CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

terça-feira, 28 de junho de 2016

12ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

Quando Vos Insultarem

“Bem aventurados sois, quando vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e regozijai-vos, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois foi assim que perseguiram os profetas, que vieram antes de vós”. (Mt 5:11-12)

Há a Lei dos homens que julga, condena ou absolve, dentro dos padrões de moralidade e intelectualidade de cada época do desenvolvimento humano. Essa Lei é ainda imperfeita e por vezes, ao nos sentirmos injustiçados ou insultados, desanimamos e sofremos nos tornamos descrentes e frios perante a vida. Porém, essas situações têm sempre alguma coisa a nos ensinar, buscando nos tomar mais justos, a não humilhar ou injuriar alguém e a não julgar ninguém pelo comportamento inadequado ou constrangedor, pois não conhecemos as circunstancias; as motivações e as dores que movem as pessoas.

Em “O Livro dos Espíritos”, Q. 937, encontramos: “As decepções provocadas pela ingratidão e pela fragilidade dos laços da amizade não são, também, para o homem de coração, uma fonte de amarguras?”

R. “Sim; mas, já vos ensinamos a lastimar os ingratos e os amigos infiéis, que serão mais infelizes do que vós. A ingratidão é filha do egoísmo e o egoísta encontrara mais tarde corações insensíveis como ele próprio o foi. Pensai em todos os que fizeram maior bem do que vós, que valiam mais do que vós e no entanto foram pagos com a ingratidão. Pensai que o próprio Jesus, quando na Terra foi injuriado e desprezado, tratado de patife e impostor e não vos admireis de que o mesmo vos aconteça. Que o bem que fizestes seja a vossa recompensa neste mundo e não vos importeis com o que dizem os beneficiados”

E na Q. 938: ”As decepções causadas pela ingratidão não podem endurecer o coração e torná-lo insensível?”

R. “Seria um erro pensar assim, porque o homem de coração, como dizes, será sempre feliz pelo bem que praticar. Ele sabe que, se não o reconhecerem nesta vida, na outra o farão, e o ingrato sentirá então remorso e vergonha”.

Mesmo quando compreendemos que as decepções, insultos, injúrias, violências verbais, psicológicas e físicas fazem ainda parte da realidade do nosso planeta, é difícil não sofrer nessas situações, pois é inerente ao ser humano o desejo de amar e ser amado, acolhido e valorizado.

Não há pior escolha do que nos isolarmos em nosso sofrimento, nos tomarmos insensíveis, distantes ou amargos, pois a vida perde o sentido se não convivemos uns com os outros, trocando experiências, amor e dores também.

E nessa convivência por vezes tão dolorida que aprendemos a nos relacionar uns com os outros e a transformar sentimentos mesquinhos em amor, mas durante esse processo, muitas vezes esquecemos da brandura e da fraternidade, deixamos de nos respeitar mutuamente e criamos situações dentro e fora do nosso lar, que farão nos sentir injustiçados, insultados e perseguidos.

Jesus chamou a nossa atenção para isso, quando disse que percebemos com mais facilidade um pequeno cisco no olho do nosso irmão do que uma trave no nosso próprio olho, ou seja, que os nossos enganos são quase sempre maiores e mais graves do que os daqueles que condenamos.

Nossa memória é curta e esquecemos facilmente as ocasiões em que não controlamos nossos pensamentos e palavras e agimos do mesmo modo com os outros. Quantas vezes fomos tolerados, compreendidos e perdoados? Experimentemos analisar uma situação na qual estejamos nos sentindo injuriados e recordemos em quantas situações semelhantes já pensamos, nos expressamos e agimos da mesma forma...

Jesus também nos disse que é fácil amar aqueles que nos amam, ser amoroso com quem nos agrada, mas aceitar e amar aqueles que nos afrontam e ofendem, exige de nos um equilíbrio interior apoiado na compreensão e tolerância, uma atitude de humildade e o exercício real do desapego.

Como agir perante ingratidões, insultos e injúrias?

Quando conseguimos analisar as situações com serenidade, somos capazes de enxergar que aquele que nos insultou ou injuriou, o fez por ignorância ou em relação a um determinado comportamento nosso. Por vezes, trata-se de um companheiro enfermo do corpo ou da alma ou que esteja atravessando um momento infeliz - portanto, temos condições de compreender seu desequilíbrio e não podemos permitir que a mágoa e o ressentimento se instalem em nos, nos acorrentando a aquela pessoa ou situação, nos envenenando e nos causando mais sofrimento.

