CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

terça-feira, 5 de agosto de 2025

15ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Paulo, O Apóstolo Dos Gentios

Paulo é uma das figuras mais extraordinárias do Cristianismo nascente. Seu trabalho foi monumental. Após sua conversão ele empenharia todo seu Ser na causa abraçada.

Propagar o Evangelho entre os povos pagãos do ocidente e do oriente seria seu ideal, e para isso Paulo realizará três grandes missões; sairá em jornadas para alcançar terras longínquas, enfrentaria povos bárbaros, populações hostis, autoridades impiedosas e cruéis... Mas não se abateria jamais...

PRIMEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA (At 13 e 14)

“Havia em Antioquia, na Igreja local, profetas e doutores: Barnabé, Simeão cognominado Níger; Lúcio de Cirene, e ainda Manaém, companheiro de infância do tetrarca Herodes, e Saulo. Celebrando eles culto em honra do Senhor e jejuando, disse-lhes o Espírito Santo: ‘Separai para mim Barnabé e Saulo, para a obra a qual os destinei ’. Então, depois de terem jejuado e orado, impuseram-lhes as mãos e despediram-nos.” (At 13:1-3).

Por Volta do ano 40 d.C., Paulo, que ainda se chamava Saulo, encontrava-se na igreja (comunidade) de Antioquia, celebrando o culto e jejuando, conforme costume da época.

Durante o culto, ocorre uma manifestação mediúnica, e, então, ouve-se: “Separai para mim Barnabé e Saulo, para a obra à qual os destinei”.

O chamado fora feito. Não havia equívoco. Ali, Paulo recebera sua incumbência: deveriam, ele e Barnabé, seguir para anunciar a Boa Nova a outros povos. João Marcos, o jovem sobrinho de Barnabé, seria seu acompanhante.

Inspirados, felizes por serem convocados a servir o Mestre, iniciariam a primeira viagem apostólica. Seriam momentos marcados pela coragem, pela fé inabalável, pelo exemplo de plena devoção...

O ponto inicial foi à cidade de Antioquia da Síria. Foi nesta cidade, que segundo Emmanuel, Paulo abraçou Tito pela primeira vez. Dali partiriam e percorreriam inúmeras localidades, como: ilha de Chipre, Pafos, Panfília, Antioquia de Pisídia, Listra, e outras.

Em seu itinerário, alguns momentos seriam marcantes. Vejamos alguns deles:

A cura e a conversão do Procônsul Sérgio Paulo

Morava em Pafos o Procônsul Sérgio Paulo. Providencialmente, era o mesmo que havia conhecido Estevão, quando este era um prisioneiro nas Galeras.

Sérgio Paulo há quase um ano, encontrava-se novamente enfermo. Havia um mago judeu, chamado de Barjesus ou Elimas, que vinha lhe assistindo. Era, no entanto, um falso profeta.

Naquele cenário, Paulo e Barnabé, compareceram no palácio, a pedido do Procônsul, e o curaram. Agradecido, Sérgio Paulo converteu-se ao Cristianismo. Foi a partir desse episódio que Saulo adotou o nome romano de Paulo.

A desistência de João Marcos

A certa altura, quando Paulo e Barnabé decidiram dirigir-se para Antioquia de Pisídia, João Marcos desistiu de acompanhá-los e retomou a Jerusalém.

De fato, o caminho dos missionários é cheio de pedras e espinhos. O jovem sobrinho de Barnabé não suportou a aspereza da jornada. Seu momento ainda não havia chegado.

A cura de um coxo

Em Listra, ao encontrar um homem que era coxo de nascença, Paulo, movido por compaixão, e apercebendo-lhe a fé viva, dirigiu-lhe o olhar e lhe disse: “Levanta-te direito sobre teus pés!” (At 14:10); e no mesmo instante, num salto, curado, ele andou.

Aquele mesmo local seria palco de injúrias e agressões ao grande apóstolo. Ele seria apedrejado e expulso da cidade. Mas, pela sua determinação, pela sua fé, isso não o faria desistir de sua missão. Ele iria até o final.

CONCÍLIO DE JERUSALÉM (At 15:1-34)

“Entretanto, haviam descido alguns da Judéia e começaram a ensinar os irmãos: Se não vos circuncidardes segundo a norma de Moisés, não podereis salvar-vos”. Surgindo daí uma agitação e tornando-se veemente a discussão de Paulo e Barnabé com eles, decidiu-se que Paulo e Barnabé e alguns outros dos seus, subiriam a Jerusalém, aos apóstolos e anciãos, para tratar da questão.

Tornando-se acesa a discussão, levantou-se Pedro e disse: ‘Irmãos, vos sabeis que, desde os primeiros dias, aprouve a Deus, entre vós, que por minha boca ouvissem os gentios a palavra da Boa Nova e abraçassem a fé. Ora, o conhecedor dos corações, que é Deus, deu testemunho em favor deles, concedendo-lhes o Espírito Santo assim como a nós. Não fez distinção alguma entre nós e eles, purificando seus corações pela fé. Agora, pois, porque tentais a Deus, impondo ao pescoço dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem mesmo nós podemos suportar? Ao contrário é pela graça do Senhor Jesus que nós cremos ser salvos, da mesma forma que eles.

Quando cessaram de falar Tiago tomou a palavra, dizendo: ‘... Eis porque, pessoalmente, julgo que não se devam molestar aqueles que dentre os gentios, se convertem a Deus. Mas se lhes escreva que se abstenham do que está contaminado pelos ídolos, das uniões ilegítimas, das carnes sufocadas e do sangue’. (At 15: 1-20).

Concílio é uma assembleia, uma reunião, convocada para se decidir sobre uma questão doutrinária, sobre um dogma, sobre uma regra que esteja em vigor, sobre um princípio teológico. Ao final dos debates chega-se, então, a um consenso sobre certo assunto, ao qual, de regra, as partes aceitam e se resignam.

Esse Concílio de Jerusalém tinha por objetivo principal a decisão sobre a imposição ou não de costumes judaicos aos recém-convertidos, muitos deles não judeus. Entre esses costumes destacava-se a circuncisão.

A circuncisão é um ritual previsto no Antigo Testamento (Lv 12:3), que devia ser realizado em todas as crianças do sexo masculino, no oitavo dia de vida, e consistia em retirar parte da pele que cobre a glande do órgão genital. Simbolizava a aliança de Deus com Abraão, sendo perpetuada por seus descendentes.

Na época do Cristianismo nascente, duas correntes polarizavam-se. Uma pela manutenção, outra pela não exigência da imposição de tal costume aos novos convertidos.

Neste Concilio, destaca-se a presença ponderada e conciliadora do apóstolo Pedro. Pedro, por certo, ainda trazia consigo a imagem amorosa do Mestre. A inquirição direta, sem subterfúgios: “Pedro, filho de João, tu me amas mais do que estes?” Segue a sua resposta clara e firme: “Sim, Senhor sabes que te amo”. O doce apelo do Mestre chega-lhe aos ouvidos: “Apascenta meus cordeiros”.

E assim, Pedro o fez. Não havia sido nada fácil, desde os primeiros tempos, manter os companheiros unidos diante das cruéis perseguições sofridas. Porém, agora, uma nova tormenta formava-se no horizonte: posições extremadas de amigos tão próximos, tão dedicados a Causa do Mestre. O que fazer?

Paulo havia trazido um novo dinamismo ao Cristianismo; seu verbo enérgico, sua presença magnética, havia vitalizado a Doutrina Redentora. Atraíra um sem numero de pessoas à pregação do Evangelho; vários núcleos cristãos desabrochavam sob seu forte impulso. Mas muitos dos novos cristãos eram gentios, ou seja, não judeus, e não compreendiam, nem aceitavam os costumes judaicos. Paulo defendia o direito dos gentios de não serem obrigados a aceitar costumes, como a circuncisão.

Tiago, por outro lado, era companheiro da primeira hora. Estivera com ele e João desde o inicio, e sua presença, por várias vezes, havia salvado do fechamento a Casa do Caminho. Os judeus simpatizavam com sua postura frente à Lei Mosaica.

Entre os dois amigos, o que fazer? O que o Mestre faria? As palavras de Jesus ressoavam lhe profundamente: ‘Apascenta meus cordeiros’. E desse modo, quando a discussão fazia-se mais acalorada, veio-lhe a inspiração.

Tomando a palavra, ponderou com equilíbrio e moderação: não eram os atos exteriores que determinavam os seguidores do Cristo, mas, sim, o interior purificado, inundado de fé verdadeira que permitia a aceitação pura e simples dos ensinamentos do Mestre! Era por aquilo que ia no coração de cada um deles que seriam reconhecidos como cristãos.

