CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

quinta-feira, 29 de maio de 2025

11ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

O Consolador Prometido

O ANÚNCIO DA VINDA DO CONSOLADOR

“Se me amais, observareis meus mandamentos, e rogarei ao Pai e ele vos dará outro Paráclito, para que convosco permaneça para sempre, o Espírito da Verdade, que o mundo não pode acolher porque não o vê nem o conhece. Vós o conheceis, porque permanece convosco. Não vos deixarei órfãos. Eu virei a vós.” (Jo 14:15-18).

“Mas o Paráclito, o Espirito Santo que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que vos disse.” (Jo 14:26).

No Sermão do Cenáculo, Jesus prometeu aos seus discípulos a vinda do Consolador.

Podemos observar, no entanto, que o Mestre exortou-os a observação de seus mandamentos para, então, rogar ao Pai que lhes enviasse o Paráclito.

Estando os discípulos temerosos com as palavras de Jesus, consola-os ainda o Mestre dizendo: “Não vos deixarei órfãos”.

Refletindo sobre a promessa de Jesus, podemos indagar: Por que o Mestre anunciou que o Consolador não poderia ser “acolhido” naquele momento?

Como bem sabemos, a Humanidade passa por diferentes fases. Assim, figuradamente falando, começou na sua infância e caminha até atingir a sua maturidade. Essa maturidade será alcançada quando os Homens aplicarem sua capacidade intelectual, observando todos os princípios da Moral ensinada pelo Cristo.

Quando, então, observamos essa evolução, veremos que no passado distante predominava a barbárie e a selvageria. Mesmo na época dos antigos profetas hebreus, os costumes eram rudes e vigorava a “Lei do Olho por Olho”. Por isso, Moisés, que trouxe a Primeira Revelação, agia, muitas vezes, com severidade.

Houve, pois, necessidade de um grande avanço até que chegasse o momento propício para o advento do Cristo, que trouxe a Segunda Revelação.

Deste processo evolutivo, emerge um princípio: todo novo conhecimento exige uma base anterior que o fundamente, e certa receptividade para que haja aceitação.

Jesus trouxe muitos ensinamentos, mas muitas explicações ficariam para um momento futuro. Como podemos ver no Evangelho de João cap. 16, versículo 12: “Tenho ainda muito que vos dizer, mas não podeis agora suportar”.

Não era próprio aquele momento. Apenas no futuro seriam ensinadas todas as coisas e recordado tudo o que já havia sido dito. Ensinar todas as coisas, pois, repetimos, todo novo ensinamento exige uma base anterior. Mas por que recordar tudo o que já havia sido dito?

É que Jesus sabia que seus ensinamentos seriam deturpados que as paixões humanas ainda predominariam; que a ânsia de poder sobrepor-se-ia, por vezes, ao seu Evangelho de Luz. Após 18 séculos da promessa do Mestre, veio o Consolador...

A VINDA DO PARÁCLITO

“No entanto, eu vos digo a verdade, é de vosso interesse que eu parta, pois, se não for o Paráclito não virá a vós. Mas se for; enviá-lo-ei a vos.” (Jo 16:7).

“Quando vier o Espírito da Verdade, ele vos guiará na verdade plena, pois não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas futuras.” (Jo 16: 13).

O advento da Doutrina Espírita veio dar cumprimento a promessa do Cristo, pois é o Consolador Prometido.

Conforme se encontra na obra “Espiritismo de A a Z”, o Espírito de Verdade é: “uma plêiade de Espíritos”, e não, como se poderia pensar, apenas um Espírito.

O Paráclito ou Espírito de Verdade, diz Kardec, no cap. VI, item 4, de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, é quem preside o restabelecimento da Doutrina Espírita.

As impregnações dogmáticas que haviam sido incorporadas ao Cristianismo fizeram que, no século do positivismo, o materialismo se expandisse de tal maneira que afastaria o Homem racional da Igreja, pois o que ela pregava transbordava incoerência e contradizia a razão.

Então, exatamente nesse século de predominância do materialismo na Europa, é chegada à hora do advento do Espiritismo, pois ocorria uma verdadeira revolução no conhecimento cientifico.

Na antiguidade, claro, houve muitos iluminados, mas o conhecimento era, como sempre lembra Kardec, hermético, fechado, limitado a poucos que podiam compreender.

Mas, no século do positivismo, diz comumente Kardec, a Humanidade já estava pronta para receber em larga escala, com grande estrondo, a divulgação da Doutrina Espírita, pois o alicerce já estava preparado.

Então não era apenas a França que estava preparada, mas a manifestação dos Espíritos, no século dezenove, foi generalizada, em diversas partes do mundo, no México, nos Estados Unidos, na Argélia, na Rússia, etc..

E esse caráter de universalidade é justamente - como sempre ressalta Kardec - o que confere maior credibilidade, veracidade as revelações, pois da análise das inumeráveis comunicações obtidas, nas mais diversas partes do mundo, constata-se que as verdades reveladas são as mesmas, obtidas nos grandes ou pequenos centros, de médiuns altamente intelectualizados, ou mesmo de médiuns analfabetos. Uma grande unidade em todo o ensinamento espírita podia ser observada.

E, especialmente, há que se ressaltar, toda a revelação espírita era coerente com a mensagem do Cristo. Muitas das lições que foram apresentadas em palavras figuradas, agora eram trazidas com todas as letras. Vemos que nenhuma nova moral foi trazida, pois os princípios morais do Espiritismo são os mesmos princípios morais de Jesus.

No mesmo capítulo acima citado, de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, item 4, o codificador, discorrendo sobre o advento da Doutrina Espírita, sintetiza: “Ele chama os homens à observância da lei; ensina todas as coisas, fazendo compreender o que o Cristo só disse em parábolas. O Cristo disse: ‘que ouçam os que têm ouvidos para ouvir’. O Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, porque ele fala sem figuras e alegorias. Levanta o véu propositadamente lançado sobre certos mistérios, e vem, por fim, trazer uma suprema consolação aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem, ao dar uma causa justa e um objetivo útil a todas as dores”.

Portanto, o Espiritismo veio explicar quem somos nós, de onde viemos e para onde vamos; veio ensinar que somos Espíritos imortais, destinados a felicidade eterna; veio demonstrar que Deus é soberanamente Justo e Bom; e que todas as coisas que nos pareciam injustas têm uma razão de ser.

Eis o Consolador prometido!

A ORAÇÃO DE JESUS POR SEUS DISCÍPULOS

Assim falou Jesus, e, erguendo os olhos ao céu, disse: ‘Pai, chegou a hora'. Glorifica teu Filho, para que teu Filho te glorifique, e que, pelo poder que lhe deste sobre toda carne, ele dá a vida eterna a todos os que lhe deste!

Ora, a vida eterna é esta: que eles te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e aquele que enviaste: Jesus Cristo.

Eu te glorifiquei na terra, concluí a obra que me encarregaste de realizar.

(...) Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste. Eram teus e os deste a mim e eles guardaram tua palavra.

(...) Já não estou no mundo; mas eles permanecem no mundo e eu volto a ti.

(...) Eu lhes dei tua palavra, mas o mundo as odiou porque não são do mundo, como eu não sou do mundo.

(...) Não rogo somente por eles, mas pelos que, por meio de sua palavra crerão em mim: a fim de que todos sejam um.

Como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, que eles estejam em nós, para que o mundo creia que tudo me enviaste.

(...) Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver; também eles estejam comigo, para que contemplem minha glória, que me deste, porque me amaste antes da fundação do mundo.

(...) Eu lhes dei a conhecer o teu nome e lhes darei a conhecê-lo a fim de que o amor com que me amaste esteja neles e eu neles. (Jo 17:1-26).

Voltemos aos últimos instantes daquela noite inesquecível no Cenáculo. Jesus está com seus discípulos. Eles estão apreensivos; podem pressentir o desfecho culminante que se aproxima.

Os discípulos aguardavam. Embora ansiosos, ainda estavam enlevados, maravilhados com a sublime demonstração de humildade protagonizada pelo Mestre: o lava-pés. Jesus, que havia se feito o menor, era, por isso, em absoluto, o maior.

Nesse instante, o Mestre dirige-se ao Pai Criador e faz uma fervorosa prece. Suas palavras, proferidas naquele momento inolvidável, soariam, eternamente, como um canto de rara beleza.

O Cristo havia cumprido plenamente sua missão: “Eu te glorifiquei na terra, concluí a obra que me encarregaste de realizar.”

Todos os atos de Jesus representam a mais pura virtude. Não houve hesitações, não houve dúvidas, não houve palavras desperdiçadas, não houve ocasiões perdidas para exemplificar o Amor maior. Todos os seus passos refletem o compromisso absoluto com sua missão; todos os seus ensinamentos representam a perfeita Moral; todo o seu testemunho reflete a Lei Divina.

