CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

24ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

Desobsessões Realizadas por Jesus

Obsessão na Visão Espírita

Para compreendermos os processos da desobsessão, antes de mais nada, é necessário entendermos o que Kardec considera como sendo um dos piores flagelos da Humanidade: a obsessão. Precisamos considerar também que o objetivo desse estudo sumário, mais profundamente analisado no Curso de Educação Mediúnica, faz-se importante nesse momento para que possamos compreender a ação de Jesus junto aos obsedados apresentados nos Evangelhos.

Em “O Livro dos Médiuns”, segunda parte, cap. XXIII, define-se obsessão como sendo o “domínio que alguns Espíritos podem adquirir sobre certas pessoas. São sempre os Espíritos inferiores que procuram dominam, pois os bons não exercem nenhum constrangimento.” Não somente os médiuns são sujeitos a ela, mas todo aquele que imprudentemente se deixa influenciar por sentimentos, emoções, paixões, pensamentos e atitudes negativas ou inferiores.

No mesmo capitulo, no item 245, encontramos que: “Os motivos da obsessão variam segundo o caráter do Espírito. Às vezes, é a prática de uma vingança contra a pessoa que o magoou na sua vida ou numa existência anterior. Frequentemente é apenas o desejo de fazer o mal, pois como sofre, deseja fazer os outros sofrerem, sentindo uma espécie de prazer em atormentá-los e humilhá-los (...) agem, às vezes, pelo ódio que lhes desperta a inveja do bem...”.

“Há Espíritos obsessores sem maldade, que são até mesmo bons, mas dominados pelo orgulho do falso saber...”.

Prosseguindo no cap. XXIII, encontramos que a palavra obsessão é um termo genérico pelo qual se designa o conjunto desses fenômenos cujas modalidades são classificadas por Kardec em:

- Obsessão simples

- Fascinação

- Subjugação

- Possessão

Obsessão simples

A obsessão simples verifica-se quando um Espírito inferior em moral “se impõe a um médium, intromete-se contra a sua vontade nas comunicações que ele recebe, o impede de se comunicar com outros Espíritos e substitui os que são evocados”.(cap. XXIII, item 238).

Fascinação

No caso da fascinação, as consequências são mais graves. Caracteriza-se como uma ilusão projetada diretamente no psiquismo do médium, paralisando sua capacidade de discernimento, pois “o médium fascinado não se considera enganado”. O Espírito obsessor atua de forma sutil, inspirando confiança e agindo sobre o obsedado hipnoticamente, condicionando-o a aceitar teorias e posturas de forma irrefletida e cega.

Mesmo os homens mais instruídos não escapam a este tipo de influência, levando-os a considerar as mais absurdas das afirmações como verídicas. (cap. XXIII, item 239).

Subjugação

A terceira variedade, a subjugação, é caracterizada por Kardec como o envolvimento psíquico que traz como consequência a total paralisação da vontade da vitima fazendo-a agir malgrado seu livre-arbítrio. Ele aponta-nos ainda que a subjugação pode ser moral ou corpórea. “No primeiro caso, o subjugado é levado a tomar decisões frequentemente absurdas e comprometedoras que, por uma espécie de ilusão, considera sensatas: é uma espécie de fascinação. No segundo caso, o Espírito age sobre os órgãos materiais, provocando movimentos involuntários.” (cap. XXIII, item 240).

Possessão

Por uma questão de nomenclatura, melhor explicada em “O Livro dos Médiuns”, item 241, Kardec prefere inicialmente não utilizar o termo possessão. Na questão 474 de “O Livro dos Espíritos” esclarece que “A palavra possessão, na sua acepção vulgar supõe a existência de demônios, ou seja, de uma categoria de seres de natureza má, e a coabitação de um desses seres com a alma, no corpo de um individuo. Mas, como não há demônios nesse sentido, e como dois Espíritos não podem habitar simultaneamente o mesmo corpo, também não há possessos, Segundo as ideias ligadas a essa palavra. Pela expressão possessão não se deve entender senão a dependência absoluta da alma em relação a Espíritos imperfeitos que a subjuguem”.

Anos mais tarde, Kardec se aprofunda no tema e faz uma distinção, conforme citado no livro “A Gênese”, capitulo XIV item 47, que:

 “Na obsessão, o Espírito age exteriormente com a ajuda de seu perispírito, que ele identifica com o do encarnado; este último se encontra então enlaçado como numa teia e constrangido a agir contra sua vontade”.

Na possessão, em vez de agir exteriormente, o Espírito livre toma o lugar por assim dizer do Espírito encarnado.

Ele faz domicilio em seu corpo, sem que, todavia, este o deixe definitivamente, o que pode ocorrer apenas na morte. “A possessão é, portanto, sempre temporária...”.

Vai nesse mesmo sentido ao comentar em “A Obsessão - Origens, Sintomas e Curas” - capitulo “Um caso de possessão, Senhorita Julie” - que pode haver a possessão, isto é, substituição de um Espírito errante a um encarnado, porém, de forma parcial. Não significa que ele passou a aceitar, integralmente, esse termo. A possessão da forma que é considerada por várias religiões, onde o corpo seria “possuído pelo demônio”, seres de natureza perversa e eternamente voltados ao mal, de fato não existe. O Espírito sempre permanecerá ligado ao seu corpo mesmo nas mais acirradas investidas. São casos de subjugação em seu mais alto grau. As diversas citações nos Evangelhos sobre possessão devem ser compreendidas a luz dessa explicação.

Expulsão de demônios, existe?

Uma outra questão importante a ser esclarecida refere-se à expulsão de demônios citada nos Evangelhos.

Vemos na questão 480 do Livro dos Espíritos que “Isso depende da interpretação. Se chamais demônio a um mau Espírito que subjuga um indivíduo, quando a sua influência for destruída ele será verdadeiramente expulso. Se atribuis uma doença ao demônio, quando a tiverdes curado direis também que expulsastes o demônio. Uma coisa pode ser verdadeira ou falsa, Segundo o sentido que se der as palavras. As maiores verdades podem parecer absurdas, quando não se olha sendo para a forma e quando se toma a alegoria pela realidade. Compreendei bem isto e procurai retê-lo, que é de aplicação geral”.

Complementando a explicação, em “obras P6stumas”, Kardec defende que “O exorcismo consiste em cerimônias e fórmulas de que zombam os maus Espíritos que, entretanto, cedem à autoridade moral que se lhes impõe. Eles veem que os querem dominar por meios impotentes, que pensam intimidá-los por um vão aparato e, então, se empenham em mostrarem-se mais fortes e para isso redobram de esforços. São quais cavalos espantadiços que dão em terra com o cavaleiro inábil e que obedecem quando topam com um que os governa. Ora, aqui, quem realmente manda é o homem de coração mais puro, porque é a ele que os bons Espíritos de preferência atendem”.

O Remédio ou meios de combatê-la

Vemos assim que em qualquer caso de obsessão o remédio não reside em fórmulas milagrosas. Como estamos falando de um problema de mente a mente, a obsessão é uma questão de atitudes mutuamente assumidas, tanto do obsessor como do obsedado. Dai o imperativo de grande vigilância para que a nossa consciência não se contamine pelo mal e acabemos por abrir as portas a essa terrível doença moral tão presente na Humanidade.

Assim, cabe a cada um procurar substituir os vícios por virtudes num programa intenso e constante de reforma interior. Práticas como o Evangelho no Lar, preces ao deitar e ao acordar, procurar manter-se sempre ligado com o Alto e encarando a todos como irmãos queridos, são pequenos exemplos que nos mantém sintonizados com as esferas superiores e longe do assédio de obsessores.

O Possesso de Cafarnaum

Na Judéia, o numero de obsedados era muito grande e Jesus teve oportunidade de curar a muitos. Há vários casos relatados nos Evangelhos. Não se tratavam de milagres, mas sim do resultado da grande ascendência moral que Ele tinha sobre qualquer criatura. Vemos isto exemplificado na passagem de Lucas 4:31-37 – O possesso de Cafarnaum, transcrita abaixo.

“Desceu então a Cafarnaum, cidade da Galiléia, e ensinava-os aos sábados. Eles ficavam pasmados com seu ensinamento, porque falava com autoridade. Encontrava-se na sinagoga um homem possesso de um Espírito de demônio impuro, que se pôs a gritar fortemente: ‘Ah! Que queres de nós, Jesus Nazareno? Viestes para arruinar-nos? Sei quem tu és: o Santo de Deus.’ Mas Jesus o conjurou severamente: ‘Cala-te, e sai dele!’ E o demônio, lançando-o no meio de todos, saiu sem lhe fazer mal algum. O espanto apossou-se de todos, e falavam entre si: ‘Que significa isso? Ele dá ordens com autoridade e poder aos espíritos impuros, e eles saem!’ E sua fama se propagava por todo lugar da redondeza.”