Uma aragem diferente inundou o ambiente. Os ânimos foram apaziguados. Tiago, ao reconhecer no verbo do amigo a inspiração divina, acatou-lhe a sabedoria. Suas condições foram facilmente aceitas: abster-se da adoração a ídolos, de uniões ilegítimas e de se alimentar de animais sufocados.

Nova atmosfera de alegria e fraternidade podia ser sentida. Paulo e Barnabé regozijaram-se: levariam boas notícias aos companheiros! Mais uma vez, Pedro sentiu intensamente a presença do Senhor. Respirou aliviado. A pedido do Mestre continuaria a apascentar os cordeiros...

SEGUNDA VIAGEM MISSIONÁRIA (At 15:36-41;16; 17; 18:1-23)

“Depois de alguns dias, disse Paulo a Barnabé: ‘Voltemos agora a visitar os irmãos por todas as cidades onde anunciamos a palavra do Senhor para ver como estão’. Mas Barnabé queria levar consigo também João, cognominado Marcos, enquanto Paulo exigia que não se levasse aquele que os deixara desde a Panfília e não os acompanhara no trabalho. A irritação tornou-se tal que eles se separam um do outro, Barnabé, pois, tomando Marcos consigo, embarcou para Chipre. Quanto a Paulo, escolheu Silas e partiu, recomendado a graça de Deus pelos irmãos.” (At 15:36-40).

Após o Concílio de Jerusalém, por volta de 47-51 d.C., Paulo e Barnabé dariam inicio a sua 2ª viagem missionária, considerada a sua viagem mais importante. Já havia decorrido algum tempo desde a primeira jornada, quando haviam fundado diversos núcleos cristãos pelos locais por onde passaram. Era preciso retornar para avaliar o progresso daquelas comunidades.

Ao planejarem essa nova viagem, no entanto, ocorre uma divergência de intenções: Barnabé queria, novamente, levar seu sobrinho João Marcos; Paulo discordava, pois não o achava preparado, eis que já havia desistido na primeira viagem. Sendo assim, acabaram tomando rumos diferentes. Contudo, seus objetivos permaneceram os mesmos: anunciar a Boa Nova.

Nessa nova jornada, Paulo, tendo Silas como fiel companheiro, cruzou várias cidades, alcançando, nos extremos, a região da Macedônia. Timóteo e Lucas também participaram desta viagem; percorreram várias cidades até se encontrarem com Paulo e Silas em Tessalônica. Alguns dos episódios mais relevantes são:

• Encontro com Timóteo em Listra

Em Listra, Paulo, segundo Emmanuel na obra já citada, reencontra Timóteo. Instantaneamente, Paulo reconhecera naquele jovem um fervoroso cristão, um futuro e valoroso servidor. Timóteo o acompanharia por toda a jornada e se tornaria um de seus fiéis companheiros por toda a sua vida'.

• A Visão sobre a Macedônia

Quando estava em Trôade, Paulo, durante a noite, tem uma visão: um macedônio, de pé diante dele, pediu-lhe que fosse a Macedônia e os ajudasse. Prontamente, partiram para lá. Neste fato, podemos, claramente, ver a atuação da Providência Divina. Eles, então inspirados, atenderam o chamado.

• Paulo em Atenas

Paulo era um admirador da cultura grega. Sonhava em divulgar o Evangelho naquela magna cidade, um dos berços culturais da Humanidade. Acreditava que entre aqueles homens cultos o Evangelho de Jesus, por sua elevação, seria plenamente aceito. Grande decepção!

Foi rejeitado, tratado com indiferença por uns, zombado por outros. A velha cidade, embora tivesse atingido seu apogeu intelectual, ressentia pela frieza de seus habitantes.

• Paulo em Corinto

Paulo reencontrou em Corinto dois grandes amigos: Priscila e Áquila, que foram seus companheiros atuantes nos três anos em que ele permaneceu trabalhando e meditando no deserto, antes de iniciar a sua missão. Foi em Corinto que Paulo fundou a mais importante de todas as comunidades cristãs por ele estabelecidas; lá permaneceu durante dezoito meses.

Concluindo sua viagem, ele retornou a Antioquia da Síria, passando, entre outras cidades, por Éfeso, Cesaréia e Jerusalém. O grande apóstolo havia trazido contribuições monetárias a Casa do Caminho que se encontrava em sérias dificuldades; entregou-as a Simão Pedro, que as recebeu emocionado. Paulo relatou sua jornada aos apóstolos, que ficaram exultantes: a Doutrina do Cristo florescia!

TERCEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA (At 18:23-28; 19; 2; 21:1-19)

“Passado algum tempo, partiu de novo e percorreu sucessivamente a região da Galácia e da Frigia, confirmando todos os discípulos.” (At 18:23)

Era o ano de 52, Roma prosseguia soberana, o Imperador era Cláudio, e Israel continuava subjugada ao seu domínio. As perseguições contra os cristãos aumentavam. A vertiginosa expansão do Cristianismo assustava as autoridades políticas e religiosas.

Paulo havia recebido muitas mensagens; as comunidades que ele fundara solicitavam sua presença.

Impossível ser-lhe-ia atender, pessoalmente, todas elas. Exatamente com o fim de falar a essas comunidades, levar-lhes esclarecimento, motivação, incentivar lhes a fé, ele redigia suas epístolas. Nesse período, ele já havia escrito suas primeiras cartas dirigidas aos núcleos cristãos.

Mas era preciso voltar à estrada. Partiu, tendo Lucas como seu valoroso companheiro.

• Em Éfeso

O apostolo João aguardava-o em Éfeso. A comunidade cristã, nesta cidade, vivia momentos difíceis, sofrendo fortes perseguições dos judeus ortodoxos. Ali, Paulo permaneceria por três anos.

Nessa estadia, muitos foram os episódios marcantes. A mensagem de Jesus continuava atingindo os corações. Porém, as exposições de Paulo, que despertavam até mesmo os pagãos, culminaram por gerar certo desprezo, por exemplo, pelo culto a divindade considerada protetora da cidade: a deusa Diana, criando embates entre os negociantes de ouro e a comunidade Cristã.

Muitas outras comoções ocorreram. Esse foi um período decisivo para aquele núcleo. Com a vigorosa atuação de Paulo e sua oratória inflamada, reacendeu a fé; com seu grande magnetismo, realizou inúmeras curas; com sua personalidade única, com sua liderança e conduta moral irrepreensível, a comunidade foi restabelecida.

• Ágabo, o profeta

Prosseguindo em sua jornada, visitando várias cidades, a certa altura, chega a Cesaréia. Permanecendo ali alguns dias, encontrou-se com um profeta chamado Ágabo que o advertiu a não retornar a Jerusalém, pois lá ele seria preso. Paulo, decidido, responde: “Pois estou pronto, não somente a ser preso, mas até a morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus.” (At 21:13).

Como havia afirmado, convicto, seguiu para Jerusalém. Ali se cumpriu a predição de Ágabo: Paulo foi maltratado, flagelado e preso. Mas sua fé não se abalou!

EPÍLOGO DA MISSÃO DE PAULO (At 21:20-40 e 22 a 28)

Paulo tinha sido condenado injustamente pelo Sinédrio. Por ter a cidadania romana, foi conduzido a Cesaréia aos cuidados do governador Félix, onde permaneceria encarcerado durante dois anos.

Seu processo encontrava-se estacionado. Embora as autoridades judaicas pleiteassem a transferência de Paulo para a jurisdição do Sinédrio, o governador não cedeu. Durante esse período, ele foi tratado com relativa liberdade: recebia visitas, escrevia cartas às comunidades cristãs, e divulgava o Evangelho dentro da prisão e para o próprio governador.

Ocorreu então, que o governador Felix foi transferido e substituído por Pórcio Festo. Ao saberem da mudança, os judeus voltam a pleitear a transferência de Paulo para Jerusalém.

Na obra “Paulo e Estevão”, Emmanuel, em acréscimo ao relato bíblico, apresenta novos detalhes. Afirma o Benfeitor que Paulo, ao saber, por intermédio de Lucas, que os judeus tramavam para conseguir sua condenação à crucificação, usa a prerrogativa de cidadão romano e ‘apela a César’.

Em sua trama ignominiosa, pretendiam as autoridades judaicas que na execução de Paulo fosse repetido o episódio do Gólgota. Seria no mesmo lugar e ao lado de dois ladrões.

Isso seria ultrajante! Pensava o grande apóstolo. Ele não se achava digno de protagonizar o mesmo martírio infligido a Jesus. Poderia aceitar todas as condenações, mesmo a morte; não, porém, esta, que objetivava a banalização do exemplo inigualável do Cristo. Por isso, ele apelou para ir a Roma, frustrando assim, o pérfido plano dos judeus.

Paulo, comovido, despediu-se dos companheiros, e navegou em direção a Roma. Em Roma, obteve o benefício de cumprir prisão domiciliar. Assim permaneceu por mais dois anos. Nesse período, ele participou ativamente da propagação da mensagem cristã na capital do Império.