Mas no mundo havia, e ainda há, muita ignorância. Essa condição de ignorância faz com que as pessoas afastem-se do verdadeiro caminho, faz com que, temporariamente, reneguem as potencialidades da alma: potencialidade de “ver” mais, de “ouvir” mais, de buscar a ligação com Deus.

Enquanto se encontra nessas “trevas”, o Ser, ao ouvir falar sobre o caminho do Bem, ouvir falar sobre a verdadeira grandeza, sobre a Lei do Amor, ele renegará a Verdade, e, por vezes, odiará aqueles que a anunciam.

Por isso disse Jesus: “Eu lhes dei tua palavra, mas o mundo as odiou porque não são do mundo, como eu não sou do mundo.”

Jesus, entre os Homens frios, entre aqueles que tinham a aparência de “santo”, mas o coração petrificado pelo egoísmo, pelo orgulho e pela vaidade, entre aqueles que queriam manter seus privilégios através da ignorância do povo, entre esses, Jesus foi odiado. Foi odiado porque não pertencia a esse mundo: mundo de iniquidade, mundo de falsos valores, mundo de ignorância.

Assim como o Mestre, seus fiéis discípulos seriam odiados por aqueles que cultivavam os valores desse mundo das coisas materiais. Seriam também perseguidos, seriam, por muitos, objeto de desprezo, de ironia, de indiferença.

No entanto, ao mesmo tempo, seriam ouvidos por tantos outros; seriam acolhidos por todos aqueles que estivessem cansados de seus fardos, cansados da iniquidade, cansados da vida mundana; seriam ouvidos por todos aqueles que estavam desejosos de aprender e crescer, desejosos de se libertar pela verdade.

Jesus era, pois, do “mundo” dos valores espirituais, onde as Leis Divinas reinam de forma soberana, absoluta, onde apenas o Bem vence.

Mas Jesus era o Mestre maior, e, mesmo diante de toda a ignorância dos Homens, a todos perdoou. Seu Amor infinito é capaz de envolver a todos nós. Um dia, toda a Humanidade o ouvirá, e, então, todos seremos como “Um”. Por isso disse: “Não rogo somente por eles, mas pelos que, por meio de sua palavra crerão em mim: a fim de que todos sejam um”.

Quando todos forem capazes de encontrar a Luz, forem capazes de reconhecer no Evangelho de Jesus a mais sublime canção sobre a Verdade e a Eternidade, então todos nós seremos “Um”, eis que seremos movidos apenas pela Lei do Amor, e reinará a amizade, a fraternidade, a caridade universal. O Mal será erradicado, extinto, aqui da Terra, e não mais haverá a multidão de aflitos, de crianças abandonadas, de idosos desamparados, de famintos sem nem um pedaço de pão. Todos esses males, essas aflições, desaparecerão.

Todos nós seremos “Um” e poderemos, nesse grande dia, com a Humanidade renovada, ouvir juntos a Voz do sublime Pastor.

Que possamos, cada um de nós, tomar parte na expansão do Evangelho, através de nossa palavra, anunciando a Boa Nova, e principalmente, exemplificando como Jesus nos ensinou.

QUESTÃO REFLEXIVA:

O que podemos fazer para divulgar ainda mais o Evangelho de Jesus, para que, um dia, todos nós sejamos “Um”?

Bibliografia
- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP
- Xavier, Francisco C./Humberto de Campos - Boa Nova.
- Espiritismo de A a Z - Ed. FEB.
- Franco, Divaldo P./Amélia Rodrigues - Sou Eu.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

terça-feira, 27 de maio de 2025

11ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

O Sermão Do Cenáculo e o Consolador Prometido

O Sermão do Cenáculo

Quando sua hora já estava se aproximando, Jesus, antes da festa da Páscoa judaica (quando se comemorava a libertação do dos hebreus do cativeiro no Egito), reuniu-se com seus discípulos para a realização da ceia que ficaria eternizada como “A Última Ceia”.

Naquela ocasião, Jesus pronunciou seu último sermão aos discípulos: O Sermão do Cenáculo, eis que se denominava cenáculo a sala em que se comia a ceia ou o jantar.

O Mestre, nesse inesquecível episódio, anunciou aos discípulos a sua partida, pois a Lei das Escrituras tinha que ser cumprida. Falou-lhes, então, sobre a traição de Judas e sobre o caminho de martírio que deveria percorrer.

Mas, especialmente, notando o temor de seus discípulos, convocou-os a ter fé, a perseverar; falou-lhes sobre a missão que lhes cabia, sobre a vinda do Consolador...

Um dos momentos mais significativos da Última Ceia, não há dúvida, foi o lava-pés. Vejamos a narração contida no Evangelho de João:

O LAVA-PÉS

“Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim.”

(...) "Chega, então, a Simão Pedro, que lhe diz.' ‘Senhor tu, lavar-me os pés?! ’ Respondeu-lhe Jesus: ‘O que faço, não compreendes agora, mas o compreenderás mais tarde’. Disse-lhe Pedro: ‘Jamais me lavarás os pés’! Jesus respondeu-lhe: ‘Se eu não te lavar não terás parte comigo. Simão Pedro lhe disse: ‘Senhor não apenas meus pés, mas também as mãos e a cabeça.’ Jesus lhe disse: ‘Quem se banhou não tem necessidade de se lavar; porque está inteiramente puro. Vós também estais puro, mas não todos. ’Ele sabia, com efeito, quem o entregaria; por isso, disse: ‘Nem todos estais puros.'

Depois que lhes lavou os pés, retomou o manto, voltou à mesa e lhes disse: ‘Compreendeis o que vos fiz? Vós me chamais Mestre e Senhor e dizeis bem, pois eu o sou. Se, portanto, eu, o Mestre e o Senhor; vos lavei os pés, também deveis lavar-vos os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, também vós o façais.

Em verdade, em verdade, vos digo: ‘o servo não é maior do que o seu senhor nem o enviado maior do que quem o enviou. Se compreenderdes isso e o praticardes, felizes sereis.’." (Jo 13:1-17).

A Humanidade, em geral, tem cena dificuldade para entender grandes verdades. É que essas verdades são, por vezes, contrárias ao senso comum.

Se considerarmos o conjunto dos valores do mundo, notaremos que há uma tendência em atribuir demasiada importância, credibilidade, respeitabilidade àqueles que figuram em destaque na sociedade frente aos valores mundanos; aqueles que possuem títulos, que ocupam cargos, ou que possuem muitos bens materiais.

Essa circunstância é exatamente o fator determinante de tal crença, ou seja, de que os maiores seriam os melhores. Isto também era verdadeiro a época do Mestre.

No entanto, os ensinamentos de Jesus vieram para inverter essa ordem, essa crença infundada. Houve, na verdade, um empenho do Cristo em demonstrar o contrário pela exposição da Boa Nova e, principalmente, por sua exemplificação.

Nesta passagem, deixou-nos o Mestre a sublime demonstração de humildade, quando protagonizou o episódio do lava-pés. Remontando àquela época, podemos citar que o lava-pés era um costume habitual. Porém, cabia aos Servos lavar os pés de seus senhores e não o inverso.

Esse costume, como tantos outros, sempre privilegiam os senhores, aqueles que exercem o poder transitório da Terra. É, pois, um hábito que exclui os mais simples, pois estes, em geral, sempre serão aqueles que devem servir.`

Mas, como disse o Mestre: “Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” (Mc 10:45).

A exemplificação de Jesus, repetimos, neste episodio, é a mais pura consolidação de seu ensino.

Aos discípulos, no entanto, ou Pedro, em especial, simboliza a Humanidade em sua resistência a aceitação desse preceito, ou seja, que o maior é aquele que se faz menor.

Na obra “Boa Nova”, lição 25, Humberto de Campos, pela psicografia de Francisco C. Xavier, narra a explicação do Mestre: “Vós me chamais Mestre e Senhor e dizeis bem, porque eu o sou. Se eu, Senhor e Mestre, vos lavo os pés, deveis igualmente lavar os pés uns dos outros no caminho da vida, porque no Reino do Bem e da Verdade o maior será sempre aquele que se fez sinceramente o menor de todos.”

O ANÚNCIO DA TRAIÇÃO DE JUDAS E A DESPEDIDA

“Tendo dito isso, Jesus perturbou-se em seu espírito e declarou: ‘Em verdade, em verdade, vos digo: um de vos me entregará’. Os discípulos entreolhavam-se, sem saber de quem falava. Estava à mesa, ao lado de Jesus, um de seus discípulos, aquele que Jesus amava. Simão Pedro faz-lhe, então, sinal e diz-lhe: ‘Pergunta-lhe quem é aquele de quem fala. ’Ele, então, reclinando-se sobre o peito de Jesus, diz-lhe: ‘Quem é, Senhor? ’Responde Jesus: ‘É aquele a quem eu der o pão que umedecerei no molho.’ Tendo umedecido o pão, ele o toma e dá a Judas, filho de Simão Iscariotes. Depois do pão, entrou nele satanás. Jesus lhe diz: 'Faze depressa o que estas fazendo. ’Nenhum dos que estavam a mesa compreendeu porque lhe dissera isso. Como era Judas quem guardava a bolsa comum, alguns pensavam que Jesus lhe dissera: ‘Compra o necessário para a festa ’, ou que desse algo aos pobres. Tomando, então, o pedaço de pão, Judas saiu imediatamente. Era noite.” (Jo 13:21-36).