Lembremos que emoções como a cólera, o ódio, o desejo de vingança são forças negativas que prejudicam o nosso equilíbrio físico e mental, interferindo em nossas atividades diárias e que podem até nos levar a sérios desajustes orgânicos e espirituais.

A verdadeira caridade consiste em não nos fixarmos nas imperfeições alheias, mas em procurar nas pessoas o que há de bom e positivo. Todos, sem exceção, temos no nosso intimo, as sementes de bons sentimentos e muitas qualidades positivas.

É preciso aprender a aproveitar sempre aquilo que nos seja útil e construtivo numa situação dolorosa e jamais perder as oportunidades de desfazer incompreensões, criando entendimento por onde passarmos, tornando menos difícil a nossa vida e a dos que caminham conosco.

O mundo ensina-nos a revidar sempre, mas Jesus nos mostra com o exemplo de sua vida, o perdão a todos, infinitamente.

Deus aceita-nos como somos, é infinitamente paciente para com as nossas imperfeições, jamais nos cobra por aquilo que ainda não temos condições de entender e ainda assim nos oferece sempre a oportunidade de corrigir nossos enganos, de nos aprimorarmos espiritualmente e de servir segundo a nossa capacidade.

É, portanto, dever do nosso coração, cultivarmos o amor espelhando-nos em Jesus, buscando compreender as situações que nos ferem e a nossa participação nelas, aceitando os companheiros difíceis como eles são e perdoando sempre, para que nossa vida se transforme em luz ainda no plano terreno, antecipando as alegrias futuras que teremos no Plano Maior.

Emmanuel, no livro “Refúgio”, na bela mensagem “Humildade do Coração”, nos deixa palavras de estímulo e reflexão: [...] “O Mestre recordava-nos, no capítulo das bem-aventuranças, que é preciso trazer a mente descerrada à luz da vida para que a sabedoria e o amor encontrem seguro aconchego em nossa alma. [...]

Cada companheiro da estrada é campo a que podemos arrojar as sementes abençoadas da renovação. Cada dar é uma bênção para os que prosseguem acordados no conhecimento edificante. “Cada hora na marcha pode converter-se em plantação de beleza e alegria, se caminhamos obedecendo aos imperativos do trabalho constante no infinito Bem.”

QUESTÃO REFLEXIVA:

Como lidamos com ato de ingratidão, insulto ou injúria, a que todos estamos sujeitos em nosso mundo?

Bibliografia

- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- Xavier, Francisco C./Emmanuel – Religião dos Espíritos.
- Xavier, Francisco C./Emmanuel – Refúgio.


Fonte da imagem: Internet Google.

terça-feira, 21 de junho de 2016

12ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

Bem-Aventurados os Pacíficos

Os Pacíficos

“Bem aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5:9)

A palavra “pacificare” vem do latim e é composta por duas palavras: pax (paz) e facere (fazer), ou seja, pacificador é aquele que “faz ou promove a paz”. Pacífico se origina da mesma palavra.

Pacífico significa ter conquistado a paz dentro de si mesmo, mas ainda é um estado passivo de paz, uma atitude de não violência perante si mesmo e o mundo.

Pacificador significa ter conquistado a paz dentro de si mesmo, mas possuir também a capacidade e o dinamismo interior para transformar uma situação não pacifica e estabelecer ou restabelecer ativamente a serenidade necessária.

Uma pessoa pode ser pacífica e não ser pacificadora, mas jamais será uma pacificadora se não tiver antes pacificado a si mesma. E preciso notar também a diferença entre uma pessoa verdadeiramente pacífica e uma pessoa aparentemente pacífica, apenas contida; esta, em algum momento, mostrara sua real natureza e “perderá a paciência” (a atitude pacífica e tolerante), por exemplo, expondo o conflito interior que ainda a domina. Não perdemos o que não temos, nem exteriorizamos realmente o que não somos. E fácil pedir ou falar de paz, mas não é fácil vivê-la.

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Cap. IX, item 7, Instruções dos Espíritos, encontramos: “Sede pacientes, pois a paciência é também caridade, e deveis praticar a lei de caridade, ensinada pelo Cristo, enviado de Deus. A caridade que consiste em dar esmolas aos pobres é a mais fácil de todas. Mas há a uma bem mais penosa e consequentemente bem mais meritória, que é a de perdoar os que Deus colocou em nosso caminho, para serem instrumentos de nossos sofrimentos e submeterem a prova a nossa paciência. Sede, pois, pacientes, sede cristãos: esta palavra resume tudo.”