Desta forma, encerra-se a narrativa contida em “Atos dos Apóstolos”. Emmanuel, porém, na obra já citada, narra sua saga até o momento final. Quando a perseguição aos cristãos fez-se mais sentida, certa feita, enquanto pregava nas catacumbas, foi preso pelas autoridades romanas, e condenado a morte.

Como fiel discípulo, de Jesus, recebia agora a pena capital. Ele não resistiu. Como o Mestre havia exemplificado, ele aceitou pacificamente o seu fim. Sua missão estava completa! Também o seu exemplo ficará imortalizado na História do Cristianismo.

Em memória de sua coragem inigualável, de sua entrega sem limites, de sua perseverança até o final, lembremos de seu clamor:

“Muitas vezes, vi-me em perigo de morte. Dos judeus recebi cinco vezes quarenta golpes menos um. Três vezes fui flagelado. Uma vez, apedrejado. Três vezes naufraguei. Passei um dia e uma noite em alto mar. Fiz numerosas viagens. Foram perigo nos rios, perigos dos ladrões, perigos por parte dos meus irmãos de estirpe, perigos dos gentios, perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar; perigos dos falsos irmãos! Quem fraqueja, sem que eu também me sinta fraco? Quem tropeça, sem que eu também fique febril? Se é preciso gloriar-se, de minha fraqueza é que me gloriarei” (2 Co 11:23-30).

Que exemplo de Paulo possa inspirar-nos sempre!

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente a contribuição do apóstolo Paulo para a expansão do Cristianismo.

Bibliografia
- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Xavier, Francisco C./Emmanuel - Paulo e Estevão.
- Corbin, Alain - Historia do Cristianismo.
- Atlas Bíblico Interdisciplinar - Escritura - Historia - Geografia - Arqueologia - Teologia - Ed. Paulus.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

quinta-feira, 26 de junho de 2025

15ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Ato Dos Apóstolos

Saulo e Estevão

SAULO, O DOUTOR DA LEI

A sociedade judaica, à época de Jesus, era composta por diversas classes que se dividiam, especialmente, por convicções religiosas ou políticas.

Kardec, na introdução de “O Evangelho Segundo Espiritismo”, afirma que a mais influente seita era a dos fariseus, que eram defensores severos da Lei Mosaica. Suas convicções levavam a discussões intermináveis pela interpretação das Escrituras.

Em Israel, aqueles que se dedicavam ao rigoroso estudo da Lei, detendo-se em cada particularidade, eram chamados “Doutores da Lei”. Saulo era um deles.

Nascido em Tarso, na Cilícia (atual Turquia), entre 1 a 5 d.C. (cf. Bíblia de Jerusalém), era filho de Isaac, pertencente à tribo de Benjamin. Como era costume à época, seu pai, que era um mercador de tecidos e fabricante de tendas, ensinou-lhe ofício de tecelão.

Ainda jovem, foi levado por seu pai a Escola do Templo de Jerusalém, tomando-se discípulo de Gamaliel. Notavelmente brilhante, era um de seus alunos mais fervorosos e devotados.

ESTEVÃO, PRIMEIRO MÁRTIR (At 6:8-15/At 7)

“Estevão, cheio de graça e de poder operava prodígios e grandes sinais entre o povo. Intervieram então alguns da sinagoga chamado dos libertos, dos cireneus e alexandrinos, dos da Cilícia e da Ásia, e puseram-se a discutir com Estevão. Mas não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com qual ele falava. Subornaram então alguns para dizerem: ‘Ouvimo-lo pronunciar palavras blasfemas contra Moisés e contra Deus’. Amotinaram assim a povo, os anciões e os escribas e, chegando de improviso, prenderam-no e o levaram à presença do Sinédrio. Lá apresentaram testemunhas falsas que depuseram: ‘Este homem não cessa de falar contra este lugar santo e contra a Lei. Pois ouvimo-lo dizer repetidamente que esse Jesus, o Nazareu, destruirá este lugar e modificará as costumes que Moisés nos transmitiu’. ‘Todos as membros da Sinédrio, com os olhos fixos nele, tiveram a impressão de ver em seu rosto o rosto de um anjo.” (At 6: 8-15).

“Estevão, porém, repleto do Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus, e Jesus, de pé, a direita de Deus. E disse: ‘Eu vejo os céus abertos, e o Filho do Homem, de pé, à direita de Deus. Eles, porém, dando grandes gritos, taparam os ouvidos e precipitaram-se sobre ele. E, arrastando-o para fora da cidade, começaram a apedrejá-lo. As testemunhas depuseram seus mantos aos pés de um jovem chamado Saulo. E apedrejaram Estevão, enquanto ele dizia esta invocação: ‘Senhor Jesus, recebe meu espírito ’. Depois, caindo de joelhos, gritou em voz alta. ‘Senhor não lhes leves em conta este pecado’. E, dizendo isto, adormeceu.” (At 7: 55-60).

Nesta impressionante passagem, encontramos a grandiosa figura de Estevão, o primeiro mártir do Cristianismo.

Embora não haja, no Novo Testamento, muitas referências sobre a sua trajetória, os pequenos trechos que encontramos mostram-nos toda a intensidade de sua devoção, todo seu empenho, todo seu esforço e sacrifício para a divulgação do Cristianismo nascente.

Na obra “Paulo e Estevão”, psicografada por Francisco C. Xavier, pelo Espírito Emmanuel, conhecemos sua epopeia.

Especialmente, vale relembrar que Estevão, antes de abraçar o Cristianismo, assim como sua irmã Abigail, era fervoroso adepto da religião judaica.

Em certo momento de sua vida, ao proteger seu pai em defesa de suas terras, foi preso e condenado às galeras.

Essa pena, onde muitos encontravam a morte, consistia no aprisionamento em porões de navios, onde o ambiente era insalubre, sendo obrigados, de forma impiedosa, a remar, com um mínimo de repouso e alimentação escassa.

Após uma série de momentos de tribulação, foi acolhido na Casa do Caminho por Pedro que, então, passou a ser o seu orientador.

A partir desse momento, ele se toma um grande divulgador da Boa Nova. Dotado de grande magnetismo, tocava os corações com seu verbo inflamado, e, através de suas faculdades mediúnicas, tornara-se um valioso instrumento da Espiritualidade.

Sua dedicação, sua fé, sua presença acolhedora e caridosa arrebanhava multidões... Muitos abandonavam o Templo para ouvi-lo pregar o Evangelho de Jesus

Os sacerdotes, os Doutores da Lei, todos aqueles que queriam manter a hegemonia e o poder sobre a nação, por meio de uma religião formal, estavam enfurecidos e obstinados a perseguir os “caminheiros”.

Saulo de Tarso, o Doutor da Lei, tornou-se, nesse momento, seu principal perseguidor. Em determinado momento, então, condenou Estevão a morte por apedrejamento.

Nesse instante culminante, Estevão, que verdadeiramente havia se inspirado pelas lições do Mestre, que com grande renúncia havia se entregado a propagação do Evangelho... Nesse momento final, exemplificou a verdadeira força, a verdadeira coragem, a verdadeira grandeza... Como havia ensinado Jesus, sem resistir, pacificamente, demonstrou sua capacidade plena de amar e, por seus verdugos, orou a Deus pedindo que fossem perdoados...

Seu exemplo, inesquecível e comovente, jamais será esquecido por todos os verdadeiros cristãos!

Diante da conduta irreprovável de Estevão, esse episódio marcou para sempre a vida e a trajetória de Saulo. Ele nunca mais seria o mesmo!

Afirma Emmanuel, no prefácio de sua incomparável obra “Paulo e Estevão”:

“Sem Estevão, não teríamos Paulo de Tarso. O grande mártir do Cristianismo nascente alcançou influência muito mais vasta na experiência paulina, do que poderíamos imaginar tão só pelos textos conhecidos nos estudos terrestres.”

CONVERSÃO DE SAULO - (At 9:1-19)

Saulo respirando ainda ameaças de morte contra os discípulos do Senhor dirigiu-se ao sumo sacerdote. Foi pedir-lhe cartas para as sinagogas de Damasco, a fim de poder trazer para Jerusalém, presos, os que lá encontrassem pertencendo ao Caminho, quer homens, quer mulheres.

Estando ele em viagem e aproximando-se de Damasco, subitamente uma luz vinda do céu envolveu de claridade. Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: ‘Saulo, Saulo, por que me persegues? Ele perguntou: ‘Quem és; Senhor?’ E a resposta: ‘Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Mas levanta-te, entra na cidade, e te dirão que deves fazer ’ Os homens que com ele viajavam detiveram-se, emudecidos de espanto, ouvindo a voz, mas não vendo ninguém. Saulo ergueu-se do chão. Mas, embora tivesse os olhos abertos, não via nada. Conduzindo-o, então, pela mão, fizeram-no entrar em Damasco. Esteve três dias sem ver; e nada comeu, nem bebeu.