Naquele tempo, os fariseus entendiam que os obsedados eram possuídos pelo demônio e como também não aceitavam o poder moral superior de Jesus, argumentavam que “É pelo príncipe dos demônios que ele expulsa os demônios” (Mt 9:34 e 12:24). Vemos ainda este mesmo raciocínio de muitos teólogos e religiosos de outras religiões contra a Doutrina Espírita. Em resposta àquele argumento, Jesus questionava: “Ora, se Satanás expulsa a Satanás, esta dividido contra si mesmo. Como, então, poderá subsistir seu reinado?"

Os Possessos Gadarenos

Outro exemplo é o famoso caso dos Possessos Gadarenos (refere-se à Gadara, uma das cidades da Decápole) também atiça a imaginação, e a falta de conhecimento categoriza nas galerias do “milagre”.

“Ao chegar ao outro lado, ao país dos gadarenos, vieram ao seu encontro dois endemoniados, saindo dos túmulos. Eram tão ferozes que ninguém podia passar por aquele caminho. E eis que puseram-se a gritar: ‘Que queres de nos, Filho de Deus? Vieste aqui para nos atormentar antes do tempo?’ Ora, a certa distância deles, havia uma manada de porcos que pastavam. Os demônios lhe imploram, dizendo: ‘Se nos expulsa, manda-nos para a manada de porcos’. Jesus lhes disse: Ide'. Eles, saindo, foram para os porcos e logo toda a manada se precipitou no mal; do alto de um precipício, e pereceu nas águas.”

Em “A Gênese”, capitulo XV, item 34, Kardec aponta que: “O fato de maus Espíritos enviados aos corpos de porcos é contrário a toda probabilidade.” Contesta inclusive a presença de um rebanho tão numeroso num país em que tinham horror a esse animal e não o utilizavam para alimentação. Kardec esclarece que um Espírito mal não deixa de ser um Espírito humano mesmo que continue a praticar o mal após a sua morte, mas é contra a lei da natureza que ele possa animar o corpo de um animal. “Portanto, é preciso ver nisso uma destas amplificações comuns aos tempos de ignorâncias e de superstições, ou talvez uma alegoria para caracterizar as inclinações imundas de certos Espíritos”.

Certamente sempre poderemos contar com a assistência espiritual. A intercessão do Plano Espiritual é sempre dada a todos que os chamarem ao auxilio com pureza de coração e fé verdadeira. No entanto, cabe a nos o principal papel. Quanto mais elevados moralmente estivermos, mais condições teremos de lidar com as adversidades que nos surgem no caminho. Não há Dúvidas que os processos obsessivos estão presentes ao nosso redor. Entretanto, conforme cita Kardec A Obsessão - Origem, Sintomas e Curas - capitulo V - “Os Estudos sobre os Possessos de Morzine”, “Os maus Espíritos só se dirigem a aqueles a quem sabem poder dominar e não a aqueles a quem a superioridade moral - não dizemos intelectual - encouraça contra os ataques.” Por tudo isso, Jesus propõe tão seriamente o “orai e vigiai” constantemente.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Os Espíritos interferem no mundo corpóreo a todo momento. Já dizia Kardec que a obsessão é um dos piores flagelos da humanidade. Como combatê-la.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

23ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

Curas: O homem da Mão Ressequida, O Paralítico da Piscina, Cego de Nascença, O Servo do Centurião, Outras Curas Operadas por Jesus

O homem da mão ressequida

“E entrou de novo na sinagoga, e estava ali um homem com uma das mãos atrofiadas. E o observavam para ver se o curaria no sábado, para o acusarem. Ele disse ao homem da mão atrofiada: ‘Levanta-te e vem aqui para o meio ’. E perguntou-lhes: ‘É permitido, no sábado, fazer o bem ou fazer o mal? Salvar a vida ou matar? ’Eles, porém, se calavam. Repassando então sobre eles um olhar de indignação, e entristecido pela dureza do coração deles, disse ao homem: ‘Estende a mão ’. Ele a estendeu, e sua mão estava curada. Ao se retirarem, os fariseus com o herodianos imediatamente conspiraram contra ele sobre como o destruiriam.” (Mc 3:1-6).

O amor não tem dia nem hora para ser praticado e o magnetismo de Jesus agiu serenamente sobre a atrofia nervosa da mão daquele homem. Jesus já dizia: “Meu Pai não cessa de agir e eu também ajo sem cessar” (Jo 5:17). Como o sábado é que foi feito para o homem e pelo homem, a verdadeira caridade esta nos sentimentos nobres, na doação de si mesmo e não têm dia, nem lugar para acontecer.

O paralítico da piscina

“...Existe em Jerusalém, junto a Porta das Ovelhas, uma piscina que, em hebraico, se chama Betesda, com cinco pórticos. Sob esses pórticos, deitados pelo chão, numerosos doentes, cegos, cochos e paralíticos, ficavam esperando o borbulhar da água. Porque o anjo do Senhor descia, de vez em quando, à piscina e agitava a água; o primeiro, então, que ai entrasse, depois que a água fora agitada, ficava curado, qualquer que fosse a doença. Encontrava-se ai um homem, doente havia trinta e oito anos. Jesus, vendo-o deitado, e sabendo que já estava assim havia muito tempo. Perguntou: ‘Queres ficar curado? ’ Respondeu-lhe o enfermo: ‘Senhor não tenho quem me jogue na piscina quando a água é agitada; ao chegar outro já desceu antes de mim. ’Disse-lhe Jesus: levanta-te, toma o teu leito e anda! ’ Imediatamente o homem ficou curado. Tomou seu leito e se pôs a andar.. Eis que estás curado; não peques mais, para que não te suceda algo ainda pior! (Jo 5:2-14).

Por essas palavras, ele lhe faz entender que seu mal era uma decorrente dos compromissos assumidos em vidas anteriores e que, se não melhorasse, poderia ser de novo punido ainda mais rigorosamente. Essa doutrina esta inteiramente conforme aquela que o Espiritismo ensina (GE, cap. XV item 22).

Esta cura também se operou no sábado. Era uma forma de protestar contra o rigor dos fariseus no tocante a observância desse dia. Ele queria mostrar-lhes que a verdadeira piedade não consiste na observância de praticas exteriores e de coisas formais, mas que ela esta nos sentimentos do coração.

Encarando a narração do Evangelho pelo lado moral, Cairbar Schutel em “Parábolas e Ensino de Jesus”, cap. “O paralitico da piscina” convida-nos a questionar por que só um enfermo mereceu a graça da cura sem a agitação das águas, enquanto os outros permanecem esperando o momento certo para entrar no tanque.

É o próprio Cairbar que infere alertando que a maioria dos enfermos buscava a cura do corpo, a cura dos males físicos, enquanto que o paralitico provavelmente não só desejava a liberdade do corpo, como também a do Espírito. Somente ele, pela sua crença, estava apto a receber a cura. O comentário é de significativo ensinamento para nossos dias, onde nos preocuparmos muito mais com a questão da saúde do corpo do que a do Espírito.

Cego de nascença

“Ao passar ele viu um homem, cego de nascença. Seus discípulos lhe perguntaram: ‘Rabi, quem pecou, ele ou seus pais, para que nascesse cego?’ Jesus respondeu: ‘Nem ele, nem seus pais pecaram, mas é para que nele seja manifestadas as obras de Deus...’ Tendo dito isso, cuspiu na terra, fez lama com a saliva, aplicou-a sobre os olhos do cego e lhe disse: ‘Vai lavar-te na piscina de Siloé - que quer dizer ‘Enviado ’ - . o cego foi, lavou-se e voltou vendo. Os vizinhos, então, e os que estavam acostumados a vê-lo antes, porque era mendigo, diziam: ‘Não é esse que ficava sentado a mendigar?’. Perguntaram-lhe então: ‘Como se abriram os seus olhos?’ Respondeu: ‘O homem chamado Jesus fez lama, aplicou-a nos meus olhos e disse: ‘Vai a Siloé e lava-te’. Fui, lavei e recobrei as vistas.’ Os fariseus perguntaram-lhe novamente como havia recobrado a vista. Respondeu-lhes: ‘Ele aplicou-me lama nos olhos, lavei-me e vejo... Se esse homem não veio de Deus, nada poderia fazer’. ” (Jo 9:1-34).