A maior das batalhas que um ser humano pode enfrentar é o confronto consigo mesmo, a identificação e o enfrentamento de suas limitações, a necessidade de desenvolvimento das qualidades espirituais. Se não existissem conflitos interiores dentro de cada um de nós, também não existiriam os conflitos exteriores, alguns que parecem intransponíveis, na família, na sociedade, entre as nações.

Sem paz, a nossa inquietação e desconforto interior manifestam-se em atitudes grosseiras e impacientes, gerando mais conflitos e instabilidade ao nosso redor. Somos até capazes de conviver sem grandes confrontos, mas se ainda houver desarmonia dentro do nosso coração, o equilíbrio dificilmente será conquistado assim como a paz interior.

No Sermão do Cenáculo, quando Jesus fala ao coração de seus discípulos e diz (Jo 14:27): “Deixo-vos a paz, minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se perturbe nem se intimide vosso coração”, qual o significado de suas palavras? Essa era a paz interior, plena de alegria e esperança no futuro, sólida e conquistada por esforço próprio e não a paz instável e ilusória que o mundo material oferece. A paz do Mestre é apresentada ao mundo sem temor algum.

Quem é realmente um pacificador, um promotor da paz?

É aquele que transformou o “homem velho” que tinha dentro de si, arraigado aos costumes e crenças, dogmas e imperfeições do passado no “homem novo”, de mente e coração abertos ao autoconhecimento e ao crescimento espiritual. É o Homem que Vive no mundo, mas sem apego as ilusões que ele oferece.

A paz interior promove um estado de alegria e bem-estar que se exterioriza em paciência, tolerância, compreensão e respeito por si mesmo e por todos os seres. Para aquele que a tem em si, já faz parte de sua natureza ser bom e desapegado, partilhar bens e experiências e servir com amor e humildade, como Jesus ensinou, depois de lavar os pés dos discípulos, ao dizer (Jo 13:16): “o servo não é maior do que o seu senhor nem o enviado maior do que quem o enviou”.

Quem tem a paz em si mesmo, irradia imperceptível e continuamente esse estado de alma e envolve a tudo e a todos, gerando um ambiente de bem-estar e harmonia, contagiando as pessoas ao seu redor e multiplicando a paz na família, na sociedade e no mundo.

OS PERSEGUIDOS POR CAUSA DA JUSTIÇA

“Bem aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reina dos Céus.” (Mt 5:10).

Nesta bem-aventurança, Jesus mostra a transitoriedade da injustiça na Terra e a recompensa futura que aguarda os injustiçados.

O Homem justo é aquele que já compreendeu no seu intimo a Lei Divina e já põe em prática o amor e a caridade para consigo mesmo e para com o seu próximo. Parece impossível acreditar que alguém sofra perseguição por ser bom e praticar o bem, mas a história da Humanidade esta repleta de relatos que comprovam esses fatos.

O Homem bom incomoda aqueles que não praticam o bem, é como se os censurasse, o que os faz sentirem-se inferiores e inseguros, feridos, agredidos. O Homem bom muitas vezes acende em outros o desejo de ser igualmente bom, mas inúmeras vezes é submetido a perseguições provocadas pelo despeito, pela inveja e pela antipatia.

No “Livro dos Espíritos” em seus diálogos com os Espíritos da Codificação, Kardec faz todo um estudo sobre o tema. Façamos uma rápida reflexão: O que é justiça?

Em “O Livro dos Espíritos”, Q. 875 e 875a, encontramos o seguinte diálogo entre Kardec e os Espíritos:

“Como se pode definir a justiça?” “A justiça consiste no respeito aos direitos de cada um”.

“O que determina esses direitos?” “São determinados por duas coisas: a lei humana e a lei natural. Como os homens fizeram leis apropriadas aos seus costumes e ao seu caráter, essas leis estabeleceram direitos que podem variar com o progresso. Vede se hoje as vossas leis, sem serem perfeitas, consagram os mesmos direitos que os da Idade Média. Esses direitos superados, que vos parecem monstruosos, pareciam justos e naturais naquela época. O direito dos homens, portanto, nem sempre é conforme a justiça. Só regula algumas relações sociais, enquanto na vida privada ha uma infinidade de atos que são de competência exclusiva do tribunal da consciência”.