Ora, vivia em Damasco um discípulo, chamado Ananias. O Senhor lhe disse em visão: Ananias! Ele respondeu: ‘Estou aqui, Senhor!’ E o Senhor prosseguiu: levanta-te, vai pela rua chamada Direita e procura, na casa de Judas, por alguém de nome Saulo, de Tarso. Ananias partiu. Entrou na casa, impôs sobre ele as mãos e disse: ‘Saulo, meu irmão, o Senhor Jesus, me enviou, o mesmo que te apareceu no caminho por onde vinhas. E para que recuperes a vista e fiques repleto do Espírito Santo. Logo caíram-lhe dos olhos, umas como escamas, e recuperou a vista. Recebeu, então, o batismo e, tendo tornado alimento, sentiu-se reconfortado.” (Atos 9;1-19).

Poucos momentos são tão decisivos na vida de alguém. Dentre as diversas conversões que temos relatos, a de Saulo é uma das mais impressionantes, e, ainda hoje, emociona a todos aqueles que ouvem a sua história.

Ele havia saído à captura dos cristãos; seu coração estava cheio de ódio daqueles “caminheiros” que, segundo acreditava, eram blasfemadores, violadores da Lei. Não haveria trégua: ele os perseguiria até o fim! Mas... Então... Às portas de Damasco...

Tal episódio, surpreendente e intrigante, faz-nos refletir: Como é possível que alguém tão convicto de suas posições, tão arraigado as suas tradições, judeu ortodoxo, defensor rigoroso da Lei Mosaica, possa, em um átimo de segundo, sofrer uma transformação tão intensa, de tal magnitude?

É que Saulo havia encontrado Jesus. A mensagem sublime do Mestre havia inundado sua alma, conduzindo-o a nova compreensão da Lei Divina.

Saulo, lembremos, embora fosse defensor da Lei Mosaica, fazia-o com verdadeira devoção, e desejava, dentro do seu entendimento, o Bem.

Jesus, que podia sondar as almas, reconhecendo-lhe o potencial, veio, em pessoa, convocá-lo à sua Seara.

Saulo, que até então negava Jesus, reconhece: então era verdade! Ele estava em choque. Suas crenças desmoronaram, alicerce de suas convicções tinha afundado.

A partir daquele dia, ele estaria a serviço do Mestre para toda e qualquer tarefa. Ele era “Vaso Escolhido”.

PREGAÇÃO EM DAMASCO E ENCONTRO COM BARNABÉ (At 9:19-3)

“Saulo esteve alguns dias com os discípulos em Damasco e, imediatamente, nas sinagogas, começou a proclamar Jesus, afirmando que é o Filho de Deus. Todos os que ouviam ficavam estupefatos e diziam: ‘Mas não é este que devastava em Jerusalém os que invocavam esse nome, e veio para cá expressamente com fim de prendê-los e conduzi-los aos chefes dos sacerdotes?’

Decorridos muitos dias, os judeus deliberaram entre si como matá-lo. Mas Saulo teve conhecimento dessa trama. Vigiavam até as portas da cidade, de dia e de noite, para o matarem. Então os discípulos, uma noite, fizeram-no descer pela muralha, oculto num cesto.

Tendo chegado a Jerusalém, tentava associar-se aos discípulos; mas todos tinham medo dele, não acreditando que fosse, de fato, discípulo. Então Barnabé tomou-o consigo, levou-o aos apóstolos e contou-lhes como, no caminho, Saulo vira o Senhor qual lhe dirigiu a palavra; e com que intrepidez, em Damasco, falara no nome de Jesus. “Daí por diante, ia e vinha entre eles, em Jerusalém, falando com intrepidez no nome do Senhor.” (At 9:19-28).

Aqueles que conheciam Saulo não podiam compreender o que poderia ter-lhe ocorrido para apresentar tão súbita transformação.

Muitos achavam que era loucura, que o sol do deserto tinha-lhe afetado o discernimento.

E se não estivesse louco - deviam pensar: Como poderia ter se tornado um seguidor do “carpinteiro”?

Ninguém compreendia. Os próprios apóstolos de Jesus ficaram surpresos com essa transformação.

Foi Barnabé, também um integrante da Casa do Caminho, que intercedeu por Saulo junto aos demais apóstolos, e, então, movidos pelo amor cristão, os discípulos aceitaram-no como um deles. Desse episódio, nasceria a fraterna amizade de Saulo e Barnabé.

QUESTÃO REFLEXIVA:

“Será que nós já encontramos o nosso ‘Caminho de Damasco’, a tal ponto de nos dispormos a servir a Jesus”?

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

terça-feira, 24 de junho de 2025

14ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Atividade Missionária De Pedro - 2ª Parte

Os apóstolos, em suas atividades missionárias, prosseguiam anunciando a Boa Nova. Agiam não apenas na Casa do Caminho, mas suas ações estendiam-se por toda a Palestina.

Em certa feita, Filipe desceu a cidade de Samaria e começou a anunciar Jesus à população. Então, ocorreu que muitos possessos foram libertados de seu jugo obsessivo. Foram curados também inúmeros paralíticos, sendo grande a alegria na cidade.

SIMÃO, O MAGO (At 8:4-25)

“Ora, vivia há tempo, na cidade, um homem chamado Simão, qual, praticando a magia, excitava a admiração do povo de Samaria e pretendia ser alguém importante. Todos, do menor ao maior lhe davam atenção, dizendo: ‘Este homem é Poder de Deus, que se chama o Grande’”.

Davam-lhe atenção porque ele, por muito tempo os fascinara com suas artes mágicas. Quando, porém, acreditaram em Filipe, que lhes anunciara a Boa Nova do Reino de Deus e do nome de Jesus Cristo, homens e mulheres faziam se batizar.” (At.8:9-12).

Simão, o mago, como foi descrito acima, possuía alguns pendores mediúnicos e muitos lhe davam ouvidos. Entretanto, após a pregação de Filipe, ele se tomou adepto da nova doutrina.

Os apóstolos que estavam em Jerusalém souberam que a Samaria acolhera a palavra de Deus e para lá enviaram Pedro e João que, lá chegando, impunham as mãos nos recém-convertidos, despertando-lhes a faculdade mediúnica.

Ora, Simão, que já havia observado os prodígios operados por Filipe, não conhecia esse novo dom, ficando, por isso, maravilhado e desejoso de possuí-lo. Como ele poderia fazer para alcançar seu intento?

Simão afagava a ideia de consultá-los a respeito de seus dons espirituais. Considerava ele que não poderia haver maior tesouro para triunfar na vida. .. Certamente, pensava em mercadejar nesse ministério.

Contudo, os missionários de Jesus ganhavam apenas a Misericórdia de Deus, uma vez que não seria lícito mercadejar com o que pertence ao Pai.

Provavelmente, Simão estava convicto de que traziam com eles certos talismãs e se dispunha a comprá-los por qualquer preço. Não seria crível que eles fizessem semelhantes obras sem a contribuição de sortilégios - pensava. Mas, o Apóstolo somente conhecia um “sortilégio” eficiente: o da fé em Deus com o sacrifício de si mesmo.

Para Simão, entretanto, a vida tinha suas necessidades urgentes. Era indispensável prever e amealhar recursos. Ele estava disposto a entregar aos Apóstolos o seu dinheiro em troca desse dom.

Pedro, conhecedor do coração humano, contemplou Simão cheio de comiseração por sua ignorância. Mas precisava adverti-lo com energia, para nos deixar o exemplo de que a Divindade não se subordina, e nem se deve pagar com o dinheiro da Terra, as coisas dos Céus.

“Pereça o teu dinheiro, e tu com ele, porque julgaste poder comprar com dinheiro dom de Deus! Não terás parte nem herança neste ministério, porque o teu coração não é reto diante de Deus. Arrepende-te, pois, dessa tua maldade e ora ao Senhor; para que te possa ser perdoado este pensamento do teu coração; pois eu te vejo na amargura do fel e nos lagos da iniquidade.” (At 8:2-23).

Simão, inteligente, compreendeu logo o que Pedro dissera, e lhe rogou, como a João, para que nada lhe acontecesse por aquela sua ousadia, e pediu aos Apóstolos que intercedessem por ele junto ao Senhor.

PEDRO EM LIDA E JOPE (At 9:32-43)

“Aconteceu que Pedro, que se deslocava por toda parte, desceu também para junto dos santos que moravam em Lida. Encontrou ali um homem chamado Enéias, que há oito anos estava de cama: era paralitico. Pedro então lhe disse: ‘Enéias, Jesus Cristo te cura! Levanta-te e arruma teu leito’. Ele imediatamente levantou-se”. (At 9:32-34).

