CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

quinta-feira, 18 de setembro de 2025

19ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Epístola Aos Hebreus

INTRODUÇÃO

De acordo com a Bíblia de Jerusalém, a epístola aos Hebreus teve sua autenticidade posta em dúvida desde o Cristianismo primitivo. Atribuíam a autoria da Carta a um dos discípulos de Paulo, embora concordassem que a inspiração viera dele. O lugar e a data de composição são incertos.

Noticias da Espiritualidade

As dúvidas acima expostas, no entanto, são dissipadas e as lacunas preenchidas, no capitulo IX, 2ª parte, do livro “Paulo e Estevão”, onde Emmanuel afirma-nos que a epístola foi escrita por Paulo, em Roma, onde se encontrava prisioneiro.

Em virtude de sua cidadania romana, ele pode usufruir das vantagens da “custodia libera”, que permitia que ele vivesse fora do cárcere, apenas acompanhado por um guarda, até que o seu processo fosse julgado. Após se instalar num aposento humilde, ele solicitou a Lucas que convocasse os maiorais do Judaísmo, na capital do Império, a fim de lhes apresentar uma exposição dos princípios cristãos.

Como poucos pareciam compreender os novos ensinamentos, Paulo encerrou a exposição, não sem antes afirmar que os judeus encontravam-se surdos, espiritualmente.

Alguns pediram a Paulo para que ele os ensinasse na sinagoga e Paulo respondeu que “preso como estou, não poderia fazê-lo, mas hei de escrever uma Carta aos nossos irmãos de boa-vontade”.

Daí por diante, assinala Emmanuel: aproveitando as ultimas horas do dia, os companheiros de Paulo observaram que ele escrevia um documento a que dedicava profunda atenção. Às vezes, era visto a escrever com lágrimas, como se desejasse fazer da mensagem um depósito de santas inspirações.

Em dois meses entregava o trabalho a Aristarco para copiá-lo, dizendo: - "Esta é a epístola aos hebreus. Fiz questão de grafá-la, valendo-me dos próprios recursos, pois que a dedico aos meus irmãos de raça e procurei escrevê-la com o coração.”. Era o ano de 61 d.C.

CONTEÚDO

Nesta epístola, Paulo assinala qual o significado da vinda de Jesus e quais as mudanças que isto acarretava na interpretação do Antigo Testamento. Com a lucidez que o caracterizava, Paulo, “segundo o espírito que vivifica”, analisa temas fundamentais do Judaísmo: a aliança, o sacerdócio, as obras da lei, bem como a liturgia e os rituais.

Era um apelo do coração para fortalecer a fé dos judeus convertidos ao Cristianismo e aos que se obstinavam em combatê-lo.

As revelações

Todas as revelações que foram feitas a Israel, ao longo dos milênios, chegaram através dos profetas. Em Jesus, no entanto, encontramos a mais pura revelação, eis que a Boa Nova é a tradução da Lei Divina.

“Muitas vezes e de modos diversos falou Deus, outrora, aos Pais pelos profetas; agora, nestes dias que são os últimos, falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual fez os séculos.” (Hb 1:1-2).

A condição de Jesus

“É ele o resplendor de sua glória e a expressão de sua substância, tão superior aos anjos quanto o nome que herdou excede o deles.” (Hb 1:3-4).

“Vemos, todavia, Jesus, que foi feito, por um pouco, menor que os anjos, por causa dos sofrimentos da morte, coroado de honra e de glória. E que pela graça de Deus provou a morte em favor de todos os homens.” (Hb 2:9).

Graças a Misericórdia Divina, Jesus, encarnado, revelou-nos uma nova concepção de Deus, apresentando-o como Pai Amoroso e Misericordioso.

Por amor a Humanidade, Jesus provou a morte para semear a Boa Nova, convidando todos a edificação do Reino de Deus. Veio não para condenar, mas para salvar o Homem, traçando no “Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” a verdadeira forma de adoração a Deus.

A Superioridade de Jesus

No capitulo 8 desta epístola, Paulo destaca a figura do sumo sacerdote, que era a autoridade máxima no quadro da hierarquia sacerdotal do Judaísmo.

Qual é o papel do sacerdote em qualquer religião? Ser mediador entre o Homem e Deus.

Quem o investe desta prerrogativa? Os próprios Homens.

Jesus, no entanto, não tem sua autoridade constituída pelos Homens, mas diretamente por Deus. Nisto reside sua absoluta superioridade em relação aos sacerdotes nomeados aqui na Terra.

Nesta comparação, Paulo busca destacar a natureza superior de Jesus, que propôs uma Nova Aliança, como vemos neste trecho: “Agora, porém, Cristo possui um ministério superior. Pois ele é o mediador de aliança bem melhor cuja constituição se baseia em melhores promessas. De fato, se a primeira aliança fora sem defeito, não se trataria de substituí-la pela segunda.” (Hb 8:6-7).

Prosseguindo em sua argumentação, Paulo recorre ao livro do profeta Jeremias (31:31-34) para destacar que já havia sido predito uma nova aliança, que substituiria à antiga.

E qual o vínculo desta nova aliança? O Amor, que estará inscrito nos corações dos Homens: a Lei de Deus relevada por Jesus.

Os Rituais Judaicos

“Pois, naquele regime, apresentam-se oferendas e sacrifícios sem eficácia para aperfeiçoar a consciência de quem presta o culto. Tudo são ritos carnais referentes apenas aos alimentos, às bebidas, às abluções diversas e impostos somente até ao tempo da correção”. (Hb 9:9-10).

Observemos que Paulo refere-se aos rituais como coisas que ficaram no passado. O Judaísmo preconizava os rituais exteriores de purificação, que deveriam ser prestados no santuário, “edificado pelas mãos dos Homens”.

Este santuário continha locais específicos para a realização dos rituais e um sacerdócio constituído para realizar os cultos, especialmente os cultos que purificavam os Homens de seus “pecados”.

Qual o significado dos rituais? Dirá Paulo: “... a Lei é totalmente incapaz, apesar dos mesmos sacrifícios sempre repetidos, oferecidos sem fim a cada ano, de levar à perfeição aqueles que se aproximam de Deus.” (Hb 10:1).

Por essa afirmação contundente de Paulo, vemos a ineficácia de qualquer ritual exterior para a chamada “purificação”. A verdadeira purificação, como nos ensina Jesus, é através da constante prática do amor e da caridade.

Jesus Revela a vontade de Deus

Jesus, na condição de mediador entre os homens e Deus ofereceu-se a si mesmo para revelar qual é a vontade de Deus. Ele “se manifestou para abolir o pecado por meio do seu próprio sacrifício.” (Hb 9:26). O que isto significa?

Definindo o “pecado” como uma transgressão as Leis de Deus, compreendemos que Jesus ao revelar o Amor como o Maior Mandamento, convida o Homem a harmonizar-se com as Leis Divinas, pela prática do Bem. Sua exemplificação demonstrou o verdadeiro significado do Amor.

Quando não observamos a Lei do Amor, ferimos também a nós mesmos, pois responderemos pelas consequências que advém destes atos e seremos chamados a reparar o mal que impusemos a outrem. Só a reparação propicia paz à consciência, libertando-a dos processos de culpa.

Sacrifícios e oferendas são inócuos para harmonizar a consciência com as Leis Divinas e não isentam a criatura da necessidade de aprender a dissolver o mal pela prática do bem.

Exortações à Renovação e a Libertação

“Aproximemo-nos, então, de coração reto e cheio de fé, tendo o coração purificado de toda má consciência...” (Hb 1O:22).

Como Paulo dirige-se em particular aos judeus convertidos, ele faz um veemente apelo para que renovem suas concepções e crenças, libertando-se efetivamente. Que não retrocedam no caminho.

Como prosseguir sem esmorecer, sem desanimar?

A Libertação é um processo. O caminho que percorremos para aderirmos, de coração, a Jesus e pede paciência, perseverança e fé. O ontem criou raízes em nossos corações. Há que nos esforçarmos para erradicá-las.