Q. 873: “O sentimento da justiça é natural ou é resultado de ideias adquiridas?" “É de tal modo natural, que vos revoltais ao pensamento de uma injustiça. O progresso moral desenvolve sem duvida esse sentimento, mas não o dá; Deus o pôs no coração do homem. Eis porque encontrais frequentemente, entre os homens simples e primitivos, noções mais exatas de justiça do que entre pessoas de muito saber”.

JUSTIÇA DIVINA OU NATURAL

Q. 803: “Todos os homens são iguais perante Deus?”

"Sim, todos tendem para o mesmo fim e Deus fez as suas leis para todos. Dizeis frequentemente: ‘O Sol brilha para todos ’, e com isso dizeis uma verdade maior e mais geral do que pensais.” Todos os homens estão submetidos às mesmas leis naturais; todos nascem com a mesma fragilidade, estão sujeitos às mesmas dores e o corpo do rico se destrói como o do pobre. “Deus não concedeu, portanto, superioridade natural a nenhum homem, nem pelo nascimento, nem pela morte; todos são iguais diante dele”.

Q. 876: “Fora do direito consagrado pela lei humana, qual a base da justiça fundada sobre a lei natural?”

“O Cristo vos disse' ‘Querer para os outros o que quereis para vos mesmos’.”

A Lei Divina ou Natural é, portanto, eterna como o Pai e perfeita, o que a torna imutável e absolutamente justa.

LEI HUMANA

Q. 874: “Se a justiça é uma lei da natural, como se explica que os homens a entendam de maneiras tão diferentes, que um considere justo o que a outro parece injusto?"

“É que em geral se misturam paixões ao julgamento, alterando esse sentimento, como acontece com a maioria dos outros sentimentos naturais, e fazendo ver as coisas sob um falso ponto de vista”.

A lei do “olho por olho, dente por dente” estava entre as primeiras a serem instituídas e, embora, ainda hoje, esteja presente entre nós, a Lei Humana passa por constantes ajustes.

Aos poucos, à medida que cresce a evolução moral dos homens, a Lei Humana vai se aprimorando, aproximando-se lentamente da Lei Divina, como a conquista dos direitos humanos fundamentais, que vem acontecendo nos últimos séculos.

Justiça Natural aplicada a Lei Humana e ao comportamento individual tendemos a pensar que os perseguidores dos homens justos e bons são os homens maus, mal-intencionados, o que é verdadeiro em muitas situações; no entanto, ao longo da História percebemos que terríveis injustiças foram praticadas por homens que acreditavam estar defendendo causas justas, cumprindo o seu dever e fazendo um bem a sociedade ou a comunidade, como por exemplo, as perseguições de Saulo (Paulo de Tarso) aos cristãos, as cruzadas, as guerras Santas.

Entretanto, muitos dos perseguidos por causa da justiça, são Espíritos que nos trazem grandes lições pela forma que enfrentam essas situações, transformando-as em aprendizados para o bem comum.

Podemos lembrar, entre uma infinidade de exemplos, Sócrates, condenado injustamente a beber veneno, por ensinar a juventude a pensar; Estevão, o primeiro mártir do Cristianismo nascente, morto a pedradas; Gandhi e Martin Luther King, assassinados por lutar pela paz e a igualdade; Kardec, acusado de usar indevidamente a arrecadação da Sociedade Espírita de Paris e atacado por sua firmeza na divulgação da Doutrina dos Espíritos.

Q. 879: “Qual seria o caráter do homem que praticasse a justiça em toda a sua pureza?”

“O verdadeiro justo, a exemplo de Jesus; porque praticaria também o amor ao próximo e a caridade, sem os quais não há verdadeira justiça”.

Q. 886: “Qual o verdadeiro sentido da palavra “caridade como a entende Jesus?”

“Benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições alheias, perdão das ofensas”.

E Kardec comenta: “O amor e a caridade são o complemento da lei de justiça, porque amar o próximo é fazer-lhe todo o bem possível, que desejaríamos que nos fosse feito”. Tal é o sentido das palavras de Jesus: “Amai-vos uns aos outros, como irmãos.”

“A caridade, segundo Jesus, não se restringe a esmola, mas abrange todas as relações com os nossos semelhantes, quer se tratem de nossos inferiores, iguais ou superiores. Ela nos manda ser indulgentes porque temos necessidade de indulgência e nos proíbe humilhar o infortúnio, ao contrario do que comumente se pratica.”

