As Curas do Evangelho
Curas: Perda de Sangue, Cego de Betsaida, Paralítico de Cafarnaum, os Dez Leprosos
Conforme vimos em aulas anteriores, até o advento da Codificação Espírita, muitos fenômenos, por não encontrarem comprovação cientifica, foram considerados milagrosos. Não se conhecia a causa determinante.
Hoje sabemos que são fatos corriqueiros, dentro da lógica dos fenômenos anímicos e mediúnicos. Sabemos também que a ação magnética pode produzir-se de várias maneiras. Tudo resulta das leis eternas da Criação.
Em “A Gênese”, Kardec comenta que “Os fatos relatados no Evangelho, e que foram até aqui considerados milagrosos, pertencem na maioria à ordem dos fenômenos psíquicos, isto é, daqueles que têm como causa primária as faculdades e os atributos da alma.” (GE, cap. XV item 1). Esses fenômenos sempre estiveram presentes na história, inclusive nos dias de hoje. Podem ser reproduzidos e submetidos a uma lei, portanto, não é miraculoso. Seguindo o capítulo na Gênese, vemos que o principio dos fenômenos psíquicos repousa:
- Nas propriedades do fluido perispiritual que constitui o agente magnético;
- Nas manifestações da vida espiritual durante a vida corpórea e depois da morte;
- No estado constitutivo dos Espíritos e no papel que eles desempenham como Força Ativa na Natureza.
A potência curadora depende da pureza da substância fluídica inoculada. Em se tratando de Jesus, a qualidade desses fluidos lhe dava uma imensa força magnética, auxiliada pelo desejo incessante de fazer o bem. Na obra “A Gênese”, Kardec ensina-nos que Jesus não agia como médium. Médium é um intermediário, um instrumento do qual se servem os Espíritos desencarnados. Jesus não tinha necessidade de assistência. Ele agia por si mesmo, em vista de sua natureza superior. (GE, cap. XV item 2).
Além do campo vibratório que o Mestre criava ao seu redor, a vontade do enfermo em ser curado propiciava a sintonia capaz de assimilar os fluidos reparadores necessários ao restabelecimento orgânico, muitas vezes, perispiritual.
Aqueles que recebiam o benefício da cura, Jesus dizia:
- “A tua fé te curou. Perdoados são teus pecados, vai e não peques mais”.
- “quem crê em mim fará as obras que faço e fará até maiores do que elas.” (Jo 14:12).
A seguir, vamos analisar os principais casos de curas realizadas por Jesus, sempre muito ricas em aprendizado.
Perda de sangue
“Ora, certa mulher que havia doze anos tinha um fluxo de sangue...” tinha ouvido falar de Jesus. Aproximou-se dele, por detrás, no meio da multidão, e tocou-lhe a roupa. Porque dizia: ‘Se ao menos tocar as suas roupas, serei salva ’. E logo estancou a hemorragia. E ela sentiu no corpo que estava curada de sua enfermidade.
Imediatamente, Jesus, tendo consciência da força que dele saíra, voltou-se para a multidão e disse: 'Quem tocou minhas roupas?’
...Então, a mulher amedrontada e trêmula, sabendo o que lhe tinha sucedido, foi e caiu-lhe aos pés e contou-lhe toda verdade. E ele disse a ela ‘minha filha, a tua fé te salvou; vai em paz e estejas curada desse teu mal ’. (Mc 5:25-34).
De acordo com Kardec em “A Gênese”, cap. XV item 11, tanto Jesus como a mulher sentiram a ação que se produzira com o movimento fluídico que se operou de Jesus para a mulher enferma. O efeito não havia sido provocado por nenhum ato de vontade de Jesus. Kardec explica dizendo que o fluido, sendo dado como matéria terapêutica, deve atingir a desordem orgânica para repará-la; pode ser dirigido pela vontade do curador ou atraído pela fé ardente do enfermo.
Portanto, Jesus tinha toda razão ao dizer: “A tua fé te salvou”. Compreende-se aqui que “a fé não é uma virtude mística como certas pessoas a entendem, mas uma verdadeira força atrativa”. Desta forma, é possível compreender que de dois doentes atingidos pelo mesmo mal, estando em presença de um curador, um possa ser curado e o outro não. Kardec finaliza comentando que este é um dos princípios mais importantes da mediunidade curadora e que explica, por uma causa muito natural, certas anomalias aparentes.