Neste sentido, Paulo traça um roteiro, enfatizando as condições essenciais para o êxito:

• Incentivo à caridade

“Velemos uns pelos outros para nos estimularmos à caridade e as boas obras”. (Hb 10:24)

A vida nas comunidades cristãs, às vezes atribuladas pelas circunstâncias do mundo, exigia o exercício constante da fraternidade. Por isso, Paulo faz esse chamamento para que haja companheirismo entre os membros, um velando pelo outro.

Viver naquelas comunidades, envolvidos pela Mensagem de Cristo, representava uma bendita oportunidade de aprendizado e trabalho. Salienta, pois, o apóstolo, a necessidade da valorização das possibilidades que o hoje nos apresenta na realização do Bem.

• Perseverança na dor

Paulo menciona os sofrimentos que a adesão ao Cristo havia acarretado em suas vidas e os conclama à perseverança, refletindo sobre a dor como processo educativo do Pai:

“É para a vossa educação que sofreis. Deus vos trata como filhos. Qual é, com efeito, o filho cujo pai não educa?” (Hb 12:7).

As dores são recursos educativos da alma. Como assevera Paulo:

“Toda educação, com efeito, no momento não parece motivo de alegria, mas de tristeza.” (Hb 12:11).

Porém, qual é o papel da dor senão educar para o Amor?

Como avançar, sem as experiências que nos são necessárias?

Embora a dor seja-nos necessária, são poucos os que conseguem compreendê-la em sua feição educativa. Muitos são os que se rebelam, os que acusam a Deus de injusto, os que se desesperam, os que fogem. Quem assim precede perde valiosas oportunidades de crescimento.

Vencida a tempestade, contabilizamos os frutos interiores que ela proporcionou: mais experiência, mais fortaleza, mais amadurecimento, mais compreensão. Como afirma Paulo: “Depois, no entanto, produz naqueles que assim foram exercitados um fruto de paz e de justiça.” (Hb 12:11).

Portanto, conclui Paulo: “... reerguei as mãos enfraquecidas e os joelhos trôpegos” (Hb 12:12), ou seja, não recuemos diante da luta, ainda que sejamos defrontados por inúmeras dificuldades, pois se ouvirmos as sugestões da ignorância, de cansaço, da maldade, do desencanto paralisaremos nossas mãos nos cuidados com a lavoura de Bem e perderemos a colheita.

• Fé

Em suas argumentações, Paulo destaca o papel que a fé exerceu na vida de todos os patriarcas, profetas, juízes da história do povo judeu. E o faz, dirigindo-se aos judeus recém-convertidos, exortando-os ao desenvolvimento da fé.

“A fé é a garantia dos bens que se esperam, a prova das realidades que não se veem.” (Hb 11:1).

Somos chamados à sublime herança que nos é destinada. Ignoramos as experiências que nos estão reservadas, mas sabemos que o alvo é a melhoria de nós mesmos. Como superar obstáculos, vencer dificuldades, superar provas ásperas, guardar serenidade diante da dor se não for pela fé?

É a fé que produz esperança, dilata a paciência, oferece sustentação, que alimenta a perseverança. E tudo porque a fé é um saber, um sentir consciente, força que sustenta o coração, para percorrermos o caminho das lutas do dia de hoje à vitória do dia de amanhã.

Não sabemos o futuro, mas a fé dá-nos a certeza de que o futuro propiciar-nos-á colheita farta, se a despeito de todas as dificuldades na plantação do Bem, perseverarmos.

Que realidades podemos visualizar através dos olhos da fé? As realidades espirituais para as quais todos nós marchamos, dia após dia, a convicção na existência do Espírito imortal, a convicção de que há muitas moradas na casa de Pai, a convicção de que o patrimônio espiritual é a nessa conquista legítima.

• Esperança

“A esperança, com efeito, é para nós qual âncora da alma, segura e firme...” (Hb 6: 19).

Paulo arremata a sua exortação, com a seguinte conclusão:

“Portanto, também nós, com tal nuvem de testemunhas ao nosso redor; rejeitando todo fardo e o pecado que nos envolve, corramos com perseverança para o certame que nos é proposto, com os olhos fixos naquele que é o iniciador e consumador da fé, Jesus...” (Hb 12: 1-2).

Na lição 76 de “Pão Nosso”, Emmanuel assevera:

“Em toda parte da Terra, o discípulo respira rodeado de grande nuvem de testemunhas espirituais, que lhe relacionam os passos e anotam as atitudes, porque ninguém alcança a experiência terrestre, a esmo, sem razões solidas com bases no amor e na justiça. Faze, pois, o bem possível aos teus associados de luta, no dia de hoje, e não te esqueças dos que te acompanham, em espírito, cheios de preocupação e amor.”

Concluindo o seu pensamento sobre a nova aliança, Paulo enfatiza que:

“Procurai a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor...” (Hb 12:14)

A verdadeira Adoração a Deus

“Temos um altar...” (Hb 13:10).

Não mais o altar de ouro, de pedra, de bronze, diante do qual ajoelhamos reverentes, mas o altar do coração, em que nos cabe apresentar as nossas oferendas de amor aos semelhantes.

“Não vos esqueçais da beneficência e da comunhão, porque são estes os sacrifícios que agradam a Deus” (Hb 13:16).

Paulo, demonstrando plenamente seu entendimento sobre a revelação do Cristo, não apenas deixou patenteado na carta aos hebreus esses sublimes ensinamentos, mas, toda sua trajetória, após o seu encontro com Jesus é um legado de exemplificação a
Humanidade... exemplificação de trabalho e esperança, abnegação e resignação, persistência e fé.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente: “A esperança, com efeito, é para nós qual âncora da alma, segura e firme”.

Bibliografia

- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - A Gênese - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo Ed. FEESP.
- Xavier, Francisco C./Emmanuel - Paulo e Estevão.
- Xavier, Francisco C./Emmanuel - Pão Nosso.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

19ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Epístolas Paulinas

Epístolas Pastorais

Do conjunto das 14 epístolas escritas por Paulo, três foram chamadas de pastorais a partir do século XVIII, pois tinham como objetivo orientar dois de seus fiéis discípulos, Timóteo e Tito, quanto à organização das igrejas e quanto a necessidade de preservar a pureza do Evangelho de Jesus combatendo os falsos doutores. Timóteo e Tito eram extremamente afinados com o pensamento de Paulo e a eles Paulo dirige se como a filhos muito amados.

A 1ª epístola a Timóteo e a epístola a Tito serão abordadas em conjunto, dado que o conteúdo a forma e o contexto histórico são muito semelhantes. Foram escritas na Macedônia por volta do ano 64 d.C.

1ª EPÍSTOLA A TIMÓTEO E A EPÍSTOLA A TITO

CONTEÚDO

A Luta Contra os Falsos Doutores

“Com efeito, há muitos insubmissos, palavrosos e enganadores, especialmente no partido da circuncisão, aos quais é preciso calar, pois estão pervertendo famílias inteiras, e, com o objetivo de lucro ilícito, ensinam o que não tem direito de ensinar”. (Tito 1:10-11).

“Se eu te recomendei permanecer em Éfeso, quando estava de viagem para a Macedônia, foi para admoestares alguns a não ensinarem outra doutrina, nem se ocuparem com fábulas e genealogias sem fim, as quais favorecem mais as discussões do que o desígnio de Deus, que se realiza na fé.” (1 Tm 1:3-4).

Na categoria de falsos doutores estão todos aqueles que ensinavam doutrinas contrárias aos ensinamentos de Jesus. A interpretação deles acerca do Evangelho era deturpada por crenças arraigadas, eis que eram os judeus convertidos ao Cristianismo que continuavam presos ao formalismo judaico, aos preceitos da lei.

Com efeito, havia tanta dificuldade em compreender que a mensagem de Jesus conclamava o Homem a renovação de suas concepções, crenças e hábitos, que os mesmos se opunham aos ensinamentos de Paulo.