Entre os judeus, era dominante a crença de que o Messias que deveria vir seria um líder guerreiro, um libertador político, enfim, alguém que usaria a força para por fim a dominação romana e estabelecer a “glória” do povo de Israel.

Judas, da mesma forma, mantinha essa esperança. Assim, podemos afirmar que ele não compreendeu a verdadeira essência da missão de Jesus.

Ao agir como agiu, teria, por isso, desejado a condenação de Jesus?

A esse questionamento, encontramos a resposta na mesma obra acima citada, lição 24, onde Humberto de Campos narra: “A madrugada o encontrou decidido na embriaguez de seus sonhos ilusórios. Entregaria o Mestre aos homens do poder em troca de sua nomeação oficial para dirigir a atividade dos companheiros. Teria autoridade e privilégios políticos. Satisfaria as suas ambições, aparentemente justas, com o fim de organizar a vitória Cristã no seio de seu povo. Depois de atingir o alto cargo com que contava, libertaria Jesus e lhe dirigiria os dons espirituais, de modo a utilizá-los para a conversão de seus amigos e protetores prestigiosos”.

Como vemos nessa narrativa, Judas, embora amasse Jesus, deixou-se levar pela cobiça e pelo desejo de poder. Por invigilância, como consta do relato, deixou-se ainda ser influenciado pela espiritualidade inferior.

É relevante notar que Jesus, quando se dirigiu a Judas, estava ciente de suas intenções, pois podia sondar-lhe a alma. Mas por que, então, não tentou impedi-lo?

Jesus, como constantemente repetiu, tinha vindo para cumprir a Lei. Como haviam previsto os antigos profetas, o Messias seria aquele que traria a mensagem redentora a Humanidade; porém, pela incompreensão dos Homens, seria por eles sacrificado. Assim, deixaria o exemplo indelével de renúncia e Amor incondicional por todos nós.

Para nós, desta narrativa, fica o ensinamento da necessidade de vigilância, em todos os momentos, para que não nos deixemos levar pelas nossas limitações e pelas influências negativas que nos cercam, mesmo quando nos propomos a trilhar o caminho do Bem.

EU SOU O CAMINHO A VERDADE E A VIDA

“Tomé lhe diz: ‘Senhor não sabemos aonde vais. Como podemos conhecer o caminho? ’ Diz-lhe Jesus: ‘Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim. Se me conheceis, também conhecereis meu Pai. Desde agora o conheceis e o vistes.’.” (Jo 14:5-7).

Esta afirmação de Jesus: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.”, está entre aquelas que se eternizaram através dos séculos, pois é uma síntese de sua doutrina, da natureza divina de sua mensagem e do propósito final. Com efeito, cada uma das palavras dessa afirmativa, contém todo um ensinamento. Vejamos:

O Caminho

O Espírito, bem sabemos, nasce simples e ignorante. Em sua jornada evolutiva há um impulso natural e constante ao aprendizado. Esse desejo de conhecer é, pois, o que anima a incansável busca do Espírito de se melhorar, de se aprimorar, tomando-o capaz de escolher a melhor trajetória para se evitar sofrimentos e aflições e alcançar a felicidade.

Na História da Humanidade, muitos foram os missionários enviados para nortear os Homens, resgatando-os da ignorância, e conduzindo-os para um caminho de sabedoria. No entanto, todos eles, em algum momento de suas missões, sentiram medo, hesitação, e, por vezes, equivocaram-se.

Em Jesus, encontramos o ápice desse ato de condução: condução amorosa, segura e exata para seguirmos rumo à plenitude.

A Verdade

Em nosso mundo temos um grandioso acervo, através de inúmeras obras, que nos trazem arte, cultura, ciência, filosofia e religiosidade. Especialmente em relação à religiosidade, são muitos os livros chamados sagrados.

Contudo, como a Humanidade é um constante avançar, esse conhecimento vai sendo depurado, aprimorado; vai se mantendo a essência divina e se extraindo as impropriedades, os desvios acrescentados pela natureza humana.

O ensino moral de Jesus, como afirma Kardec na Introdução de "O Evangelho Segundo o Espiritismo”, permanece inatacável, e prossegue: “É o terreno em que todos os cultos podem encontrar-se, a bandeira sob a qual todos podem abrigar-se, por mais diferentes que sejam as suas crenças. Porque nunca foi objeto de disputas religiosas, sempre e por toda parte provocadas pelos dogmas”.

A Vida

Aqui na Terra, muito grande ainda é o apego às coisas materiais, as paixões humanas. Essa condição, quando ao extremo, leva o Ser à “cegueira” para a verdadeira vida.

Essa circunstancia de “não ver”, de “não ouvir”, é, justamente, o que impede, temporariamente, o Homem de perceber suas potencialidades e se libertar do casulo da ignorância. Por isso, figuradamente falando, essa condição assemelha-se a morte: morte espiritual.

Jesus é Vida. Jesus é o Médico das Almas, eis que seus ensinamentos, seus exemplos, vêm despertar-nos do entorpecimento, da inação, do comodismo, para a plenitude da Vida.

SE ALGUEM ME AMA, GUARDARÁ MINHA PALAVRA

“Judas - não Iscariotes - lhe diz: ‘Senhor por que te manifestarás a nós e não ao mundo?’

Respondeu-lhe Jesus: ‘Se alguém me ama, guardará minha palavra e meu Pai o amará e a ele viremos e nele estabeleceremos morada. Quem não me ama não guarda minhas palavras; e minha palavra não é minha, mas do Pai que me enviou’.” (Jo 14:22-24).

Jesus, reiteradamente, dizia: “os que tiverem ouvido de ouvir ouçam”.

Notamos que Judas Tadeu, neste trecho, surpreende-se por Jesus fazer a eles revelações que não faria ao povo em geral. Nem todos estão prontos para certos conhecimentos. Lembremos a máxima: “Quando o discípulo está pronto, o Mestre aparece.” Os discípulos estavam prontos para a missão que lhes competia.

No Sermão do Cenáculo, Jesus fez muitas revelações que, repetimos, nem todos estavam preparados para ouvir. Mas, ao mesmo tempo, trouxe lições sublimes de perseverança, de fé, e, especialmente, do Amor incondicional.

O amor por Jesus traduz-se pela nossa perseverança em seguir os seus ensinamentos, ou seja, guardando a sua palavra, que representa a Lei Divina.

QUESTÃO REFLEXIVA

Comente a afirmação de Jesus: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

quinta-feira, 22 de maio de 2025

10ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

O Sermão Profético (ou Discurso Escatológico) (Mt 24:1-44; Mt 25:31-46)

O Sermão Profético, também chamado de Discurso Escatológico, pronunciado por Jesus no Monte das Oliveiras, foi dirigido aos seus discípulos.

Jesus, nesse discurso, prediz, entre outras coisas, a destruição do grande Templo, a ruína de Jerusalém, o advento de muitas guerras, o surgimento de muitos falsos profetas, a perseguição aos discípulos, e, ainda, apresenta uma série de parábolas que conclamam a vigilância, ao trabalho e a perseverança no Bem.

Foi particularmente, repetimos, dirigido aos seus discípulos, pois, como muitas outras verdades, nem todos seriam capazes de suportá-las. Esse princípio, em especial aqui se aplica, pois quantos seriam capazes de ouvir tais profecias sobre o princípio das dores, as guerras, os morticínios, o final dos tempos? Quantos não acabariam por interpretar literalmente algumas frases usadas apenas em seu sentido figurado como: “as estrelas cairão do céu”?

Tudo tem seu momento. Os discípulos, enfim, estavam preparados para ouvir tais predições.

Este sermão é proferido logo após Jesus e seus discípulos terem deixado o Templo de Jerusalém, em um momento em que eles – os discípulos - tinham ficado muito impressionados com a magnitude e luxuosidade daquela construção suntuosa. Vejamos a narrativa de Mateus:

A DESTRUIÇÃO DO TEMPLO

“Jesus saiu do Templo, e como se afastava, os discípulos o alcançaram para fazê-lo notar as construções do Templo. Mas a eles respondeu-lhes: ‘Vedes tudo isso? Em verdade vos digo: não ficará aqui pedra sobre pedra: tudo será destruído’.” (Mt 24:1-2).

O Templo de Jerusalém, a época de Jesus, era uma construção colossal, e eram abundantes o mármore e o ouro, o que faria o historiador judeu, com cidadania romana, Flavio Josefo exclamar que não havia no Templo um só ponto que não encantasse os olhos e a alma.