“Ora, em Jope havia uma discípula, chamada Tabita, em grego Dorcas, notável pelas boas obras e esmolas que fazia. Aconteceu que naqueles dias caiu doente e morreu. Como Lida está perto de Jope, os discípulos, sabendo que Pedro lá se encontrava, enviaram-lhe dois homens com esse pedido: ‘Não te demores em vir ter conosco.’

Pedro atendeu e veio com eles. Pedro, mandando que todos saíssem, pôs-se de joelhos e orou. Voltando-se então para o corpo, disse: ‘Tabita, Levanta-te!’ Ela abriu os olhos e, vendo Pedro, sentou-se. Este, dando-lhe a mão, fê-La erguer-se.” (At 9:36-41).

Verificamos em “Atos dos Apóstolos”, nos trechos transcritos, esses dois interessantes casos de cura pelas mãos de Pedro.

Cairbar Schutel, em sua obra “Vida e Atos dos Apóstolos”, destaca que uma das principais características dos Apóstolos era a cura dos enfermos. Pedro possuía esse dom e o exercia com muita frequência.

As curas espirituais produziam grande contribuição para a conversão dos incrédulos. Não era só o enfermo curado que se convertia, mas todos os que tinham conhecimento do caso.

Dotado de faculdades magnéticas e ainda auxiliado pelos Bons Espíritos, agindo em nome de Jesus, Pedro fez inúmeras conversões, mais por meio das curas do que pelo uso da palavra.

A cura é um fato que toca logo o coração, ou o sentimento dos envolvidos. Enéias e Tabita, tendo recebido os fluidos vitalizantes de que necessitavam, ergueram-se e ficaram sãos.

Especialmente em relação à Tabita, podemos observar que suas boas obras justificavam o merecimento de receber as benesses dos Espíritos do Senhor.

Esses casos de “ressurreição” não se deram, como se vê, só no tempo em que Jesus cumpria o seu messianato, mas também no tempo dos discípulos. Em Tabita, como em outros casos, não havia o desligamento completo do Espírito do corpo físico.

Pedro não se contenta em pronunciar lindas palavras aos seus ouvidos, renovando-lhe as forças gerais: dá-lhe as mãos para que se levante. O ensinamento é dos mais simbólicos.

Observamos muitos companheiros a se erguerem para o conhecimento, para a alegria e para a virtude, banhados pela divina claridade do Mestre e que podem levantar milhares de criaturas para a Esfera Superior. Para isso, não bastara à predicação pura e simples. E imprescindível usar nossas próprias mãos na tarefa do Bem.

PEDRO E O CENTURIÃO ROMANO (At 10:1-43)

“Vivia em Cesaréia um homem chamado Cornélio, centurião da corte itálica. Era piedoso e temente a Deus, com toda a sua casa; dava muitas esmolas ao povo judeu e orava a Deus constantemente. Ele viu claramente, em visão, cerca da hora nona do dia, o Anjo do Senhor entrando em sua casa e chamando-o: ‘Cornélio!’ Fixando os olhos nele e cheio de temor perguntou-Lhe: ‘Que há, Senhor? ’E o Anjo lhe disse: ‘Tuas orações e tuas esmolas subiram até a presença de Deus e Ele se lembrou de ti. Agora, pois, envia alguns homens a Jope e manda chamar Simão, cognominado Pedro’”. (At 1:1-5).

Por onde passava, o discípulo de Jesus ia deixando um rastro de luz e esperança. Mais do que pelas palavras, deixava que as ações falassem por si, assim como o Mestre havia feito.

O trabalho prosseguia árduo, mas gratificante. Lentamente, através de muito esforço e sacrifício, o Evangelho ia sendo levado e atraía cada vez mais adeptos. Pedro sentia-se feliz. Amava sobremaneira o Mestre e cada vez que pregava ou curava em nome de Jesus, era como se o visse ao seu lado, sorrindo ternamente, encorajando-o a prosseguir. Cada desvalido que o procurava era uma nova oportunidade de estar mais próximo do Mestre.

Eis que, certo dia, em êxtase, teve uma visão:

“Viu céu aberto e um objeto que descia semelhante a um grande lençol, baixado a terra pelas quatro pontas. Dentro havia todos os quadrúpedes e répteis da terra, e aves do céu. Uma voz lhe falou: ‘Levanta-te, Pedro, imola e come! ’ Pedro, porém, replicou: De modo nenhum, Senhor, pois jamais comi coisa alguma profana e impura!’ De novo pela Segunda vez, a voz Lhe falou: ‘Ao que Deus purificou, não chames tu de profano'. Sucedeu isto por três vezes, e logo o objeto foi recolhido ao céu.” (At 10:11-16).

Esta visão preparou-o para o encontro a seguir. Cornélio, homem temente a Deus, já havia sido inspirado a procurar Pedro. Era necessário que a divulgação do Evangelho chegasse a outros povos não judeus - “os gentios” - como eram denominados. Era necessário que as barreiras de etnia fossem suplantadas, ultrapassadas, para que a Mensagem Divina chegasse a todos os corações. O apóstolo abnegado, compreendendo a orientação espiritual, profere:

“Dou-me conta, em verdade, que Deus não faz acepção de pessoas, mas que, em qualquer nação, quem o teme e pratica a justiça, Lhe é agradável. Tal é a palavra que ele enviou aos israelitas, dando-lhes a boa nova da paz por Jesus Cristo, que é o Senhor de todos.” (At 10:34-36).

As barreiras da intolerância começavam a ser rompidas. O missionário do Cristo prosseguiria exemplificando a Boa Nova a todos que encontrava.

LIBERTAÇÃO DE PEDRO (At 12:1-19)

“Nessa mesma ocasião o rei Herodes começou a tomar medidas visando a maltratar alguns membros da Igreja. Assim, mandou matar à espada Tiago, irmão de João. E, vendo que isso agrada aos judeus, mandou também prender Pedro. Mas, enquanto Pedro era mantido na prisão, a Igreja fazia ardentemente oração a Deus, em favor dele”. (At 12:1-5).

A vida dos apóstolos foi cheia de sofrimentos de um lado e de triunfos de outro. As perseguições, as calúnias, as injurias, as prisões cobriam sempre com desdouro os discípulos de Jesus; mas, por outro lado, os Espíritos operavam, por seu intermédio, maravilhas que lhes davam alegrias, felicidades íntimas e muita gratidão a Deus.

Pedro, acompanhado sempre pelo Plano Espiritual Superior, fazia prodígios, e maravilhas operavam-se aos olhos de todos. O famoso pescador de Cafarnaum foi, de fato, um dos grandes irmãos dos infelizes.

Como narrado acima, Herodes lançou-o na prisão, onde foi guardado por quatro turnos de quatro soldados, pois tinha a intenção de apresentá-lo ao povo depois da festa da Páscoa. Enquanto Pedro era mantido na prisão, a Igreja orava a Deus, continuamente, por ele.

Na noite anterior a que Herodes o faria comparecer ante o tribunal, Pedro dormia entre dois soldados, preso com duas correntes, enquanto guardas vigiavam a porta da prisão. E eis que apareceu um anjo do Senhor, e uma luz iluminou a cela. O anjo tocou o ombro de Pedro, acordou-o e disse: “Levanta-te depressa!” As correntes caíram-lhe das mãos. O anjo continuou: “Cinge-te e calça as sandálias!” Pedro obedeceu, e anjo lhe disse: “Envolve-te no manto e segue-me!” Pedro acompanhou-o, sem saber se a intervenção do anjo era realidade; pensava que era uma visão. Depois de passarem pela primeira e pela segundo guarda, chegaram ao portão de ferro que dava para a cidade. O portão abriu-se sozinho. Eles saíram, caminharam por uma rua, e logo depois o anjo o deixou. Somente, então Pedro caiu em si e disse:

“Agora sei realmente que o Senhor enviou seu Anjo, livrando-me das mãos de Herodes e de toda expectativa do povo judeu.” (At 12:11).

Tendo-se orientado, foi à casa de Maria, a mãe de João Marcos. Lá estavam muitos reunidos para orar. Bateu no portão de entrada e uma criada chamada Rosa foi atender. Ela reconheceu a voz de Pedro, mas tamanha foi a sua alegria que, em vez de abrir a porta, entrou correndo para contar que Pedro estava ali diante da porta. “Estás louca!” disseram-lhe. Mas ela insistiu. Disseram então: “Então é seu anjo”. E Pedro continuava a bater. Finalmente abriram a porta, viram que era ele e ficaram atônitos. Com a mão, Pedro fez sinal para que ficassem calados. Contou-lhes como o Senhor o fizera sair da prisão e acrescentou: “Anunciai isto a Tiago e aos irmãos” e partiu dali para outro lugar.

Ao amanhecer, houve grande confusão entre os soldados: que fim levou Pedro? Herodes o mandou procurar, mas não conseguiu localizá-lo.