Paulo libertara-se pelo conhecimento da verdade, despojando-se integralmente do Judaísmo legalista, que ele, um dia, esposara. Na sua missão de evangelizador, irá se deparar com muitas lutas para extirpar do Cristianismo os elementos que não lhe pertenciam, para preservar a nascente da fonte, a fim de que suas águas jorrassem cristalinas.

O que fazer quando a erva daninha cresce, senão arrancá-la energicamente para que as sementes valorosas germinem? Em toda parte existem os semeadores de cisão, operando a perturbação e a discórdia. Paulo fora constituído semeador e seus inúmeros colaboradores auxiliavam-no a zelar pela fonte, pela germinação, florescência, frutescência.

É neste sentido que Paulo delega a cada um de seus colaboradores, a função de preservar o Cristianismo nascente das influências dos que se achavam enclausurados na estreiteza de suas visões. Seus colaboradores trabalhavam lado a lado com ele, eram por ele orientados, acompanhavam seus inúmeros sofrimentos. Que permanecessem empenhados na mesma luta!

É neste sentido que hoje todos nós, sob as bênçãos da Doutrina Espírita, recebemos as mesmas exortações dos Bons Espíritos para prosseguirmos na revivência da Doutrina Crista em sua essência, despojado de todos os dogmas, falsas interpretações, rituais exteriores que desfiguraram o Cristianismo ao longo do tempo.

Vejamos as recomendações de Paulo:

“Rejeita, porém, as fábulas ímpias, coisas de pessoas caducas. Exercita-te na piedade.” (1 Tm 4:7).

“Evita controvérsias insensatas, genealogias, dissensões e debates sobre a Lei, porque para nada adiantam, e são fúteis.” (Tito 3:9).

A DOUTRINA DO AMOR E DA COMPAIXÃO

E destacando que a Doutrina de Jesus é a doutrina da compaixão, do amor, da fé, assinala:

“Quanta a ti, sê para os fiéis modelo na palavra, na conduta, na caridade, na fé, na pureza. Desvela-te por estas coisas, nelas persevera, a fim de que a todos seja manifesto o teu progresso. Vigia a ti mesmo e a doutrina. Persevera nestas disposições porque, assim fazendo, salvarás a ti mesmo e aos teus ouvintes.“ (1 Tm 4:12, 15-16).

Estas recomendações são fundamentais para os cristãos, pois todos somos instrumentos de evangelização pela influência que exercemos uns sobre os outros. O cristão é chamado a viver em conformidade com as lições do Mestre. E a excelência do Evangelho é divulgada pelos atos valorosos dos verdadeiros cristãos.

O apelo de Paulo é dirigido a Timóteo, a Tito, a cada um de nós.

Como assinala Emmanuel em “vinha de Luz”, lição 14: “Geralmente, o primeiro impulso dos que ingressam na fé constitui a preocupação de transformar compulsoriamente os outros”.

Nestas disposições, por vezes, a criatura tenta convencer o outro através de acaloradas discussões, condenando ideias alheias, criticando, sem respeitar o caminho de cada um.

Porém, o discípulo que se limita a teoria, exportando conceitos edificantes, descansando as margens do caminho, sem trabalho ativo no Bem, nem cuidara de si mesmo nem estará apto a edificar a fé nos corações alheios.

Recomendações Sobre a Mediunidade

“Não descuides do dom da graça que há em ti, que te foi conferido mediante profecia, junto com a imposição das mãos do presbítero.” (1 Tm 4:14).

No Cristianismo primitivo, a imposição de mãos, realizada pelos apóstolos e colaboradores, assinalava a adesão à fé em Jesus e favorecia o desabrochar das faculdades mediúnicas.

O dom da graça significa mediunidade. A recomendação de Paulo no tocante “a não descuidar” demonstra a necessidade de exercitar a mediunidade, pois toda faculdade da alma requer esforço e dedicação para se aprimorar e produzir bons frutos.

Assevera Emmanuel em “vinha de Luz”, lição 127: “O problema da mediunidade, principalmente, é dos mais ventilados, esquecendo-se, não raro, o impositivo essencial do serviço. É indispensável aplicar nobremente as bênçãos já recebidas, afim de que possamos solicitar concessões novas”.
“Não é razoável, porém, conferir instrumentos novos a mãos ociosas, que entregam enxadas À ferrugem”.
“Recorda, pois, meu amigo, que podes ser o instrumento do Mestre, em qualquer parte”.

Orientações para Organizar as Igrejas

Paulo instrui Timóteo e Tito quanto a organização das comunidades cristãs, para que cada membro desempenhasse a sua função de forma responsável e digna, e para que houvesse harmonia entre todos.

Nestas epístolas, embora Paulo tenha pedido que eles se estruturassem por funções religiosas, na organização das comunidades, a ênfase dada pelo apóstolo dos gentios era “na função” e não “na posição” que o cristão ocupava na comunidade.

Com o enfoque nas funções, Paulo assinalava as qualidades de que eles deveriam ser portadores: ser irrepreensível, fiel à esposa, sóbrio, cheio de bom senso, simples no vestir, hospitaleiro, competente no ensino, indulgente, pacífico, que soubessem governar bem as próprias Casas. (1 Tm 3:1-13; 5:17-25 e Tt 1:5-9).

Eram todos chamados a viver de acordo com a ética cristã.

Do conjunto de recomendações, queremos destacar:

“Pois se alguém não sabe governar bem a própria casa, como cuidará da Igreja de Deus?” (1 Tm 3:5).

É um apelo a viver em família como um cristão.

A família é escola de aprimoramento das almas. É campo abençoado em que a Misericórdia Divina reúne, no tempo e no espaço, corações entrelaçados por sentimentos de amor, ou por sentimentos de aversão, para a necessária transformação.

Se em nosso lar, onde se encontram os nossos grandes compromissos do coração, nós nos convertemos em espinheiros de irritação, de intolerância, de prepotência; se escasseiam os gestos de gentileza ou colaboração; se negligenciamos as necessidades afetivas daqueles que convivem conosco, como poderemos exemplificar na Seara do serviço cristão?

Cooperação e carinho em favor dos familiares representam realização essencial pelas possibilidades de trabalho iluminativo.

Há no entendimento de Paulo um estreito paralelo entre a família e a comunidade cristã. Ele utilizou muitas vezes a imagem da família como metáfora para designar os vínculos nas comunidades cristãs, onde o título de irmãos, face a paternidade de Deus, conclama a convivência pautada pelo respeito, amor, compaixão, compreensão.

Não só ele se dirige a Tito e a Timóteo como um pai, como recomenda a Timóteo, em sua 1ª epístola, que se houvesse necessidade de censurar alguém na comunidade, que ele o fizesse como a um membro da família: censurar um ancião como a um pai; aos jovens como a irmãos; as senhoras como a mães... (1 Tm 5:1-2).

Paulo recomenda honrar as viúvas, auxiliar as que não tinham família que pudesse auxiliá-las e que fossem dignas e verdadeiramente necessitadas.

Aborda a necessidade dos servos cumprirem seus deveres para com os seus senhores e incentiva os ricos a partilhar, para que se enriqueçam com boas obras.

Finaliza recapitulando suas principais recomendações:

“Timóteo, guarda o depósito, evita o palavreado vão e ímpio, e as contradições de uma falsa ciência, pois alguns, professando-a, se desviaram da fé.“(1 Tm 6:20-21).

“Todos os da nossa gente precisam aprender a praticar o que é bom, de sorte que se tornem aptos a atender às necessidades urgentes e, assim, não fiquem infrutíferos.” (Tito 3:9).

2ª. EPÍSTOLA A TIMÓTEO

Noticias da Espiritualidade

No livro “Paulo e Estevão”, capitulo X, 2ª parte, Emmanuel traz-nos informações sobre o momento histórico em que Paulo escreveu a 2ª epístola a Timóteo.