Na obra “Dias Venturosos”, psicografado por Divaldo Franco, no episódio n° 11, Amélia Rodrigues descreve: “Jerusalém era uma cidade esplêndida, que ostentava seu suntuoso Templo no monte Moriá. Tratava-se de uma Edificação imponente, representando o orgulho da raça hebreia...” (...) “Ninguém que se adentrasse no Templo, que não se curvasse à sua grandiosa majestade. Colunas trabalhadas em pórfiro da melhor qualidade, formando átrios e salas sucessivas, atingia o máximo esplendor na parte interior; onde se encontrava o Santuário propriamente dito, em magnífico salão, no qual se guardavam os objetos sagrados, entre outros, a arca da aliança, os papiros e pergaminhos da mais recuada tradição.”

No entanto, essa beleza externa, contrastava com os sentimentos e intenções da maioria de seus frequentadores. Como prossegue a autora espiritual: “Rico de aparência, o monumento vivia vazio de fé e repleto do orgulho vão daqueles que o frequentavam. Dentro e fora ostentava poder e glória, fortuna e vaidade, mas também intrigas infinitas, rudes disputas, afrontas e misérias numerosas...”

Há, de fato, em muitos de nós, uma tendência de admirarmos as grandes obras externas, mais do que com as “obras internas”; de admirarmos mais as conquistas materiais do que as conquistas pessoais. É muito fácil ver o brilho do ouro; sábio, no entanto, é ‘ver’ as coisas de real valor.

De que serve um Templo, cujo objetivo e a adoração a Deus, se esse objetivo foi esquecido ou mutilado? Onde não existe respeito, amor, devoção, fraternidade, não existe a verdadeira religiosidade.

Esse Templo, conforme profetizou Jesus, foi arrasado no ano 7º d.C., pelo general romano Tito, e não restou ‘pedra sobre pedra’.

Allan Kardec, em “A Gênese”, cap. XVII, item 21, afirma: “A vista espiritual, que era permanente n’EIe, assim como a penetração do pensamento, devia lhe mostrar as circunstâncias e a época fatal. Pela mesma razão, Ele podia prever a ruína do Templo, a de Jerusalém, as infelicidades que iam atingir seus habitantes, e a dispersão dos judeus”.

Após a profecia da destruição do Templo, quando chegaram ao Monte das Oliveiras, os discípulos de Jesus, talvez tristes, melancólicos, talvez temerosos, perguntaram quando que isso iria acontecer, e o Mestre começa por anunciar-lhes o “princípio das dores”.

O PRINCÍPIO DAS DORES

“Jesus respondeu: ‘Atenção para que ninguém vos engane. Pois muitos virão em meu nome, dizendo: ‘O Cristo sou eu’, e enganarão a muitos. Haveis de ouvir falar sobre guerras e rumores de guerras. Cuidado para não vos alarmardes. É preciso que essas coisas aconteçam, mas ainda não é o fim. Pois se levantarão nação contra nação e reino contra reino. E haverá fome e terremotos em todos os lugares. Tudo isso será o princípio das dores. Nesse tempo, vos entregarão a tribulação e vos matarão, e sereis odiados de todos os povos por causa de meu nome. E então muitos sucumbirão, haverá traições e guerras intestinas. ‘Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo’. E este Evangelho do Reino será proclamado no mundo inteiro, como testamento para todas as nações. E então virá o fim.” (Mt 24:4-10 e 13-14).

As palavras, muitas vezes, podem impressionar mais do que os fatos. Isso porque elas trazem nossa consciência para determinados fatos que eventualmente não estávamos percebendo. Por vezes, quando não somos nós as “vítimas”, deixamos de notar muitas coisas, ou seja, tomamo-nos insensíveis.

É certo que em todos os tempos tem havido guerras, e os povos tem se agredido mutuamente. A própria história judaica é composta de conflitos armados, aflições, fome. Mas Jesus ressalta que todas essas coisas ainda acontecerão, pois é preciso que elas ocorram para que a Lei se cumpra.

Os mundos progridem, tal é a Lei. Mas se os homens tentam evitar esse progresso, obstruindo-o pelas más paixões, pelas perversões, pela dureza de coração, ocorrerão as grandes comoções morais e físicas para desperta-los. Kardec, comentando a questão n° 783 de “O Livro dos Espíritos”, assevera: “O homem não pode permanecer perpetuamente na ignorância, porque deve chegar ao fim determinado pela Providência...”

(...) “O homem geralmente não percebe, nessas comoções, mais do que a desordem e a confusão momentâneas que o atingem nos seus interesses materiais, mas aquele que eleva o seu pensamento acima dos interesses pessoais admira os desígnios da Previdência, que do mal faz surgir o bem. São a tempestade e o furacão que saneiam a atmosfera, depois de a haverem revolvido.”
Como não poderia deixar de ser, os discípulos de Jesus, como foi previsto, foram perseguidos e martirizados. Mas eles estavam preparados para a missão e a cumpriram com louvor.

Em relação a proclamação do “Evangelho do Reino” no mundo inteiro, temos o pleno conhecimento de que a mensagem de Jesus foi propagada por todo o mundo e cada dia mais se expande até que se tome universal aqui na Terra.

Mas o Mestre previu que, então, seria o fim.

Qual fim seria esse?

Quando o ensinamento sublime de Jesus tiver conquistado todos os corações aqui na Terra, ai será o fim: o fim do egoísmo, o fim da maldade, o fim da ignorância. Em outras palavras, como ensina o Espiritismo: será o fim dos tempos de um mundo de expiação e prova, para o início de um mundo de regeneração. Assim: “Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo.”

A GRANDE TRIBULAÇÃO DE JERUSALÉM

(...) “Pois naquele tempo haverá grande tribulação, tal como não houve desde o princípio do mundo até agora, nem tornará a haver jamais. E se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma vida se salvaria. Mas, por causa dos eleitos, aqueles dias sendo abreviados.” (Mt 24:21-22).

A luz da Doutrina Espírita, podemos, com serenidade, compreender muitas afirmações de Jesus que fazem diversas outras correntes religiosas debaterem-se, interminavelmente, quando procuram interpretá-las.

Em primeiro, sabemos que não existem “eleitos” no sentido teológico do termo, ou seja, Espíritos criados especialmente dotados de inteligência e moral. Há, sim, Espíritos que, mediante trabalho, esforço e luta, adquiriram reconhecida elevação e são, então, escolhidos para realizarem miss6es entre os homens.

Esses “eleitos”, nesse sentido, em todos os tempos, conduzem a Humanidade a um despertar, a um avanço, a uma renovação. Havendo, desse modo, avanço, muitas tribulações podem tornar-se desnecessárias. Eis o motivo porque “aqueles dias serão abreviados”.

Jerusalém, é certo, passou por seu tormento, e, devemos lembrar, ainda passa por algumas comoções; mas chegará o dia que todas essas agitações cessarão, todos os clamores desaparecerão, todas as vozes silenciarão... e, diga-se, não pela força, mas pelo Amor.

O ÚLTIMO JULGAMENTO

“Quando o Filho do Homem vier em sua glória, e todos os anjos com ele, então se assentará no trono de sua glória. E serão reunidas em sua presença todas as razões e ele separará os homens uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos bodes, e porá as ovelhas a sua direita e os bodes a sua esquerda. Então dirá o rei aos que estiverem a sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai, recebei por herança o Reino preparado para vós desde a fundação do mundo. Pois tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber Era forasteiro e me acolhestes. Estive nu e me vestistes, doente e me visitastes, preso e viestes ver-me ’. Então os justos lhe responderão: ‘Senhor quando foi que te vimos com fome e te alimentamos, com sede e te demos de beber? Que foi que te vimos forasteiro e te recolhemos ou nu e te vestimos? Quando foi que te vimos doente ou preso e fomos te ver? ’Ao que lhes responderá o rei: ‘Em verdade vos digo: cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim fizestes’. Em seguida, dirá aos que estiverem a sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno preparado para o diabo e para os seus anjos. Porque tive fome e não me destes de comer tive sede e não me destes de beber. Fui forasteiro e não me recolhestes. Estive nu e não me vestistes, doente e preso e não me visitastes’. Então, também eles responderão: ‘Senhor quando é que te vimos com fome ou com sede, forasteiro ou nu, doente ou preso, e não te socorremos? ’E ele responderá com estas palavras: ‘Em verdade vos digo: todas às vezes que o deixastes de fazer a um desses mais pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer’. E irão estes para o castigo eterno enquanto os justos irão para a vida eterna.” (Mt 25:31-46).

Deste poema de eterna beleza, sobressai a verdadeira essência do Cristianismo.

Não, não é uma religião dogmática, onde se cruzam os braços diante de imposições de conceitos teológicos; mas, onde, sim, é usada a inteligência, porém, principalmente, os sentimentos mais nobres são aflorados.

Não é um conjunto interminável de observância a ritos e práticas externas, mas, sim, é um esforço sincero em direção à renovação... renovação verdadeira que demanda atos positivos de bondade e compreensão.

