CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

terça-feira, 29 de abril de 2025

7ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Perdão Das Ofensas

CORREÇÃO FRATERNA

“Se o teu irmão pecar vai corrigi-lo a sós. Se ele te ouvir ganhaste o teu irmão. Se não te ouvir, porém, toma contigo mais uma ou duas pessoas, para que toda questão seja decida pela palavra de duas ou três testemunhas.” (Mt 18:15-16).

A moderação, a discrição, a sensatez devem sempre ser à base de nossas ações.

Muitas vezes, convivendo com nossos semelhantes, momentos há em que vemos alguém agir de forma dura, egoística, agressiva.

Nessas circunstancias, se o momento for oportuno, e estivermos tocados de compaixão pelo nosso semelhante, e, então, despertar em nós um impulso de aconselhá-lo, evidenciando um erro, apenas poderemos fazê-lo, como ensinou Jesus, com discrição e cautela. Isso porque todo escândalo deve ser evitado.

Quando falamos em observar as ações de nosso semelhante, poderia, em uma primeira impressão, aparentar que estaríamos fazendo um julgamento. E certo é que nunca devemos julgar ninguém.

Mas o ato de julgar que é condenável é aquele em que nós fazemos um juízo de condenação de nosso semelhante, faltando, assim, com a caridade. Esse julgar é sim reprovável, pois nós não temos condição alguma de, nesse sentido, julgar nosso semelhante, pois apenas a Deus, que sabe a intenção de cada ação, cabe a analise da ação de cada Ser.

Existe, porém, o ato de discernir, ou seja, de analisar e distinguir, diferenciar uma coisa de outra. Quando, então, avaliamos e ponderamos sobre um certo fato, podemos, pela razão, situá-lo dentro de um sistema de valores. Podemos, assim, pelo sentimento amoroso e, especialmente, pela lógica e pela razão, segundo nossa capacidade de entendimento, afirmar se tal ato representa o bem ou mal, se a conduta é virtuosa ou não.

Usando essa nossa faculdade, poderemos atuar positivamente no mundo, ensinando, exemplificando, corrigindo... Mas, corrigindo fraternalmente.

Isso implica em uma ação suave, respeitosa, afável, nunca constrangendo alguém, mas sempre agindo de forma a acolher e ensinar amorosamente, agindo com caridade, cujo sentido, podemos encontrar na resposta a questão 886 de “O Livros dos Espíritos”:

“Benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições alheias, perdão das ofensas.”

PERDÃO DAS OFENSAS

“Então Pedro chegando-se a ele, perguntou-lhe: ‘Senhor quantas vezes devo perdoar ao irmão que pecar contra mim? Até sete vezes? ’. Jesus respondeu-lhe: ‘Não te digo até sete, mas até setenta vezes sete vezes.’.” (Mt 18:21-22).

Nesta passagem, Jesus diz quantas vezes devemos perdoar nosso próximo.

Haveria então certa quantidade limite de vezes que deveríamos perdoar nosso próximo? E depois, estaríamos dispensados de perdoar?

Obviamente que não.

É que o número sete, como se sabe, tinha para os judeus um significado cabalístico e simbólico que representava o infinito. Em outras palavras, temos então: perdoar todas às vezes, tantas vezes quantas forem as agressões. Esse ideal cristão é o grande objetivo a ser alcançado, a ser trilhado passo a passo, eis que é uma grande conquista.

Para muitos de nós, os impulsos mais espontâneos são de ataque, de repelir a agressão, de revanche, de condenação, de ressentimento, de mágoa, etc...

Avançar e evoluir é preciso!

Esse avanço é proporcional aos nossos esforços em estudar e vivenciar o Evangelho e a Doutrina Espírita.

Pelo estudo, compreendemos uma série de circunstancias da vida e do mundo que antes nem desconfiávamos.

“Descobrimos que cada ser só pode agir de acordo com o seu entendimento, e seria, pois, falta de caridade desejar que ele fosse mais do que realmente é”.

Descobrimos ainda que nossos atos são valorosos quando agimos virtuosamente, e que todo ato de desamor será uma semente plantada que gerará uma colheita obrigatória e proporcional ao mal praticado.

Estudando a Doutrina, aprendemos a compreender e ter compaixão pelo nosso semelhante, não por obrigação, por medo de punição, mas pela razão, e também pelo sentimento do coração.

As mensagens de Jesus despertam-nos para a vida, despertam-nos para o desenvolvimento de nossas potencialidades.

Aquele que aprendeu a perdoar descobriu que essa é a única atitude que nos liberta e nos traz paz verdadeira. O exercício constante do perdão vai elevando-nos a níveis cada vez mais sublimes de consciência.

Portanto, mesmo diante de ofensas físicas e morais é possível ficarmos inabaláveis na fé, intocáveis em nossa integridade moral, inalcançáveis pelas ofensas inferiores... Ficamos invulneráveis. Que possamos sempre exercer o perdão e experimentar tais estados sublimes de consciência.

PARÁBOLA DO DEVEDOR IMPLACÁVEL

“Eis porque o Reino dos Céus é semelhante a um rei que resolveu acertar contas com os seus servos. Ao começar o acerto, trouxeram-lhe um que devia dez mil talentos. Não tendo este com que pagar o senhor ordenou que o vendessem juntamente com a mulher e com os filhos e todos os seus bens, para o pagamento da dívida. O servo, porém, caiu aos seus pés e, prostrado, suplicava-lhe: ‘Dá-me um prazo e eu te pagarei tudo.’ Diante disso, o senhor compadecendo-se do servo, soltou-o e perdoou-lhe a divida. Mas, quando saiu dali, esse servo encontrou um dos seus companheiros de servidão, que lhe devia cem denários e, agarrando-o pelo pescoço, pôs-se a sufocá-lo e a insistir: ‘Paga-me o que me deves.’ O companheiro, caindo a seus pés, rogava-lhe: ‘Dá-me um prazo e eu te pagarei. ’Mas ele não quis ouvi-lo; antes, retirou-se e mandou lançá-lo na prisão até que pagasse o que devia. Vendo os companheiros de serviço o que acontecera, ficaram muitos penalizados e, procurando o senhor; contaram-lhe todo o acontecido. Então o senhor mandou chamar aquele servo e lhe disse: ‘Servo mau, eu te perdoei toda tua dívida, porque me rogaste. Não devias, também tu, ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti? ’Assim, encolerizado, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que pagasse toda a sua dívida. Eis como meu Pai celeste agirá convosco, se cada um de vos não perdoar de coração, ao seu irmão.” (Mt 18:23-35).

O que faz com que o Homem sempre use um juízo mais duro contra os outros do que contra si mesmo?

O que faz com que ele deseje ser tratado com piedade e misericórdia, se ele próprio não usa da compaixão para com seu semelhante?

A “cegueira” é a resposta.

Quanto mais próximo do primitivismo, da ignorância, menos o indivíduo é capaz de ver e compreender as circunstâncias. Quanto mais avança em estudo e aprendizado, mais se toma capaz de olhar para o mundo e para as pessoas com uma visão mais abrangente, mais coerente, mais sábia.

Na parábola acima transcrita, vemos que o servo que havia sido perdoado pelo seu senhor, não foi capaz, ele próprio, de perdoar aquele que lhe devia, assim, recebeu a punição de seu senhor.

Quando refletimos sobre essa parábola, podemos perguntar-nos: Será que todas as vezes que pedimos e ansiamos por perdão... Será que nós também perdoaríamos nosso semelhante pelos mesmos motivos? Será que pelas mesmas falhas que cometemos diariamente nós somos complacentes quando nosso próximo também as comete?

Esses questionamentos devem sempre ser objeto de nossas reflexões, pois não há crescimento sem autoconhecimento, não há crescimento sem esforço para renovar as próprias condutas.

Sendo certo que pode haver mérito pelas nossas ações, tanto maior será o mérito quando agirmos baseados no Bem.

Esse mérito que conquistamos é exatamente o que nos legitima a também pedir perdão e, especialmente, a merecer o perdão para nós mesmos. Precisamos fazer por merecer!