A carta foi escrita de Roma, pouco antes do seu martírio. Paulo encontrava-se preso novamente. Fora preso nas catacumbas com outros cristãos, após o incêndio de Roma, em 64 d.C. Através de Acácio Domício, Paulo consegue comparecer perante Nero para fazer sua defesa pessoal. Nero sentiu-se fortemente impressionado pelo discurso que Paulo fizera em favor dos cristãos, considerando-o extremamente perigoso.

Assim, embora lhe concedesse liberdade, deliberou, secretamente, que Paulo fosse morto. Ao sair da prisão, instalou-se no lar de Lino e Claudia. Paulo valeu-se da colaboração de Lucas para as cartas.

A 2ª epístola a Timóteo foi a última carta que escreveu. Estava tomado de emoções contraditórias, porque ao mesmo tempo em que sentia o término de sua missão na Terra, ele procurava combater estes presságios, pensando na continuação de seus esforços na evangelização.

CONTEÚDO

Nesta 2ª epístola, o teor das recomendações é o mesmo da 1ª epístola. O que difere é o forte colorido emocional que transparece em cada recomendação. Paulo sente que se aproxima o momento de sua morte: “Quanta a mim, já fui oferecido em libação, e chegou o tempo de minha partida.” (2 Tm 4:6).

Paulo estava prestes a partir. No entanto, a continuidade da missão a que ele se dedicara integralmente, a difusão do Evangelho de Jesus, prosseguiria através daqueles que com ele colaboraram.

Que mensagens derradeiras desejava ele confiar ao seu amado filho espiritual? O que um pai desejaria transmitir de mais caro ao seu filho?

A dedicação a Jesus, a perseverança, a fé, a resignação nos sofrimentos, a esperança. Paulo partiria. Timóteo permaneceria. Que permanecesse integro na fé e na caridade!

Em cada linha, uma orientação afetuosa, uma reminiscência de suas lutas, como se ele estivesse fazendo o inventario de sua vida e, ao mesmo tempo, deixando, em seus exemplos e exortações, um legado a Timóteo.

“O que de mim ouviste na presença de muitas testemunhas, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para ensiná-lo a outros. Procura apresentar-te a Deus como um homem provado, trabalhador que não tem de que se envergonhar, que dispensa com retidão a palavra da verdade.” (2 Tm 2:2 e 15).

Lendo esta Carta, que tem a tônica da despedida do grande apóstolo, pensamos: “Que exame de consciência efetuou o apóstolo, compreendendo um vasto período de tempo desde o dia em que Jesus o chamara na estrada de Damasco! Quantas lutas, quantas alegrias, quantos afetos, quantos perigos, quantos testemunhos no desdobramento de sua missão!”

Que lembranças, que imagens deveriam estar sendo evocadas, para que vitoriosamente ele pudesse dizer a Timóteo: “Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé!” (Tm 4:7).

Efetivamente, algumas semanas após a carta a Timóteo, Paulo sofre o martírio. Parte, vitorioso ao encontro de Jesus. O apóstolo soubera transpor o abismo que o separava do Cristo.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comentar: “Todos os de nossa gente precisam aprender a praticar o que é bom e, assim, não fiquem infrutíferos”.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

18ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Epístola Aos Efésios

INTRODUÇÃO

Paulo escreveu esta epístola na condição de prisioneiro e tudo indica que ele estava em Roma, entre o ano de 61 e 63 d.C.

A quem Paulo destina esta Carta? Hoje há muitas dúvidas se a carta foi dirigida aos cristãos de Éfeso, pois as palavras “em Éfeso” não estão presentes em alguns dos manuscritos que estão entre os considerados mais confiáveis. Era provavelmente uma carta destinada a circular entre as igrejas domésticas de Éfeso, seus arredores e, sobretudo, as comunidades do vale do Lico.

É uma notável síntese de Paulo sobre a condição de Jesus e a revelação do Amor como caminho de redenção para todos.

Quando Paulo escreveu aos Efésios, ele já não vivia para o Cristo, mas em Cristo. Isto explica toda a carta. Ele queria comunicar toda a extensão do entendimento que havia alcançado sobre o Cristianismo e despertar, nos corações dos cristãos, o mesmo amor, a mesma fé, a mesma esperança que sentia em seu coração.

CONTEÚDO

Os Desígnios Misericordiosos de Deus: a redenção

Paulo inicia louvando e agradecendo a Deus pela sua Misericórdia e Amor, pois Ele nos enviou Jesus para nos revelar a Lei do Amor e, através dela, ser propiciada a reconciliação de todos os Homens, pois que todos são filhos de Deus.

Nas mãos misericordiosas de Jesus repousam os destinos da Terra. Ele é o enviado de Deus, tanto para os judeus, que esperavam o cumprimento das profecias, como para os gentios, pois Deus não faz distinção entre as pessoas.

Paulo afirma que, em suas orações, roga a Deus por todos, para: “Que Ele ilumine os olhos dos vossos corações, para saberdes qual é a esperança que o seu chamado encerra, qual é a riqueza da glória da sua herança entre os santos e qual é a extraordinária grandeza do seu poder para nós, os que cremos, conforme a ação do seu poder eficaz.” (Ef 1:18-19).

Esta é a suplica que Paulo endereçava a Deus por todos os cristãos. Que bela esta metáfora acerca “dos olhos do coração”, para que o cristão possa iluminar a sua visão através do sentimento de fé.

A necessidade da renovação espiritual

No capitulo 2, Paulo assinala que a redenção é alcançada pela renovação espiritual. Muitos de nós, antes do conhecimento do Evangelho, agíamos de acordo com as nossas tendências inferiores, buscando a satisfação de nossos desejos, sintonizados com os Espíritos inferiores, e, assim, caminhávamos em desacordo com as Leis de Deus.

No entanto, Deus, em sua Misericórdia, pelo muito que nos ama, enviou-nos Jesus para que ele nos revelasse qual é a Lei Divina que nos propicia a libertação do mal, à medida que nos esforçamos para vivenciar o bem.

O Homem alcançará a vitória espiritual pela fé em Jesus, o que implica em aceitar o que ele nos ensinou e a seguir a sua exemplificação.

Portanto, a salvação não vem pelas “obras da lei”, pois estas obras dizem respeito a preceitos exteriores, que são ineficazes para transformar o Homem. A redenção vem pela prática das boas obras.

Em “O Livro dos Espíritos”, na questão 653, Kardec indaga:

P. “A adoração necessita de manifestações exteriores?”

R. “A verdadeira adoração é a do coração. Em todas as suas ações, pensai sempre que o Senhor vos observa.”

Desde que fomos criados por Deus, estamos destinados a viver a Lei do Amor, conforme a sua vontade.

“Pois somos criaturas dele, criados em Cristo Jesus para as boas obras que Deus já antes preparara para que nelas andássemos.” (Ef 2:10).

A reconciliação entre todos

“Ele é a nossa paz: de ambos os povos fez um só, tendo derrubado o muro da separação e suprimido em sua carne a inimizade - a Lei dos mandamentos expressa em preceitos - a fim de criar em si mesmo um só Homem Novo, estabelecendo a paz, e de reconciliar a ambos com Deus...” (Ef 2: 14-16).

Os judeus consideravam-se o povo eleito e acreditavam que as obras da lei tomava-os justos perante Deus. A aliança com Deus dava-se pela prática da circuncisão. Para eles, os gentios, como incircuncisos, estavam excluídos do plano da salvação. Mas, com Jesus, todos são chamados a viverem segundo a verdadeira Lei de Deus, diante da qual todos os atos de adoração exterior ficavam destituídos do sentido que lhes eram atribuídos. Jesus vem para edificar o homem novo, para reconciliar todos os povos, na medida em que revela que somos todos filhos de Deus.

Estas considerações, escritas há tanto tempo, infelizmente prosseguem como advertências nos dias de hoje, pois quantos religiosos continuam a preconizar que só a religião a que eles pertencem é o caminho para Deus.