Não é a simples convivência assídua entre seus adeptos, em encontros regimentalmente observados; mas é a união verdadeira, fraternal, que gera auxílio mútuo e se expande a todos os “próximos”, como fez o samaritano.

Ser cristão é perseverar, diariamente, para seguir os ensinamentos preciosos do Mestre Jesus, fazendo com que a cada dia sejamos melhores do que no dia anterior. Grandes passos são estes!

Aos que buscarem o Bem, em todos os momentos, auxiliando cada “pequenino” que encontrar no caminho, um dirá Jesus: “Vinde, benditos de meu Pai, recebei por herança o Reino preparado para vós desde a fundação do mundo”.

QUESTÃO REFLEXIVA

Temos empregado, em nossa vida, todo o potencial de amar de que somos capazes, para acolher os “pequeninos”?

Bibliografia
- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - A Gênese - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Franco, Divaldo/Amélia Rodrigues - Ha Flores no Caminho.
- Franco, Divaldo/Amélia Rodrigues - Dias Venturosos.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

terça-feira, 20 de maio de 2025

10ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

As Predições do Evangelho e o Sermão Profético

Predições Do Evangelho

TEORIA DA PRESCIÊNCIA

Na obra “A Gênese”, cap. XVI, Allan Kardec aborda as predições segundo o Espiritismo. Inicia o capítulo discorrendo sobre a teoria da presciência.

Presciência é o conhecimento antecipado de um fato, ou seja, é a ciência de um acontecimento antes que ele ocorra. Pode ser apenas um pressentimento, um presságio, ou mesmo, a visão integral de algo que ainda está por vir.

Mas como, afinal, é possível conhecer o futuro?

Kardec apresenta uma excelente figura para entendermos esse mecanismo; supõe dois homens: um, no alto de uma montanha; outro, caminhando por uma estrada. Esse viajante, então, sabe que aquele caminho levará a certo destino, mas poderá não saber de muitos perigos que o aguardam, como algum precipício em que ele possa cair, um bando de ladrões que o aguardem em tocaia para o roubarem; tudo isso é, para ele, como se fosse o futuro. Para aquele homem que está no alto da montanha, essas mesmas circunstâncias, como podem ser vistas ao mesmo tempo, são para ele como se fosse o presente. Se esse homem descesse e dissesse ao viajante os perigos que lhe esperam, seria como se estivesse prevendo o futuro.

Em síntese, afirma o codificador no item 3 do referido capítulo: “Os Espíritos desmaterializados são como o homem da montanha; o espaço e a duração desaparecem para eles. Mas a extensão e a penetração de sua vista são proporcionais a sua purificação e à sua elevação na hierarquia espiritual...”

Por esse enunciado, concluímos que em Jesus, por sua excelência moral, essa faculdade estendia-se para além do que podemos imaginar.

Há, nos Evangelhos, diversas passagens em que Jesus faz predições. No discurso apostólico, após ter nomeado os doze discípulos, o Mestre passa-lhes uma série de recomendações e exortações. Faz também, nessa mesma ocasião, algumas previsões sobre a tarefa dos apóstolos, como veremos a seguir.

PERSEGUIÇÃO AOS MISSIONÁRIOS

“Guardai-vos dos homens: eles vos entregarão aos sinédrios e vos flagelarão em suas sinagogas. E, por causa de mim, sereis conduzidos a presença de governadores e de reis, para dar testemunho perante eles e perante as nações. Quando vos entregarem, não fiqueis preocupados em saber como ou o que haveis de falar naquele momento, vos será indicado o que deveis falar porque não sereis vós que falareis, mas o Espírito de vosso Pai é que falará em vós.

O irmão entregará o irmão à morte e o pai entregará o filho. Os filhos se levantarão contra os pais e os farão morrer E sereis odiados por todos por causa do meu nome. Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo.

Quando vos perseguirem numa cidade, fugi para outra. E se vos perseguirem nesta, tornai a fugir para terceira. Em verdade vos digo que não acabareis de percorrer a cidade de Israel até que venha o Filho do Homem.

O discípulo não está acima do mestre, nem o servo acima do seu senhor. Basta que o discípulo se torne como o mestre e o servo como o seu senhor. Se chamaram Belzebu ao chefe da casa, que não dirão de seus familiares!” (Mt 10:17-25).

Notamos, logo no início dessa passagem, que a missão dos apóstolos seria cheia de provações. Eles seriam perseguidos, entregues as autoridades, flagelados, etc.

Os apóstolos há que se lembrar, acompanharam Jesus por apenas três anos. A partir dai, podemos perguntar: quantos de nós seriamos capazes de, após três anos de aprendizado do Evangelho, enfrentar tais provações, ou seja, de ser perseguidos, levados as autoridades, receber punições, ou outras imposições?

Jesus conhecia plenamente seus apóstolos, pois podia sondar- lhes a alma, e sabia que eles eram capazes de cumprir a tarefa que cabia a cada um.

Na frase: “Naquele momento vos será indicado o que deveis falar porque não sereis vós que falareis...” fica claro que Jesus estava se referindo a faculdade mediúnica da psicofonia que eles possuíam e que iriam exercitar.

Em seu apostolado, os discípulos, pela sinceridade de suas intenções, pela perseverança em seguir o Mestre, pelo sacrifício pessoal a que estavam dispostos, foram constantemente auxiliados pela legião de Espíritos Benfeitores que estavam sob a direção de Jesus.

Lembremos ainda, para fazer constar, que nas narrativas evangélicas, além da psicofonia, encontraremos os discípulos manifestando várias outras faculdades mediúnicas.

No trecho: “O irmão entregará o irmão a morte e o pai entregará o filho.”, Jesus prediz o resultado da propagação da Boa Nova. Mas, podemos indagar: como é possível que uma mensagem sublime de amor e entendimento possa opor pais e filhos?

É que, como bem sabemos, nem todos desejam a vitória do Bem. Quantos não desejavam, e nos dias de hoje não desejam, a manutenção da obscuridade? Quantos não lutam contra toda nova ideia? Quantos, para manter seus privilégios e satisfações materiais, não combatem o Cristianismo?

No entanto, queiram eles ou não, como é da Lei, um dia verão a luz.

E, ao fim da citação que analisamos, afirma Jesus aos seus discípulos: “Basta que o discípulo se torne como o mestre e o servo como o seu senhor”.

Por certo, o discípulo não pode ser superior ao seu mestre, pois este o ensinou. Mas esta afirmação tem outras implicações. Especialmente, podemos ressaltar que ser um discípulo é muito mais que um simples “ouvir”, um mero conhecer teórico; é, na verdade, um aprendizado real, que implica em exercer cada um dos ensinamentos adquiridos.

Logo, assim como Jesus ensinou e, principalmente, exemplificou, os seus verdadeiros discípulos deveriam segui-lo integralmente. O Mestre seria perseguido, apresentado as autoridades e martirizado; por isso, aos apóstolos, caberia o mesmo caminho dos mártires. E assim ocorreu.

Hoje, são outros os tempos, mas a mensagem aos que desejam ser seus discípulos ainda esta “viva”: para seguir o Mestre há que se vivenciar o Evangelho.

NINGUÉM É PROFETA NA SUA TERRA

“Quando Jesus acabou de contar essas parábolas, partiu dali e, dirigindo-se para sua pátria, pôs-se a ensinar as pessoas que estavam na sinagoga, de tal sorte que elas se maravilharam e diziam: ‘De onde lhe vêm essa sabedoria e esses milagres? Não é ele o filho do carpinteiro? Não se chama a mãe dele Maria e os seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? E as suas irmãs não vivem todas entre nós? Donde então lhe vêm todas essas coisas? ’ E se escandalizavam dele. Mas Jesus lhes disse: ‘Não há profeta sem honra, exceto em sua pátria e em sua casa ’. E não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles.” (Mt 13:53-58).

Há uma tendência natural do Homem de não valorizar aqueles com os quais convive diretamente. Refletindo sobre essa disposição, podemos indagar sobre o porquê disso.

Especialmente em relação a Jesus, encontramos a resposta na própria passagem de Mateus: “Não é ele o filho do carpinteiro? Não se chama a mãe dele Maria e os seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? E as suas irmãs não vivem todas entre nós?”

Aos olhos de seus conterrâneos, Jesus era um homem comum. Eles o viram crescer junto a Maria, viram-no com seu pai na carpintaria, e convivendo com os demais familiares. Nazaré era um vilarejo simples, e nem sequer era bem visto pelos próprios judeus.

Logo, eles estavam surpresos, pois eles tinham nascido e crescido no mesmo lugar e, relativamente, nas mesmas condições. Como se justificaria, então, Jesus destacar-se em sabedoria e inteligência, se em sua família ninguém havia se destacado?

Há nesse pensamento um orgulho oculto, pois eles não aceitavam a manifestação da superioridade de Jesus, seja por sua elevada sabedoria, seja pelas curas que realizava.