Joanna de Angelis, na obra “Libertação pelo Amor”, lição 20, inspira-nos: “A saúde integral resulta de inúmeros fatores entre os quais a dádiva da compaixão. Disputa a honra de ser aquele que concede a paz, distendendo a mão de benevolência em solidariedade paternal ao agressor".

QUESTÃO REFLEXIVA

Comente a importância do perdão em nossa vida.

Bibliografia
- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Franco, Divaldo/Joanna de Angelis - Libertação pelo Amor.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

quinta-feira, 24 de abril de 2025

7ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Ensinamentos de Jesus Sobre a Fraternidade

Discurso Sobre a Fraternidade

O MAIOR NO REINO DOS CÉUS

“Nessa ocasião, os discípulos aproximaram-se de Jesus e lhe perguntaram: ‘Quem é o maior no Reino dos Céus?’ Ele chamou perto de si uma criança, colocou-a no meio deles e disse: ‘Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como as crianças, de modo algum entrareis no Reino dos Céus. Aquele, portanto, que se tomar pequenino como esta criança, esse é o maior no Reino dos Céus.’.” (Mt 18:1-4).

As lições de Jesus, em relação aos ensinamentos morais, representam uma sabedoria tão sublime que muitos ainda não conseguem compreender.

Em nosso mundo, as pessoas, em sua maioria, estão sempre disputando por poder, por fama, por serem reconhecidas como as melhores. Há um verdadeiro fascínio pelas coisas externas, pelas aparências, pelo desejo de ser o maior, de estar em evidência.

Essa tendência, de certa forma, podemos dizer que seja natural para todos aqueles que ainda não ouviram o Evangelho, a Boa Nova, pois, neste caso, ainda estão presas aos paradigmas, aos valores mundanos. Presas porque só a verdade é libertadora. Disse Jesus: “... conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. (Jo 8:32).

Há, pois, um momento na vida de todas as pessoas, em que se busca um caminho diferente, busca-se um ensinamento de sabedoria, de religiosidade. E, podemos dizer que esse momento, é apenas um início de uma longa caminhada.

Ressaltamos que é um início, pois, como vemos, mesmo dentre aqueles que buscam seguir uma religião, seguir uma vida baseados em princípios de sabedoria e religiosidade, muitos ainda não se desprenderam totalmente dos valores do mundo.

Quantos não foram aqueles que, dizendo-se cristãos, deturparam as mensagens de Jesus, adaptaram-na para servir interesses próprios, para atender caprichos e conveniências de épocas? Quantos não foram aqueles que buscaram a glória do mundo, que disputaram por cargos e funções de relevância, disputaram por reconhecimento público, disputaram por excesso de bens materiais apenas para si?

Nada, bem sabemos, poderia estar mais distante das sublimes lições do Mestre Jesus.

Refletindo sobre esse panorama, entendemos o quão demorado é quebrarmos as nossas antigas crenças e valores, o quão demorado é realmente despertarmos para o significado real do Evangelho. É, às vezes, como um processo de desconstrução, pedra a pedra, ou, se preferirmos, de dilapidação. E bem sabemos o quão trabalhoso é para se dilapidar um diamante.

Então, é preciso esforço e constante vigilância para vencermos as tendências naturais.

Essa tendência natural consiste, muitas vezes, no fato de alguém se achar melhor do que realmente é. Os Homens, então, quando se auto avaliam acreditam ser mais importantes, mais sábios, mais justos, mais humildes do que realmente são.

Havendo essa convicção, essa crença, constata-se que muito há que se aprender sobre as lições do Cristo, porque a pessoa verdadeiramente humilde não ressalta as próprias qualidades, não se vangloria das próprias virtudes.

Jesus traz-nos esse ensinamento usando a imagem da criança: “... se não vos converterdes e não vos tornardes como as crianças, de modo algum entrareis no Reino dos Céus.”

Então precisamos ser como as crianças? O que significa ser como as crianças?

É que a infância pode ser considerada como um símbolo de pureza e simplicidade. Vejamos: Como agem as crianças? E como elas reagem as mais diversas situações?

As crianças, quando ainda bem pequenas, são sinceras, espontâneas e não ocultam suas emoções como os adultos que, ao contrário, nem sempre costumam dizer a verdade; os adultos costumam falar uma coisa mesmo estando pensando em outra.

As crianças são simples; estão quase sempre sorrindo e felizes a maior parte do tempo. As crianças brincam, sorriem, correm, gritam, e são felizes com muito pouco, com muita simplicidade.

E as crianças ao se relacionarem com outras crianças?

Por acaso, elas se importam se a outra criança é rica ou pobre, se tem beleza física ou não, se é de uma raça ou de outra, se está bem vestida ou não?

Obviamente que não. Se, por exemplo, colocarmos algumas crianças, das mais diversas origens e situações sociais, numa mesma sala e as deixarmos, em poucos segundos estarão totalmente integradas e interagindo.

Os adultos, em sua maioria, ao contrário, quase sempre conseguem encontrar alguma dificuldade em aceitar as circunstâncias, aceitar seu semelhante, seja por motivos de origem, classe social, etc...

O adulto é capaz de conceber um sem número de motivos para se queixar.

Onde está a simplicidade?

Vemos, dessa forma, pelo exemplo das crianças, que é muito mais fácil alcançar a felicidade se nos tornarmos mais puros, mais simples.

É o caminho ensinado e exemplificado por Jesus, para alcançarmos o “Reino dos Céus”.

O ESCÂNDALO

“E aquele que receber uma criança como esta por causa do meu nome, recebe a mim. Caso alguém escandalize um destes pequeninos que creem em mim, melhor seria que lhe pendurassem ao pescoço uma pesada mó e fosse precipitado nas profundezas do mar. Ai do mundo por causa dos escândalos! É necessário que haja escândalos, mas ai do homem pelo qual o escândalo vem! Se tua mão ou teu pé te escandalizam, corta-os e atira-os para longe de ti. Melhor é que entres mutilado ou manco para a vida do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres atirado no fogo eterno. E se teu olho te escandaliza, arranca-o e atira-o para longe de ti. Melhor é que entres com um olho só para a vida do que, tendo dois olhos, seres atirado na geena de fogo.” (Mt 18:5-9)

Muitas das lições de Jesus, baseadas em fortes simbolismos, exigem uma reflexão serena para alcançarmos o verdadeiro significado, eis que se tomarmos ao pé da letra, chegaríamos a verdadeiros absurdos.

Essas figuras enérgicas eram necessárias à época em que Jesus ensinava, eis que era a linguagem que eles, os hebreus, estavam acostumados, pois se assemelhava, neste ponto, a fala de Moisés e dos profetas.

Regra geral de todo ensinamento, a propósito, é que ele seja capaz de alcançar as pessoas a que se dirige. Cada época de uma civilização é, pois, marcada pelo seu grau de conhecimento e pela sua capacidade de entender o mundo e as lições dos grandes missionários. Quanto mais avança certa civilização, mais vai se tomando capaz de entender conceitos de forma mais suave, mais equilibrada, em uma palavra: mais racional.

Quando meditamos sobres as lições de Jesus, buscamos então encontrar a verdadeira essência.

Primeiramente, em relação à palavra escândalo, encontramos nas palavras de Kardec em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. VIII, item 12, o seu significado. Vejamos: “Em seu sentido vulgar; escândalo é tudo aquilo que choca a moral ou as conveniências, de maneira ostensiva.” (...) “No sentido evangélico, a acepção da palavra escândalo, tão frequentemente empregada, é muito mais ampla, motivo porque não é compreendida em certos casos. Escândalo não é somente o que choca a consciência alheia, mas tudo o que resulta dos vícios e das imperfeições humanas, todas as más ações do indivíduo para indivíduo, com ou sem repercussões. O escândalo, nesse caso, é o resultado efetivo do mau moral.”

Jesus, como vimos no trecho do Evangelho de Mateus anteriormente citado, diz que: ”É necessário que haja escândalos”. Daí podemos questionar: Se todo o ensinamento do Mestre é para conduzir a Humanidade ao caminho do Bem, por que, então, é necessário que haja escândalos?

É que o livre arbítrio do ser humano é inviolável. Cada pessoa, por suas próprias escolhas, vai escolher um ou outro caminho. Quando opta por seguir o caminho do Bem, não estará gerando resultados futuros que tragam dor e aflição; por outro lado, quando é movido pelo egoísmo e outras más paixões, chegará o momento em que será arrastado para uma situação escandalosa, aflitiva, dolorosa, que o faça refletir e despertar para o Bem.

