua Vontade, estaria revogando, alterando Suas Leis.

O Espiritismo vem, verdadeiramente, trazer luz a uma serie de fenômenos, arrancando-os do domínio do maravilhoso e do sobrenatural, demonstrando que eles são regidos por leis que podem ser constatadas pela observação metódica e científica.

As aparições, em especial, são não há duvida, uma das que mais causam impressão aos indivíduos. Kardec, em “O Livro dos Médiuns”, 2ª parte, cap. VI, item 1, inicia afirmando: “De todas as manifestações espíritas, as mais interessantes são sem duvida aquelas pelas quais os Espíritos podem se tornar visíveis.”

A chave para a compreensão desse fenômeno foi à constatação da existência do corpo semimaterial o perispírito. No item 15 do mesmo capitulo acima citado, expõe Kardec: “O perispírito, por sua própria natureza, é invisível no estado normal. Isso é comum a uma infinidade de fluidos que sabemos existirem e que jamais vimos. Mas ele pode também, à semelhança de certos fluidos, passar por modificações que tornem visível, seja por uma espécie de condensação ou por uma mudança em suas disposições moleculares, e é então que nos aparece de maneira vaporosa. A condensação pode chegar ao ponto de dar ao perispírito as propriedades de um corpo sólido e tangível, mas que pode instantaneamente voltar ao seu estado etéreo e invisível. (É necessário não tomar ao pé da letra a palavra condensação, pois só a empregamos por falta de outra e como simples recurso de comparação)”.

Como podemos ver por essa clara elucidação, nada há de inverossímil em muitas das aparições que são narradas em todos os tempos, pois se tem aqui uma explicação absolutamente esclarecedora.

As aparições de Jesus, lembra o codificador em “A Gênese”, no cap. XV item 61, que: “são relatadas por todos os evangelistas com detalhes circunstanciados que não permitem duvidar da realidade do fato.”

Ainda poderíamos perguntar:

Se Jesus já havia deixado todo seu ensinamento moral aos Homens, por que, então, houve sua aparição?

Vejamos o item 1, subitem 5a, de “O Livro dos Médiuns”:

P. Qual o objetivo dos Espíritos que aparecem com boa intenção?

R. Consolar os que lamentam a sua partida; provar-lhes que continuam a existir e estão perto deles; dar conselhos e, algumas vezes, pedir assistência para si mesmos.

Nesta resposta dos Espíritos, encontramos uma perfeita síntese da finalidade maior das aparições.

Jesus, com exceção da ultima parte: “pedir assistência”, eis que era ele que sempre assistia, em relação aos demais pontos: “consolar”, “provar que continuava a existir” e “dar conselhos”, atuou plenamente nesse sentido, como veremos adiante.

APARIÇÃO A MARIA MADALENA

“Maria estava junto ao sepulcro, de fora, chorando. Enquanto chorava, inclinou-se para interior do sepulcro e viu dois anjos, vestidos de branco, sentados no lugar onde corpo de Jesus fora colocado, um na cabeceira e Outro aos pés. Disseram-lhe então: ‘Mulher por que choras?’ Ela lhes diz: ‘Porque levaram meu Senhor e não sei onde puseram!’ Dizendo isso, voltou-se e viu Jesus de pé. Mas não sabia que era Jesus. Jesus lhe diz: ‘Mulher por que choras? A quem procuras?’ Pensando ser jardineiro, ela lhe diz: ‘Senhor se foste tu que levaste, dize-me onde puseste e eu irei buscar!’ Diz-lhe Jesus: ‘Maria!’ Voltando-se, ela diz em hebraico: ‘Rabbuni!’, que quer dizer ‘Mestre ’. Jesus Lhe diz: ‘Não me toques, pois ainda não subi ao Pai. Vai, porém, aos meus irmãos, e dize-lhes: Subo a meu Pai e vosso Pai; a meu Deus e vosso Deus.’ Maria Madalena foi anunciar aos discípulos.' ‘Vi o Senhor’, e as coisas que ele lhe disse.” (Jo 2:11-18).

Jesus tinha que trilhar o caminho dos mártires, assim estava escrito nas antigas profecias; a Lei tinha que ser cumprida.

Aos seus discípulos, disse o Mestre, expressamente, que retomaria no terceiro dia, como previram os profetas.

Mas a natureza humana, muitas vezes, deixa-se abater com facilidade. Pelas narrativas evangélicas, vemos nos discípulos todo um pesar, uma tristeza sem fim, uma lamentação inconsolável.