A situação constrangedora a que foi submetido o cego de nascença, colocado frente aos fariseus que procuravam, a todo custo, distorcer a verdade personificada em Jesus e patenteada em suas curas, serve como exemplo de simplicidade ante as dificuldades e impedimentos colocados por aqueles que queriam, a todo custo, comprometer Jesus e sua obra.

A pergunta dos discípulos sobre quem pecara, o cego ou os seus pais, indica a intuição de uma existência anterior, pois de outra maneira ela não teria sentido, pois o pecado que seria a causa de uma enfermidade de nascença deveria ter sido cometido antes do nascimento, logo, em uma existência anterior. Jesus lhes revelou que o homem era cego não porque tinha pecado. Se não era uma expiação do passado, era uma provação que serviria ao seu progresso, porque Deus é justo, não poderia lhe impor um sofrimento sem compensação.

Quanto ao meio empregado para curá-lo, é evidente que a fórmula saliva-terra fora um veiculo de energia curativa empregada por Jesus, porque a lama feita não podia ter virtude alguma senão pela ação do fluido curador do qual ela estava impregnada (GE, cap. XV item 25).

O servo do centurião de Cafarnaum

“Ao entrar em Cafarnaum, chegou-se a ele um centurião que lhe implorava e dizia: ‘Senhor o meu criado esta deitado em casa paralítico, sofrendo dores atrozes. Jesus lhes disse: ‘Eu irei curá-lo.” Mas o centurião respondeu-lhe: ‘Senhor: não sou digno de receber-te sob o meu teto, basta que digas uma palavra e o meu criado ficara são.’ Com efeito, também estou debaixo de ordens, tenho soldado sob meu comando, e quando digo a um ‘Vai’, ele vai e a outro ‘vem’, ele vem. E quando digo ao meu servo ‘Faze isso!’ ele faz. Ouvindo isso, Jesus ficou admirado e disse aos que o seguiam: ‘Em verdade vos digo, que em Israel não achei ninguém que tivesse tal fé.’ Em seguida, disse ao centurião: ‘Vai! Como creste, assim te seja feito’! “Naquela mesma hora o criado ficou são.” (Mt8:5-13).

Vemos aqui um grande exemplo da potência curadora de Jesus que mesmo a distancia pode exercê-la em função da fé sincera demonstrada pelo centurião. É de se admirar também a frase: “Eu irei curá-lo”. Qual é o médico que, sem ver o doente, sem perscrutar, sem examinar, pode dizer categoricamente a qualquer que o chama para socorrer um sofredor: “Eu irei curá-lo”? “Eis porque sempre afirmamos que Jesus foi o maior de todos os médicos e que ninguém foi, nem é tão sábio quanto ele. A sua ação no mundo foi verdadeiramente estupenda, extraordinária, maravilhosa. Só ele era capaz de fazer o que fez; só ele é capaz ainda hoje de fazer o que de fato nós precisamos; e o fará se, como o centurião, soubermos implorar-lhe assistência.” (Parábolas e Ensinos de Jesus, cap. “Jesus e o centurião”).

Outras curas operadas por Jesus

Na obra “A Gênese”, cap. XV item 26, Kardec cita que Jesus ia por toda Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino, e curando todas as fraquezas e todas as moléstias entre o povo. Traziam-lhe os doentes e afligidos por males diversos, os possessos, lunáticos, paralíticos..., e acompanhava-o grande multidão.

Diz Kardec que de todos os fatos que atestam o poder de Jesus, os mais numerosos são as curas. “...Ele queria provar por esse meio que o verdadeiro poder é o que faz o bem...” (GE, cap. XV, item 27), que aliviando sofrimento, fazia prosélitos pelo coração, fazendo-se entendido e amado.

Façamos a nossa parte

A doença é uma terapêutica da alma, dentro do mecanismo da evolução humana. É a filtragem, no corpo, dos efeitos prejudiciais dos desequilíbrios espirituais. Funciona, também, como processo que induz a reflexão e disciplina das atitudes. Enquanto não produziu seus efeitos benéficos, não deve ser suprimida.

De todos os enfermos que o procuravam, Jesus curou somente aqueles em quem os efeitos purificadores da enfermidade já haviam atingido seu objetivo reequilibrante, ou aqueles que já apresentavam condições para receberem esse auxilio no corpo físico.

“Curai os enfermos”, mandou ele aos seus discípulos, mas completou: “anunciai-lhes: o Reino de Deus está próximo de vós.” (Lc 10:9). Não queria que apenas curassem corpos, mas que orientassem os enfermos para o entendimento e cumprimento das leis de Deus, porque a verdadeira cura é a do espírito e esta não se da apenas pela supressão dos sintomas da doença física, a qual é tão somente uma consequência.

Para evitar as enfermidades, cuidemos não só do corpo, mas do espírito, cultivando bons pensamentos e sentimentos, praticando o bem e não o mal. Ao sermos curados, agradeçamos. “Mas, se apesar de nossos esforços, não pudermos fazê-lo, o Espiritismo nos ensina a suportar com resignação os nossos males passageiros.” (ESE, cap. XXVIII, V item 77).

Emmanuel, na obra “Seara dos Médiuns”, cap. “Oração e Cura”, orienta que: “lesões e chagas, frustrações e defeitos em nossa forma externa são remédios da alma que nós mesmos pedimos à farmácia de Deus”.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Como podemos evitar as enfermidades?

Bibliografia
- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan – A Gênese - Ed. FEESP.
- Armond, Edgard – O Redentor
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan – A Gênese - Ed. FEESP.
- Schutel, Cairbar – Parábolas e Ensinos de Jesus
- Xavier, Francisco C./ Emmanuel – Seara dos Médiuns

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

quinta-feira, 31 de outubro de 2024

23ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

As Curas do Evangelho

Curas: Perda de Sangue, Cego de Betsaida, Paralítico de Cafarnaum, os Dez Leprosos

Conforme vimos em aulas anteriores, até o advento da Codificação Espírita, muitos fenômenos, por não encontrarem comprovação cientifica, foram considerados milagrosos. Não se conhecia a causa determinante.

Hoje sabemos que são fatos corriqueiros, dentro da lógica dos fenômenos anímicos e mediúnicos. Sabemos também que a ação magnética pode produzir-se de várias maneiras. Tudo resulta das leis eternas da Criação.

Em “A Gênese”, Kardec comenta que “Os fatos relatados no Evangelho, e que foram até aqui considerados milagrosos, pertencem na maioria à ordem dos fenômenos psíquicos, isto é, daqueles que têm como causa primária as faculdades e os atributos da alma.” (GE, cap. XV item 1). Esses fenômenos sempre estiveram presentes na história, inclusive nos dias de hoje. Podem ser reproduzidos e submetidos a uma lei, portanto, não é miraculoso. Seguindo o capítulo na Gênese, vemos que o principio dos fenômenos psíquicos repousa:

- Nas propriedades do fluido perispiritual que constitui o agente magnético;

- Nas manifestações da vida espiritual durante a vida corpórea e depois da morte;

- No estado constitutivo dos Espíritos e no papel que eles desempenham como Força Ativa na Natureza.

A potência curadora depende da pureza da substância fluídica inoculada. Em se tratando de Jesus, a qualidade desses fluidos lhe dava uma imensa força magnética, auxiliada pelo desejo incessante de fazer o bem. Na obra “A Gênese”, Kardec ensina-nos que Jesus não agia como médium. Médium é um intermediário, um instrumento do qual se servem os Espíritos desencarnados. Jesus não tinha necessidade de assistência. Ele agia por si mesmo, em vista de sua natureza superior. (GE, cap. XV item 2).

Além do campo vibratório que o Mestre criava ao seu redor, a vontade do enfermo em ser curado propiciava a sintonia capaz de assimilar os fluidos reparadores necessários ao restabelecimento orgânico, muitas vezes, perispiritual.

Aqueles que recebiam o benefício da cura, Jesus dizia:

- “A tua fé te curou. Perdoados são teus pecados, vai e não peques mais”.

- “quem crê em mim fará as obras que faço e fará até maiores do que elas.” (Jo 14:12).

A seguir, vamos analisar os principais casos de curas realizadas por Jesus, sempre muito ricas em aprendizado. 

Perda de sangue 

“Ora, certa mulher que havia doze anos tinha um fluxo de sangue...” tinha ouvido falar de Jesus. Aproximou-se dele, por detrás, no meio da multidão, e tocou-lhe a roupa. Porque dizia: ‘Se ao menos tocar as suas roupas, serei salva ’. E logo estancou a hemorragia. E ela sentiu no corpo que estava curada de sua enfermidade.

Imediatamente, Jesus, tendo consciência da força que dele saíra, voltou-se para a multidão e disse: 'Quem tocou minhas roupas?’ 