Há, dessa forma, duas maneiras de se aprender. Uma é pelo exercício da razão, da ponderação, do uso do bom senso; a outra, quando o ser está resignado ao mal, é pela dor gerada pelos escândalos do mundo.

Os escândalos devem, então, ocorrer para que a Lei se cumpra, devem ocorrer para que o Espírito desperte, saia do entorpecimento moral, acorde para a vida e desenvolva sua sensibilidade, sua capacidade de amar.

Mas quando Jesus diz: “mas ai do homem pelo qual o escândalo vem”, significa que embora o mal ainda predomine neste mundo em que vivemos, e, por consequência, muitos escândalos ocorrerão, o homem que for o causador do escândalo sofrerá no futuro, diante da Lei de Ação e Reação, os efeitos lesivos de sua má conduta.

E quando Jesus conclui que: “Se tua mão ou teu pé te escandalizam, corta-os e atira-os para longe de ti", obviamente que não devemos tomar essas palavras ao pé da letra, pois, regra geral, a letra é morta e o que realmente importa é o seu real significado.

Kardec explica que: “... significa simplesmente a necessidade de destruirmos em nós todas as causas de escândalo, ou seja, do mal. É necessário arrancar do coração todo sentimento impuro e toda tendência viciosa.” (ESE, VIII, item 17).

O Espiritismo, trazendo a chave para a compreensão de muitas passagens do Evangelho, mostra-nos que todos os ensinamentos de Jesus representam a moral por excelência, pois, embora as palavras tenham sido fortes para se adequarem a época em que foram pronunciadas, seu significado sublime permanece, basta que nós o procuremos.

A ORAÇÃO EM COMUNIDADE

“Em verdade ainda vos digo: se dois de vós estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que queiram pedir isso lhes será concedido por meu Pai que está nos céus. Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estou eu no meio deles.” (Mt 18:19-20).

Nestas palavras inesquecíveis e eternas de Jesus, repousamos nossa esperança em podermos estar sempre próximos ao Mestre.

Quando buscamos o caminho do Bem, pela lei de sintonia, aproximamo-nos daqueles com que temos afinidade e também buscam trilhar uma senda baseada em valores morais.

Ainda pela lei de sintonia, quando perseveramos no Bem, tomamo-nos receptivos aos Bons Espíritos que, reconhecendo nosso esforço, auxiliam-nos a superar todas nossas dificuldades.

Esse auxílio, obviamente, não é para nos eximir de passar pelas provações, até porque isso em nada nos beneficiaria, pois é através das dificuldades que crescemos, mas, esse auxílio, é para nos inspirar fé e coragem para avançarmos.

Quando ingressamos, então, nesse caminho novo, alicerçado nas lições do Evangelho, começamos a formar novos grupos de trabalho, grupos de amigos... todos voltados a prática do Bem.

Nesse momento, então, nossa vida transforma-se, começamos a dar passos mais vigorosos. E quando a meditação e a prece começam a fazer parte de nossa rotina, avançamos ainda mais.

Dois ou mais, unidos em pensamento e em nome de Jesus, serão sempre ouvidos e acompanhados pelo Mestre Maior.

Sim! Jesus, nosso Irmão Maior e nosso Mestre sempre nos acompanhará quando nosso compromisso for com o Bem e a Verdade. Oremos e confiemos em Jesus!

QUESTÃO REFLEXIVA:

De acordo com nossas possibilidades, que ações fraternas devemos fazer para alcançar o “Reino dos Céus”?

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

terça-feira, 22 de abril de 2025

6ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Não Se Pode Servir a Dois Senhores

MERCADORES DO TEMPLO

“E entrando no Templo, começou a expulsar os vendedores, dizendo-lhes: ‘Está escrito: Minha casa será uma casa de oração. Vós, porém, fizestes dela um covil de ladrões!’." (Lc 19:45-46).

Os homens, em todos os tempos, buscaram adorar a Deus de diferentes formas. Para isso, pensaram ser necessário construir uma casa de oração onde pudessem reunir-se e se aproximar mais da Divindade. O povo hebreu tinha no Templo de Jerusalém a sua casa de adoração, e era da lei judaica a obrigatoriedade de comparecimento, em determinadas ocasiões, onde eram celebradas datas importantes para os hebreus, relacionadas à sua vida religiosa.

Na vida religiosa dos judeus, destacavam-se rituais com sacrifícios de bois, cordeiros, pombas, rolinhas, que eram obrigatórios de acordo com o acontecimento da vida do indivíduo ou da festividade a ser comemorada. Por exemplo, na purificação da mulher após o parto, na circuncisão, na festa da Páscoa.

Esses sacrifícios eram intermediados pelos sacerdotes, que praticavam o holocausto do animal, ou seja, a queima do animal sobre o altar, ofertando-a a Deus. Os animais eram geralmente adquiridos dentro do próprio Templo, onde eram vendidos por um preço estipulado pelos sacerdotes, podendo aumentar conforme a ocasião.

Jesus nasceu no seio do povo hebreu e foi criado dentro das tradições judaicas; com certeza conhecia e respeitava sobremaneira a religiosidade do povo e a sua maneira de exteriorizá-la. Mais do que ninguém, sabia que tanto o indivíduo quanto a coletividade expressam sua religiosidade de acordo com seu nível evolutivo.

Portanto, a sua severa reprimenda, à condenação que nos chega através do relato evangélico, relaciona-se ao abuso, ao excesso de mercantilismo, de comercialização que existia no Templo, e que desviava do verdadeiro sentimento religioso.

A busca da espiritualização, a necessidade da ligação do indivíduo a Deus estava sendo ofuscada pela materialidade que regia as relações comerciais no Templo, e Jesus chamou a atenção para o fato a fim de que isto não mais passasse despercebido, nem naquele momento, nem em nenhum outro.

Jesus demonstrava, assim, a necessidade de nos mantermos atentos com a comercialização das coisas sagradas, pois a nossa relação com Deus deve ser uma relação essencialmente espiritual, íntima, sem a necessidade de intermediários, como nos ensina a Doutrina dos Espíritos.

Devemos precaver-nos para não nos deixarmos contaminar por preceitos materiais, que jamais serão capazes de substituir a veracidade e a beleza da nossa ligação com Deus.

Conforme ensinou Jesus à mulher samaritana: “Mas vem a hora - e é agora - em que as verdadeiros adoradores adorando o Pai em espírito e verdade, pois tais são os adoradores que o Pai procura.” (Jo 4:23), ou seja, o verdadeiro templo de adoração ao Pai é no interior de cada um de nós.

O TRIBUTO A CESAR

“Então os fariseus foram reunir-se para tramar como apanhá-lo por alguma palavra. E lhe enviaram as seus discípulos, juntamente com os herodianos, para lhe dizerem: ‘Mestre, sabemos que és verdadeiro e que, de fato, ensinas o caminho de Deus. Não dás preferência a ninguém, pois não consideras um homem pela aparência. Dize-nos, pois, que te parece: é lícito pagar imposto a Cesar ou não? ’Jesus, porém, percebendo a sua malicia, disse: ‘Hipócritas! Por que me pondes a prova? Mostrai-me a moeda do imposto. ’Apresentaram-lhe um denário. Disse ele: ‘De quem é esta imagem e a inscrição? ’Responderam.' ‘De César". Então lhes disse: ‘Dai, pois, o que é de César a César; e o que é de Deus, a Deus’. Ao ouvirem isso, ficaram surpresos e, deixando-o, foram-se embora”. (Mt 22:15-22).

Para que possamos melhor compreender esta passagem evangélica, devemos lembrar-nos que a Palestina, na época de Jesus, encontrava-se sob o domínio do Império Romano. Devido a esse domínio, o povo judeu era obrigado a pagar uma serie de impostos a Roma, o que desagradava profundamente a todo o povo.

A classe sacerdotal judaica, uma vez mais, questionava Jesus de modo a colocá-lo em posição difícil. Caso Jesus dissesse algo contra o pagamento do tributo, o imposto a César, seria tachado de subversivo, de rebelde, e poderia ser indiciado junto às autoridades romanas; caso dissesse algo a favor, estaria afrontando a tradição judaica que repudiava o pagamento de impostos a povos invasores.