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XV item 8, Kardec referiu-se ao dogma ‘fora da igreja não há salvação’, nos seguintes termos:

“É, portanto, exclusivista e absoluto. Em vez de unir os filhos de Deus, divide-os. Em vez de incitá-los ao amor fraterno, mantém e acaba por legitimar a animosidade entre os sectários dos diversos cultos. Esse dogma é, portanto, essencialmente contrário aos ensinamentos do Cristo e a lei evangélica.”

E contrapôs a esta máxima, aquela que indica o caminho da evolução espiritual: “Fora da caridade não há salvação”, lema este que é o titulo de uma mensagem trazida pelo Espírito Paulo, em 1860, em Paris, que consta no item 10 do mesmo capítulo acima citado.

No tocante a esta máxima, Kardec assevera:

“A máxima - Fora da caridade não há salvação - é a consequência do princípio de igualdade perante Deus e da liberdade de consciência. Tendo-se esta máxima por regra, todos os homens são irmãos e, seja qual for a sua maneira de adorar o Criador, eles se dão as mãos e oram uns pelos outros.”

A missão de Paulo

“Certamente sabeis da dispensação da graça de Deus que me foi dada a vosso respeito. Por revelação me foi dado a conhecer o mistério, como atrás vos expus sumariamente: lendo-me, podeis compreender a percepção que tenho do mistério de Cristo.” (Ef 3:2-4).

Tão elevada compreensão alcançou Paulo sobre a missão, as lições e o Amor incomensurável de Jesus que instaurou um novo tempo, um novo entendimento, uma nova revelação para todos, a fim de que edificassem uma Nova Humanidade.

Assim, ele orou a Deus, pedindo:

“... que Cristo habite pela fé em vossos corações e que sejais arraigados e fundados no amor. Assim tereis condições para compreender com todos os santos qual é a largura e o comprimento e a altura e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo que excede todo conhecimento, para que sejais plenificados com toda a plenitude de Deus.” (Ef3:17-19).

Viver nova vida em Cristo

“Exorto-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor a andardes de modo digno da vocação a que fostes chamados: com toda humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros, com amor procurando conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.” (Ef 4:1-3).

Esta exortação é um apelo à busca da coerência entre o saber e o fazer; um apelo a uma nova vida, de acordo com os preceitos de Jesus.

O que significa viver nova vida em Cristo?

Significa pensar, sentir, agir como cristão... e Paulo dedicar-se-á, nos capítulos 4, 5 e 6, a esclarecer quais são as atitudes compatíveis com os valores cristãos e como é possível vencer a luta interior.

O Homem deve progredir e o faz em contato com outros homens, pois as potencialidades que traz consigo, em gérmen, só podem encontrar campo adequado ao desenvolvimento quando vive em sociedade.

Como adquirir paciência, alcançar entendimento, exercitar o perdão e a tolerância, como aprender a amar senão no convívio com os semelhantes?

Os laços sociais são essenciais ao progresso moral. Para conviver em harmonia e estabelecer a paz é necessário abraçar o Evangelho e combater o egoísmo, a grande chaga da Humanidade, que dificulta tanto o nosso progresso individual quanto social.

Profundamente inspirado, Paulo destaca a necessidade de cultivarmos a humildade, para que reconheçamos a nossa real condição moral. Nesta perspectiva, podemos então exercitar a compreensão, pois reconhecemos que todos nós temos arestas a aparar e, assim, há que se ter paciência e tolerância. Nesta disposição interior, os conflitos dissipar-se-ão, pois a paz será o vinculo que nos une uns aos outros.

Os cristãos como membros de um mesmo corpo

Como alcançar a desejada harmonia nas relações humanas?

Paulo vislumbra o caminho, tomando o corpo humano como metáfora para situar os cristãos como membros de um corpo, cuja cabeça é Jesus.

Se o cristão perceber-se como um “membro do corpo de Cristo”, compreendera que Jesus é a “cabeça” e governa com amor e sabedoria, pois suas orientações fluem para que todos desenvolvam o amor, no espírito de serviço.

Quanto às funções, quem nos concede as possibilidades de serviço é Jesus. Cada um é chamado a servir onde pode produzir mais e melhor, visando ao aprimoramento espiritual.

“... seguindo a verdade em amor; cresceremos em tudo em direção daquele que é a Cabeça; Cristo...” (Ef 4:14).

Como remover o homem velho e ser um novo Ser?

Paulo convida-nos a abandonarmos velhos hábitos, como a mentira, a cólera, o furto, a maledicência, a amargura, a malícia, enfim, os atos contrários as Leis de Deus, e nos conclama a aquisição de novos hábitos: falar a verdade, trabalhar, partilhar com os necessitados, perdoar, falar construtivamente, ser misericordioso, compassivo, bondoso.

“... andai como filhos da luz, pois o fruto da luz consiste em toda a bondade, justiça e verdade!” (Ef 5:8-9).

Ainda no capitulo 5, a exemplo de outras epístolas, Paulo aborda a ética que deve iluminar as relações familiares: o respeito mútuo, a reciprocidade e o amor.

O combate espiritual

Na conclusão da Carta, Paulo fala do combate espiritual que o cristão trava no seu íntimo e da necessidade de se fortalecer no Senhor, relacionando todos os recursos defensivos que o Homem utiliza-se para enfrentar um combate e lhes atribuindo significado espiritual.

“Portanto, ponde-vos de pé e cingi os rins com a verdade e revesti-vos da couraça da justiça e calçai os pés com o zelo para propagar evangelho da paz, empunhando sempre o escudo da fé. E tomai o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus.” (Ef 6: 14-17).

Para enfrentar este combate é preciso vestir a “couraça da justiça”.

Figura esta utilizada por Paulo para representar a defesa de que podemos nos revestir, através da renovação mental, pela prática do Bem.

A ação do Bem, com a quebra voluntária de nossos sentimentos inferiores, produzem vigorosos fatores de transformação, renovando-nos a atmosfera espiritual. Os fluidos espirituais, que nos circundam, estão impregnados da qualidade de nossos pensamentos felizes ou infelizes, revelando a nossa posição íntima. É por esta emissão de forças mentais que atraímos ondas semelhantes as nossas. Se emitirmos bons pensamentos, atrairemos a influência dos Bons Espíritos.

Paulo fornece o roteiro de semelhante construção: abraçar a verdade (o Evangelho), exercitar a justiça, desenvolver a fé, ser instrumento de paz, propagar a Boa Nova pelo verbo e pela ação. E para perseverar neste roteiro de emancipação espiritual, há que orar e vigiar.

Finalizando, Paulo expressa o seu carinho pelos cristãos de todos os tempos, dizendo:

“Aos irmãos paz, amor e da parte de Deus, o Pai, e do nosso Senhor Jesus Cristo. A graça esteja com todos os que amam a nosso Senhor Jesus Cristo, com amor perene!” (Ef 6:23-24).

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente: “... revesti-vos da couraça da justiça e calçai os pés com o zelo para propagar evangelho da paz, empunhando sempre o escudo da fé...”

Bibliografia

A Bíblia de Jerusalém.
Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Ed FEESP.
Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed FEESP.
Aos Efésios - Lamartine Palhano Junior.
Xavier, Francisco C /Emmanuel - Paulo e Estevão.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

quinta-feira, 28 de agosto de 2025

18ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Epístolas Paulinas

Epístola Aos Romanos

INTRODUÇÃO

A Epístola aos Romanos foi escrita em Corinto por volta de 58 d.C. Esta carta irá exercer incalculável influência na estrutura da teologia das igrejas católica e protestante. Muitos artigos de fé destas religiões cristãs encontram sua fundamentação na interpretação do pensamento de Paulo exposto nesta epístola.

Notícias da Espiritualidade

Relata-nos Emmanuel em Paulo e Estevão cap. VII 2ª parte que Paulo em Corinto não falava em outra coisa senão do projeto de visitar Roma no intuito de auxiliar os cristãos ali existentes a estabelecerem instituições semelhantes às de Jerusalém, de Antioquia, de Corinto. Pensou então em preparar a sua chegada fazendo-a preceder de uma carta recapitulando a doutrina consoladora do Evangelho e nomeando com saudações afetuosas todos os irmãos do seu conhecimento.