...Então, a mulher amedrontada e trêmula, sabendo o que lhe tinha sucedido, foi e caiu-lhe aos pés e contou-lhe toda verdade. E ele disse a ela ‘minha filha, a tua fé te salvou; vai em paz e estejas curada desse teu mal ’. (Mc 5:25-34).

De acordo com Kardec em “A Gênese”, cap. XV item 11, tanto Jesus como a mulher sentiram a ação que se produzira com o movimento fluídico que se operou de Jesus para a mulher enferma. O efeito não havia sido provocado por nenhum ato de vontade de Jesus. Kardec explica dizendo que o fluido, sendo dado como matéria terapêutica, deve atingir a desordem orgânica para repará-la; pode ser dirigido pela vontade do curador ou atraído pela fé ardente do enfermo.

Portanto, Jesus tinha toda razão ao dizer: “A tua fé te salvou”. Compreende-se aqui que “a fé não é uma virtude mística como certas pessoas a entendem, mas uma verdadeira força atrativa”. Desta forma, é possível compreender que de dois doentes atingidos pelo mesmo mal, estando em presença de um curador, um possa ser curado e o outro não. Kardec finaliza comentando que este é um dos princípios mais importantes da mediunidade curadora e que explica, por uma causa muito natural, certas anomalias aparentes.

O cego de Betsaida

“E chegaram a Betsaida. Trouxeram-lhe então um cego, rogando que ele o tocasse. Tomando o cego pela mão, levou-o para fora do povoado e, cuspindo-lhe nos olhos e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe “Percebes alguma coisa?” E ele começando a ver disse: “Vejo as pessoas como se fossem árvores andando.” Em seguida, ele colocou novamente as mãos sobre os olhos do cego, que viu distintamente e ficou restabelecido e podia ver tudo nitidamente e de longe. E mandou-o para casa, dizendo: “Não entres no povoado.” (Mc 8:22-26).

Conforme explicação em “A Gênese”, cap. XV item 12, Kardec esclarece tratar-se do efeito magnético. A cura não foi instantânea, mas gradual, e em consequência de uma ação firme e reiterada, embora mais rápida que na magnetização comum.

O paralítico de Cafarnaum

...Aí lhe trouxeram um paralítico deitado numa cama. Jesus, vendo tão grande fé, disse ao paralitico: ‘Tem ânimo, meu filho; os teus pecados estão perdoados. ’ Ao ver isso alguns dos escribas diziam consigo 'Está blasfemando.’ Mas Jesus, conhecendo seus pensamentos, disse: ‘Por que tendes esses maus pensamentos em vossos corações?’ Com efeito;  é mais fácil dizer que teus pecados estão perdoados, ou dizer Levanta-te e anda?

Pois bem, para que saibais que o filho do Homem tem poder na terra de perdoar pecados..., disse então ao paralítico: ‘Levanta-se, toma tua cama e vai para casa.’ Ele se levantou e foi para casa. “Vendo o ocorrido, as multidões ficaram com medo e glorificaram a Deus, que deu tal poder aos homens.” (Mt 9:1-8).

Podemos abstrair dessa passagem que, pela lei da pluralidade das existências, os males da vida são, muitas vezes, expiações do passado, e que sofremos na vida presente as consequências das faltas cometidas anteriormente. Ao lhe dizer “Vossos pecados vos são perdoados” seria equivalente a afirmar “Pagaste vossa dívida, o motivo de vosso mal foi apagado por vossa fé presente; portanto, vós mereceis estar livre de vosso mal”. É por esta razão que Jesus disse aos escribas que naquele caso perdoar os pecados era equivalente a dizer “Levanta-te e anda”; em cessando a causa, o efeito deve cessar. (GE, cap. XV, item 15).

Os dez leprosos

... Ao entrar num povoado, dez leprosos vieram-lhe ao encontro. Pararam à distância e clamaram: ‘Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!’ Vendo-os, Ele lhes disse: ‘Ide mostrar-vos aos sacerdotes’. E aconteceu que, enquanto iam, ficaram purificados. Um dentre eles, vendo-se curado, voltou atrás, glorificando Deus em alta voz, e lançou-se aos pés de Jesus com o rosto por terra, agradecendo-lhe. Pois bem, era um samaritano.

Tomando a palavra, Jesus lhe disse: ‘Os dez não ficaram purificados? Onde estão os outros nove? Não houve, acaso, quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro? ’ Em seguida, disse-lhe: ‘Levanta-te e vai; a tua fé te salvou ’. (Lc 17: 12-19).

Na época, havia grande preconceito em relação aos samaritanos. Eram desprezados pelos judeus como heréticos. Ao curar indistintamente samaritanos e judeus, Jesus demonstrava o tratamento de igualdade perante todos, dando exemplo de tolerância e fazendo ressaltar que apenas o samaritano vindo render glória a Deus, mostrou que nele havia mais verdadeira fé e reconhecimento do que naqueles que se diziam ortodoxos. Ao acrescentar “A tua fé te salvou”, fez ver que Deus olha muito além da forma exterior (GE, cap. XV item 17). 

Ao dizer ao samaritano que sua fé o havia salvo, não fica claro se o mesmo não teria ocorrido aos demais. O Mestre pode ter se referido ao lado espiritual do samaritano, cuja salvação é muito mais importante do que a do corpo. Estar curado do corpo físico não significa estar “salvo”.

Jesus havia curado um grupo de dez leprosos. Apenas um retomou para agradecer. Ele não fazia questão do agradecimento pessoal. Mas quis ensinar: a cura sempre representa uma concessão da misericórdia divina, que permitiu recebêssemos de outrem recursos para nos refazermos e sairmos da situação dolorosa e prejudicial em que estávamos.

Não ser grato pela cura revela que a pessoa não entendeu quanto lhe foi concedido e, provavelmente, não saberá valorizar nem conservar a bênção recebida. A falta de gratidão ante a cura física revela que a pessoa ainda não alcançou a cura mais importante e definitiva: a do espírito.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente os fatores mais importantes para que possa ocorrer a cura.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

22ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

Fenômenos da Natureza

José Herculano Pires, na introdução de “A Gênese” comenta: “O mundo vem se revelando aos homens lentamente, através dos milênios em que as gerações se sucedem. Mas a verdade é que somente neste século, graças a um extraordinário aceleramento das ciências, a sua realidade começa a desvendar-se aos nossos olhos. 

Quando o homem apareceu na Terra, o Mundo já era velho de muitos milhões de anos. Esse animal curioso, dotado de inteligência indagadora, começou por conhecer apenas a epiderme do mundo, assim mesmo em reduzida extensão”.

No inicio de sua jornada na Terra, a preocupação do Homem era a sua sobrevivência, dia após dia. Com o passar do tempo, adquirindo certa confiança e habilidade para atender suas necessidades, 0 Homem passa a buscar respostas para os fenômenos que o cercam e o intrigam, que interferem de alguma forma em sua vida.

Dentre os vários significados, podemos definir fenômeno como tudo que pode ser percebido pelos sentidos ou pela consciência.

Com o intuito de compreender o que nos rodeia, através do desenvolvimento da razão, foram nascendo as ciências, e por meio da metodologia científica, as Leis Naturais foram sendo desvendadas, mas nem sempre totalmente compreendidas.

Jesus, conhecedor dos fenômenos naturais relacionados às Leis de Deus, portador das potencialidades espirituais em grau máximo, protagonizou muitos acontecimentos que pareciam ir contra as leis naturais.

Hoje, decorridos milênios de sua vinda ao planeta, muitos fatos ainda são considerados extraordinários, porém, a ciência desvenda-os, pouco a pouco, tornando compreensível o que antes era extraordinário.

Jesus realizava coisas que aos olhos de homens simples e ignorantes eram maravilhas; assim com seria maravilhoso ao Homem de alguns séculos atrás observar; nos dias de hoje, uma pessoa comunicando-se através de um aparelho celular ou um de computador.

Kardec, em “O Livro dos Médiuns”, capítulo II, item 7, afirma: “... O homem, em todos os tempos teve amor ao maravilhoso. - Mas o que é o maravilhoso, Segundo vês? - Aquilo que é sobrenatural - E o que entendeis por sobrenatural? - O que é contrário as leis da Natureza - Então conheceis, pois tão bem essas leis que podeis marcar limite ao poder de Deus? Muito bem! Provai então que a existência dos Espíritos e suas manifestações são contrárias as leis da Natureza; que elas não são e não podem ser uma dessas leis”.