Jesus, porém, conhecia bem o que ia nos corações daqueles que buscavam apanhá-lo nessa cilada. Utilizando-se da sabedoria que lhe era peculiar, perguntou aos fariseus de quem era a imagem e a inscrição na moeda. Aos responderem que era de César, deram a Jesus a oportunidade de ensinar o respeito devido as Leis da sociedade humana e as Leis de Deus, colocando as coisas em seu devido lugar.

Como nos adverte Kardec em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XI, item 7: “Esta máxima: ‘Dai a César o que é de César’ não deve ser entendida de maneira restritiva e absoluta.” (...) “Condena todo prejuízo moral e material causado aos outros, toda a violação dos seus interesses, e prescreve o respeito aos direitos de cada um, como cada um deseja ver os seus respeitados. Estende-se ao cumprimento dos deveres contraídos para com a família, a sociedade, a autoridade, bem como para todos os indivíduos.”

Temos, como cidadãos do mundo material, o compromisso de cumprirmos as nossas obrigações perante as Leis que nos regem neste mundo, mesmo que as Leis ainda sejam imperfeitas.

Como nos ensina Emmanuel, em sua obra ‘Pão Nosso’, lição n° 102: “Se há erros nas leis, lembremos a extensão de nossos débitos para com a Previdência Divina e colaboremos com a governança humana, oferecendo-lhe o nosso concurso em trabalho e boa-vontade, conscientes de que desatenção ou revolta não nos resolvem os problemas”.

O respeito às Leis Divinas inicia-se com o respeito que temos pelo nosso próximo. As virtudes da obediência e da resignação são fundamentais para que possamos, através do consentimento da razão e do coração, submetendo-nos a Vontade do Pai Criador e buscarmos viver de acordo com os preceitos que regem todas as criaturas e toda a Criação.

A regra básica para que possamos nos relacionar uns com os outros, dentro dos ensinamentos evangélicos, foi-nos dada pelo Mestre, quando nos orientou que procurássemos fazer aos outros o que gostaríamos que nos fizessem. Dessa maneira, colocando-nos no lugar do outro, vamos aprendendo a nos respeitar e a nos amar, de acordo com o Maior Mandamento.

NÃO SE PODE SERVIR A DOIS SENHORES

“Ninguém pode servir a dois senhores. Com efeito, ou odiará um e amará o outro, ou se apegará ao primeiro e desprezará o segundo. Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro.” (Mt 6:24).

Quando buscamos um novo rumo para nossa vida, sempre precisamos fazer muitas escolhas. Quando, em especial, buscamos as lições de Jesus e procuramos segui-las, muitas são as mudanças que devemos implementar.

Dessa forma, quando desejamos buscar a transformação interior, precisamos abandonar muitos hábitos antigos. Mais que isso, precisamos renunciar a determinadas coisas, determinadas posições, que não nos são mais adequadas.

A perseverança e a dedicação em se renovar, não obstante todo o esforço empreendido conduz a satisfação daquele que pauta sua vida nos valores morais.

Nesta passagem, Jesus adverte-nos sobre a importância de escolhermos a quem devotamos a nossa fidelidade, a nossa prioridade enquanto seres imortais que caminham rumo à perfeição relativa. Isso porque há uma impossibilidade em seguir caminhos cujos objetivos são diversos.

Para servir a Deus são necessárias as virtudes da abnegação, da humildade, da compaixão que nos permitem sentir a dor de nosso semelhante e despertam a nossa vontade de auxiliar, de aliviar, de consolar; por outro lado, quando se opta em servir exclusivamente ao dinheiro, o indivíduo acaba por se tomar egoísta e ganancioso, não se importando com seus semelhantes.

A riqueza material, por si só, temos que frisar, não é obstáculo absoluto a salvação dos que a possuem, eis que ela é um dos instrumentos de que se serve a Previdência Divina para impulsionar o progresso humano. Contudo, o excesso de apego às riquezas pode conduzir a avareza, a insensibilidade e ao orgulho.

O apóstolo Paulo, em sua Primeira Carta a Timóteo, cap. 6, versículo 10, esclarece: “Porque a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro, por cujo desenfreado desejo alguns se afastaram da fé, e a si mesmos se afligem com múltiplos tormentos”.

A cobiça, tal é sua reprovação perante as Leis de Deus, que sua prática já é condenada no Decálogo: “Não cobiçarás...”.

Podemos lembrar também que, dentre todos os ensinamentos dos antigos profetas hebreus, a ganância sempre foi considerada reprovável diante de Deus.

Sendo assim, compreendemos que para realmente servirmos a Deus temos que cultivar o desapego e praticar a caridade desinteressada.

Especialmente a nós, Aprendizes do Evangelho, cabe-nos a busca do aprimoramento para nos tornarmos bons servidores.

“Servir é a honra que nos compete.” - Emmanuel.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Como podemos nos tornar melhores servidores da causa do Mestre?

Bibliografia
- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - A Gênese - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Xavier, Francisco C./Emmanuel - Pão Nosso.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

quinta-feira, 17 de abril de 2025

6ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Jesus, A Lei e os Profetas

Jesus e a Tradição dos Antigos

OS SÃOS NÃO PRECISAM DE MÉDICO

“Aconteceu que estando ele a mesa em casa, vieram muitos publicanos e pecadores e se assentaram à mesa com Jesus e seus discípulos. Os fariseus, vendo isso, perguntaram aos discípulos: ‘Por que come o vosso Mestre com os publicanos e os pecadores?’ Ele, ao ouvir o que diziam, respondeu: ‘Não são os que tem saúde que precisam de médico, e sim os doentes. Ide, pois, e aprendei o que significa. Misericórdia quero, e não o sacrifício. Com efeito, eu não vim chamar justos, mas pecadores’.” (Mt 9:10-13).

Os fariseus, como sabemos, sempre buscavam encontrar um meio de acusar Jesus. Assim, procuravam fazê-lo cair em alguma contradição em relação à Lei Mosaica.

Nesta passagem vemos os fariseus questionarem aos discípulos por que Jesus comia com os pecadores.

Mas quem seriam estes supostos pecadores?

Inicialmente, podemos lembrar que Moisés, que nos trouxe os Dez Mandamentos, inaugurando uma nova era espiritual para a Humanidade, chamava de infiéis a todos aqueles que não observavam as Leis de Deus.

Esse conceito, porém, deturpou-se com o passar do tempo, e os Doutores da Lei, na época de Jesus, negligenciaram as Leis Divinas e se apegando as regras exteriores e aos ritualismos religiosos, acabaram por designar como pecadores aqueles que não cumpriam essas regras e não praticavam esses rituais.

Em consequência dessas convicções, ou seja, de considerar como pecado as violações as regras exteriores, chamavam de pecadores a muitas pessoas, como os publicanos, que eram os cobradores de impostos; os samaritanos, eis que tinham regras próprias em relação a religião; e muitos outros que viviam a margem da sociedade.

Devemos esclarecer a esta altura que o termo “pecado” não é acolhido pela Doutrina dos Espíritos, pois é um conceito das doutrinas dogmáticas, que pregam as penas eternas.

O Espiritismo, no entanto, vê cada uma das imperfeições humanas como decorrentes da ignorância espiritual. Essas faltas, portanto, não resultam em condenação eterna, pois a cada nova existência o Espírito vai se depurando e se aperfeiçoando.

Ressalvamos que o conceito de pecado trazido pelas doutrinas dogmáticas modernas é, em certo aspecto, diferente das crenças dos judeus à época de Jesus, assim como outros conceitos que eram um tanto obscuros, como a reencarnação então chamada de ressurreição.

Retomando a passagem que analisamos, que nos desperta reflexões sobre a verdadeira postura fraterna, vemos que Jesus, ao contrário dos fariseus, dirigia seus ensinamentos a todos, sem exceções. O Mestre aproveitava todas as oportunidades para ensinar e vivenciar as suas lições, e assim convivia tanto com os Doutores da Lei, bem como com aqueles que eram considerados pecadores, pois “os sãos não precisam de médico”.