Dessa forma, diz o texto: “E não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles”.

É oportuno lembrar que a fé é uma condição fundamental para que recebamos o socorro físico e espiritual. Em Nazaré, não ocorreram muitas curas, devido à falta de fé do povo que ali residia.

AS TENTAÇÕES DE PEDRO

“A partir dessa época, Jesus começou a mostrar aos seus discípulos ser necessário que fosse a Jerusalém e sofresse muito por parte dos anciãos, dos chefes dos sacerdotes e dos escribas, e que fosse morto e ressurgisse ao terceiro dia. Pedro, tomando-o a parte, começou a repreendê-lo, dizendo: ‘Deus não o permitas, Senhor! Isso jamais te acontecerá!’ Ele, porém, voltando-se para Pedro, disse: Afasta-te de mim, Satanás! Tu me serves de pedra de tropeço, porque não pensas as coisas de Deus, mas as dos homens!” (Mt 16:21-23)

“Jesus disse-lhes então: ‘Essa noite todos vós vos escandalizareis por minha causa, pois está escrito: Ferirei o pastor e as ovelhas do rebanho se dispersarão. Mas, depois que eu ressurgir vos precederei na Galiléia ’. Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: ‘Ainda que todos se escandalizem por tua causa, eu jamais me escandalizarei’. Jesus declarou: ‘Em verdade te digo que esta noite, antes que o galo cante, me negarás três vezes!’ Ao que Pedro disse: ‘Mesmo que tiver de morrer contigo, não te negarei ’. O mesmo disseram todos os discípulos.” (Mt 26:31-35)

Jesus, conforme transcrições acima; começava a preparar seus discípulos para o final que o aguardava. Desse modo, prediz a sua trajetória desde a entrada em Jerusalém, sua morte e o reaparecimento após o terceiro dia. Com esse anúncio, os discípulos ficaram apreensivos. Este fato poderia causar-nos surpresa, pois eles conheciam as profecias sobre a vinda do Cristo, sua missão e a final condenação pelos homens. Por que, então, ficaram temerosos?

É que eles tinham se acostumado a conviver com o Mestre, presenciar sua autoridade moral, realizando curas e expulsando os maus Espíritos, assim como manifestando sua superioridade diante dos sacerdotes, fariseus, herodianos, etc.

Quando, pois, Jesus anunciou esses acontecimentos finais, os discípulos, embora plenamente dispostos a segui-lo, demonstraram suas limitações, como todo ser humano, então sentiram medo.

Na ocasião relatada, Pedro, movido por influência espiritual inferior, dirige-se ao Mestre de forma lisonjeira, de certa forma questionando sua missão; e Jesus, percebendo a influenciação, adverte-o energicamente.

Ao dizer: “por que não pensas as coisas de Deus, mas as dos homens!”, Jesus ressalta que a sua missão é fundamentada na Vontade Divina, e exige sacrifício e renúncia, ao contrário dos valores dos homens, que buscam defender apenas os seus próprios interesses. Poderia causar-nos estranheza o fato de Pedro, apóstolo escolhido por Jesus, estar vulnerável aos Espíritos inferiores. Porém, como nos ensina a Doutrina Espírita, a mediunidade é uma faculdade do Espírito, que lhe permite ser o intermediário entre o mundo físico e espiritual. Esta intermediação é realizada de acordo com a sintonia vibratória do médium; logo, ele poderá ser instrumento de Espíritos superiores ou inferiores.

Pedro, nesse momento, por invigilância, deixou-se influenciar pela espiritualidade inferior.

Como enfatiza Kardec em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XXIV item 12: “O bom médium não é, portanto, aquele que tem facilidade de comunicação, mas o que é simpático aos Bons Espíritos e só por eles é assistido”.

Na segunda passagem acima citada, Jesus prediz a negação de Pedro, ao que este afirma que jamais o abandonaria. Conforme previu o Mestre, de fato, Pedro, antes de o galo cantar, negou-o três vezes. Então, podemos perguntar: Por que Pedro, que confiava em Jesus e o amava, pode negá-lo?

Aqui, repetimos, por causa da fragilidade humana, da falta de fé. A coragem, enfim, como virtude, precisa ser adquirida. E ela só pode ser alcançada com muito trabalho e muita determinação. Pedro, “a Rocha”, como Jesus o chamou, apesar desse momento de hesitação, na hora certa, assumiu plenamente sua missão. Na Casa do Caminho, revelou-se como grande líder dos apóstolos, sendo aquele que pacificava e harmonizava; como divulgador do Cristianismo, fortaleceu as bases da Doutrina Redentora.

Na obra “Há Flores no Caminho”, psicografada por Divaldo Franco, no episodio n° 14, Amélia Rodrigues, sintetiza: “Joeirando-se, entretanto, na fé augusta e no sacrifício, sustentou os irmãos com todas as forças da alma, evitando dissensões com a sua humildade e autoridade, infundindo ânimo até o momento em que, integrado ao espírito do Cristo, deixou-se arrastar a rude crucificação, da qual se ergueu em asas de luz, símbolo que se fez da fraqueza momentânea e da resistência veraz diante de toda e qualquer tentação”.

Questão reflexiva:

Como podemos fortalecer-nos para evitarmos as influências espirituais negativas em nosso dia-a-dia.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

quinta-feira, 15 de maio de 2025

9ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Sermão Dos “Ais” (Mt 23:13-39)

O Sermão dos “Ais” foi proferido em um momento em que Jesus, uma vez mais, alertava o povo e seus discípulos sobre a conduta dos escribas e fariseus que tinham um discurso, dirigido ao povo, que exaltava a observância da Lei e os Profetas, mas que eles próprios não praticavam.

Inicialmente, relembremos a descrição de Kardec em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, em sua introdução, sobre essas duas classes:

Fariseus - “Os Fariseus desempenhavam papel ativo nas controvérsias religiosas. Observadores servis das práticas exteriores do culto e das cerimônias, tomados de ardoroso proselitismo, inimigos das inovações, afetavam grande severidade de princípios. Mas, sob as aparências de uma devoção meticulosa, escondiam costumes dissolutos, muito orgulho, e, sobretudo excessivo desejo de dominação. A religião, para eles, era mais um meio de subir do que objeto de uma fé sincera”.

Escribas - “Nome dado, a princípio, aqueles que tinham o encargo de escrever a lei e explicá-la, e a certos intendentes dos exércitos judeus. Mais tarde, essa designação foi aplicada especialmente aos doutores que ensinavam a lei de Moisés e a interpretavam para o povo. Faziam causa comum com os Fariseus, participando dos seus princípios e de sua aversão aos inovadores. Por isso, Jesus os envolve na mesma reprovação”.

Neste sermão, Jesus apresenta, de forma enérgica, uma série de condutas dos escribas e fariseus que mereciam forte reprovação moral, como segue:

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque bloqueais o Reino dos Céus diante dos homens! Pois vós mesmos não entrais, nem deixais entrar os que o querem!”

Nesta primeira exortação, Jesus faz referência ao “Reino dos Céus”.

Pelo estudo da Doutrina Espírita, sabemos que esse termo, constantemente empregado por Jesus, não designa um local geográfico, um lugar estático nas alturas, destinado aos “eleitos”; mas, na verdade, trata-se de um estado de consciência de harmonia e plenitude. Para atingir esse estado é necessária a prática constante dos preceitos contidos na Lei Divina.

No entanto, os escribas e fariseus não a observavam. Logo, como eram responsáveis por ministrar o conhecimento da Lei ao povo, constituído, em sua maioria, por pessoas ignorantes, acabavam, pelos maus exemplos, a induzir os homens ao erro.

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito, mas, quando conseguis conquistá-lo, vos o tornais duas vezes mais digno da geena do que vós!”

Ressalta-se, neste ponto, o empenho que os fariseus e os escribas tinham em fazer prosélitos, ou seja, fazer novos adeptos de sua religião.

Entretanto, quando conseguiam converter alguém, em vez de direcioná-lo a prática da religião, em sua essência, ao contrário, incentivavam as práticas exteriores, afastando os homens de sua renovação interior. Tão grave era este desvio, que o Mestre dizia que o novo convertido acabava por se tomar digno da “geena”.

Este termo “geena”, cabe anotar, tinha o significado de “inferno”. Era utilizado pelo Mestre, pois fazia parte da crença dos judeus. Salientamos, porém, que, conforme elucida a Doutrina Espírita, tal lugar, de condenação ao “fogo eterno”, não existe.

“Ai de vós, condutores cegos, que dizeis: ‘Se alguém jurar pelo santuário, seu juramento não o obriga, mas se jurar pelo ouro do santuário, seu juramento o obriga’. Insensatos e cegos Que é maior, o ouro ou Santuário; que santifica o ouro? Dizeis mais: ‘Se alguém jurar pelo altar; não é nada, mas se jurar pela oferta que esta sobre o altar; fica obrigado’. Cegos! Que é maior a oferta ou o altar que santifica a oferta? Pois aquele que jura pelo altar; jura por ele e por tudo que nele esta. E aquele que jura pelo santuário, jura por ele e por aquele que nele habita. E, por fim, aquele que jura pelo céu, jura pelo trono de Deus e por aquele que nele está sentado.”