Na obra “Há Flores no Caminho”, psicografado por Divaldo Franco, Amélia Rodrigues, na mensagem nº 24, “Amanhecer da Ressurreição”, descreve: “As sombras que mantinham os discípulos em amargura, defluíam do remorso, da mágoa, da dor ante espetáculo inesperado, que culminara na tragédia do Gólgota. Vencidos aqueles momentos rudes, atordoantes, insinuaram-se-lhes e neles se agasalharam as angustias e os arrependimentos... Subitamente perceberam imensa, a falta impreenchível que Mestre lhes deixara nos sentimentos.”

O Mestre havia partido. Parece que eles haviam esquecido suas palavras, quando afirmou que voltaria.

Maria Madalena, aquela que, dentre os discípulos de Jesus, é um dos maiores exemplos de renovação, de mudança de valores, havia acolhido integralmente a mensagem de Jesus.

Naquela manhã pesarosa, Maria Madalena estava como os demais, sentindo a dor inconsolável da partida do Mestre, seria a primeira a vê-lo ressurgir.

Há verdadeira beleza na narrativa de seu reencontro com o Mestre, quando ele lhe diz: “Mulher, por que choras?”, e ela, em seu lamento, responde: “Porque levaram meu Senhor...”; e na felicidade indizível ao reconhecê-lo e exclamar “Rabbuni!” (conforme nota de rodapé da Bíblia de Jerusalém “Rabbuni” é um tratamento mais solene do que Rabi).

Na obra “Maria, Mãe de Jesus”, encontramos estas palavras: “... Maria julgou a princípio que via o jardineiro. Antes da certeza, a perquirição da mente precedendo a consolidação da fé. Embriagada de júbilo, a convertida de Magdala transmite a boa nova aos discípulos confundidos. Os olhos sombrios de quase todos se enchem de novo brilho”.

APARIÇÃO AOS DISCÍPULOS

“A tarde desse mesmo dia, primeiro da semana, estando fechadas as portas onde se achavam os discípulos, por medo dos judeus, Jesus veio e, pondo-se no meio deles, lhes disse: ‘A paz esteja convosco!’ Tendo dito isso, mostrou-lhes as mãos e lado. Os discípulos, então, ficaram cheios de alegria por verem o Senhor: Ele lhes disse de novo: À paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, também eu vos envio.’ (...)

Um dos Doze, Tomé, chamado Dídimo, não estava com eles, quando veio Jesus. Os outros discípulos, então, lhe disseram: ‘Vimos o Senhor!’ Mas ele lhes disse: ‘Se eu não ver em suas mãos lugar dos cravos e se não puser meu dedo no lugar dos cravos e minha mão no seu lado, não crerei’. Oito dias depois, achavam-se os discípulos, de novo, dentro de casa, e Tomé com eles. Jesus veio, estando a portas fechadas, pôs-se no meio deles e disse: ‘A paz esteja convosco!’ Disse depois a Tomé: ‘Põe teu dedo aqui e vê minhas mãos! Estende tua mão e põe-na no meu lado e não sejas incrédulo, mas crê!’ Respondeu-lhe Tomé: ‘Meu Senhor e meu Deus!’ Jesus lhe disse: ‘Porque viste, creste. Felizes os que não viram e creram’! ”(Jo 2: 19-29).

Confusos, atordoados, os discípulos encontravam-se refugiados. A multidão que pedira a morte de Jesus estava descontrolada, a cidade estava alvoroçada, tensa. Os discípulos temiam por sua vida.

Qual não foi a alegria que eles sentiram ao verem Jesus novamente entre eles, naquele momento tão difícil para todos?

Com certeza, ficaram exultantes, sentiram-se esperançosos, confortados na presença do Mestre. Ao vê-lo, reacende neles a crença na imortalidade da alma: A morte não existe. Jesus estava vivo!

Nesse dia glorioso, eles reencontraram o Mestre. Tomé, no entanto, que não estava presente, não acreditou quando lhe disseram. Somente quando Jesus apareceu novamente foi que ele acreditou. Por isso Mestre lhe disse: “Porque viste, creste. Felizes os que não viram e creram!”

Uma das limitações humanas que mais dificulta progresso espiritual é a incredulidade, a falta de fé. Falta de fé em si mesmo, falta de fé em Jesus, falta de fé em Deus. Quando, ao contrário, o Homem tem fé, traz uma convicção íntima que lhe confere certeza na imortalidade do Espírito e na vida futura.