Nestas palavras encontramos a essência do Cristianismo: consolar e auxiliar os mais necessitados, os que se sentem deserdados, os ignorantes, e todos aqueles que buscam o conhecimento, buscam um caminho de espiritualização, em uma palavra: buscam a Luz.

Neste simbolismo de médico e doente, podemos imaginar: o que seria se um médico, que tem a função de atender os doentes do corpo, não atendesse aqueles que o procurassem, ou ainda, se fizesse distinções entre um e outro doente, rejeitando os mais enfermos?

Da mesma forma, podemos perguntar: o que seria se um cristão, que optou por vivenciar as lições de Jesus, não acolhesse os sofredores, não amparasse os necessitados, não consolasse os aflitos e os que choram?

Esse cristão, podemos afirmar, não teria compreendido os ensinamentos do Mestre.

Jesus convida-nos, assim, a exercer a caridade verdadeira, sem qualquer discriminação, e a todos acolher, em qualquer tempo e lugar.

JESUS É O SENHOR DO SÁBADO

“Por esse tempo, Jesus passou, num sábado, pelas plantações. Os seus discípulos, que estavam conforme, puseram-se a arrancar espigas e a comê-las. Os fariseus, vendo isso disseram: ‘Olha só! Os teus discípulos a fazerem o que não é lícito fazer num sábado!' Mas ele respondeu-lhes: ‘Não lestes o que fez Davi e seus companheiros quando tiveram fome? Como entrou na Casa de Deus e como eles comeram os pães da proposição, que não era lícito comer nem a ele, nem aos que estavam com ele, mas exclusivamente aos sacerdotes? Ou não lestes na Lei que com seus deveres sabáticos os sacerdotes no Templo violam o sábado e ficam sem culpa? Digo-vos que aqui esta algo maior do que o Templo. Se soubésseis o que significa: Misericórdia é que eu quero e não sacrifício, não condenaríeis os que não têm culpa. Pois o Filho do Homem é senhor do sábado’.” (Mt 12:1-8).

A regra de observação ao dia do sábado está contida nos Dez Mandamentos. Foi instituída pela necessidade de se ter um dia para se dedicar ao culto religioso, e ainda para o descanso dos servos, assim como dos animais que precisavam de um dia de repouso.
Podemos ressaltar que, especialmente em relação à dedicação ao culto religioso, esse dia fazia-se necessário, pois os hebreus, quando deixaram o Egito, tinham incorporado muitos dos costumes daquela terra e se mostravam muito apegados aos valores materiais. Era preciso, então, estipular um dia para que, com a família reunida, fosse realizado o culto a Deus.

Essa convenção, de certa forma, foi mantida até nossos dias, pois é comum, em quase todas as sociedades, destinar-se um dia para o descanso do trabalho, bem como, em algumas religiões, estipular-se um dia especial para o culto religioso.

No entanto, tal instituto - o sábado ou outro dia que se designar - não pode ser tomado em absoluto, e ser obstáculo para o exercício da verdadeira religiosidade.

Eis, a propósito, o motivo do ensinamento de Jesus em relação ao sábado.

Em “A Gênese”, cap. XV, item 23, Kardec ressalta que: “Jesus parecia empenhar-se em operar suas curas no dia do sábado, para ter ocasião de protestar contra o rigorismo dos fariseus quanto a guardar o sábado de qualquer atividade. Queria lhes mostrar que a verdadeira piedade não consiste na observância das práticas exteriores e das coisas formais, mas está nos sentimentos do coração. Justifica-se dizendo: ‘Meu Pai não cessa de agir até o presente, e atuo também incessantemente’; isto é, ‘Deus não suspende de nenhum modo suas obras nem sua ação sobre as coisas da Natureza, no dia de sábado; Ele continua ordenando produzir o que é necessário a vossa alimentação e a vossa saúde, e sou o exemplo d’Ele.'.”

Nesta síntese do codificador, vemos que o apego a letra não representa o verdadeiro cumprimento a Lei Divina, mas a verdadeira observância reside, como asseverou Kardec, nos atos derivados dos sentimentos do coração, ou seja, a compaixão, a piedade, a misericórdia.

Eis porque Jesus disse: “Misericórdia é que eu quero e não sacrifício”.

Muitas vezes, nós desperdiçamos grandes oportunidades de elevação espiritual por estarmos muito apegados as convenções humanas. Nesse sentido, Emmanuel, na obra “Pão Nosso”, lição no 30, instruí-nos: “As convenções definem, catalogam, especificam e enumeram, mas não devem tiranizar a existência. Lembra-te de que foram dispostas no caminho a fim de te servirem. Respeitas, na feição justa e construtiva; contudo, não as convertas em cárcere.”

MÃOS LAVADAS OU TRADIÇÃO DOS ANTIGOS

“Nesse tempo, chegaram-se a Jesus fariseus e escribas vindos de Jerusalém e disseram: ‘Por que os teus discípulos violam a tradição dos antigos? Pois que não lavam as mãos quando comem’. Ele respondeu-lhes: ‘E vós, por que violais o mandamento de Deus por causa da vossa tradição? Com efeito, Deus disse: Honra pai e mãe e aquele que mal disser pai ou mãe certamente deve morrer. Vós, porém, dizeis: Aquele que disser ao pai ou à mãe ‘Aquilo que de mim poderias receber foi consagrado a Deus’, esse não está obrigado a honrar pai ou mãe. E assim invalidastes a Palavra de Deus por causa da vossa tradição. Hipócritas! Bem profetizou Isaias a vosso respeito, quando disse: Este povo me honra com os lábios, mas o coração está longe de mim. Em vão me prestam culto, pois o que ensinam são apenas mandamentos humanos’.” (Mt 15:1-9).

Nesta outra passagem, uma vez mais, encontramos os fariseus questionando as posturas dos discípulos de Jesus, alegando que eles estariam violando a tradição dos antigos.

Jesus, que conhecia suas intenções e seus atos, desmascarava-os, lembrando-os que eles transgrediam os Mandamentos de acordo com as suas conveniências, como em relação ao dever de honrar pai e mãe.

Conforme nos ensina Kardec em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. VIII, item 10: “Como era mais fácil observar a prática dos atos exteriores, do que reformar-se moralmente, de lavar as mãos do que limpar o coração, os homens se iludiam a si mesmos, acreditando-se quites com a justiça de Deus, porque se habituavam a essas práticas e continuavam como eram, sem se modificarem, pois lhe ensinavam que Deus não exigia nada mais”.

Aqui, podemos recordar que, dentre as diversas normas e costumes instituídos entre o povo hebreu, muitos eram motivados por necessidades reais de educação e higiene. Dentre esta última, está a de lavar as mãos antes da alimentação.

Esta regra, que nos parece óbvia, não era usual a época, como muitas outras necessárias a higiene. Assim, pois, era preciso estabelecer regras obrigatórias até que o habito se tomasse natural entre eles.

Com o passar do tempo, essa regra de higiene tomou-se um ritual, ao qual se atribuía maior importância do que o cumprimento dos Mandamentos, como vemos na exortação de Jesus.

No entanto, temos que considerar que, na verdade, as práticas exteriores não são mais importantes que a adoração verdadeira, no interior do Ser, que implica em buscar a prática das virtudes e da caridade, como vemos no mesmo item de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” acima citado:

“A finalidade da religião é conduzir o homem a Deus. Mas o homem não chega a Deus enquanto não se fizer perfeito. Toda religião, portanto, que não melhorar o homem, não atinge a sua finalidade.”

(...) “Não é suficiente ter as aparências da pureza; é necessário antes de tudo ter a pureza de coração.”

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente os ensinamentos de Jesus: “Os sãos não precisam de médico”.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

quarta-feira, 16 de abril de 2025

5ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Parábola das Dez Virgens; Parábola do Mordomo; Orai e Vigiai.