O Espiritismo traz a sua contribuição para o desenvolvimento do entendimento humano e para auxiliar a compreensão do Homem em conceitos que escapam a ciência material, como a importante ação dos Espíritos nos fenômenos da natureza, conforme encontramos na obra “O Livro dos Espíritos”, capitulo IX.

MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES (PÃO DA VIDA)

Ele perguntou: ‘Quantos pães tendes? Ide ver’. Tendo-se informado, responderam-lhe: ‘Cinco, e dois peixes’.

Ordenou-lhes então que fizessem todos se acomodarem, em grupos de convivas, sobre a grama verde. E sentaram-se no chão, repartindo- se em grupos de cem e de cinquenta. Tomando os cinco pães e os dois peixes, elevou ele os olhos ao céu, abençoou, partiu os pães, e deu-os aos discípulos para que lhes distribuíssem. E repartiu também os dois peixes entre todos. Todos comeram e ficaram saciados. (Mc 6: 38 a 42).

Cairbar Schutel, em sua obra “O Espírito do Cristianismo”, aventa a hipótese de ter ocorrido um fenômeno de materialização em larga escala, produzido por Jesus, culminando com a multiplicação dos pães.

Kardec, entretanto, explica-nos em “A Gênese”, capitulo XV que devemos interpretar esta passagem de maneira figurada, ou seja, devemos nos lembrar que além da fome material, todos nós possuímos, sobretudo a fome espiritual, geralmente mais difícil de ser apaziguada. Devido ao seu magnetismo único, Jesus, apenas pela sua presença, pela sua palavra, pelo seu amor, seria capaz de saciar a fome de todos que o procuravam, tal o seu teor vibratório espiritual. Não haveria, portanto, necessidade de “prodígio” para entendermos a passagem acima.

Além disso, Jesus, que jamais perdia a oportunidade de orientar aos seus discípulos, incentiva-os a distribuírem aquilo que no momento possuíam, na figura de cinco pães e dois peixes. Vem, assim, mais uma vez, ensinar-nos a fraternidade e a solidariedade: aquele que tem reparte com os que pouco ou nada tem. O Mestre utiliza todo seu conhecimento para saciar a fome do corpo e alma da Humanidade, ali representada pela multidão que o cercava. É o pão da doutrina ensinada por Jesus alimentando multidões eternidade afora.

No Evangelho segundo João (6:35 a 36) encontramos: “Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim, nunca mais terá fome, e o que crê em mim nunca mais terá sede...”

Jesus é o pão da vida espiritual, seu Evangelho é o alimento das almas necessitadas de entendimento e auxilio.

Os discípulos da fraternidade de Jesus multiplicam seus pães na caridade da prece, das vibrações que realizam a cada dia em prol de todos: gestos simples, mas de eficácia abundante. Todos nós temos “pães e peixes” a distribuir.

PESCA SURPREENDENTE

A multidão, em Genesaré, ávida pela palavra de Deus, comprimia Jesus que, avistando dois barcos junto à praia, nele sobe e pede para que se afastasse um pouco, para que seus ensinamentos pudessem ser aproveitados pela multidão.

“Quando acabou de falar: disse a Simão. ‘Faze-te ao largo; lançai vossas redes para a pesca’. Simão respondeu: Mestre, trabalhamos a noite inteira sem nada apanhar; mas porque mandas, lançarei as redes. Fizeram isso e apanharam tamanha quantidade de peixes que suas redes se rompiam. Fizeram então sinais aos sócios do outro barco para virem em seu auxilio. Eles vieram e encheram os dois barcos, a ponto de quase afundarem”. (Lc 5:4).

Jesus, portador da faculdade de dupla vista (ver LE questões. 447 a 454-a) em grau supremo, como nos explica Kardec, em “A Gênese”, capitulo XV sabia onde se encontrava o cardume de peixes, pois o havia visto, através da alma, assim como vemos a luz do dia através de nossos olhos materiais. Após alimentar a alma da multidão, renova a esperança dos homens com “mesa farta” (o peixe era essencial na alimentação da população).

Alimentar o corpo é condição essencial para manter a vida física, mas a alma também precisa do néctar espiritual que são as virtudes vivenciadas.

TEMPESTADE APLACADA

“Certo dia, ele subiu a um barco com os discípulos e disse-lhes: ‘Passemos a outra margem do Lago'. E fizeram-se ao largo. Enquanto navegavam, ele adormeceu. Desabou então uma tempestade de vento no Lago; e o barco se enchia de água e eles corriam perigo. Aproximando-se dele, despertaram-no, dizendo: ‘Mestre, mestre, estamos perecendo ’ Ele, porém, levantando-se, conjurou severamente, o vento e o tumulto das ondas; apaziguaram-se e houve bonança. Disse-lhes então: ‘Onde esta a vossa fé? ’Com medo e espantados, eles diziam entre si: ‘ Quem é esse, que manda até nos ventos e nas ondas, e eles lhe obedecem?” (Lc 8;22-25).

Encontramos na obra “A Gênese”, no mesmo capitulo XV item 46, o comentário de que “ainda não conhecemos os segredos da natureza para afirmar se existem, sim ou não, inteligências ocultas que presidem à ação dos elementos; caso isso fosse possível, o fenômeno citado acima decorreria de um ato de autoridade sobre essas inteligências.

Em “O Livro dos Espíritos” encontramos no capitulo IX, item IX, a ação dos Espíritos sobre os fenômenos da natureza. As questões 539 e 540 podem nos elucidar no tocante aos fenômenos das tempestades onde os Espíritos reúnem-se em massas enumeráveis e de que ha um encadeamento de beleza e harmonia para a produção desses fenômenos, onde os seres mais simples são dirigidos pelos de maior inteligência, para reequilíbrio necessário da natureza.

O Mestre, com sua superioridade natural, seria plenamente capaz de conduzir essa situação; conhecedor das Leis naturais e de como estes fenômenos são desencadeados e controlados. O fato de que ele dormia tranquilamente, durante a tempestade, atesta a sua segurança, explicada pela circunstância de que seu Espírito não via perigo nenhum e que a tempestade seria amainada.

Na vida material as tempestades a serem enfrentadas são diversas e o Evangelho será sempre nosso porto seguro. Jesus deixou para todos nós o roteiro para navegarmos com tranquilidade mesmo em águas revoltas.

ANDAR SOBRE ÁS ÁGUAS

“Na quarta vigília da noite, ele dirigiu-se a eles, caminhando sobre o mar. Os discípulos, porém, vendo que caminhava sobre o mar, ficaram atemorizados e diziam: ‘É um fantasma!’ E gritaram de medo. Mas Jesus lhes disse logo: Tende confiança, sou eu, não tenhais medo’.”

“Pedro interpelando-o, disse: ‘Senhor, se és tu, manda que eu vá ao teu encontro sobre as águas’. E Jesus respondeu: ‘Vem’. Descendo do barco, Pedro caminhou sobre as águas e foi ao encontro de Jesus. Mas sentindo o vento, ficou com medo e, começando a afundar gritou: ‘Senhor, salva-me!’ Jesus, estendeu a mão prontamente e o segurou, repreendendo: ‘Homem fraco na fé, por que duvidaste?’ Assim que subiram no barco, o vento amainou. Os que estavam no barco, prostraram-se diante dele dizendo: ‘Verdadeiramente, tu é o filho de Deus!’.” (Mt 14:22-23)

Segundo Kardec, em “A Gênese”, capítulo XV, teríamos duas explicações plausíveis para o fenômeno observado. Jesus poderia ter aparecido sobre a água, numa forma tangível, ou seja, seu perispírito tornou-se visível, enquanto seu corpo carnal encontrava-se em repouso.

Por outro lado, em hipótese menos provável, segundo Kardec, poderia ter ocorrido um fenômeno onde seu corpo físico teria sido sustentado e seu peso neutralizado por uma força fluídica neutralizando o efeito da gravidade. No caso de Jesus, essa força seria produzida por ele mesmo, através da sua capacidade de manipulação fluídica.

O medo que Pedro sentiu ainda é o mesmo que hoje afasta as almas do entendimento; sem humildade colocamos barreiras ao Amor Divino e afundamos na descrença gerando pensamentos de mágoa, descontentamento e rebeldia. Porém quando nos lembramos da exemplificação de Jesus entre nós, enchemo-nos de esperança e revivemos, eliminando medo e angústias, buscando alegria e felicidade.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Através destas passagens, Jesus fixa na mente humana seus ensinamentos, incentivando-nos à renovação interior. Como vivenciar esta experiência em nós mesmos?