A contribuição recebida por Pedro, no cárcere, representa lição para todos nos. Sob cadeias pesadíssimas, o pescador de Cafarnaum vê se aproximar anjo do Senhor, que o liberta, atravessa em sua companhia os primeiros perigos da prisão, caminha ao lado do mensageiro, ao longo da rua; contudo, o emissário afasta-se, deixando-o, novamente, entregue a própria liberdade, de maneira a não lhe desvalorizar as iniciativas.

Os auxílios do invisível são incontestáveis e jamais falham em suas múltiplas expressões, no momento oportuno; mas é imprescindível não nos viciemos com essa espécie de cooperação, aprendendo a caminhar sozinhos, usando a independência e a vontade no que é justo e útil, convictos de que nos encontramos no mundo para aprender, não nos sendo permitido reclamar dos instrutores a solução de problemas necessários a nossa condição de alunos, dentro do livre arbítrio que nos é concedido.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente a importância de Pedro para o Cristianismo nascente.

Bibliografia:
- A Bíblia de Jerusalém
- Xavier, Francisco C. /Emmanuel - Pão Nosso.
- Xavier, Francisco C. /Emmanuel - Fonte Viva.
- Xavier, Francisco C. /Emmanuel - Caminho, Verdade e Vida.
- Xavier, Francisco C. /Emmanuel - Paulo e Estevão.
- Franco, Divaldo Pereira/Amélia Rodrigues - Pelos Caminhos de Jesus.
- Schutel, Cairbar -Vida e Atos dos Apóstolos

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

terça-feira, 17 de junho de 2025

14ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Atividade Missionária De Pedro – 1ª Parte

A CASA DO CAMINHO

Era um casarão de grandes proporções e paupérrimo em sua feição exterior. A construção não obedecia a qualquer planificação anterior. Velhas tamareiras circundavam a Casa.

Conforme narram os Espíritos Emmanuel e Amélia Rodrigues, situava-se a margem da estrada entre Jerusalém e Jope. Fora erguida pelas mãos amorosas de Simão Pedro, ajudado por alguns companheiros afeiçoados a Mensagem ainda viva em suas mentes e seus corações.

Nascida para socorrer aqueles que não tinham onde repousar as fadigas nem os desgastes orgânicos, era um reduto de amor evocando a presença do Mestre inolvidável.

Lentamente, foram surgindo os moribundos que não tinham para onde seguir: crianças abandonadas e velhinhos desvalidos, perturbados da mente e obsessos que ali eram deixados com indiferença. Chamando a si os aflitos e os enfermos, a Casa do Caminho inaugurou no mundo a fórmula da verdadeira benemerência social.

As primeiras organizações de assistência ergueram-se com o esforço dos apóstolos, ao influxo amoroso das lições do Mestre. Recolhendo-se ali com a família, Pedro era auxiliado particularmente por Tiago, filho de Alfeu, e por João; mas, Filipe e suas filhas também se instalaram em Jerusalém, vindo a cooperar no grande esforço fraternal. Ali, as mãos espalmadas da caridade sustentavam a fé, a fim de que nunca se apagasse a luz da esperança.

O pescador de Cafarnaum era a figura central da atividade socorrista, em volta de quem circulavam os problemas e afazeres complexos.

Simão Pedro permanecia, não raro, até avançadas horas no atendimento aos combalidos, aos atormentados e desfalecentes. Somente quando a noite cintilante de estrelas anunciava a sua plenitude, é que ele, já bem cansado, buscava o colchão grosseiro para o repouso de poucas horas.

O verbo nos seus lábios, vertido do coração sensível, adquiria tons de beleza, autenticada pelo magnetismo da sua vivência.

Em meio aos casos mais dolorosos, Pedro, ouvindo as conversas dos alienados nos compartimentos próximos, latido dos cães esfomeados em derredor e a musica mágica da natureza, percebia, não raro, o vulto alvo e luminoso do Mestre, sereno, como na ocasião em que caminhou sobre as ondas do mar na direção do barco a lhe dizer:
“- Simão, a chama que coze o pão atrai a mariposa que, descuidada, nela se consome...”  “O discípulo do meu Evangelho é um ponto vivo de referência onde se encontre, atraindo as atenções e sendo vitima das circunstancias, em constante perigo, nunca, porém, em abandono, esquecido do meu amor”.

“Não te martirizes, nem temas. A água refrescante e cristalina que mata a sede é também usada para diluir venenos terríveis de ação rápida”.

“Cada alma vê, no próximo, aquilo que tem no seu ínterim; e cada coração recebe a Mensagem de acordo com a própria necessidade”.

“Permanece fiel e não desfaleças em ocasião alguma...” (“Pelos Caminhos de Jesus”, lição 2, Amélia Rodrigues).

Nesse cenário, Simão amou a todos com muita intensidade, jamais se omitiu ou temeu, até o momento do martírio na cruz, de cabeça para baixo, em Roma, vários anos mais tarde...

CURA DE UM COXO (At 3:1-10)

O Homem generoso, distribuindo daquilo que tem, fixa em si mesmo a luz e a alegria que nascem dessas dádivas, somente quando as realiza com o sentimento de amor, que, no fundo, é a sua riqueza imperecível e legitima.

“Pedro e João estavam subindo ao Templo para a oração da hora nona. Trouxeram então, um homem que era aleijado de nascença, e que todos os dias era deixado a porta do Templo chamada Formosa, para pedir esmolas aos que entravam. Vindo Pedro e João, que iam entrar no Templo, implorou que lhe dessem uma esmola. Pedro, porém, fitando nele os olhos, junto com João, disse-Lhe: ‘Olha para nós! ’Ele os olhava atentamente, esperando receber deles alguma coisa. Mas Pedro lhe disse: ‘Nem ouro nem prata possuo. O que tenho, porém, isto te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareu, anda!’ E, tomando-o pela mão direita, ergueu-o. No mesmo instante seus pés e calcanhares se firmaram; de um salto pôs-se em pé e começou a andar. E entrou com eles no Templo, andando, saltando e louvando a Deus. Todo o povo viu-o andar e louvar a Deus; reconheciam-no, pois era ele quem esmolava, assentado junto a Porta Formosa do Templo. E ficaram cheios de admiração e de assombro pelo que lhe sucedera.” (At. 3: 1-10).

Verificamos, na passagem da cura acima transcrita, o quanto os apóstolos Pedro e João estavam sintonizados com a Espiritualidade Superior.

Como nos ensina a Doutrina Espírita, nos processos de cura tão formidáveis como este, são necessárias diversas condições. Entre elas podemos destacar a fé daquele que cura, assim como daquele que é curado, pois ao primeiro é necessária a convicção e ao segundo a receptividade. E, especialmente, é indispensável a pureza de intenções, e o desejo verdadeiro de auxiliar, pois, assim, é estabelecida, em conjunto com os Benfeitores Espirituais, a Corrente magnética curadora.

Quem espera pelo ouro ou pela prata, a fim de contribuir nas boas obras, em verdade ainda se encontra distante da possibilidade de ajudar a si próprio. Mas, lembrando a confiança em Jesus, a coragem e as palavras amorosas de Pedro; que venhamos a dar de nós mesmos, no esforço da própria iluminação.

DISCURSO DE PEDRO AO POVO NO TEMPLO (At 3:11-26)

“A vista disso, Pedro dirigiu-se ao povo: ‘Homens de Israel, por que vos admirais assim? Ou por que fixais os olhos em nós, como se por nosso próprio poder ou piedade tivéssemos feito este homem andar? O Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó, o Deus de nossos pais glorificou seu servo Jesus, a quem vos entregastes e negastes diante de Pilatos, quando este já estava decidido a soltá-lo”. (At 3:11-13).

Uma vez curado, o ex-coxo não largou mais Pedro e João. E todo o povo, assombrado, acorreu para junto deles, no chamado Pórtico de Salomão. Vendo isso, Pedro dirigiu-se as pessoas e teve oportunidade de anunciar o Evangelho de Jesus.

A fé que vem por meio de Jesus, essa sim houvera restituído a saúde e fortalecido o homem que todos viam e reconheciam como o antigo coxo que pedia esmolas.

Enunciou, então, a parte mais importante do ensinamento quando disse: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, a fim de que sejam apagados os vossos pecados, e deste modo venham da face do Senhor os tempos do refrigério.” (At 3:19).

Os crentes ainda distanciados do sentido do Evangelho de Jesus quase sempre imaginam que se livrarão das dificuldades com as cerimônias exteriores; outros acreditam que se identificarão com os céus tão somente pelo cantar de alguns hinos, enquanto enorme percentagem de espíritas se crê na intimidade de supremas revelações, apenas pelo fato de haver frequentado algumas sessões. Tudo isso constitui preparação valiosa, mas não é tudo.