APARIÇÃO A MARGEM DO LAGO DE TIBERÍADES

“Depois disso, Jesus manifestou-se novamente aos discípulos, as margens do mar de Tiberíades. Manifestou-se assim: Estavam juntos Simão Pedro e Tomé, chamado Dídimo, Natanael que era de Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu e dois outros de seus discípulos. Simão Pedro lhes disse: ‘Vou pescar’. Eles lhe disseram: ‘Vamos nós também contigo’. Saíram e subiram ao barco e, naquela noite, nada apanharam. Já amanhecera. Jesus estava de pé, na praia, mas os discípulos não sabiam que era Jesus. Então Jesus lhes disse: ‘Jovens, acaso tendes algum peixe?’ Responderam-lhe. 'Não! ’Disse-lhes.‘ lançai a rede a direita do barco e achareis.’ Largaram, então, e já não tinham força para puxá-la, por causa da quantidade de peixes. Aquele discípulo que Jesus amava disse então a Pedro: ‘É o Senhor!’ Simão Pedro, ouvindo dizer ‘É o Senhor! ’, vestiu a roupa – porque estava nu - e atirou-se ao mar Os outros discípulos, que não estavam longe da terra, mas cerca de duzentos côvados, vieram com barco, arrastando a rede com os peixes.” (Jo 21:1-8).

Além da aparição descrita nesta outra passagem, Jesus apareceria outras vezes aos seus discípulos. O Mestre queria, definitivamente, confirmar suas palavras, confirmar que o Espírito sobrevive à matéria.

Especialmente aos seus discípulos mais próximos, Jesus precisava infundir-lhes convicção plena, para que se fortalecessem na fé, e desenvolvessem a coragem necessária para enfrentar a grande missão que os aguardava. Quando chegasse o momento, deveriam seguir e fazer a divulgação da Doutrina redentora do Cristo.

Em suas jornadas, a defesa da Doutrina Crista os conduziria a valorosos testemunhos de renuncia, abnegação e humildade.

De fato, os discípulos, cada um deles, trilhou o caminho dos mártires.

Hoje, contemplando sobre esses inesquecíveis exemplos, podemos deixar-nos levar pela inspiração de também seguir o exemplo dos abnegados discípulos do Mestre e nos tomarmos humildes servidores de sua seara.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente: “Felizes os que não viram e creram!”

Bibliografia
- A Bíblia de Jerusalém;
- Kardec, Allan - A Gênese - Ed. FEESP;
- Kardec, Allan - Livro dos Médiuns - Ed. FEESP;
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP;
- Franco, Divaldo/Amélia Rodrigues - Dias Venturosos;
- Carneiro, Edison/ Francisco C. Xavier/Yvonne A. Pereira - Maria, Mãe de Jesus.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

terça-feira, 3 de junho de 2025

12ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Desfecho Da Missão Planetária De Jesus

A Prisão e a Crucificação de Jesus

PRISÃO DE JESUS

“Tendo dito isso, Jesus foi com seus discípulos para o outro lado da torrente do Cedron. Havia ali um jardim, onde Jesus entrou esse com seus discípulos. Ora, Judas, que o traía, conhecia também esse lugar porque, frequentemente, Jesus e seus discípulos ai se reuniam. Judas, então, levando a corte e guardas destacados pelos chefes dos sacerdotes e pelos fariseus, ai chega, com lanternas archotes e armas. Sabendo Jesus tudo que lhe aconteceria adiantou-se e lhes disse: ‘A quem procurais?’ Responderam. 'Jesus o Nazareu’. Disse-lhes. ‘Sou eu ’. Judas, que o traía, estava também com eles. Quando Jesus lhes disse: ‘Sou eu ’, recuaram e caíram por terra. Perguntou-lhes, então, novamente: ‘A quem procurais?’ Disseram: ‘Jesus, o Nazareu’. Jesus respondeu: ‘Eu vos disse que sou eu. Se, então, é a mim que procurais, deixai que estes se retirem a fim de se realizar a palavra que diz: Não perdi nenhum dos que me deste. Então, Simão Pedro que trazia uma espada, tirou-a, feriu o servo do Sumo Sacerdote a quem decepou a orelha direita. O nome do servo era Malco. Jesus disse a Pedro: ‘Embainha a tua espada. Deixarei eu de beber o cálice que o Pai me deu?’.” (Jo 18:1-11).