Bibliografia

- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan – A Gênese - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Franco, Divaldo/Joanna de Angelis – Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda.
- Godoy, Paulo A. – O Evangelho por dentro – Ed. FEESP.
- Franco, Divaldo/Joanna de Angelis – Jesus e Atualidade.
- Schutel, Cairbar – O Espírito do Cristianismo.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

quinta-feira, 17 de outubro de 2024

22ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

A Ressurreição no Evangelho e os Milagres de Jesus Relacionados aos fenômenos da natureza

A Ressurreição no Evangelho

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capitulo IX, item 8, é nos mostrada à importância da obediência e resignação, duas virtudes essenciais que nos levam, respectivamente, ao consentimento da razão e do coração.

O Mestre é o exemplo vivo dessas duas virtudes, e em conhecendo as necessidades do Homem, tanto do ponto de vista intelectual quanto moral, agia com naturalidade e humildade nas mais diversas circunstancias como veremos a seguir.

Com sua autoridade moral plena, não derrogou Leis Divinas, ao contrário, buscou utilizá-las para despertar no homem o desejo do conhecimento das Leis e a necessidade da sua aplicação em nossa vida diária. Algumas das passagens que suscitam maior discussão dos feitos de Jesus referem-se à questão das “ressurreições” por ele praticadas.

Vejamos o que nos diz a Doutrina Espírita sobre a ressurreição no Evangelho:

- A filha de Jairo

- O filho da viúva de Naim

- A Volta de Lázaro (letargia e catalepsia)

“Em verdade, em verdade, te digo: quem não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus.” (Jo 3:3). O termo ressurreição significa a Volta a Vida no mesmo corpo físico.

A ressurreição, diz Kardec no cap. IV de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, fazia parte dos dogmas dos judeus. Mas, essa crença, como muitas outras, não estava totalmente clara. Eles simplesmente acreditavam na possibilidade de alguém Voltar a Viver após sua morte, mas não sabiam como isso se dava.

A Ciência, no entanto, comprova a impossibilidade de tal processo, pois após a morte do corpo, esses elementos se decompõem, dispersam-se, e servem para a formação de novos corpos.

Em “A Gênese”, cap. XV item 39, Kardec afirma: “O fato do retorno à vida corporal de um individuo, realmente morto, seria contrário das Leis da Natureza, e, por conseguinte, miraculoso...”

A Doutrina Espírita esclarece-nos que a reencarnação é a volta do Espírito a vida corpórea, mas em um novo corpo, diferente do antigo.

Aqui podemos recordar o caso de João Batista que, pelas palavras de Jesus, era a reencarnação do profeta Elias, como consta do Evangelho de Mateus, no cap. 11:14-15: “Porque todos os profetas bem como a Lei profetizaram, até João. E, se quiseres dar crédito ele é o Elias que deve vir. Quem tem ouvidos, ouça.”

A Filha de Jairo

"Jesus, ao entrar na casa de Jairo, um dos dirigentes de uma sinagoga, vendo os flautistas e a multidão em alvoroço, disse: Retirai-vos todos daqui, porque a menina não morreu: dorme. E caçoavam dele. Mas, assim que a multidão foi removida para fora, ele entrou, tornou-a pela mão e ela se levantou”. A notícia do que aconteceu espalhou-se por toda aquela região.” (Mt 9:23-26).

O Filho da Viúva de Naim

“Ao se aproximar da porta da cidade, coincidiu que levavam a enterrar um morto, filho único de mãe viúva; e grande multidão da cidade estava com ela. O Senhor; ao vê-la, ficou comovido, e disse-lhe: ‘Não Chores!”

“Depois, aproximando-se, tocou o esquife, e os que o carregavam pararam. Disse ele, então: jovem, eu te ordeno, levanta-te! E o morto sentou-se e começou a falar. E Jesus o entregou-a sua mãe.” (Lc 7:12-15).

A Ressurreição de Lázaro

“Ao chegar; Jesus encontrou Lázaro já sepultado havia quatro dias (...) Então, disse Marta a Jesus: ‘Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido. Mas, ainda agora sei que tudo o que pedires a Deus, ele te concedera.’ Disse-lhe Jesus: ‘Teu irmão ressuscitará’ (...) Disse Jesus: ‘Retirai a pedra!’ Marta, a irmã do morto, disse-lhe: ‘Senhor; já cheira mal: é o quarto dia!’ Disse-lhes Jesus: ‘Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?’. Tendo dito isto, gritou em alta voz: ‘Lazaro, vem para fora!’ O morto saiu, com os pés e mãos enfaixados e com o rosto recoberto com um sudário. Jesus lhes disse: Desatai-o e deixai-o ir embora.” (Jo 11:17-44)

Quando nos deparamos com esses fatos, a ideia de algo sobrenatural e milagroso assalta-nos, pois a primeira vista, poderíamos pensar em situações onde aquele que já estivesse morto pudesse retomar a vida física no mesmo corpo. Entretanto, a Doutrina Espírita vem auxiliar a nossa compreensão daquilo que parece maravilhoso, mas, ao contrario do que se pensa, está plenamente de acordo com Leis Naturais, que, por vezes, ainda não conhecemos. É o caso dos estados de letargia e catalepsia que justificam as passagens bíblicas acima citadas.

A letargia e a catalepsia, consoante explicação de Kardec no cap. VIII de “O Livro dos Espíritos” derivam do mesmo principio. A letargia e a catalepsia tem o mesmo fundamento: a perda temporária da sensibilidade e do movimento decorrente de uma causa fisiológica ainda não completamente estabelecida.

A diferença entre as duas reside no fato de que na letargia a paralisação do corpo é geral e dá ao corpo a aparência de morte, enquanto que na catalepsia, a paralisação é localizada, podendo atingir uma parte mais ou menos extensa do corpo.

Não podemos afirmar com absoluta certeza se nos casos do filho da viúva de Naim e da filha de Jairo teria ocorrido um estado de catalepsia ou de letargia, pois não ha dados suficientes nos relatos bíblicos para que possamos distinguir um fenômeno do outro. De qualquer maneira, podemos afiançar que nos dois casos temos uma morte aparente, condição revertida pela pronta atuação magnética de Jesus. Caso isso não tivesse ocorrido, provavelmente os dois teriam sido sepultados sem estarem ainda mortos, fato que acontecia com frequência em épocas onde a Medicina não se encontrava devidamente desenvolvida para diagnosticar e registrar as funções vitais, como o batimento cardíaco e a atividade cerebral, de maneira eficaz como acontece na atualidade.

No entanto, no relato de Lázaro, acreditamos tratar-se de um estado de letargia, já que se encontrava “sepultado há quatro dias e cheirava mal”. Não é incomum a decomposição de um membro nesses casos.

Lázaro, portanto, em estado letárgico, apresentava-se com perda total dos movimentos, mas suas funções vitais pertinentes ao corpo físico continuavam a ser executadas, embora a sua aparência fosse de morte.

Sabedor deste fato, o Mestre utilizou seu fluido magnético, e mesmo decorridos vários dias em que Lázaro encontrava-se nesse estado, vitalizou-o sobremaneira, permitindo que imediatamente a movimentação retomasse. Todos se maravilharam, pois nada se conhecia a respeito deste assunto.

“O Livro dos Espíritos” explica-nos, em sua questão 422 que os letárgicos e os catalépticos podem ver e ouvir, muitas vezes, o que se passa ao seu redor, mas não podem comunicar-se, embora mantenham consciência de si mesmos.

A percepção de tudo o que ocorre ao seu redor é do Espírito imortal, isso porque não houve ruptura completa dos laços fluídicos que ligam o Espírito ao seu corpo físico, o que, caso acontecesse, ocasionaria a morte do corpo. Em verdade, ocorre nesses casos uma frouxidão maior entre os laços do Espírito e do corpo, a qual permite ao Espírito um estado maior de desprendimento da alma.

Nas citações bíblicas acima, o amoroso influxo magnético do Mestre, decorrente de sua pureza fluídica e de sua vontade em auxiliar ao semelhante, foi suficiente para que a ligação entre o Espírito e corpo fosse fortalecida e se renovasse de forma intensa.

Mais uma vez o Mestre vem a nos para nos auxiliar a tirar as pedras de nosso caminho evolutivo, trazendo-nos para um novo dia...