Esta exortação chama a nossa atenção para aquilo que é mais importante. No ato devocional do fiel, quando apresentava suas oferendas ao Templo, estava ele exercitando um ritual de acordo com os costumes religiosos da época. Essa prática deveria representar a exteriorização do sentimento íntimo de devoção a Deus. Esse, portanto, era o verdadeiro objetivo da prática devocional externa.

Mas, muitos a faziam de forma maquinal, vazia, sem sentimentos de adoração a Deus. Essa superficialidade terminava apenas em obrigações para manter as aparências.

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, que pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas omitis as coisas mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Importava praticar estas coisas, mas sem omitir aquelas. Condutores cegos, que coais o mosquito e engolis o camelo!”

A busca da espiritualização não deve violar, abruptamente, os costumes e as tradições religiosas. Deve-se respeitar todos os preceitos referentes à verdadeira adoração. Podemos lembrar que Jesus, a propósito, afirmou que não veio para destruir a Lei nem os Profetas.

Esse caminho, obviamente, conduz, em última instancia, ao conhecimento da Verdade e, em se libertando da ignorância, a vivência plena das Leis Divinas.

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, que limpais o exterior do copo e do prato, mas por dentro estais cheios de rapina e intemperança! Fariseu cego, limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o exterior fique limpo!.”

Que mais importa ao Homem para sua transformação interior?

Bem sabemos que é a reformulação de seus valores.

Impossível é ao Homem obter a iluminação espiritual, caso sua atenção esteja voltada apenas para o exterior.

Quando procura seguir os Mandamentos que, em sua essência, demandam o comportamento integro e o respeito aos semelhantes, e se empenha em purificar os pensamentos e harmonizar as emoções, é porque realmente compreendeu o significado legítimo da religião.

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Sóis semelhantes a sepulcros caiados, que por fora parecem belos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda podridão. Assim também vós: por fora pareceis justos aos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e iniquidade.”

Jesus, neste outro trecho, uma vez mais evidencia a necessidade de compreendermos que o que importa não é a aparência de virtude, mas, sim, o ato de ser virtuoso.

A reafirmação deste preceito decorre da natural tendência do homem em permanecer na superficialidade das coisas, e, desse modo, de não buscar a essência da religiosidade.

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, que edificais os túmulos dos profetas e enfeitais os sepulcros dos justos e dizeis: ‘Se estivéssemos vivos nos dias dos nossos pais, não teríamos sido cúmplices deles no derramar o sangue dos profetas’. Com isso testificais, contra vós, que sois filhos daqueles que mataram os profetas. Completai, pois, a medida dos vossos pais!”

Deus, por Sua Misericórdia, sempre enviou, a todas as partes do mundo, missionários encarregados de trazer os preceitos divinos. Os hebreus, desse modo, também tiveram seus profetas.

Ocorre, no entanto, que nem sempre eles foram ouvidos, e, várias vezes, foram rejeitados. Os escribas e fariseus, como seus pais, do mesmo modo, veneravam, exteriormente, seus profetas, mas, em verdade, não os respeitavam.

Além dos sete “ais” que constam do Evangelho de Mateus, os quais transcrevemos acima, temos que registrar que no Evangelho de Marcos 12:38-40, há outra exortação de Jesus reprovando a conduta dos escribas, motivo pelo qual muitos autores fazem alusão a oito “ais”.

Esta outra advertência, acrescentamos, pode ser encontrada também no Evangelho de Lucas 20:46-47. Eis a passagem anotada em Marcos:

“...Guardai-vos dos escribas que gostam de circular de toga, de ser saudados nas praças públicas, e de ocupar os primeiros lugares nas sinagogas e os lugares de honra nos banquetes; mas devoram as casas das viúvas e simulam fazer longas preces. Esses receberão condenação mais severa.”

Como podemos notar, a natureza da advertência é a mesma. Aqui, há ainda o agravante da conduta oportunista em obter lucro com o sofrimento alheio.

O Sermão dos “ais” é concluído por Jesus com a clássica passagem abaixo que traduz sua imensa compaixão pela Humanidade: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados, quantas vezes que eu quis ajuntar as teus filhos, como a galinha recolhe seus pintinhos debaixo das asas, e não o quiseste!”

Este Sermão de Jesus, que, de forma vigorosa, conclama ao despertamento, leva-nos a reflexão sobre quais são as condutas que verdadeiramente representam o sentimento de religiosidade.

Todas as más condutas aqui indicadas levam-nos, ainda, a meditação sobre outros ensinamentos de Jesus, onde sempre encontraremos o incentivo a virtude.

Especialmente a nos espíritas, lembra-nos, também, este Sermão dos “ais” que as práticas exteriores não são mais necessárias àqueles que interiorizaram o conhecimento da Boa Nova e exercem a verdadeira adoração a Deus, que é a prática plena da Lei de Amor e Caridade.

QUESTÃO REFLEXIVA

Por que muitos Homens ainda têm dificuldade de se libertar das práticas religiosas exteriores?

Bibliografia
- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - A Gênese - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo Ed. FEESP.
10ª Aula - As Predições do Evangelho e o Sermão Profético 53
- Godoy, Paulo A. - Os Quatro Sermões de Jesus - Ed. FEESP.
- Franco Divaldo/Amélia Rodrigues - Até o Fim dos Tempos.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

terça-feira, 13 de maio de 2025

9ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

A Autoridade de Jesus

Jesus e Os Doutores Da Lei

OS FARISEUS E OS SADUCEUS PEDEM UM SINAL

“Os fariseus e os saduceus vieram até ele e pediram-lhe, para pô-lo á prova que lhes mostrasse um sinal vindo do céu. Mas Jesus lhes respondeu: ‘Ao entardecer dizeis: Vai fazer bom tempo, porque o céu está avermelhado; e de manhã: Hoje teremos tempestade, porque o céu está de um vermelho sombrio. O aspecto do céu sabeis interpretar, mas os sinais dos tempos, não sois capazes! Geração má e adúltera! Reclama um sinal e de sinal, não lhe será dado, senão o sinal de Jonas'. E, deixando-os, foi-se embora.” (Mt 16:1-4).

Em seu caminho, Jesus sempre se defrontava com os Doutores da Lei, que, incessantemente, queriam pô-lo a prova, queriam fazê-lo cair em contradição, ou, de alguma forma, constrangê-lo. Neste relato de Mateus, os fariseus e os saduceus pedem um “sinal vindo do céu”.

Mas Jesus, conhecendo a dureza de seus corações e a malicia de suas intenções, ressalta-lhes a cegueira, alertando-os para o fato de que as coisas mais simples, como os sinais meteorológicos, os indícios das condições atmosféricas, ou seja, olhar para o céu e saber se vai chover ou fazer sol, isso eles podiam ver, pois só depende da visão dos olhos materiais, não, porém, os “sinais dos tempos”, pois isto depende da percepção do Espírito. Esta última, devemos ainda lembrar, demanda humildade e boas intenções.

Duas expressões são dignas de nota nesta abordagem.

A primeira é a expressão “sinal do céu”, muito utilizada, na época, entre os hebreus. É que toda a sua história é povoada de fatos ditos “miraculosos”, prodigiosos; as narrativas do Antigo Testamento são recheadas de descrições de cenas maravilhosas, extraordinárias, como todos os relatos admiráveis dos feitos de Moisés. Ao tempo de Moisés, vale lembrar, o povo, incansavelmente, pedia “sinais dos céus”.

A Segunda expressão: “sinais dos tempos”, é um termo que, em sentido amplo, pode ser aplicado em diversos contextos. Aqui, em sentido restrito, utiliza-se, especialmente, para designar os sinais que poderiam ser percebidos quando da “chegada do Messias”. Jesus, podemos lembrar, fez alusão a esses sinais quando quis indicar sua condição messiânica, como podemos encontrar no Evangelho de Mateus:

‘És tu aquele que há de vir ou devemos esperar outro?’ Jesus respondeu-lhes: ‘Ide contar a João o que ouvis e vedes: os cegos recuperam a vista, os coxos andam, os leprosos são purificados e os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados’.” (Mt 11:3-5).

Essa mesma narrativa, que também podemos encontrar em Lucas, cap. 7, versículo 22, refere-se às predições do profeta Isaias, e eram, dessa forma, os sinais do início da era messiânica.

Neste ponto, podemos indagar: Ora, se os sinais indicados por Jesus eram tão evidentes, tão notórios, tão claros, e correspondiam exatamente as profecias de Isaias, as quais eram muito conhecidas, como, afinal, os Doutores da Lei não podiam “ver”‘?