O cego de Betsaida
“E chegaram a Betsaida. Trouxeram-lhe então um cego, rogando que ele o tocasse. Tomando o cego pela mão, levou-o para fora do povoado e, cuspindo-lhe nos olhos e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe “Percebes alguma coisa?” E ele começando a ver disse: “Vejo as pessoas como se fossem árvores andando.” Em seguida, ele colocou novamente as mãos sobre os olhos do cego, que viu distintamente e ficou restabelecido e podia ver tudo nitidamente e de longe. E mandou-o para casa, dizendo: “Não entres no povoado.” (Mc 8:22-26).
Conforme explicação em “A Gênese”, cap. XV item 12, Kardec esclarece tratar-se do efeito magnético. A cura não foi instantânea, mas gradual, e em consequência de uma ação firme e reiterada, embora mais rápida que na magnetização comum.
O paralítico de Cafarnaum
...Aí lhe trouxeram um paralítico deitado numa cama. Jesus, vendo tão grande fé, disse ao paralitico: ‘Tem ânimo, meu filho; os teus pecados estão perdoados. ’ Ao ver isso alguns dos escribas diziam consigo 'Está blasfemando.’ Mas Jesus, conhecendo seus pensamentos, disse: ‘Por que tendes esses maus pensamentos em vossos corações?’ Com efeito; é mais fácil dizer que teus pecados estão perdoados, ou dizer Levanta-te e anda?
Pois bem, para que saibais que o filho do Homem tem poder na terra de perdoar pecados..., disse então ao paralítico: ‘Levanta-se, toma tua cama e vai para casa.’ Ele se levantou e foi para casa. “Vendo o ocorrido, as multidões ficaram com medo e glorificaram a Deus, que deu tal poder aos homens.” (Mt 9:1-8).
Podemos abstrair dessa passagem que, pela lei da pluralidade das existências, os males da vida são, muitas vezes, expiações do passado, e que sofremos na vida presente as consequências das faltas cometidas anteriormente. Ao lhe dizer “Vossos pecados vos são perdoados” seria equivalente a afirmar “Pagaste vossa dívida, o motivo de vosso mal foi apagado por vossa fé presente; portanto, vós mereceis estar livre de vosso mal”. É por esta razão que Jesus disse aos escribas que naquele caso perdoar os pecados era equivalente a dizer “Levanta-te e anda”; em cessando a causa, o efeito deve cessar. (GE, cap. XV, item 15).
Os dez leprosos
... Ao entrar num povoado, dez leprosos vieram-lhe ao encontro. Pararam à distância e clamaram: ‘Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!’ Vendo-os, Ele lhes disse: ‘Ide mostrar-vos aos sacerdotes’. E aconteceu que, enquanto iam, ficaram purificados. Um dentre eles, vendo-se curado, voltou atrás, glorificando Deus em alta voz, e lançou-se aos pés de Jesus com o rosto por terra, agradecendo-lhe. Pois bem, era um samaritano.
Tomando a palavra, Jesus lhe disse: ‘Os dez não ficaram purificados? Onde estão os outros nove? Não houve, acaso, quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro? ’ Em seguida, disse-lhe: ‘Levanta-te e vai; a tua fé te salvou ’. (Lc 17: 12-19).
Na época, havia grande preconceito em relação aos samaritanos. Eram desprezados pelos judeus como heréticos. Ao curar indistintamente samaritanos e judeus, Jesus demonstrava o tratamento de igualdade perante todos, dando exemplo de tolerância e fazendo ressaltar que apenas o samaritano vindo render glória a Deus, mostrou que nele havia mais verdadeira fé e reconhecimento do que naqueles que se diziam ortodoxos. Ao acrescentar “A tua fé te salvou”, fez ver que Deus olha muito além da forma exterior (GE, cap. XV item 17).
Ao dizer ao samaritano que sua fé o havia salvo, não fica claro se o mesmo não teria ocorrido aos demais. O Mestre pode ter se referido ao lado espiritual do samaritano, cuja salvação é muito mais importante do que a do corpo. Estar curado do corpo físico não significa estar “salvo”.
Jesus havia curado um grupo de dez leprosos. Apenas um retomou para agradecer. Ele não fazia questão do agradecimento pessoal. Mas quis ensinar: a cura sempre representa uma concessão da misericórdia divina, que permitiu recebêssemos de outrem recursos para nos refazermos e sairmos da situação dolorosa e prejudicial em que estávamos.
Não ser grato pela cura revela que a pessoa não entendeu quanto lhe foi concedido e, provavelmente, não saberá valorizar nem conservar a bênção recebida. A falta de gratidão ante a cura física revela que a pessoa ainda não alcançou a cura mais importante e definitiva: a do espírito.
QUESTÃO REFLEXIVA:
Comente os fatores mais importantes para que possa ocorrer a cura.
A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
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