PARÁBOLA DAS DEZ VIRGENS (OU AS VIRGENS INSENSATAS E AS PRUDENTES)

“Então o reino dos Céus será semelhante a dez virgens que, tomando suas lâmpadas, saíram ao encontro do noivo. Cinco, eram insensatas e Cinco, prudentes. As insensatas, ao pegarem as lâmpadas, não levaram azeite consigo, enquanto as prudentes levaram vasos de azeite com suas lâmpadas. Atrasando o noivo, todas elas acabaram cochilando e dormindo. À meia-noite, ouviu-se um grito: ‘O noivo vem aí! Saí ao seu encontro!’ Todas as virgens levantaram-se, então, e trataram de aprontar as lâmpadas. As insensatas disseram as prudentes: ‘Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas apagam-se’. As prudentes responderam: ‘De modo algum, o azeite poderia não bastar para nós e para vós. Ide antes aos que vendem e comprai para vós’. Enquanto foram comprar o azeite, o noivo chegou e as que estavam prontas entraram com ele para o banquete de núpcias. E fechou-se aporta. Finalmente, chegaram às outras virgens, dizendo: Senhor, senhor; abre-nos!’ Mas ele respondeu: ‘Em verdade vos digo não vos conheço!’ Vigiai, portanto, porque não sabeis nem o dia nem a hora.” (Mt 25:1-13).

As reencarnações terrenas - oportunidades para novos aprendizados, para novas provas e reparação de equívocos passados - contam-se aos milhares todos os dias. Dependendo da condição espiritual, as novas existências são solicitadas, e em parte planejadas, por nós, ainda no mundo espiritual.

Quando mergulhados no corpo físico, porém, despreocupamo-nos daquilo que nos propusemos ao reencarnar, permitindo que nossas imperfeições morais tomem vulto e, por vezes, dominem nossa vida. Nem sequer nos recordamos da importância do aprimoramento para podermos participar do “banquete espiritual”, quando retornarmos ao mundo dos Espíritos.

Esta parábola mostra-nos a importância da vigilância e da prudência para que trabalhemos, constante e incessantemente, praticando o bem e a caridade, pois, em determinado momento, que nos é desconhecido, deixaremos o corpo físico e teremos que nos confrontar com aquilo que plantamos.

Não é na hora da morte ou nos últimos momentos de nossa reencarnação que, subitamente, procederemos às transformações necessárias para angariar os tesouros espirituais que garantirão a nossa entrada no “Reino dos Céus”.

As virgens prudentes (em algumas versões: previdentes ou sensatas) representam as pessoas que compreendem os objetivos da sua encarnação e procuram viver, da melhor forma, os ensinamentos evangélicos, esforçando-se na renovação de seus valores, afastando as imperfeições e hábitos menos nobres.

As virgens insensatas (em algumas versões imprudentes, néscias, ou loucas) são as pessoas que vivem e morrem se preocupando apenas consigo mesmas, ligadas as ilusões da matéria, sem se atentarem para a prática do Bem, esquecendo-se de adquirir os tesouros “que as traças não corroem”, ou seja, os do Espírito.

O “noivo” (ou esposo) é Jesus, que se uniu a Humanidade (esposa), representada pelas virgens; sua chegada significa o convite para o “banquete espiritual”, através de seus ensinamentos morais. A aceitação desse convite dependera da prudência (preparo) ou insensatez (despreparo) dos Homens. Os que o aceitarem ingressarão em uma Nova Era, que se assentara na moral do Cristo: um mundo novo de paz e alegria, onde o Bem suplantara o Mal.

As lâmpadas representam a nossa luz interior, a essência divina que existe em nós, que não deve ficar apagada ou escondida, mas deve brilhar para iluminar o nosso caminho e o dos que o compartilham conosco.

O azeite é o combustível que deve abastecer as lâmpadas e representa as qualidades espirituais que vamos adquirindo durante as nossas estadias na Terra. Essas aquisições são pessoais e intransferíveis, e, por esse motivo, as virgens da parábola não puderam dividir com as virgens insensatas o azeite que, prudentemente, haviam levado consigo.

Como não haviam reservado azeite (renovação interior e boas obras), elas se atrasaram ao procurá-lo apressadamente e, ao voltar, encontraram a porta fechada. Restou-lhes, então, retomar a vida terrena para adquirir sua provisão do “azeite” da prática do amor fraterno, através de novas experiências vividas durante a reencarnação.

“Vigiai, portanto, porque não sabeis nem o dia nem a hora”, diz Jesus na parábola; por isso, o verdadeiro cristão deve “vigiar e orar” sempre, estar disposto e disponível para trabalhar na seara do Mestre, com entusiasmo e boa vontade, por menor que seja a tarefa; utilizar de prudência em todas as suas ações, adquirindo a serenidade suficiente em seu coração para um dia, retomar a pátria espiritual.

PARÁBOLA DO MORDOMO

“Quem é, pois, o servo fiel e prudente que o senhor constituiu sobre a criadagem, para dar-lhe o alimento em tempo oportuno? Feliz aquele servo que o Senhor ao chegar encontrar assim ocupado. Em verdade vos digo, ele o constituirá sobre todos os seus bens. Se aquele mau servo disser em seu coração: ‘Meu Senhor tarda’, e começar a espancar seus companheiros, a comer e beber em companhia dos beberrões, o senhor daquele servo virá em dia imprevisto e hora ignorada. Ele o partirá ao meio e lhe designará seu lugar entre os hipócritas. Ali haverá choro e ranger de dentes.” (Mt 24:45-51).

Esta parábola tem sentido semelhante a “Parábola das Dez Virgens”: indica-nos a necessidade do trabalho, da prudência, da honestidade de propósitos. Convida-nos, também, a vigilância de nós mesmos, dos nossos pensamentos e atitudes, pois não nos é dado conhecer em que momento seremos provados como verdadeiros discípulos de Jesus.

A parábola trata do servo fiel e prudente, aquele que é responsável por todas as tarefas que assume e cumpre seus deveres com respeito e humildade, honrando o salário que lhe foi oferecido; que cuida do seu progresso espiritual e se preocupa com seus companheiros, amparando-os nas necessidades materiais e partilhando com eles seus valores morais. Este é o servo a quem o Senhor confiará os seus bens, e ele terá condições de entrar no “Reino dos Céus” e de participar do “banquete espiritual”.

O mau servo é o que não se preocupa com o momento da chegada do seu Senhor e maltrata seus companheiros, entrega-se aos maus hábitos, a ignorância, ao egoísmo, a violência... Há muitas espécies de servos infiéis e imprudentes, tantas quantas são as imperfeições humanas; mas todos recebem, pela Bondade do Pai, inúmeras oportunidades de se tornarem servos fiéis, dependendo apenas de cada um: a escolha do caminho e a recompensa ou o sofrimento que venham a receber.

Na narração de Lucas (12:47-48), evidencia-se, ainda mais, a questão da Justiça e da Bondade Divina: “Aquele servo que conheceu a vontade de seu senhor mas não se preparou e não agiu conforme sua vontade, será açoitado muitas vezes. Todavia, aquele que não a conheceu e tiver feito coisas dignas de chicotadas, será acoitado poucas vezes”.

Quando temos consciência de que estamos infringindo deliberadamente a Lei Divina, por nossa livre escolha, passaremos por aprendizados mais difíceis, por vezes bastante dolorosos, para que possamos harmonizar-nos novamente com ela. Entretanto, para aquele dentre nós que desrespeitar a Lei por ignorância, por ainda não conhecer ou não compreender a Vontade do Pai, as faltas serão atenuadas, e recebera novas oportunidades reencarnatórias para seu aprendizado.

ORAI E VIGIAI

“Vigiai e orai para não entrar em tentação: pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca.” (Mc 14:38).

Reencarnamos, trazendo conosco toda a bagagem espiritual adquirida nas múltiplas jornadas passadas, e carregamos tanto as virtudes conquistadas, como também os desequilíbrios ainda não superados. E aqui, na escola terrena, que temos a oportunidade de nos reajustarmos, corrigindo e renovando as nossas disposições íntimas.

Assim sendo, tentações de toda a espécie permeiam a nossa vida, algumas surgindo das nossas próprias tendências, outras como sugestões sedutoras de desencarnados ou encarnados, que se aproveitando de nossas más paixões, buscam manter-nos na inferioridade.

