DEIXA QUE OS MORTOS ENTERREM SEUS MORTOS
E disse a
outro: segue-me. Ao que ele respondeu: Senhor; permite que vá primeiramente sepultar
meu pai. E Jesus lhe disse: Deixa que os mortos enterrem seus mortos; e tu,
porém, vai e anuncia o reino de Deus (Lucas, 9:59-60).
Além dos
doze apóstolos, Jesus Cristo teve também outros setenta discípulos diretos, os
quais, ao ouvirem dele um discurso que consideram demasiadamente pesado, o
abandonaram.
Entretanto,
outras convocações foram feitas por ele; porém cada um dos convocados dava uma
desculpa para não segui-lo, principalmente depois de ele ter dito que "as
aves do céu têm seus ninhos, as raposas os seus covis, mas ele não tinha onde
reclinar a cabeça" (Lc, 9:58).
Na citação
acima, tudo indica que o convidado não gostou muito daquela recomendação e foi primeiramente
sepultar o corpo de seu pai, perdendo assim a oportunidade de participar de uma
das mais fulgurantes missões já desempenhadas no mundo material. Esta passagem evangélica
convida o homem a uma reflexão mais profunda, pois este não pode acreditar que as
palavras do Mestre representassem uma censura a um homem que, por dever de
piedade filial, considerava um imperativo sepultar o corpo de seu pai.
Jesus
certamente deixou mais um de seus edificantes ensinamentos, demonstrando que a
vida espiritual é a verdadeira vida, ao passo que a vida temporária que é
usufruída no mundo é equivalente à morte, pois nela o Espírito encarnado perde,
transitoriamente, a liberdade e a atividade que desfruta, quando livre do
corpo. Deste modo, o Mestre sempre colocou as coisas de Deus acima de qualquer
cogitação, e não poderia ser de outra maneira; por isso, quando lhe vieram
dizer que sua mãe e seus irmãos estavam esperando para vê-lo, disse:
"Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a
praticam (Lucas, 8:21).
Jesus viveu
entre os homens para desempenhar uma missão transcendental, qual seja a de implantar
uma nova revelação e, portanto, não poderia ficar cingido aos limites acanhados
da família terrena. Referia-se à humanidade em geral, pois todos eram seus
irmãos, e aspirava, com este seu exemplo, formar uma só imensa família, como
"um rebanho sob a égide de um só pastor".
Consequentemente,
jamais poderia ficar confinado ao âmbito de alguns familiares, quando a sua
missão tinha um cunho universal ao abranger toda a humanidade.
A respeito
da passagem de Lucas, pode-se afirmar que no mundo existem os mortos e os "mortos".
Os primeiros são os que se dedicam às coisas da alma, que tratam de aprimorar seus
Espíritos que, ao desencarnarem, elevam-se para planos mais elevados da Espiritualidade;
os segundos são os que se distanciam das coisas morais e espirituais, que submetem
a alma a serviço do corpo, dando prioridade à satisfação dos sentidos e às
coisas transitórias do mundo.
Um outro
homem, convocado pelo Mestre, respondeu-lhe: "Senhor, permita que vá antes
dizer adeus aos de minha casa". A este Jesus disse: "Aquele que,
tendo posto a mão no arado, olhar para trás não é apto para o reino de
Deus" (Lc, 9:61-62). Estas palavras de Jesus não objetivavam prescrever
aos homens que, como condição indispensável, renunciassem às exigências e
necessidades da existência humana; que rompessem os laços familiares; que deixassem
de cumprir as obrigações que ela lhes impusessem, inclusive aquelas de sepultamentar
os restos mortais de um ente querido, ou de despedir-se de seus familiares, quando
tivessem que realizar uma viagem.
O que
acontece é que o homem, ao procurar desvendar o sentido exato contido no ensinamento
evangélico, esbarra sempre com os inconvenientes da letra que mata. Não houve,
por parte do Mestre, qualquer secura de coração, desprestigiando a manutenção
dos laços tão brandos da família e da fraternidade. O que ele ensinou, por
estas palavras, é que: "quem toma do arado para rasgar o solo, para que
nele seja lançada a semente generosa que produz frutos, não pare no meio da
jornada, devendo sempre caminhar para a frente, pois aquele que fica à margem
do caminho, não é digno de trabalhar na sua seara".
BIBLIOGRAFIA:
Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXIII, ítens 6 a 8
QUESTIONÁRIO:
C - DEIXA
QUE OS MORTOS ENTERREM SEUS MORTOS
1 - Na
referida passagem evangélica, Jesus quis criticar o desvelo do filho para com o
pai? Que conclusão podemos chegar?
2 - Quem
eram os "mortos" e os "vivos" a quem Jesus se referiu?
3 - Devemos
buscar o Espírito que vivifica em vez da letra que mata? Por quê?
Fonte da
imagem: Internet Google
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