Há um esforço iluminativo para o interior, sem o qual Homem algum penetrará no santuário da Verdade Divina.

A palavra de Pedro à massa popular contém a síntese do vasto programa de transformação essencial, a que toda criatura submeter-se-á para a felicidade da união com o Cristo. Uma vez que ninguém atinge, em um só passo, a eterna claridade, há estações indispensáveis para essa realização.

Conforme nos ensina a Doutrina Espírita, o autoconhecimento e a renovação interior são as chaves para o sucesso espiritual de todos nos.

A PRISÃO DE PEDRO E DE JOÃO (At 4:1-22)

“Falavam eles ao povo, quando sobrevieram os sacerdotes, o oficial do Templo e os saduceus, contrariados por vê-los ensinar ao povo e anunciar, em Jesus, a ressurreição dos mortos. Lançaram as mãos neles e os recolheram ao cárcere até a manhã seguinte, pois já estava entardecendo. Entretanto, muitos dos que tinham ouvido a Palavra abraçaram a fé. E seu número, contando-se apenas os homens, chegou a cerca de Cinco mil.” (At 4:1-4).

Após o ato de prisão acima narrado, os maiorais do judaísmo reuniram-se em Jerusalém no dia seguinte, para deliberar a respeito da situação de Pedro e João, fazendo-os comparecer diante deles para os interrogarem a respeito da cura do coxo.

Profundamente inspirado, Pedro apresentou com lógica os seus argumentos, dizendo que eles estavam sendo julgados por terem feito o bem e a caridade em nome e através de Jesus Cristo, o Nazareno, que fora crucificado, mas ressurgira dos mortos.

“É ele a pedra desprezada por vós, os construtores, mas que se tornou a pedra angular Pois não há, debaixo do céu, outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos.” (At 4: 11-12).

Os interrogadores ficaram admirados ao verem a coragem com que Pedro e João falavam, sendo pessoas simples e sem instrução. Verificaram que eles tinham andado com Jesus, mas vendo, junto a eles, em pé, o homem que tinha sido curado, nada podiam dizer em contrário. Então os mandaram sair do Sinédrio e começaram a discutir entre si:

“Que faremos com estes homens? Que por eles realizou-se um sinal notório é claramente manifesto a todos os habitantes de Jerusalém, e não podemos negá-lo. Mas, para que isto não se divulgue ainda mais entre povo, proibamo-los, com ameaças, de tornarem a falar neste nome a quem quer que seja.” (At 4: 16-17).

Chamaram de novo Pedro e João e lhes ordenaram que, de modo algum, falassem ou ensinassem em nome de Jesus. Pedro e João responderam:

“Julgai se é justo, aos olhos de Deus, obedecer mais a vós do que a Deus. Pois não podemos, nós, deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos.” (At 4: 19-20).

Insistindo em suas ameaças, mas como não tinham meio de castigá-los, deixaram Pedro e João em liberdade, por causa do povo, pois, todos glorificavam a Deus pelo que havia acontecido. O homem beneficiado por este sinal da cura tinha mais de quarenta anos.

Quanta beleza encontramos nessa passagem de Atos dos Apóstolos! Quantos corações conquistados por um ato simples de amor. Através dela, percebemos a conjugação entre homens de valor e Espíritos na divulgação da mensagem de Jesus, naqueles primeiros dias do Cristianismo.

Pedro não temeu a morte. Ele recebeu a responsabilidade da divulgação da mensagem do Amor e do Bem e a defendeu como quem reconhece não haver tarefa maior na Terra.

CURAS, PRISÕES E O PARECER DE GAMALIEL (At 5:1-42)

“Pelas mãos dos apóstolos faziam-se numerosos sinais e prodígios no meio do povo a ponto de levarem os doentes até para as ruas, colocando-os sobre leitos e em macas, para que, ao passar Pedro, ao menos sua sombra cobrisse algum deles." (At 5: 12-15).

O sumo sacerdote e seus seguidores encheram-se de cólera e mandaram prender os apóstolos. Soltos com o auxilio da Espiritualidade, voltaram a pregar no Templo (At 5:17-42). Sendo mais uma vez capturados e colocados diante do Sinédrio, exaltaram o Messias na figura de Jesus.

Ao ouvirem isso, os maiorais ficaram furiosos e queriam matá-los. Levantou-se, no Sinédrio, um fariseu chamado Gamaliel, Doutor da Lei e Mestre de Saulo de Tarso (At 22:13), estimado por todo povo. Ele mandou que os acusados saíssem por um instante.

Conta-nos o Espírito Emmanuel, por meio das mãos abençoadas de Chico Xavier, no livro “Paulo e Estevão”, que, anteriormente, os discípulos do Mestre, cientes da simpatia de Gamaliel pela causa, convidaram-no a visitar as instalações humildes da “Casa do Caminho”.

Simão Pedro, profundamente respeitoso, explicou-lhe as finalidades da instituição e, carinhosamente, ofereceu-lhe uma cópia, em pergaminho, de todas as anotações de Mateus sobre a personalidade do Cristo e seus gloriosos ensinamentos.

Gamaliel, atencioso, agradeceu ao ex-pescador, tratando-o igualmente com deferência e consideração. Chegados à longa enfermaria, em que se aglomeravam os mais diversos doentes, o grande rabino de Jerusalém não pode ocultar a máxima impressão, comovido até as lágrimas com o quadro que se lhe deparava aos olhos espantados.

O grande doutor compreendeu o êxito da nova doutrina. Aquele Jesus desconhecido, ignorado da sociedade mais culta de Jerusalém, triunfava no coração dos infelizes, pela contribuição de amor desinteressado que trouxera aos mais deserdados da sorte.

Gamaliel sabia que os galileus não seriam isentos de perseguição e emitiu alguns conselhos, visando aparar os golpes da violência, que, cedo ou tarde, haveriam de chegar.

Pedro, João e Tiago agradeceram sensibilizados, a carinhosa admoestação, e o velho rabino regressou ao lar, profundamente impressionado com as lições do dia.

Por ocasião da prisão, diante do Sinédrio, levantando-se em defesa dos apóstolos, cuja obra conhecera falou:

“Varões de Israel, atentai bem no que fareis a estes homens. Agora, portanto, digo-vos, deixai de ocupar-vos com esses homens. Soltai-os. Pois, se seu intento ou sua obra provém dos homens, destruir-se-á por si mesma; se vem de Deus, porém, não podereis destruí-los. Não aconteça que vos encontreis movendo guerra a Deus. Concordaram, então, com ele” (At. 5:34-39).

Os membros do conselho aceitaram o parecer de Gamaliel. Chamaram os apóstolos, mandaram açoitá-los, proibiram que falassem no nome de Jesus e soltaram-nos. E eles todos os dias, no Templo e pelas casas, não cessavam de ensinar e anunciar que Jesus era o Cristo esperado.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente a postura de Gamaliel frente aos apóstolos.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

quinta-feira, 12 de junho de 2025

13ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

A Atuação dos Apóstolos e a Primeira Comunidade Cristã

DISCURSO DE PEDRO A MULTIDÃO

“Pedro, então, de pé, junto com os onze, levantou a voz e assim lhes falou”: ‘Homens da Judéia e todos vós, habitantes de Jerusalém, tomai conhecimento disto e prestai ouvidos as minhas palavras. Estes homens não estão embriagados, como pensais, pois esta é apenas a terceira hora do dia. O que está acontecendo é que foi dito por intermédio do profeta: ‘Sucederá nos últimos dias, diz Deus, que derramarei do meu Espírito sobre toda carne. Vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões e vossos velhos sonharão. Sim, sobre meus servos e minhas servas derramarei do meu Espírito’.

(...) Homens de Israel, ouvi estas palavras! Jesus o Nazareu, foi por Deus aprovado diante de vós com milagres, prodígios e sinais, que Deus operou por meio dele entre vós, como bem sabeis. Este homem, entregue segundo desígnio determinado e a presciência de Deus, vós matastes, crucificando  pela mão dos ímpios. Mas Deus ressuscitou, libertando-o das angústias do Hades, pois não era possível que ele fosse retido em seu poder.

(...) “Saiba, portanto, com certeza, toda a casa de Israel: Deus constituiu Senhor e Cristo, este Jesus a quem vós crucificastes.” (At 2:14-36).

Após aquele inesquecível episódio do Pentecostes, muitos estavam, então, assombrados; outros, entretanto, estavam céticos.

Pedro, que cada vez mais consolidava sua liderança, levanta-se... Ergue sua voz diante da multidão, e inicia relembrando-os sobre a predição do profeta Joel (Joel 3: 1): “Vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões e vossos velhos sonharão.”

Os antigos profetas hebreus, como podemos ver no Antigo Testamento, faziam muitas predições para séculos que estavam por vir. O profeta Joel (sec. IV a.C.), em seu livro, prediz “julgamento das nações” e a “vitória” final de Iahweh.