CONTEÚDO

Paulo inicia a carta apresentando-se como apóstolo de Jesus, chamado para pregar o Evangelho a todos os gentios. Enaltecendo a fé dos romanos, destaca o seu vivo desejo de levar-lhes o Evangelho, pois ele se sente devedor “a gregos e a bárbaros, a sábios e a ignorantes”.

Tese central - A redenção de todos se dá pela fé em Jesus

Antes da revelação da Boa Nova, todos, judeus e gentios, caminhavam de forma contrária as Leis de Deus. Os gentios por não terem se interessado em conhecer as Leis Divinas, deixavam-se levar pelos valores do mundo, sem discernirem entre o bem e o mal.

Os judeus tinham o conhecimento das Leis de Deus, orgulhavam-se deste conhecimento, sentiam-se aptos a julgarem e a condenarem os outros; porém, fazendo as mesmas coisas que condenavam nos outros, acabavam por condenar a si mesmos.

Paulo, no capitulo 2, estabeleceu uma distinção entre a Lei Divina, o Decálogo, e a Lei Mosaica. As “obras da lei” decorriam da observância às prescrições exteriores dadas por Moises, prescrições estas que Paulo, em suas epístolas, constantemente se refere, como: a circuncisão, as regras de alimentação, a observância do sábado, os rituais de purificação.

Neste sentido, para os judeus, a circuncisão significava (e ainda significa) o selo da aliança com Deus. Mas, dirá Paulo, as obras da lei são apenas formalidades, que não conduzem ninguém a Deus. Há uma circuncisão na carne e ha uma circuncisão do coração. Os verdadeiros circuncidados são os do coração, os que vivem a prática do Bem. Portanto, tanto há verdadeiros circuncidados entre os judeus, como entre os gentios. Há transgressores tanto entre os judeus, como entre os gentios.

Papel da fé

Paulo conclui seu pensamento, afirmando: “Porquanto nos sustentamos que o homem é justificado pela fé, sem as obras da Lei.” (Rm 3:28). A partir deste enunciado, traz o exemplo de Abraão, aquele com quem Deus estabeleceu o Pacto da Aliança, através da circuncisão, para afirmar que a fé em Deus precedeu todas as obras de Abraão. “Abraão creu em Deus, e isto lhe foi levado em conta de justiça.” (Rm 4:3).

Assim, acontece o mesmo com aqueles que creem em Jesus. A fé em Jesus precede as obras do cristão. Paulo não se referia exclusivamente ao ato de crer, mas a fé ativa, aquela que impulsiona o Homem a viver conforme os ensinamentos de Jesus, em quem deposita a sua fé.

Qual é o papel da fé? Encontramos em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XIX, item 11, pelo Espírito protetor José: “A fé, para ser proveitosa, deve ser ativa; não pode adormecer. Mãe de todas as virtudes que conduzem a Deus deve velar atentamente pelo desenvolvimento das suas próprias filhas. A esperança e a caridade são uma consequência da fé. (...) Pois, se não tiverdes fé, que reconhecimento tereis e, por conseguinte, que amor?”

A reconciliação com Deus

A transgressão gera a desarmonia com as Leis de Deus. Mas, através de Jesus, a Misericórdia Divina derramou-se profusamente sobre os Homens, pois Jesus, ao introduzir no mundo o exemplo do verdadeiro Amor, traçou o caminho que reconcilia o homem com Deus: “o amor que cobre uma multidão de pecados”.

Libertação

“Assim também vós, considerai-vos mortos para o pecado e vivos para Deus em Cristo Jesus.” (Rm 6:11).

Paulo considera que quando transgredimos as Leis de Deus, ficamos escravos do “pecado”, ou seja, iludidos no erro e, então, ficamos submetidos às consequências dos atos contrários as Leis de Deus. O cristão é chamado a ser uma nova criatura, a se libertar do Mal pela prática do Bem: “... e, assim, livres do pecado, vos tornastes servos da justiça.” (Rm 6:18 ).

A luta interior

“Sabemos que a Lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido como escravo ao pecado. Realmente não consigo entender o que faço; pois não pratico o que quero, mas faço o que detesto.” (Rm 7:14-15).

“Verifico, pois, esta lei: quando eu quero fazer o bem, é o mal que se me apresenta.” (Rm 7:21).

A mais expressiva descrição sobre todos os sentimentos e lutas, que visitam os nossos corações quando sinceramente abraçamos o projeto de nossa renovação interior, está condensada nestes versículos de Paulo.

Nosso agir decorre de hábitos cristalizados que, na maioria das vezes, são inconscientes. Simplesmente reagimos às situações, conforme nossos condicionamentos. São as sombras de nossa inferioridade que nos impelem a agir desta ou daquela maneira (impulsos).

Como agir de conformidade com o que queremos? Agindo conscientemente, ou seja, sendo senhor de nossas ações, governando emoções, sentimentos e os impulsos que deles decorrem. Para tanto é necessário o autoconhecimento e exercitarmos o “Orai e vigiai”. Neste esforço, paulatinamente, vamos adquirindo novos hábitos, até que o Bem esteja definitivamente instalado em nós.

Os ensinamentos revelados por Jesus despertam-nos para a busca dos valores espirituais. A cerca disto, assevera Paulo: “Com efeito, os que vivem segundo a carne desejam as coisas da carne, e os que vivem segundo o espírito, as coisas que são do espírito.” (Rm 8:5).

Viver segundo a carne é deixar-se conduzir pelo fascínio que a matéria exerce, ser governado pelos desejos e impulsos inferiores, é viver somente a vida material, concentrar suas aspirações nos bens da Terra.

No entanto, aquele que vive segundo as leis sublimes do espírito, assinala Emmanuel, em ‘Pão Nosso’, lição 82: “... respira em esfera diferente do próprio campo material em que ainda pousa os pés. Avançada compreensão assinala-lhe a posição íntima. Vale-se do dia qual aprendiz aplicado que estima na permanência sobre a Terra valioso tempo de aprendizado que não deve menosprezar.”

Contudo, todos, tanto os que já despertaram espiritualmente, como aqueles, que ainda permanecem adormecidos, todos alcançaremos, em nossa trajetória evolutiva, a condição da perfeição relativa. Paulo destaca: “E se somos filhos, somos também herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo...” (Rm 8:17).

A visão de Paulo sobre Israel

Do capitulo 9° ao 11°, o apóstolo aborda a questão da posição dos judeus face ao Evangelho e enfatiza a Misericórdia de Deus para com todos.

Os judeus mantinham-se obstinados em não aceitar Jesus como enviado de Deus, não obstante o patrimônio de fé, as profecias, a promessa, o exemplo de fé dos patriarcas.

“Desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a própria, não se sujeitaram a justiça de Deus. Porque a finalidade da Lei é Cristo para a justificação de todo aquele que crê.” (Rm 10:3-4).

A posição dos judeus em relação a Jesus entristecia profundamente o coração de Paulo e ele assim se expressa: “Irmãos, o desejo de meu coração e a prece que faço a Deus em favor deles é que sejam salvos. Porque, eu lhes rendo testemunho de que têm zelo por Deus, mas não é zelo esclarecido.” (Rm 10:1-2).

Eles ouviram os ensinamentos de Jesus, mas não os acolheram porque seus corações estavam endurecidos; a fé que eles tinham era uma fé caracterizada pela intransigência, pela rigidez, que os impedia de ouvir novos ensinamentos.
O que acontecera com aqueles que não acolheram Jesus? Todos despertarão, todos compreenderão no exercício do Amor o caminho traçado por Jesus, pois a Misericórdia de Deus abrange todos os seus filhos e o Pai a todos destinou para o Amor.

As lições de Jesus na prática: renovação, libertação e progresso espiritual

“E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando a vossa mente, a fim de poderes discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, agradável e perfeito.”