Neste momento culminante, Jesus mostra sua verdadeira realeza: nem um Segundo sequer de medo, de dúvida, de hesitação, mas, ao contrário, a mais plena convicção, a serenidade absoluta, a sublimidade de sentimentos, a compaixão incondicional pelos agressores.

O Mestre, não obstante sua condição infinitamente superior entrega-se, sem resistências; deixa-se conduzir docilmente a prisão. Em Jesus, encontramos o exemplo máximo da moral superior, da renúncia sem limites, da demonstração do Amor incondicional.

Refletindo sobre a passagem acima transcrita, constatamos que muitos são os pontos marcantes em que podemos fixar-nos. Vejamos a seguinte afirmação de Jesus: “Sou eu”, os soldados “recuaram e caíram por terra”.

Ora, vemos que os captores, aqueles que o perseguiam para prendê-lo, eram compostos por guardas destacados pelos chefes dos sacerdotes e pelos fariseus, além de uma corte, que era um destacamento da guarnição romana em Jerusalém.

Então, por que eles recuaram e caíram por terra‘?! Com certeza, pela condição inigualável de Jesus. Sua presença única: firme, mas, ao mesmo tempo, dócil; olhos que refletiam a mais íntegra dignidade, uma natural superioridade, e, ao mesmo tempo, a simplicidade e a compassividade que refletia um Amor indescritível. Eis a palavra:

Os guardas tremeram, hesitaram, como muitas vezes antes já o haviam feito. Recordemos, por exemplo, uma passagem contida em João, cap. 7, versículo 45: “Os guardas, então, voltaram aos chefes dos sacerdotes e aos fariseus e estes lhes perguntaram: Por que não o trouxestes? Responderam os guardas: Jamais um homem falou assim!”.

Neste formidável relato, marcado pela espontaneidade dos guardas, notamos quão impressionados ficaram eles após terem ouvido Jesus. Tinham ido para, cruelmente, prendê-lo; mas, surpreendentemente, foram tocados no coração pela mensagem sublime do Mestre, e, aos seus chefes, absolutamente perplexos, justificavam: “Jamais um homem falou assim!”

Mas, então, era chegada a hora. Assim, mesmo após o impacto da afirmação de Jesus “Sou eu”, os soldados logo se recompuseram.

Ao se aproximarem os soldados de Jesus, no entanto, Pedro, que muito amava o Mestre, mas, de certa forma, não entendendo o caráter absolutamente pacífico da missão de Jesus, desembainha sua espada e decepa a orelha do soldado Malco. Jesus, então, como vemos em Mateus, cap. 26, versículo 52, exorta-o: “Guarda tua espada no seu lugar, pois todos os que pegam a espada pela espada perecerão.” E em Lucas, cap. 22, versículo 51, temos:“ ‘Deixai! Basta!’ E tocando-lhe a orelha curou-o.”

Com a prisão do Mestre, os discípulos fogem, como vemos em Marcos, cap. 14, versículo 5: “Então, abandonando, fugiram todos.”, mas, notemos, assim pediu o Mestre: “Se, então, é a mim que procurais, deixai que estes se retirem, a fim de se realizar a palavra que diz: Não perdi nenhum dos que me deste”. E em Mateus, cap. 27, versículos 3 a 5, encontramos o fim trágico de Judas Iscariotes:

“Então, Judas, que entregara, vendo que Jesus fora condenado, sentiu remorsos e veio devolver aos chefes dos sacerdotes e aos anciãos as trinta moedas de prata, dizendo: ‘Pequei, entregando sangue inocente’. Mas estes responderam: ‘Que temos nós com isso? O problema é teu’. Ele, atirando as moedas no Templo, retirou-se e foi enforcar-se".

Nesta narrativa de Mateus, vemos que Judas, em que pese seu ato infamante de entregar Jesus, tal foi seu remorso, que tirou sua própria vida. Seu desejo, como já falamos em aula anterior, não era o de ver a condenação de Jesus a morte.

A nós Espíritas, que buscamos desenvolver o Amor incondicional ensinado por Jesus, cabe-nos apenas compreender tal ato como decorrente da natural fraqueza humana, a que todos podem incorrer ou já incorreram no passado longínquo.

Jesus, o Mestre incomparável, no episodio de sua prisão, mostra-nos o verdadeiro Amor, pois, mesmo aos seus perseguidores, de nada se queixou; ao contrário, foi-lhes fraternal, solidário e, ao soldado ferido, ofereceu-lhe a cura.