Em momento anterior a esse “julgamento dos povos” e a essa “era paradisíaca”, prevê o profeta Joel, exatamente, a difusão, sem precedentes, da manifestação da faculdade mediúnica de forma generalizada nos jovens, nos anciãos, e, ainda, outros “sinais nos céus e na terra”.

As profecias, entre o povo hebreu, repitamos, é algo indissociável, inseparável de sua cultura. É, entretanto, interessante notar que, na verdade, pouco ouvido eles davam a esses profetas. Cultuavam-nos como heróis de sua história, mas, na prática, parece que duvidavam de suas profecias.

Não os vemos - os hebreus à época de Moises - blasfemarem e confrontarem o grande profeta? Quantos outros profetas não foram rechaçados em sua época? Quantas não foram às profecias desprezadas no momento em que se cumpriam? A vinda do Cristo não estava prevista? Não rejeitaram eles o Cristo? Por isso disse Jesus: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados...”

Isso nos leva a refletir e perguntar: Como é possível que nem os Doutores da Lei, que conheciam como ninguém as Escrituras, que diariamente citavam os profetas, que repetiam suas predições, como é possível que nem eles pudessem “enxergar” o cumprimento da Lei?

É que essa “cegueira” é movida pelo egoísmo, movida por todas as más paixões que impedem o ser de avançar. Para alcançar a real compreensão, essa “visão” da verdade, é preciso ser humilde de coração, é preciso ser submisso à Lei de Deus.

Mas, assim como havia muitos que renegaram o Cristo e seu Evangelho, muitos outros se encontravam sedentos da Doutrina Redentora.

Pedro, tomado por inspiração divina, conclama-os a “ver”, convoca-os a relembrar das profecias, a compreender que o que tinha ocorrido estava previsto nas Escrituras.

Ele relembra o Mestre, e o episódio do Gólgota em que, pela impiedade dos Homens, foi o Cristo levado ao madeiro da infâmia.

Mas prossegue o grande apóstolo e testemunha a vitória de Jesus sobre a morte física, pois Deus havia atuado “libertando-o das angústias do Hades” (“do Hades”, conforme nota de rodapé da Bíblia de Jerusalém, significa: “da morte”).

Sim, o Cristo Vive! Naquele dia, quanta esperança foi derramada a todos aqueles de boa vontade, a todos aqueles que desejavam acreditar no verdadeiro Messias.

OS PRIMEIROS CRISTÃOS E A PRIMEIRA COMUNIDADE CRISTÃ

“Eles mostravam-se assíduos ao ensinamento dos apóstolos, a comunhão fraterna, à fração do povo e as orações. Apossava-se de todos temor, pois numerosos eram os prodígios e sinais que se realizavam por meio dos apóstolos. Todos os que tinham abraçada a fé reuniam-se e punham em comum: vendiam suas propriedades e bens, e dividiam-nos entre todos, segundo as necessidades de cada um. Dia após dia, unânimes, mostravam-se assíduos no Templo e partiam o pão pelas casas, tomando o alimento com alegria e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e gozavam da simpatia de todo o povo. E o Senhor acrescentava a cada dia ao seu número os que seriam salvos”. (At 2:42-47).

Qual outra Doutrina Moral foi capaz de tais formidáveis manifestações de seus fiéis?

Vejamos essas admiráveis ações: “vendiam suas propriedades e bens, e dividiam-nos entre todos, segundo a necessidade de cada um”.

A mensagem do Cristo havia invadido lhes a alma.

Naqueles dias, os discípulos de Jesus estavam exultantes, os ensinamentos do Mestre estavam propagando-se; o fermento da esperança fazia com que mais e mais almas procurassem a mensagem libertadora do Cristo.

Era preciso estabelecer-se. Era preciso fundar uma base para o Cristianismo nascente, a primeira delas seria a “Casa do Caminho”. 

Ali os discípulos, organizados, propagariam o Evangelho e acolheriam a multidão de aflitos. Na obra ‘Dias Venturosos’, psicografado por Divaldo Franco, Amélia Rodrigues, na mensagem n° 25, narra: “A igreja dos cristãos reunia-se todos os dias e todas as noites para comentar os feitos e as palavras do doce e enérgico Rabi, assim como para orar e amar. Os seus membros criaram a primeira comunidade fraternal da Humanidade sob a inspiração do Primeiro Mandamento”.

De forma inigualável, a Boa Nova, como um bálsamo, alcançava os corações necessitados de amor, amparo, consolo. A mesma autora acima citada, na obra “Luz do Mundo”, também psicografada por Divaldo Franco, na mensagem n° 23, expõe: “Os homens esfaimados, as criaturas exauridas de sofrer; os corações cansados e cheios de decepções - eis o barro que teriam de movimentar para transformar em ânfora capaz de reter elixir divino, conservando puras as suas excelentes qualidades.”

Na obra ‘Lázaro Redivivo’, lição 28, o irmão X, afirma: “Suas reuniões íntimas prosseguiam regulares e as assembleias de caráter público efetuavam-se sem impedimento. As fileiras intermináveis de pobres e infelizes, procedentes dos ‘vales de imundos’, lhes batiam a porta, recendo carinhosa atenção, e esse espírito de serviço aos filhos do desamparo conquistou-lhes, pouco a pouco, valiosos títulos de respeitabilidade...”.

Quão inspiradores são esses relatos dos passos dos primeiros discípulos do Evangelho de Jesus!

SINAIS E PRODÍGIOS REALIZADOS PELOS APÓSTOLOS


Pelas mãos dos apóstolos faziam-se numerosos sinais e prodígios no meio do povo...

Costumavam estar; todos juntos, de comum acordo, no pórtico de Salomão, e nenhum dos outros ousava juntar-se a eles, embora povo os engrandecesse. Mais e mais aderiam ao Senhor pela fé, multidões de homens e de mulheres.

...A ponto de levarem os doentes até para as ruas, colocando-os sobre os leitos e em macas, para que ao passar Pedro, ao menos sua sombra cobrisse algum deles. Também das cidades vizinhas de Jerusalém acorria à multidão, trazendo enfermos e atormentados por espíritos impuros, os quais eram todos curados. (At 5:12-16).

Nesta impressionante passagem, vemos o vigor, a magnitude, a grandiosidade desses primeiros passos dos apóstolos de Jesus.

Onde mais encontramos tamanha comoção? O início do Cristianismo é uma das mais belas páginas de nossa História. Considerando toda a História da Humanidade, que ainda continua sendo escrita, encontraremos momentos de opressão, mas outros de liberdade; encontraremos períodos obscuros, mas outros de claridade e luz intensa.

Jesus é a Luz do Mundo, suas palavras compõem uma sublime poesia de eterna sabedoria, seus ensinamentos, como um farol que clareia as trevas, brilha resplandecente. A seus fiéis seguidores fica a missão de propagar a Boa Nova por toda a Terra.

Seus apóstolos, nesta narrativa; vemo-los exercendo plenamente seus ministérios. Pela boa vontade, pela humildade, pela pureza de coração, pela submissão a Vontade Divina, por perseverarem incansavelmente, vemos quão admiráveis são suas ações.

A multidão de aflitos e sofredores, testemunhando suas condutas irrepreensíveis, suas valorosas palavras de esperança... Acorria para ouvir o Evangelho e obterem a cura para seus males.

Na obra “Lázaro Redivivo”, na mesma lição já citada, psicografado por Francisco Xavier, o Irmão X, sintetiza: “A ressurreição enchera-lhes a alma de energias sublimes e até então desconhecidas. Que não fariam pelo Mestre ressuscitado? Iriam ao fim do mundo ensinar a Boa Nova, venceriam trevas e espinhos, pertenceriam a Ele para sempre”.

Em reflexão, ficamos admirados. Que fé surpreendente era despertada “a ponto de levarem os doentes até para as ruas; colocando-os sobre os leitos e em macas, para que ao passar Pedro, ao menos sua sombra cobrisse algum deles”.

Sob o amparo amigo de Jesus, quão emocionante não foram esses dias gloriosos desses valorosos discípulos. Imaginemos o fervor da multidão, acreditando que sim, há esperança, sim, as profecias cumpriam-se, sim, o “Reino de Deus” está ao alcance de todos.

Que nós sejamos capazes de possuir essa mesma fé que motivou os primeiros cristãos!

QUESTÃO REFLEXIVA:

Porque muitas vezes hesitamos e não usamos todo nosso potencial para anunciar o “Reino de Deus”, como fizeram os primeiros discípulos de Jesus?

Bibliografia:

- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Xavier, Francisco C./Irmão X - Lázaro Redivivo.
- Franco, Divaldo/Amélia Rodrigues - Dias Venturosos.
- Franco, Divaldo/Amélia Rodrigues - Luz do Mundo.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.