Figuradamente, poderíamos dizer que o Mestre veio nos tirar do torpor, da letargia em que nos encontrávamos, renovando-nos através de seu Amor incondicional por toda a Humanidade, despertando-nos para a verdadeira vida, para a felicidade para a qual fomos criados, para a perfectibilidade que nos aguarda ao fim da grande jornada do autoconhecimento e da renovação interior.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente sobre as lições que podemos colher do episódio de Lázaro.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

quinta-feira, 10 de outubro de 2024

21ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

A Transfiguração no Tabor

“Seis dias depois, Jesus tomou consigo a Pedro, Tiago e João, e os levou, sozinhos, para um lugar retirado sobre uma alta montanha. Ali foi transfigurado diante deles. Suas vestes tornaram-se resplandecentes, extremamente brancas, de uma alvura tal como nenhuma lavadeira na terra as poderia alvejar. E lhes apareceram Elias com Moisés, conversando com Jesus. Então Pedro, tomando a palavra, diz a Jesus: “Rabi, é bom estarmos aqui. Façamos, pois, três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Pois não sabia o que dizer; porque estavam atemorizados. E uma nuvem desceu, cobrindo-os com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: “Este é meu filho amado, ouvi-o’. E, de repente, olhando ao redor; não viram mais ninguém. Jesus estava sozinho”. (Mc .9: 2-8).

Nesta passagem, Jesus toma consigo Pedro, Tiago e João e os leva ao monte Tabor. Lá, apresentou-se com seu corpo imortal, refletindo o esplendor de sua gloria espiritual. Jesus conversa com os Espíritos de Moisés e Elias e uma voz se faz ouvir, dizendo: ”Este é meu filho amado, ouvi-o”.

Nestes fenômenos de efeitos físicos, a transfiguração de Jesus demonstra, categoricamente, a existência da alma; a aparição e comunicação de Moises e de Elias é um atestado eloquente da imortalidade da alma e o fenômeno de voz direta é um apelo superior para que o Homem de todos os tempos ouça Aquele que, fazendo-se emissário de Deus, legou-nos o Evangelho, traçando o caminho que conduz o Espírito imortal à luz pela conjugação do verbo amar.

Analisemos, de forma sucinta, estes fenômenos:

O Fenômeno da Transfiguração

E nas propriedades do perispírito que se encontra o principio da transfiguração.

A transfiguração consiste na modificação do aspecto de um corpo vivo. O perispírito irradia ao redor do corpo como uma atmosfera fluídica. O Espírito, por um ato de sua vontade, pode operar transformações na contextura de seu perispírito, produzindo um fenômeno análogo ao da aparição. Sob a camada fluídica, a figura real do corpo pode se diluir e revestir outros traços. O fenômeno da transfiguração é resultado de uma transformação fluídica, que sempre reflete as qualidades e os sentimentos predominantes no espírito.

A transfiguração é fenômeno perceptível para todos, pois é percebida pela visão material, de vez que ela é uma espécie de aparição perispiritual que se produz sobre o próprio corpo carnal, ou seja, tem por base a matéria carnal visível.

No livro “A Gênese”, cap.XV item 44, Kardec destaca que a pureza do perispírito de Jesus podia permitir ao seu Espírito, dar-lhe um brilho excepcional e conclui seu pensamento dizendo: “De todas as faculdades que se revelaram em Jesus, não existe nenhuma que esteja fora das condições da Humanidade, e que não seja encontrada no comum dos homens, porque elas estão na Natureza; mas pela superioridade de sua essência moral e de suas qualidades fluídicas, elas atingiam Nele proporções acima das do vulgo”. Ela nos representava, exceto seu envoltório carnal, o estado dos Espíritos puros.

A Aparição de Moisés e de Elias

Em seu estado normal, o perispírito é invisível para nós, encarnados. O Espírito pode por um ato de sua vontade produzir uma modificação molecular que o torna visível, momentaneamente, produzindo o fenômeno da aparição. A aparição pode ser vaporosa, às vezes mais nítida e até mesmo ter todas as aparências da matéria tangível. Formam-se instantaneamente e instantaneamente desaparecem, pela desagregação das moléculas fluídicas. Esta percepção se dá pela visão espiritual e não são perceptíveis para todos.

Ao lado de Jesus transfigurado, os discípulos, extasiados, “veem” através da visão espiritual, os Espíritos de Moisés e de Elias, representando a Lei e os profetas. Jesus era aquele que viera dar pleno cumprimento a Lei e aos profetas, o enviado de Deus para ensinar ao Homem, o “Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.

O Fenômeno de Voz Direta

Em “Missionários da Luz”, capitulo 10, André Luiz nos esclarece que no fenômeno de voz direta, os Espíritos elaboram uma garganta ectoplásmica. O ectoplasma é matéria plástica, sensível às criações mentais, que se exterioriza do médium e é essencial na produção de fenômenos de efeitos físicos.

E igualmente essencial a homogeneidade de pensamentos e a elevação de sentimentos, dada a natureza do ectoplasma e a transcendência do fenômeno. Através do aparelho fonador elaborado pelos Espíritos, a voz da espiritualidade se faz audível para todos.

Na passagem em estudo, que exortação profunda nos faz a espiritualidade superior, dizendo: “Este é o meu filho amado, Ouvi-o!” 
É inegável que temos sido surdos as exortações divinas. No entanto, Jesus é o semeador celestial, aguardando-nos o despertamento.

A semeadura é viva e produzirá a seu tempo. A palavra de Jesus transcende o tempo e o espaço. Proclamadas há mais de dois mil anos, prosseguem produzindo semeaduras e colheitas. São palavras de vida eterna. Que, finalmente, possamos ouvi-las!...

QUESTÃO REFLEXIVA:

Emmanuel ensina-nos sobre o episódio no Tabor: “contemplamos a grande lição de que o homem deve viver a sua existência, no mundo, sabendo que pertence ao céu...” (O consolador, questão 312). Como podemos vivenciar esse aprendizado no dia a dia?

Bibliografia

- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan – Obras Póstumas.
- Kardec, Allan – A Gênese - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan – Revista Espírita, junho/188õ.
- Kardec, Allan - O Livro dos Médiuns - Ed. FEESP.
- Pires, Herculano / Abreu, Julio de – O Verbo e a Carne
- Denis, Leon – Espiritismo e Cristianismo
- Xavier, Francisco C./Emmanuel - A Caminho da Luz.
- Schutel, Cairbar - Parábolas e Ensinos de Jesus.
- Xavier, Francisco C./André Luiz – Missionários da Luz.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

21ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

Superioridade da Natureza do Cristo

A Natureza do Cristo

JESUS É DEUS?

O tema sobre a natureza do Cristo nos traz ao exame questões muitas polêmicas. A primeira delas:

- Jesus é da mesma substância que o Pai, ou em outras palavras, Jesus é Deus?

É no Evangelho, nas palavras e atos de Jesus que vamos encontrar os fatos que elucidam a questão. As palavras de Jesus são concludentes, suas afirmações são precisas, sem quaisquer ambiguidades. Ora, quem poderia saber melhor do que o próprio Jesus, o que ele quis dizer?

Quem poderia estar melhor informado do que ele sobre a sua própria natureza?

São inúmeras as afirmações de Jesus sobre a dualidade e a desigualdade entre ele e o Pai, ou seja, Deus é o Pai e ele é o enviado do Pai, para nos convidar a construir o reino de Deus.

No entanto, estudiosos, teólogos, autores eruditos uniram-se em tomo da defesa da divindade do Cristo, proclamando o dogma da Santíssima Trindade, no século IV da era cristã, não obstante todas as afirmações de Jesus. O que vem a ser este dogma?

Este dogma proclama como antigo e mistério de fé, que o Pai, o Filho e o Espírito Santo constituem uma só individualidade. O Filho e o Espírito Santo teriam a mesma natureza que o Pai.

O Evangelho de João serviu de sustentáculo para fundamentar este dogma. No inicio do seu evangelho, João apresenta Jesus, dizendo: “No princípio era o Verbo, e o Verbo era Deus. No princípio, ele estava com Deus. Tudo foi feito por meio dele e sem ele nada foi feito.” (Jo 1:1-3).

“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e nós vimos a sua glória, glória que ele tem junto ao Pai como Filho único, cheio de graça e de verdade.” (Jo 1:14).

Em “Obras Póstumas”, no estudo da Natureza do Cristo, item VII, Kardec considera que: “Esta passagem é a única que, a primeira vista, parece encerrar implicitamente uma ideia de identificação entre Deus e a pessoa de Jesus .... Há de inicio a notar que, as palavras que citamos mais acima são de João, e não de Jesus, e que, admitindo que não tenham sido alteradas, não exprimem senão uma opinião pessoal, uma indução onde se encontra o misticismo habitual de sua linguagem: elas não poderiam pois prevalecer contra as afirmações reiteradas do próprio Jesus. Mas, aceitando-as tais quais são, elas não resolvem de modo algum a questão no sentido da divindade, porque se aplicariam igualmente a Jesus, criatura de Deus.