A resposta deve ser categórica: é que todo Espírito só vê aquilo que quer ver! É que todas as más paixões entorpecem a alma, tomando-a cega as maiores verdades.

Kardec, em “O Livro dos Médiuns”, primeira parte, cap. III, faz uma interessante classificação didática dos diversos momentos do Ser em seu trânsito entre o ceticismo absoluto até a verdadeira crença. Vejamos o item 22: “Ao lado dos materialistas, propriamente ditos, há uma terceira classe de incrédulos que, embora espiritualistas, pelo menos em nome, não são menos refratários ao Espiritismo: São os incrédulos de má vontade. Esses não querem crer porque isso lhes perturbaria o gozo dos prazeres materiais. Temem encontrar a condenação de sua ambição, do seu egoísmo e das vaidades humanas em que se deliciam. Fecham os olhos para não ver e tapam os ouvidos para não ouvir.”

Não obstante, neste trecho, o codificador ter se referido à crença no Espiritismo, o que nos interessa é o perfil assinalado. Essa descrição formulada por Kardec pode, integralmente, ser aplicada aos Doutores da Lei a época de Jesus, principalmente pelo fato de que eles temiam a condenação de suas ações egoísticas e, dessa forma, “tapavam” os ouvidos.

Por não estarem realmente dispostos a compreender, Jesus diz-lhes que nem um outro sinal lhes será dado, a não ser o sinal de Jonas.

Esse “sinal de Jonas”, Jesus a ele já havia se referido, conforme consta do cap. 12, versículos 40-41, do Evangelho de Mateus: “Pois, como Jonas esteve no ventre do monstro marinho três dias e três noites...”

No Antigo Testamento, no próprio livro do profeta Jonas (século IV a.C.), encontramos a narrativa da jornada no ventre do “grande peixe”, e de outros sinais que teriam ocorrido em sua missão; descrições estas que contém os mesmos elementos característicos do Antigo Testamento: os sinais prodigiosos do céu.

A todas as pessoas de boa-fé, humildes e desejosas de compreender, podemos lembrar as palavras de Jesus a Tomé: aquele que não acreditou porque não viu. “Jesus lhe disse: ‘Porque viste, creste. Felizes os que não viram e creram!’.” (Jo 20:29).

O FERMENTO DOS FARISEUS E DOS SADUCEUS

“Ao passarem para a outra margem do Lago os discípulos esqueceram-se de levar pães. Como Jesus lhes dissesse: Cuidado acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus! ’puseram-se a refletir entre si: ele disse isso porque não trouxemos pães Jesus, percebendo, disse: Homens fracos na fé! Por que refletis entre vos por não terdes pães? Ainda não entendeis, nem vos lembrais dos cinco pães para cinco mil homens e de quantos cestos recolhestes? Nem dos sete pães para quatro mil homens e de quantos cestos recolhestes? Como não entendeis que eu não falava de pães quando vos disse: Acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus? Então compreenderam que não dissera: Acautelai-vos do fermento do pão, mas sim do ensinamento dos fariseus e dos saduceus.” (Mt 16:5-12).

Neste ensinamento de Jesus, os discípulos, inicialmente, não compreenderam seu significado, e, por não terem levado pão para a jornada, acreditaram que o Mestre estava referindo-se ao alimento material. Após novo esclarecimento, entenderam o uso figurado do termo fermento.

A palavra fermento pode então ser utilizada em dois sentidos: o literal ou o figurado.

Em sentido literal, como bem sabemos, fermento é a substância que, adicionada a outros ingredientes, desencadeia o processo químico denominado “fermentação”, resultando na alteração da estrutura, volume, consistência de um ou mais elementos. O fermento é a substância que faz, por exemplo, a massa de pão e a massa de bolo crescer e se avolumar.

Em sentido figurado, fermento seria toda ação ou postura capaz de desencadear um processo de elaboração, crescimento, expansão e propagação de ideias, doutrinas ou sistemas quaisquer. Logo, essa figura não tem em si mesma, um valor predefinido, não contém um julgamento de mérito, ou seja, não indica se é algo positivo ou negativo.

Por esse motivo exposto, a palavra fermento, como podemos constatar em outros trechos do Evangelho, é utilizada indicando um processo positivo, de crescimento e propagação do Bem.

Nesta passagem que ora analisamos, indica um processo negativo, de expansão do Mal. Por isso, Jesus, no Evangelho de Lucas, cap. 12, versículo 1, diz, expressamente: “... Acautelai-vos do fermento - isto é, da hipocrisia - dos fariseus.”

Ressaltemos este ponto: a cautela não é pelo fermento em si, mas pelo fermento dos fariseus, que, reconhecidamente, agiam de má-fé e com propósitos obscuros.

Citemos um trecho da obra “Até os Fins dos Tempos”, de Amélia Rodrigues, psicografada por Divaldo Franco, que faz referência ao fermento dos fariseus no capítulo “O Reino Transitório e o Permanente”. Diz a autora: “A hipocrisia é morbo da alma que contamina e deixa sequelas devastadoras por onde passa, e se tornará característica predominante no comportamento dos fariseus, que se perdiam em discussões estéreis a proveito próprio, sem nenhuma consideração por quem quer que seja.”

A hipocrisia, a má-fé, o orgulho são chagas que podem, como o fermento, avolumar e perverter muitas mentes. Precisamos estar atentos a esse “fermento dos fariseus”, ainda presente em nossos dias. Mudam-se os nomes, mas a mentalidade de muitos ainda pode ser comparada a dos fariseus da época de Jesus.

Assim, prossegue a autora espiritual acima citada: “Por isso mesmo, a maledicência, a calúnia, a informação malsã não têm lugar na convivência saudável, naquela que é inspirada pelo Evangelho, porquanto tudo se torna conhecido e desvelado”.

PERGUNTAS SOBRE A AUTORIDADE DE JESUS

“Vindo ele ao Templo, estava a ensinar quando os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo se aproximaram e perguntaram-lhe: ‘Com que autoridade fazes essas coisas? E quem te concedeu essa autoridade?' Jesus respondeu: ‘Também eu vos proporei uma só questão: ‘Se me responderdes, também eu vos direi com que autoridade faço estas coisas: O batismo de João, de onde era? Do Céu ou dos homens? ’Eles, porém, arrazoavam entre si, dizendo: ‘Se respondermos ‘Do Céu', ele nos dirá: ‘Por que então não crestes nele? Se respondermos ‘Dos homens’, temos medo da multidão, pois todos consideram João como profeta ’. Diante disso, responderam a Jesus: ‘Não sabemos’. Ao que ele também respondeu ‘Nem eu vos digo com que autoridade faço estas coisas'.” (Mt 21:23-27).

Neste intrigante diálogo, podemos notar, em especial, a ausência de sinceridade daqueles que, no caso, dirigiram-se a Jesus - os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo. Há uma deliberada e visível intenção de confrontar, constranger e denegrir.

Podemos concluir que se trata de uma ação maquinada, ardilosa, astuciosa, eis que, como se vê, a pergunta tem o tom de confronto, de afronta, de injúria.

Jesus, então, não lhes passou nenhum ensinamento direto. O Mestre, lembremos, nunca impôs o conhecimento. Ouviam-no aqueles que queriam.

Lembremos, também, que dentre aqueles que o ouviam, haviam os que estava mais ou menos preparados. Outros, no entanto, não desejavam ouvi-lo, mas apenas tentavam tirar-lhe a autoridade.

Essa autoridade não é, obviamente, aquela formal, concedida oficialmente pelo mundo, mas é outro tipo de autoridade. E a autoridade que os hebreus atribuíam a Moisés e aos demais profetas, ou seja, aquela que seria concedida diretamente por Deus. Não reconhecendo Jesus como profeta ou como o Messias, interpelaram-no para lhe perguntar, em outras palavras:

Quem lhe deu essa autoridade?

Eles se referiam a autoridade de falar nas sinagogas com conhecimento superior, falar em nome de Deus, autoridade de expulsar os Espíritos maus, autoridade de curar os doentes, etc.

Refletindo sobre a autoridade de Jesus, fazemos, naturalmente, a associação com a sua superioridade. Kardec, em “A Gênese”, cap. XV, item 2, diz sobre Jesus: “Como homem, tinha a organização dos seres carnais; mas como Espírito puro, desligado da matéria, deveria viver da vida espiritual mais do que da vida corporal, cujas fraquezas Ele não possuía. A superioridade de Jesus sobre os homens não se prendia as qualidades particulares de seu corpo, mas as de seu Espírito, que dominava a matéria de maneira absoluta, e as de seu perispírito tirado da parte mais quintessênciada dos fluidos terrestres.” (grifo nosso).

QUESTÃO REFLEXIVA:

Relembrado a frase de Jesus: “Felizes os que não viram e creram”, reflitamos: Será que nós sempre acreditamos sem ver, ou, às vezes, também desejamos “sinais”?

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.