JESUS DIANTE DE PILATOS

“Então de Caifás conduziram Jesus ao pretório. Era de manhã. Eles não entraram no pretório para não se contaminarem e poderem comer a Páscoa. Pilatos, então, saiu para a fora ao encontro deles e disse: ‘Que acusação trazeis contra este homem?’ Responderam-lhe: ‘Se não fosse mau feitor; não entregaríamos a ti’. Disse-lhes Pilatos: ‘Tomai-o vós mesmos, e julgai-o conforme vossa Lei.’ Disseram-lhe os judeus: ‘Não nos é permitido condenar ninguém a morte', a fim de se cumprir a palavra de Jesus, com a qual indicara de que morte deveria morrer.
Então Pilatos entrou novamente no pretório, chamou Jesus e lhe disse: ‘Tu és rei dos judeus? ’Jesus lhe respondeu: ‘Falas assim por ti mesmo ou outros te disseram isso de mim?’ Respondeu Pilatos: ‘Sou, por acaso, judeu? Teu povo e os chefes dos sacerdotes entregaram-te a mim. Que fizeste? 'Jesus respondeu: ‘Meu reino não é deste mundo. Se meu reino fosse desse mundo, meus súditos teriam combatido para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas meu reino não é daqui’.” (Jo 18:28-40).

Como fazer para condenar um justo? Eis que Jesus era o justo, por excelência! De que, então, poderiam acusá-lo?
Seus acusadores, não tendo motivo real para acusá-lo, buscavam um artifício vil e pérfido para condená-lo, como vemos em Mateus, cap. 26, versículos 59 e 6, quando Jesus encontrava-se diante do Sumo Sacerdote Caifás: “Ora, os chefes dos sacerdotes e todo Sinédrio procuravam um falso testemunho contra Jesus, a fim de matá-lo, mas nada encontraram, embora se apresentassem muitas falsas testemunhas”.

Naquela noite fatídica, vemos aflorar todo ódio mortal que os sacerdotes tinham por Jesus. Estavam decididos a tudo fazer para condená-lo. Queriam a pena capital. Mas o Sinédrio não tinha tal autoridade: condenar alguém a morte; então foram até Pilatos, o governador que representava o Império Romano.

Pilatos, podemos ver de forma uniforme nos Evangelhos, demonstra resistência à condenação de Jesus. Em Lucas, cap. 23, versículo 4, encontramo-lo dizendo: “Não encontro nesse homem motivo algum de condenação.”, e no versículo 22: “Que mal fez esse homem?”

A mulher de Pilatos, lembremos, já o havia advertido, como narra Mateus, no cap. 27, versículo 19: “Enquanto estava sentado no tribunal, sua mulher lhe mandou dizer: ‘Não te envolvas com esse justo, porque muito sofri hoje em sonho por causa dele'.”

Pilatos, ainda tenta outro recurso. Durante aquele período de festa, era costume o governador soltar um prisioneiro que a multidão solicitasse, e, por acaso, havia um prisioneiro chamado Barrabás, condenado por motim e homicídio. (Lc 23: 19).

Seria uma tendência lógica - podemos nos imaginar - que optariam pela manutenção da prisão do bandido homicida e pediriam para soltar Jesus, o justo. Pilatos, então, perguntou: “Quem quereis que vos solte, Barrabás ou Jesus, que chamam Cristo?” (Mt 27:17).

Ouviu-se, então, naquele momento de insanidade, apenas o brado vociferante da multidão ensandecida: “Morra esse homem! Solta-nos Barrabás! “(Lc 23:18).

Pilatos, então, não querendo comprometer-se - descreve Mateus no cap. 27, versículo 24:
“Vindo Pilatos que nada conseguia, mas, ao contrário, a desordem aumentava, pegou água e, lavando as mãos na presença da multidão, disse: ‘Estou inocente desse sangue. A responsabilidade é vossa.’”

De todo o episódio da prisão de Jesus, extraímos profundos ensinamentos. Um dos mais marcantes é a reposta do Mestre a Pilatos: “Meu reino não é deste mundo.”, diz-lhe Jesus. O reino de Pilatos, ou mesmo dos sacerdotes, sabemos, é o reino deste mundo, dessa forma, transitório, inconstante, sujeito as vicissitudes e aos caprichos e as paixões humanas. O Reino de Jesus é de origem divina, constante e eterno, pois representa a Lei de Deus.