Quando Jesus recomenda-nos o “Vigia e Orai”, está incentivando-nos a não nos deixarmos acorrentar as perturbações e seduções deste mundo. Precisamos ter firmeza e estar conscientes de que depende somente do nosso esforço individual direcionar o nosso pensamento para o Bem, escolher os valores morais que nos convém, exercitando a humildade, a paciência, o perdão, a fraternidade e permanecendo, constantemente, em sintonia com o Plano Maior através da prece sincera.

Alerta-nos Vinicius, em sua obra “Em Tomo do Mestre”, a importância de vigiarmos a nos mesmos: “Confiai em Deus e na sua justiça. Desconfiai dos homens, da tentação e das fascinações do século; mas, sobretudo, desconfiai de vós mesmos”.

Mais uma vez, através do “Orai e Vigia”, o Mestre trouxe-nos uma verdadeira norma de conduta para que pudéssemos manter-nos física e espiritualmente saudáveis.

QUESTÃO REFLEXIVA:

O que representa em nossa vida diária “Vigiar e Orar”?

Bibliografia
- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Almeida, José de Sousa e - As Parábolas - Ed. FEESP.
- Schutel, Cairbar - Parábolas e Ensinos de Jesus.
- Godoy, Paulo Alves - O Evangelho Pede Licença - Ed. FEESP.
- Vinicius - Em Torno do Mestre.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

terça-feira, 15 de abril de 2025

5ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Parábolas e Ensinamentos de Jesus Sobre a Misericórdia Divina e a Necessidade da Vigilância

A Parábola do Filho Pródigo, A Parábola da Ovelha Perdida, Ajuda-te que o Céu te Ajudará.

A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO

“Um homem tinha dois filhos, O mais jovem disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu a herança entre eles. Poucos dias depois, juntando todos os seus haveres, o filho mais jovem partiu para uma região longínqua e ali dissipou sua herança numa vida devassa.
E gastou tudo. Sobreveio aquela região uma grande fome e ele começou a passar privações. Foi, então, empregar-se com um dos homens daquela região, que o mandou para seus campos cuidar dos porcos. Ele queria matar a fome com as bolotas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. E caindo em si, disse: ‘Quantos empregados de meu pai tem pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome! Vou-me embora, procurar meu pai e dizer-lhe: ‘Pai pequei contra o Céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como um dos teus empregados’. Partiu, então, e foi ao encontro de seu pai.
Ele estava ainda ao longe, quando seu pai viu-o, encheu-se de compaixão, correu e lançou-se lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos. O filho, então, disse-lhe: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos seus servos: ‘Ide depressa, trazei a melhor túnica e revesti-o com ela, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei o novilho cevado e matai-o; comamos e festejemos, pois este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado! E começaram a festejar.
Seu filho mais velho estava no campo. Quando voltava, já perto de casa ouviu músicas e danças. Chamando um servo, perguntou-lhe o que estava acontecendo. Este lhe disse: ‘É teu irmão que voltou e teu pai matou o novilho cevado, porque o recuperou com saúde’. Então, ele ficou com muita raiva e não queria entrar; seu pai saiu para suplicar-lhe. Ele, porém, respondeu a seu pai: ‘Há tantos anos que te sirvo, e jamais transgredi um só dos teus mandamentos, e nunca me deste um cabrito para festejar com meus amigos. Contudo, veio esse teu filho, que devorou teus bens com prostitutas, e para ele matas o novilho cevado!’
Mas o pai lhe disse: ‘Filho, tu estas sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso que festejássemos e nos alegrássemos, pois esse teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado’!”. (Lc 15:11-32).

Esta é uma das mais belas e conhecidas parábolas contadas por Jesus, e nos traz a oportunidade para meditarmos acerca de uma infinidade de sentimentos ainda arraigados nos corações humanos: o egoísmo, a indiferença em relação aos dons recebidos, a inveja, o ciúme, a ausência de compaixão.

Ressalta ainda a importância do perdão e da busca da transformação interior, e, principalmente, mostra a presença infalível da Bondade, da Misericórdia e da Justiça Divinas.

Nesta alegoria trazida pelo Mestre, temos três figuras centrais: o pai representa Deus e os dois filhos simbolizam a Humanidade em suas diversas faces:

O filho pródigo é o dissipador, “sem juízo”, extremamente ligado à materialidade, aos gozos terrenos, mas que depois se torna o filho que ao cair em si e ao reconhecer que todo o seu sofrimento foi fruto de suas más escolhas, retoma arrependido e procura o perdão do pai, que o recebe com alegria e compaixão.

O filho obediente é aquele que cumpre seus deveres, mas, no fundo, é ciumento, egoísta, sem compaixão: “Há tantos anos que te sirvo, e jamais transgredi um só dos teus mandamentos, e nunca me deste um cabrito para festejar com meus amigos”. Revoltado nega-se a compreender e aceitar a misericórdia do pai: “(...) Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso que festejássemos e nos alegrássemos, pois este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado”.

Podemos ainda extrair deste contexto:

- A “herança” é a potencialidade do Espírito, os “talentos”, os recursos que Deus oferece-nos para que os transformemos em qualidades espirituais plenas e os utilizemos para a prática do Bem;

- A “região longínqua” é o nosso distanciamento da Lei Divina, quando escolhemos dissipar os bens que o Pai ofertou-nos, perdendo oportunidades valiosas de crescimento;

- A “fome”, que o filho sofre depois de uma vida de devassidão, é a ausência dos valores espirituais, de amor, daquilo que existe com fartura na Casa do Pai;

- Voltar a “Casa do Pai” significa reencontrar-se e buscar o amparo da Lei Divina, buscar a Misericórdia Divina, ou seja, o reencontro com o Pai Criador.

Esta parábola oferece-nos inúmeros ensinamentos para nossa reflexão. Como estamos todos submetidos à Lei de Ação e Reação, criamos, para nós mesmos, situações felizes ou infelizes, segundo as nossas escolhas. Por vezes, deixamos de observar as Leis de Deus e utilizamos o nosso livre arbítrio de forma errônea; saímos em busca das ilusões mundanas, pensando, assim, encontrar a felicidade.

Jesus mostra-nos a necessidade de cultivarmos a humildade para voltar atrás, de reconhecer o erro e pedir perdão; de buscar a coragem para recomeçar.

A experiência do sofrimento traz-nos sabedoria quando a lição é aprendida. Não importa quantas reencarnações já tivemos e ainda teremos, nem as opções equivocadas que fizemos; por mais graves que tenham sido, voltaremos a Casa do Pai, ao encontro do Amor e da felicidade: o Pai sempre nos oferece infinitas oportunidades de refazermos os nossos aprendizados.

O Pai jamais repudia o filho que errou e volta arrependido, ou mesmo o filho que teve uma atitude egoísta e impiedosa para com seu irmão: respeita o tempo de cada um.

É isto que o irmão mais velho do filho pródigo ainda não podia entender: a alegria de seu pai, simbolizando o Amor Incondicional do Pai Criador, quando conscientemente o filho pródigo retornou ao caminho do Bem: “... pois esse teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado...”

Na obra “Parábolas e Ensinos de Jesus”, Cairbar Schutel discorre: “Quando a criatura humana, num momento de irreflexão se afasta de Deus, e, dissipando os bens que o Criador a todos doou, se entrega a toda sorte de dissoluções, a dor e à miséria, esses terríveis aguilhões do Progresso Espiritual ferem rijo a sua alma orgulhosa até que, num momento supremo de angústia, ela possa elevar-se para Deus e deliberar reentrar no caminho da perfectibilidade. É então que, como o Filho Pródigo, o homem transviado, tocado pelo arrependimento, volta-se para o Pai carinhoso e diz. ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho...’ E Deus, nosso amoroso Criador que já o havia visto em caminho para Ele se aproximar e rogar; abre aquele filho as portas da regeneração e lhe faculta todas as dádivas, todos os dons necessários para esse grandioso trabalho da perfeição espiritual.”

Esta parábola, em última análise, desperta-nos para ver quão infinita é a Misericórdia Divina.

Nós próprios, precisamos lembrar, quando nos afastamos da Lei Divina, também nos tornamos filhos pródigos. Porém, quando despertamos, percebemos o engano cometido e buscamos corrigi-lo, somos sempre bem-vindos a “Casa do Pai”.

