O Valor da Prece
“E quando orardes, não
imiteis os hipócritas que costumam exibir-se, orando em pé nas sinagogas e nos
cantos das ruas, para serem vistos pelos homens; em verdade vos digo que eles
já receberam a sua recompensa. Mas, quando orardes, entrai em vosso quarto e
fechai a porta, orai a vosso Pai em secreto, e vosso Pai, que vê o que se passa
em secreto, vos recompensará. E quando orardes, não faleis muito, como fazem os
gentios, que pensam que é pelo muito falar que serão ouvidos. Não vos torneis,
pois, semelhantes a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes
mesmo que lho peçais.” (Mateus, 6: 5-8.).
"Por isso vos
digo: tudo o que pedirdes, orando, crendo que o haveis de obter, ser-vos-á
dado. Mas quando vos puserdes em oração, se tiverdes alguma coisa contra
alguém, perdoai-a, para que também vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe os
vossos pecados. Pois, se vós não perdoardes também vosso Pai que está nos céus,
não vos perdoará os vossos pecados.” (Marcos, 11: 24-26.).
"E propôs também
esta parábola a alguns que confiavam em si mesmos, como se fossem justos, e
desprezavam os outros: Subiram dois homens ao templo para orar; um era fariseu,
o outro publicano. O fariseu, posto em pé, orava no seu interior desta forma:
'Graças te dou, ó Deus, que não sou como os demais homens, que são ladrões,
injustos e adúlteros, nem como este publicano. Jejuo duas vezes na semana e
pago o dízimo de tudo o que possuo'. O publicano, porém, mantendo-se à
distância, não ousava sequer levantar os olhos para o céu, mas batia no seu
peito, dizendo: 'O Deus, tem piedade de mim pecador.' Digo-vos que este voltou
justificado para a sua casa, e não o outro, porque todo o que se exalta será
humilhado, e todo o que se humilha será exaltado. "(Lucas, 18:9-14).
As qualidades da prece
foram, assim, distintamente definidas por Jesus, quando nos recomendou que, ao
orarmos, não procurássemos exibir-nos, mas que fizéssemos sem afetação, em
segredo, com simplicidade e sem muitas palavras, porque não será pelo muito falarmos
que seremos ouvidos, mas pela sinceridade com que fizermos a prece.
Se tivermos algum
ressentimento com alguém, devemos perdoá-lo antes de orarmos, porque somente
será agradável a Deus a prece dita com fé, com fervor e sinceridade, plena de
caridade com o próximo.
Na prece devemos tomar
uma atitude humilde como a do publicano, e não orgulhosa como a do fariseu.
Muitos contestam a
eficácia da prece sob a alegação de que, conhecendo Deus as nossas necessidades,
será supérfluo que lha exponhamos, acrescentando ainda que as nossas súplicas
não podem modificar os desígnios de Deus, já que todo o Universo se encadeia
por leis eternas e imutáveis.
Compreendemos e
concordamos que as leis de Deus são eternas e
sábias e devem ser
cumpridas, porém, nem todas as circunstâncias de nossas vidas estão submetidas
à fatalidade.
Somos senhores de um
livre-arbítrio relativo para dele fazermos uso e tomarmos iniciativa, e se Deus
nos deu raciocínio e inteligência foi para que deles nos servíssemos, assim
como da vontade para querermos e da atividade para agirmos.
De nossa iniciativa se
originam acontecimentos que escapam forçosamente à fatalidade e que nem por
isso destroem a harmonia das leis universais; assim, Deus pode atender a certos
pedidos sem infirmar a imutabilidade das leis que regem o conjunto, dependendo
sempre isso do consentimento de Sua vontade.
Seria ilógico também
concluir que basta pedirmos, para obtermos tudo o que quisermos.
Invariavelmente
obteremos respostas para nossas súplicas, porém a concessão nem sempre vem de
acordo com nossos desejos, ou melhor, a imperfeita compreensão que temos das nossas
verdadeiras necessidades nos leva a concluir, erradamente sobre a não
satisfação dos nossos pedidos.
A prece é um ato de
adoração. Orar a Deus é pensar Nele; é aproximasse Dele; é pôr-se em comunicação
com Ele. A três coisas podemos propor-nos por meio da prece: louvar, pedir,
agradecer. (L.E., 659).
Devemos orar no começo
e no fim de cada trabalho: no começo para elevarmos nossas alma e atrairmos os
Espíritos esclarecidos e bons, e no fim, para agradecermos os benefícios e
ensinamentos que houvermos recebido.
Seja a nossa prece
curta, humilde e fervorosa, muito mais um transporte do nosso coração do que
uma fórmula decorada.
A prece, para ser
eficaz, não deve ser uma recitação, mas um ato de vontade capaz de atrair as
boas vibrações do Plano Espiritual e as irradiações do Divino Foco.
A prece deve ser
improvisada de preferência, porque assim a preocupação com o que estamos dizendo,
prende a nossa atenção e favorece o nosso desprendimento.
Deve ser curta. Não é
a quantidade de palavras que representa o verdadeiro sentimento da criatura.
A prece deve ser
cultivada, não para que sejam revogadas as disposições das leis divinas, mas, a
fim de que a coragem e a paciência inundem o coração de fortaleza nas lutas
ásperas, porém necessárias.
A alma, em se voltando
para Deus, não deve ter em mente senão a humildade sincera na aceitação de sua
vontade superior.
"Ninguém pode imaginar, enquanto na
Terra, o valor, a extensão e a eficácia de uma prece, nascida na fonte viva do
sentimento.” ("Mediunidade no lar", mensagem de Emmanuel).
Oração Dominical - De
todas as preces, o "Pai Nosso", ou oração dominical, é a que por consenso
ocupa o primeiro lugar, quer porque foi ensinada pelo próprio Mestre, quer
porque a todas pode substituir, conforme o pensamento que se lhe atribui. É o
mais perfeito modelo de concisão, verdadeira obra-prima de sublimidade em sua
simplicidade.
Apesar de breve,
resume nas suas sete proposições todos os deveres do homem para com Deus, para
consigo mesmo e para com o próximo; é uma profissão de fé, um ato de adoração e
de submissão, o pedido de coisas necessárias à vida e o princípio da caridade.
“Pai nosso que estais
no Céu, santificado seja o vosso nome. Venha a nós o vosso Reino, seja feita a
vossa vontade, assim na Terra como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje.
Perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores. Não
nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Assim seja.” (Mateus,VI,9-13)
(Em Lucas, acrescenta-se: "Pois vossos são o reino, o poder e a glória, para
sempre.)
Bibliografia: KARDEC,
Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. XAVIER, F. C. - Emmanuel.
Questionário
1) O que é a prece?
2) Como devemos orar
para que a prece tenha valor?
3) Na sua opinião,
qual é o valor da prece?
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