“(...) eu peço a cada um de vós que não tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que convém, mas uma justa estima, ditada pela sabedoria, de acordo com a medida da fé que Deus dispensou a cada um.” (Rm 12:2-3).

Eis um convite à vivência da humildade. Em geral, ou superestimamos as nossas supostas qualidades e nos inflamos de orgulho e vaidade, ou nos sentimos inferiorizados, concentrando-nos nas nossas dificuldades e imperfeições. Em ambos os casos, o autoconceito não traduz a realidade, pois que todos nós temos qualidades já adquiridas e virtudes por adquirir.

A humildade auxilia-nos a colocarmos as qualidades já adquiridas a serviço do Bem, e a não vermos nelas motivo de nos vangloriarmos ou motivo para pleitearmos posições de destaque na Seara de Jesus. É ainda a humildade que nos ajuda a reconhecer o quanto temos a vencer.

Que cada um assuma o posto de serviço para o qual foi chamado por Jesus e realize a sua tarefa com amor, cooperando com todos.

“Que vosso amor seja sem hipocrisia, detestando o mal e apegados ao bem; com amor fraterno, tendo carinho uns para com os outros, cada um considerando o outro como mais digno de estima.” (Rm 12:9-10).

No final do 12° capitulo, Paulo aborda uma lição fundamental: Como agir perante o mal que nos alcança?

“Abençoai os que vos perseguem; abençoai e não amaldiçoeis. (...) A ninguém pagueis o mal com o mal! (...) Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.” (Rm 12: 14,17 e 21).

Em geral, o Homem reage pelos mesmos padrões. No entanto, o cristão recebeu de Jesus lições diferentes neste sentido: não retribuir o mal com o mal. E isto porque enfrentar o mal com armas semelhantes é intensificar o mal, acarretando consequências imprevisíveis e dolorosas.

A indulgência auxilia-nos a compreender que todos nós, pelas sombras que há em nossos corações, estamos suscetíveis de ferir os nossos semelhantes de múltiplas formas.

Se formos indulgentes, passaremos a considerar qualquer ofensor como um irmão, temporariamente em desequilíbrio, atravessando a chamada nuvem do momento infeliz; passaremos a exercer a compaixão diante daquele que conscientemente pratica o mal, eis que aquele que semeia o mal terá que recolher os espinhos.

No entanto, a recomendação de Jesus, reiterada por Paulo, vai além: fazer o bem a quem nos faz o mal. Assim, o esquecimento do mal é o primeiro passo. O segundo passo consiste em fazer o bem a quem nos faz o mal.

O primeiro liberta-nos das consequências negativas do mal que abrigamos em nós pelo rancor, pela mágoa, pelo ressentimento. O segundo ilumina o coração e faz germinar a semente do amor incondicional.

“A caridade não pratica o mal contra o próximo. Portanto, a caridade é a plenitude da Lei.” (Rm 13:10).

Cuidado com os falsos ensinamentos

Nos capítulos 14 e 15, Paulo faz uma reflexão sobre a alimentação, que era um traço distintivo do povo judeu e um dos preceitos da lei. Isto acarretava conflitos nas comunidades cristãs formadas por judeus e gentios, pois os judeus queriam impor aos gentios a observância dessa lei. Vejamos as suas considerações a respeito do assunto:

“Eu sei e estou convencido no Senhor Jesus que nada é impuro em si. (...) o Reino de Deus não consiste em comida e bebida, mas é justiça, paz e alegria no Espírito Santo. (...) não destruas a obra de Deus por uma questão de comida”. (Rm 14:14, 17 e 20).

Faz então um apelo, a exemplo de todas as outras epístolas, em relação aos que ensinavam uma falsa doutrina. “Rogo-vos, entretanto, irmãos, que estejais alerta contra os provocadores de dissensões e escândalos contrários aos ensinamentos que recebestes. Evitai-os”. (Rm 16:17).

Epílogo

Paulo reafirma sua condição de apostolo dos gentios, fala de seu projeto de ir a Roma e a Espanha e saúda a todos. Paulo irá a Roma, com certeza, mas como prisioneiro por amor ao Cristo.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente: “A caridade não pratica o mal contra o próximo. Portanto, a caridade é a plenitude da Lei”.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

quinta-feira, 21 de agosto de 2025

17ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

2ª Epístola Aos Coríntios

CONTEXTO HISTÓRICO

Quando escreveu a 1ª carta aos Coríntios de Éfeso, Paulo pretendia voltar a Corinto e depois visitar a Macedônia. Neste meio tempo, enviou Timóteo para visitá-los (1º Cor 16:10-11; At 19:22). Timóteo descobriu que a igreja sofria forte influência de pessoas que se opunham a Paulo, semeando confusão entre eles.

Parece então ter ocorrido um incidente em que Paulo ou um de seus representantes foi ofendido por um membro da igreja. Paulo decide não fazer uma visita “na tristeza” e envia seu colaborador Tito, com uma “Carta escrita entre lágrimas”, contendo censuras e advertências. Essa carta também foi perdida, embora alguns estudiosos a identifiquem com os capítulos 10, 11, 12, 13 da 2ª carta aos Coríntios.

Após encontrar Tito na Macedônia e receber a noticia dos efeitos benéficos que a carta “escrita entre lágrimas” havia produzido no coração da maioria dos coríntios, Paulo escreve, então, a epístola que conhecemos como sendo a 2ª, antecedendo a sua ida a Corinto.

Esta carta é escrita da Macedônia, por volta de 58 d.C., e contém a apologia mais contundente de sua autoridade apostólica. Paulo expressa todos os seus sentimentos em relação a eles: a indignação, a tristeza, o amor, a ternura, o devotamento.

CONTEÚDO

Introdução da carta

Paulo inicia destacando a Misericórdia de Deus: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de toda consolação” (2 Cor 1:3).

A Misericórdia de Deus está sempre presente, e a fé nesta Misericórdia mostra-se sobremaneira quando o momento é de tribulação, propiciando consolação. Refere-se então aos sofrimentos que atravessou em Éfeso, tão intensos que ele havia perdido a esperança de sobreviver. Só em Deus, ele podia guardar qualquer esperança e a Providência Divina libertou-o da morte.

A mudança de planos

Paulo explica porque modificou seus planos de viagem: “... foi para vos poupar que eu não voltei a Corinto. Não tencionamos dominar a vossa fé, mas colaboramos para que tenhais alegria...” (2 Cor 1:23).

Refere-se ao episódio no qual ele havia sido ofendido, convidando os coríntios a perdoarem tal como ele perdoara.

Quanto à carta, levada por Tito, não foi escrita para lhes causar tristeza, mas “... para que conheçais o amor transbordante que tenho para convosco”. (2 Cor 2:4).

Ofensas não perdoadas, bem o sabemos, propiciam o assédio dos Espíritos inferiores, cujo intuito é promover a desunião, a animosidade e a discórdia.

Paulo afirma a sua condição missionária

“Graças sejam dadas a Deus, que por Cristo nos carrega sempre em seu triunfo e, por nós, expande em toda parte o perfume de seu conhecimento.” (2 Cor 2:14).

Paulo não era como muitos que falsificavam a palavra de Deus. E declara que os coríntios eram testemunhas de que ele era um enviado de Deus. Precisaria ele de uma Carta de recomendação?

“Nossa carta sois vós, carta escrita em vossos corações, reconhecida e lida por todos os homens. Evidentemente, sóis uma Carta de Cristo, entregue ao nosso ministério, escrita não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, nos corações.” (2 Cor 3:2-3).

Que bela declaração! Sim, pois ele havia sido o portador da Boa Nova aos coríntios. As sementes que ele plantara nos corações dos coríntios germinaram, dando flores de amor e caridade, que atestavam a excelência das sementes (que provém de Deus) e os cuidados do semeador em plantá-las, tal qual as recebeu de Jesus.