Essa certeza, desperta-nos, ainda, para o desejo de agir fraternalmente, acolhendo, segundo nossas possibilidades, todos aqueles “filhos pródigos” que encontrarmos pelo caminho, ajudando-os a também reencontrarem o caminho da “Casa do Pai”.

A PARÁBOLA DA OVELHA PERDIDA (OU DESGARRADA)

“Qual de vós, tendo cem ovelhas e perder uma, não abandona as noventa e nove no deserto e vai em busca daquela que se perdeu, até encontrá-la? E achando-a, alegre a põe sobre os ombros e, de volta para casa, convoca os amigos e os vizinhos, dizendo-lhes: ‘Alegrai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha perdida! Eu vos digo que do mesmo modo haverá mais alegria no céu por um só pecador que se arrepende, do que por noventa e nove justos que não precisam de arrependimento.” (Lc 15:4-7).

A “Parábola da Ovelha Perdida” traz ensinamentos semelhantes ao da “Parábola da Dracma Perdida”:

- o empenho da Espiritualidade em nos proteger;

- a inexistência de erro que não possa ser reparado;

- a inexistência de condenação por toda a eternidade;

- alegria dos Benfeitores Espirituais quando “somos encontrados”.

Desde o Velho Testamento encontramos a mesma simbologia sobre a Previdência Divina, ou seja, a Proteção Divina que se estende a todos os seus filhos, “as ovelhas”, como vemos em Ezequiel 34:11-12 e 16: “...Certamente eu mesmo cuidarei do meu rebanho e dele me ocuparei. Como o pastor cuida do seu rebanho, quando está no meio das suas ovelhas dispersas, assim cuidarei das minhas ovelhas e as recolherei de todos os lugares por onde se dispersaram em dia de nuvem e escuridão. (...) Buscarei a ovelha que estiver perdida, reconduzirei a que estiver desgarrada, pensarei a que estiver fraturada e restaurarei a que estiver abatida”.

Deus, em Sua Infinita Bondade, é um Pai Amoroso, que respeita a liberdade de escolha de seus filhos, porque, em sua profunda sabedoria, conhece a alma de cada um, e sabe que nenhum Espírito permanecerá eternamente perdido nos desvios do caminho, condenados para sempre ao sofrimento e as trevas da ignorância.

Chegará o momento em que, compreendendo as Leis Divinas, retomaremos a Casa Paterna, e seremos acolhidos com imensa alegria: “haverá mais alegria no céu por um só pecador que se arrepende, do que por noventa e nove justos que não precisam de arrependimento.”.

É, realmente, confortadora a ideia de que nenhuma ovelha será deixada para trás, que nenhuma ovelha será perdida.

Diferentemente de muitas outras doutrinas, que pregavam ou ainda pregam as penas eternas, o Espiritismo, retirando o véu que encobria o conhecimento sobre nossa condição futura, demonstra que todos alcançarão a felicidade plena.

Não há, assim, almas perdidas, não há segregação definitiva, não há escuridão eterna, todos encontrarão a Luz. Somente a doce voz do Mestre continuara ecoando aos nossos ouvidos chamando-nos persistentemente ao seu encontro.

E vivenciando os ensinamentos do Cristo, procuraremos aqueles que estão à margem, aqueles que foram excluídos, aqueles que foram abandonados e desprezados, aqueles que ainda estão nas trevas. Quando apreendermos verdadeiramente as lições inolvidáveis do Mestre, o meigo Pastor das almas da Terra, poderemos tornar-nos pequeninos pastores, auxiliando-o a conduzir o rebanho terreno rumo a felicidade e a plenitude desejadas.

AJUDA-TE QUE O CÉU TE AJUDARÁ

“Pedi e vos será dado; buscai e achareis; batei e vos será aberto; pois todo o que pede recebe; o que busca acha e ao que bate se lhe abrirá”. (Mt 7:7-8).

Estas afirmações, pronunciadas por Jesus no Sermão do Monte, fazem-nos refletir:

Bastaria, então, que pedíssemos em prece para que tudo nos fosse concedido?

Naturalmente que não. Imaginemos, por exemplo, se os pais dessem aos filhos tudo que eles quisessem. Não seria, muitas vezes, prejudicial? O bom pai e a boa mãe são aqueles que se importam com o bem estar de seus filhos e buscam orientá-los, a todo o momento, através do “sim” e do “não”.

Em geral, as crianças não conseguem perceber o mal que certas coisas poderiam causar-lhes. No entanto, quando adultas, elas agradecerão aos seus pais por livrá-las do mal quando eram pequenas, e por direcioná-las ao Bem.

Deus, em sua Infinita Sabedoria, sabe o que melhor nos convém. Nem tudo o que queremos nos convém para a nossa melhoria espiritual.

Por isso, o que em realidade devemos pedir?

Lembremos que antes da passagem de Jesus por Israel, naquela região, o que as pessoas costumavam pedir em suas orações era, em geral, coisas materiais, como haviam clamado pela “terra prometida onde abundava o leite e o mel”.

Os ensinamentos de Jesus vêm conclamar-nos a não pedir patrimônios materiais, mas, sim, a força para desenvolvermos as virtudes'. Reflitamos sobre essas virtudes: coragem, resignação, paciência, esperança...

Do que mais precisaríamos?

Se pensarmos em todas as circunstâncias difíceis da vida que nos podem ocorrer, podemos ficar imaginando uma serie de soluções. Mas de todas as soluções que pudermos imaginar, as únicas que realmente serão estáveis, duradouras, e eficazes são nossas disposições íntimas, nossos sentimentos de boa vontade.

Os bens materiais, eventualmente, podem ser perdidos em um único instante. As virtudes, no entanto, jamais se perdem.

Por isso, se orarmos com fervor, receberemos inspirações dos Mensageiros Celestiais que renovarão nossa esperança e nos trarão a sustentação necessária para enfrentarmos qualquer situação que apareça em nosso caminho. Poderemos, assim, vivenciar todas as provações da vida, sem nos abalarmos: o Pai jamais coloca um fardo maior do que aquele que o filho pode carregar.

Em “O Evangelho Segundo O Espiritismo”, cap. XXV item 5, encontramos: “Segundo a compreensão moral, essas palavras significam o seguinte: Pedi a luz que deve clarear o vosso caminho, e ela vos será dada, pedi a força de resistir ao mal, e a tereis; pedi a assistência dos Bons Espíritos, e eles virão ajudar-vos, e, como o anjo de Tobias, vos servirão de guias; pedi bons conselhos, e jamais vos serão recusados; batei a nossa porta, e ela vos será aberta; mas pedi sinceramente, com fé, fervor e confiança; apresentai-vos com humildade e não com arrogância, sem o que sereis abandonados as vossas próprias forças, e as próprias quedas que sofrerdes constituirão a punição do vosso orgulho.”

Outro aspecto relevante na afirmarão “Ajuda-te, que o Céu te ajudara” é que, podemos notar, há uma situação condicional, ou seja, a primeira ação é sempre nossa: primeiro temos que nos ajudar, e então o Céu nos ajudará. Para caminharmos adiante, somos nós que temos que dar os primeiros passos.

É preciso que cada um faça a sua parte: para receberem, devem pedir; para acharem, devem buscar; para entrarem, devem bater... Isso significa, em outras palavras, que é preciso trabalhar para conseguir realizar os nossos propósitos.

O trabalho desenvolve a inteligência e gera o progresso!

Essas duas Leis - a Lei do Trabalho e a Lei do Progresso – São Leis Divinas. Kardec, oportunamente, comenta no item três do mesmo capitulo acima citado que: “Se Deus tivesse liberado o homem do trabalho físico, seus membros seriam atrofiados; se o livrasse do trabalho intelectual, seu espírito permaneceria na infância...”

Vemos, pois, que todas as coisas têm um propósito, uma razão de ser, e nós só nos tornamos melhores quando utilizamos nossos dons físicos e intelectuais. Assim, continua o codificador: “...Busca e acharás; trabalha e produzirás; e desta maneira serás filho das tuas obras, terás o mérito da sua realização e serás recompensado Segundo o que tiveres feito.”

Ajudemo-nos: Busquemos o trabalho e o estudo, e o “Céu” nos ajudará.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente os ensinamentos que lhe chamaram a atenção na Parábola do Filho Pródigo.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.