Na obra “Dias Venturosos”, pela psicografia de Divaldo Franco, a autora Amélia Rodrigues, na mensagem n° 21: “Reino de Luz”, explica que há dois reinos e expõe: “Não podiam compreender Jesus e seu reino, esses indivíduos; reino que é destituído de características externas, que não promove ruídos nem agita bandeiras que tremulam sob cadáveres nos Campos bélicos da Terra. Os seus reinos se fixam sobre ruínas e são cobertos de sombras. O reino de Jesus se levanta nas terras aliás do bem e é vestido de luz. Os reinos do mundo são feitos de esplendor rápido e decadência demorada. O reino de Jesus é erguido vagarosamente e esplende para sempre. O reino terrestre muda de comando, e de Jesus permanece sob sua governança.”

CRUCIFICAÇÃO E SEPULTAMENTO

“E ele saiu, carregando sua cruz, e chegou ao chamado lugar da Caveira' - em hebraico chamado Gólgota - onde crucificaram: e, com ele, dois outros: um de cada lado e Jesus no meio. Pilatos redigiu também um letreiro e o fez colocar sob a cruz; nele estava escrito: ‘Jesus Nazareu, rei dos judeus’. Esse letreiro, muitos judeus o levaram, porque o lugar onde Jesus fora crucificado era próximo da cidade; e estava escrito em hebraico, latim e grego.
Disseram então a Pilatos os chefes dos sacerdotes dos judeus: ‘Não escrevas: ‘O rei dos judeus ’, mas: ‘Este homem disse: ‘Eu sou o rei dos judeus ’. ’PiIatos respondeu: ‘O que escrevi, escrevi.’.” (Jo 19:17-22).

“Depois, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus, mas secretamente, por medo dos judeus, pediu a Pilatos que lhe permitisse retirar corpo de Jesus. Pilatos o permitiu. Vieram, então, e retiraram seu corpo. Nicodemos, aquele que anteriormente procurara Jesus a noite, também veio, trazendo cerca de cem liras de uma mistura de mirra e aloés. Eles tomaram então o corpo de Jesus e o envolveram em faixas de linho com os aromas, como os judeus costumam sepultar. Havia um jardim, no lugar onde ele fora crucificado e, no jardim, um sepulcro novo, no qual ninguém fora ainda colocado. Ali, então, por causa da preparação dos judeus e porque sepulcro estava próximo, eles depuseram Jesus.” (Jo 19:38-42).

Como estava escrito, Jesus, pela crueldade sem limite dos homens, foi levado a cruz. Que fizera o Mestre para merecer tal infamante condenação?

Jesus, o Mestre incomparável, foi aquele que trazia a luz; aos fracos e oprimidos, trouxe-lhes ânimo para que se levantassem e perseverassem até o fim; aos desesperados e aflitos, trouxe-lhes esperança; aos sobrecarregados e cansados, trouxe-lhes encorajamento para que suportassem seus fardos; aos condenados e acusados pelos homens preconceituosos, deu-lhes o amparo. Em todos os momentos, sua ação foi caridosa, compassiva, amorosa.

Como, então, puderam os Homens condená-lo? Pela dureza de seus corações; pelo desejo insaciável de poder, hegemonia, dominação; pela ganância incontrolável por todas as más paixões que afastam o Homem do Criador.

Para aqueles que o condenaram, restariam seus templos de pedra, recheados com metais preciosos, belos aos olhos, mas gélidos aos corações; restaria, quando despertassem, a culpa dolorosa por rejeitar aquele que era o Bom Pastor; restaria remorso imensurável e dilacerante por condenar aquele que veio em nome de Deus.

Da obra “Maria, Mãe de Jesus”, organizado por Edison Carneiro, com textos e comunicações recebidas por Francisco C. Xavier e Yvonne A. Pereira, extraímos uma reflexão de Maria, no tópico “No Calvário”, nesses momentos finais: “Sim... Jesus era seu filho, todavia, antes de tudo, era Mensageiro de Deus. Ela possuía desejos humanos, mas o Supremo Senhor guardava eternos e insondáveis desígnios o carinho materno poderia sofrer, contudo, a Vontade Celeste regozijava-se. Poderia haver lágrimas em seus olhos, mas brilhariam festas de vitória no Reino de Deus. Suplicara aparentemente em vão, porquanto, certo, o Todo-Poderoso atendera-lhe os rogos, não segundo os seus anseios de mãe e sim de acordo com os seus planos divinos! ... ”

QUESTÃO REFLEXIVA:

O que representa, para nós, o grandioso exemplo de Jesus de não reagir à violência e perdoar seus agressores?

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.