Com efeito, o verbo é Deus, porque é a palavra de Deus. Tendo Jesus recebido essa palavra diretamente de Deus, com a missão de revelá-la aos homens, assimilou-a: a palavra divina, da qual estava penetrado, se encarnou nele: trouxe-a ao nascer e foi com razão que Jesus Pode dizer “O Verbo se fez carne e habitou entre nós”. Jesus pode, pois estar encarregado de transmitir a palavra de Deus, sem ser Deus, ele mesmo, como um embaixador transmite as palavras de seu soberano, sem ser o soberano. Segundo o dogma da divindade, é Deus quem fala: na outra hipótese, ele fala pela boca de seu enviado, o que não rouba nada a autoridade de suas palavras.

A divindade de Jesus, que fora rejeitada por três concílios, foi proclamada no Concilio de Nicéia, em 325, nestes termos: “A igreja de Deus, católica e apostólica, anatematiza os que dizem que houve um tempo em que o filho não existia, ou que não existia antes de haver sido gerado.” Esta declaração esta em contradição formal com as opiniões dos apóstolos. Ao passo que todos acreditavam que o filho fora criado pelo Pai, os bispos do século IV proclamavam que o Filho era igual ao Pai, eterno como ele, gerado e não criado, contradizendo as palavras de Jesus, que constantemente dizia: “Meu Pai é maior do que eu”.

Em suma, a única autoridade competente para decidir a questão são as próprias palavras do Cristo, quando disse: “...porque não falei por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, me prescreveu o que dizer e o que falar e sei que seu mandamento é vida eterna.” (Jo 12:49).

“Minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou. Se alguém quer cumprir sua vontade, reconhecera se minha doutrina é de Deus ou se falo por mim mesmo.” (Jo 7:16-17).

Outro ponto a favor da proclamação da divindade do Cristo foi consolidado pelos chamados milagres, que de acordo com as religiões dogmáticas, são de caráter sobrenatural. Sobre este tema, já vimos o papel desempenhado pela ciência, que tem revelado muitas leis que governam a matéria e pelo Espiritismo, que nos deu a compreensão de muitos fatos outrora considerados inexplicáveis, proporcionando-nos conhecimento acerca do principio espiritual, da ação dos Espíritos sobre a matéria, da ação dos fluidos, das faculdades da alma, da existência e das propriedades do perispírito. A Doutrina Espírita esclarece que estes fatos pertencem a categoria dos fenômenos de ordem psíquica, Sendo consequências de leis naturais.

Estas faculdades tem se manifestado em diferentes graus, nos mais diversos tipos de indivíduos, ao longo da historia.

Porém, em nos reportando a Jesus não podemos deixar de considerar que ele possuía estas faculdades em grau superlativo, pois que estava secundada por um amor divino, por uma vontade sempre submissa ao Pai e por um desejo incessante de fazer o bem, aliviando a dor dos seus irmãos.

Kardec pondera em “Obras Póstumas”, primeira parte, que se Jesus qualificou seus feitos de milagre, é porque havia necessidade de que o Mestre adaptasse sua linguagem aos conhecimentos da época. Porém, conclui de forma irretorquível: “Um fato digno de nota é que Jesus se serviu dos “milagres” para confirmar a missão que recebera de Deus, segundo suas próprias palavras, mas jamais deles se prevaleceu para se atribuir um poder divino”.

A NATUREZA D0 CORPO DE JESUS

Vamos ao exame da Segunda questão: Era o corpo de Jesus carnal ou fluídico?

A concepção de que Jesus não teria se revestido de um corpo de carne foi rebatida pelo apostolo João em sua 1ª epistola, capitulo 4:1-2; “Caríssimos, não acrediteis em qualquer espírito, mais examinai os espíritos para ver se são de Deus, pois muitos falsos profetas vieram ao mundo. Nisto reconheceis o espírito de Deus; todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio na carne é de Deus....”

Ora, se João Evangelista exorta os cristãos a rejeitarem a crença de que Jesus não teria encarnado, é porque havia quem apregoasse tal crença. Porém, não obstante combatida, aparece, entre o século I e II, a seita dos docetistas, que afirmavam que Jesus só tinha um corpo aparente, que havia nascido, vivido e sofrido em aparência. Esta seita foi considerada herética.

No século 19, esta crença é retomada por Roustaing, considerado por Herculano Pires, como um retrocesso histórico. Quem foi Roustaing e o que é o roustanguismo?

Jean Baptiste Roustaing era um emérito advogado de Bordeaux, França, que após sair de uma grave doença, tomou conhecimento de “O Livro dos Espíritos” e de “O Livro dos Médiuns”.

Considerando-se apto a receber mensagens que esclarecessem fatos obscuros de Jesus sobre a Terra e querendo elucidações sobre a natureza do Cristo, pediu ao Espírito de João Batista, que viesse em seu socorro, através da mediunidade.

Em dezembro de 1861, travou contato com madame Collignan, que seria doravante a médium, que receberia os Espíritos dos evangelistas, cujas mensagens originaram a obra “Os quatro evangelhos”, publicado como texto completo em 1865.

Durante a elaboração da obra não houve nenhum contato entre Kardec e Roustaing.

A teoria central do Roustanguismo é a do corpo fluídico de Jesus. Herculano Pires e Júlio de Abreu na obra “O Verbo e a Carne”, fazem uma analise do roustanguismo, dizendo que estas “revelações” primam pela ausência de bom senso.

Kardec escreve um artigo sobre a obra na Revista Espírita (julho/1886) e dele destacamos o seguinte trecho: “Convém considerar tais explicações como opiniões pessoais dos espíritos que as formularam, opiniões que podem ser justas ou falsas, mas que, em todo caso, precisam da sanção da concordância universal e até confirmação mais ampla não devem ser tidas como parte integrante da Doutrina Espírita”.

Ora, acreditar que Jesus não tenha tido um corpo carnal colocaria o seu sacrifício e a sua morte na condição de uma farsa, absolutamente incompatível com a superioridade do Cristo.

Em “A Gênese”, capitulo XM item 65, Kardec destaca que: “A permanência de Jesus na Terra apresenta dois períodos. 'o que precedeu e o que seguiu a sua morte.” Desde o momento da concepção ate o nascimento, tudo se passa com sua mãe, como nas condições comuns da vida. A partir do nascimento e até a sua morte, tudo, em seus atos, sua linguagem e nas diversas circunstâncias de sua vida, apresenta os caracteres inequívocos da sua corporeidade... Depois de sua morte, ao contrário, tudo revela nele o ser fluídico. A diferença entre esses dois estados é tão fundamentalmente traçada, que não é possível assemelhá-las.

Em síntese, as respostas às perguntas formuladas são:

- Jesus é filho de Deus, nosso irmão, cujas virtudes o colocam muito acima da Humanidade, pertence a categoria dos Espíritos Puros e é o pastor do imenso rebanho da Terra.

- Jesus encarnou entre nós, tinha um corpo carnal como todos.

Superioridade do Cristo

Onde se funda a superioridade de Cristo?

Vejamos o que nos diz Kardec, na Gênese, capitulo XM item 2: “Como homem, tinha a organização dos seres carnais; mas como Espírito puro, desligado da matéria, deveria viver da vida espiritual mais que da vida corporal, cujas fraquezas Ele não possuía. A superioridade de Jesus sobre os homens não se prendia as qualidades particulares de Seu corpo, mas as de Seu Espírito, que dominava a matéria de maneira absoluta, e as de seu perispírito tirado da parte mais quintessênciada dos fluidos terrestres.”

Na obra “A Caminho da Luz”, cap. 1, Emmanuel pontua que, de acordo com as tradições do mundo espiritual, há uma comunidade de Espíritos Puros, da qual Jesus faz parte, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades planetárias, por determinação de Deus.

Jesus é o pastor de nossas almas, elegido por Deus para nos conduzir ao seu aprisco de amor.

Leon Denis, em sua obra, “O Espiritismo e Cristianismo” assevera: “Jesus é um destes divinos missionários e é de todos o maior. Destituído da falsa auréola da divindade, mais importante nos parece ele. Seus sofrimentos, seus desfalecimentos, sua resignação, deixam-nos quase insensíveis, se oriundos de um Deus, mas tocam- nos, comovem-nos profundamente em um irmão. Jesus é de todos os filhos dos homens, o mais digno de admiração. É extraordinário no Sermão da Montanha, em meio a turva dos humildes. É maior ainda no Calvário, quando a sombra da cruz se estende sobre o mundo na tarde do suplício”.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente: “O maior dos milagres de Jesus, aquele que atesta verdadeiramente sua superioridade, é a revolução que seus ensinamentos operou no mundo, ...”. (Kardec, A Gênese, cap. XV, item 6)

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