Paulo era o exemplo Vivo do Bem, constituído semeador por Jesus, e por esta investidura haveria de aceitar todos os sacrifícios e sofrimentos inerentes à tarefa de semear a luz num mundo onde as sombras dominavam. Colocava-se na condição de instrumento, pois não atribuía a si mesmo a capacidade para desenvolver a sua tarefa: “Mas é de Deus que vem a nossa capacidade.” (2 Cor 3:3).

Tudo provém de Deus: a força, a esperança, a coragem, a fé, o amor.

A nova aliança

Paulo fora constituído instrumento de uma aliança nova. A antiga era passageira. A nova é para sempre e foi instituída entre Deus e os homens, através de Jesus. Os judeus convertidos ao Cristianismo, mas que prosseguiam de visão obscurecida arraigados ao Antigo Testamento, eram prisioneiros da letra: “... a letra mata, mas o Espírito comunica a vida.” (2 Cor 3:6).

O apego à letra conduz a falsas interpretações, ao passo que a interpretação racional, com uso do bom senso, traduz a essência espiritual da mensagem.

Aqueles que tinham a visão obscurecida colocavam-se contra Paulo, ensinando segundo uma interpretação que acomodava e justificava velhas crenças, concepções, como se fossem essenciais à salvação das criaturas.

“Não proclamamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, Senhor.” (2 Cor 4:5).

“Trazemos, porém, este tesouro em vasos de argila, para que este incomparável poder seja de Deus e não de nós. Somos atribulados por todos os lados, mas não esmagados; postos em extrema dificuldade, mas não vencidos pelos impasses; perseguidos, mas não abandonados; prostrados por terra, mas não aniquilados.” (2 Cor 4:7- 9).

Poderiam os adversários impor-lhe múltiplos sofrimentos e dificuldades, mas não poderiam aniquilar a coragem, o ideal de servir, a fé e o amor a Jesus.

“Por isso não nos deixamos abater. Pelo contrário, embora em nós o homem exterior vá caminhando para a sua ruína, o homem interior se renova dia a dia.” (2 Cor 4:16).

Quando encarnados, dia após dia, o corpo material vai se desgastando. Contudo, a cada dia renovam-se as oportunidades de modificar sentimentos, valores, pensamentos, atitudes. O que nos está reservado para além da morte? A vida espiritual, que será tanto mais plena, quanto mais valores espirituais tivermos conquistado.

“Pois nossas tribulações momentâneas são leves em relação ao peso eterno de glória que elas nos preparam até o excesso.” (2 Cor 4:17).

A edificação do homem novo

“Se alguém está em Cristo, é nova criatura.” (2 Cor 5:17).

“... reconciliai-vos com Deus.” (2 Cor 5:20).

“... não recebais à graça de Deus em vão.” (2 Cor 6:1).

Se aceitarmos os ensinamentos do Evangelho, devemos esforçarmo-nos para vivenciá-los, pois não é possível o exercício da caridade se não lutarmos contra a indiferença ante a dor dos semelhantes, não é possível seguir Jesus com os pés chumbados ao solo do nosso egoísmo. “Que afinidade pode haver entre a justiça e a impiedade? Que comunhão pode haver entre a luz e as trevas? (2 Cor 6:14).

Assinala Emmanuel em “Caminho, Verdade e Vida”, lição 7: “É contrassenso valer-se do nome de Jesus para tentar a continuação de antigos erros”. Reconciliarmo-nos com Deus implica em viver em harmonia com as suas Leis. Que o nosso conhecimento não seja infrutífero, pois muito será pedido a quem muito foi dado.

Paulo recomenda-nos a não adiarmos a tarefa de nossa renovação “Eis agora o tempo favorável por excelência. Eis agora o dia da salvação.” (2 Cor 6:2).

Sem dúvida, o caminho é longo, mas é preciso dar o primeiro passo. Hoje é a oportunidade, o presente de Deus. Amanhã, a oportunidade de hoje, não aproveitada, é passado. Hoje é tempo de semear. Amanha é tempo de colher.

A coleta em favor da Casa do Caminho

No capitulo 8, Paulo faz um apelo à participação dos coríntios, em favor de Jerusalém. Destacamos as seguintes considerações:

“Quando existe a boa vontade, somos bem aceitos com os recursos que temos; pouco importa o que não temos. Não desejamos que o alívio dos outros seja para vós causa de aflição, mas que haja igualdade. No presente momento, o que para vós sobeja suprirá a carência deles, afim de que o supérfluo deles venha um dia a suprir a vossa carência.” (2 Cor 8:12-14).

Que sábias considerações sobre a generosidade - a faculdade de dar a quem necessita! Para ser generoso não é necessário ter haveres em abundancia. A generosidade é o ato de dar com boa vontade, de acordo com os recursos que se tem.

Hoje, aquele que tem mais, pode auxiliar aquele que tem menos, de forma que ambos possam ter o necessário. O que importa não é se dispomos de muito ou pouco para dar, mas como nos dispomos a dar o que temos.

Paulo fala de sua condição de Apóstolo (a apologia de Paulo)

Nos capítulos 10, 11, 12, 13, Paulo faz apologia de si mesmo, agindo, como ele mesmo diz, como insensato, para rebater as críticas que os seus opositores em Corinto faziam-lhe, reafirmando sua condição de apóstolo. Seus opositores diziam que ele era severo e enérgico por cartas, mas era fraco e sua linguagem desprezível quando estava presente. Contestavam sua autoridade apostólica, sua condição, o seu saber, a sua pregação.

“Todavia, julgo não ser inferior em coisa alguma, a esses “eminentes apóstolos”. Ainda que eu seja imperito no falar não o sou no saber.” (2 Cor 11:5-6).

“São ministros de Cristo? Também eu. Como insensato, digo: muito mais eu.” (2 Cor 11:23).

E Paulo passa a falar dos inúmeros sofrimentos que vivera por amor ao Cristo: prisões, açoites, vigílias, fadigas, fome, perigos de toda sorte, apedrejamento, perseguições...

“É preciso gloriar-se? Por certo, não convém. Todavia mencionarei as visões e revelações do Senhor.” (2 Cor 12: 1).

Paulo afirma que foi arrebatado ao “3º céu” e ouviu palavras inefáveis. Em “Paulo e Estevão”, cap. III, 2ª parte, Emmanuel narra que Paulo, após o encontro doloroso que tivera com o pai em Tarso, orou pedindo a Jesus que o socorresse. Sentiu-se transportado a uma região de indizível beleza, quando vê Estevão e Abigail indo ao seu encontro. Era o socorro que Jesus lhe enviava. Abigail traça um programa para o desempenho de sua missão no mundo, que consistia em: amar, trabalhar, perdoar, esperar.

Em nota de rodapé, Emmanuel afirma: “Dessa gloriosa experiência, o Apóstolo dos gentios extraiu novas conclusões sobre suas ideias notáveis, referentemente ao corpo espiritual”.

Paulo termina o 12º capítulo reafirmando que falou como insensato, constrangido a declarar sua condição, ainda que convicto de que nada significava. Pois o verdadeiro título que o cristão deve aspirar é o de servo de Jesus.

Exortação final

“Examinai-vos a vós mesmos e vede se estais na fé provai-vos”. (2 Cor 13:5)

Esta exortação é endereçada a todos os cristãos, pois é preciso efetuar um rigoroso exame de nossos atos, sentimentos e pensamentos para verificarmos se estamos vivendo de acordo com os princípios que abraçamos, qual o papel que a fé desempenha em nossas vidas e se somos meros ouvintes ou se já praticamos o Evangelho.

QUESTÃO REFLEXIVA

Comente: “Assim é que, se alguém está em Cristo, nova criatura é”.

Bibliografia

A Bíblia de Jerusalém.
Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed FEESP.
Miranda ,Hermínio – Cristianismo: a mensagem esquecida.
Xavier, Francisco C /Emmanuel - Paulo e Estevão.
Xavier, Francisco C /Emmanuel - Fonte Viva.
Xavier, Francisco C /Emmanuel – Caminho, Verdade e Vida.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.