Diz Emmanuel, no livro “Religião dos Espíritos”, na mensagem “Justiça e Amor”: “Não permitas que a justiça de tua alma caminhe sem amor para que se não converta em garra de violência. [...] Ora e auxilia em silêncio, porque não sabes se amanhã raiará teu instante de abatimento e de angústia, e manda a regra divina façamos ao outro aquilo que desejamos nos seja feito. Justiça sem amor é como terra sem água”.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Reflita e comente: “Querer para os outros o que queremos para nós mesmos.”


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terça-feira, 14 de junho de 2016

11ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

Bem-Aventurados os Misericordiosos

“Bem-Aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.” (Mt 5:7)

Dentre as grandes virtudes, a misericórdia está entre as mais belas, pois é a alta expressão da caridade e da compaixão pelo sofrimento do próximo.

Na obra “O Evangelho dos Humildes”, de Eliseu Rigonatti, encontramos a seguinte definição: “Misericordioso é aquele que se compadece da miséria alheia. Ser misericordioso é sentir o coração pulsar de piedade para com os irmãos tocados pela necessidade e pelo sofrimento; é ser compassivo, amigo, tolerante”.

A misericórdia é o sentimento de condolência com a desventura alheia. É um sentimento das almas caridosas, pois estas podem sentir a dor de seu semelhante e se compadecer mais do que se fosse sua própria dor.

A misericórdia e a mansuetude caminham juntas, pois a brandura promove a serenidade, a sensibilidade, para podermos sentir a amargura do outro, possibilitando o sentimento de compaixão.

Esse sentimento permite o esquecimento das ofensas. Eis o caminho para o verdadeiro cristão: o perdão de toda e qualquer ofensa! “Pois, se perdoardes aos homens os seus débitos, também o vosso Pai celestes vos perdoará; mas se não perdoardes aos homens o vosso Pai também não perdoará os vossos delitos. (Mt 6:14-15)

Jesus exemplificou em todas as circunstâncias que vivenciou. E ensinou que precisamos:

- Perdoar todas às vezes, tantas vezes quantas forem às agressões que nos forem dirigidas;

- Demonstrar a nosso semelhante à docilidade e a humildade de coração;

- Fazer aos outros o que desejamos que o Pai celeste faça por nós.

E, a propósito, não é exatamente o que nós pedimos na oração do Pai Nosso “... perdoa nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores..." Ou seja, nós pedimos, não simplesmente, perdoa nossas dívidas, mas, expressamente: “assim como nós perdoamos aos nossos devedores”.

Que nós, portanto, não nos esqueçamos de que a medida e proporção que aplicarmos será a nós aplicadas. Mas, conscientes dessa verdade, por que, em certas situações, ainda sentimos dificuldade em perdoar?

Muitas vezes, o que nos impede de agir virtuosamente, com misericórdia, é a aplicação de um certo senso de justiça, resultante de uma avaliação, um julgamento que fazemos do comportamento de nosso semelhante, considerando que esta ou aquela conduta seja reprovável.

Ocorre, no entanto, que quando fazemos isso, quase sempre erramos. No Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. X, item 16, encontramos a seguinte lição: "Sede, pois, severos convosco e indulgentes para com os outros. Pensai naquele que julga em última instância, que vê os secretos pensamentos de cada coração, e que, em consequência, desculpa frequentemente as faltas que condenais, ou condena as que desculpais, porque conhece o móvel de todas as ações”.

Como poderíamos, pois, saber quais as reais intenções de nosso próximo? Apenas pela análise dos fatos externos? Lembremos que para Deus, como alerta constantemente o Livro dos Espíritos: “O fato não é nada, a intenção é tudo”.

Por acaso, seríamos nós capazes de saber todas as intenções de nossos semelhantes? Seríamos nós capazes de saber quais são seus sentimentos? Seríamos capazes de saber quais são suas aflições? E, principalmente, seríamos capazes de saber qual é a sua capacidade de compreensão?

Outras vezes, podemos achar que algumas ofensas são muito graves, e, por isso, inaceitáveis. No entanto, bem sabemos, que quanto maior for a agressividade, quanto maior for o comportamento ofensivo de alguém, é porque desconhece a Lei Divina, desconhece a mensagem redentora do Mestre, desconhece as grandes verdades que elevam o Ser.

E, como advertiu o Cristo, de quem mais recebeu, mais será cobrado. Esse “receber” é, neste caso, justamente, ter tido a oportunidade de ouvir a “Boa Nova”.

Devemos sempre lembrar ainda que, sendo os atos de caridade meritórios, tanto maior será o mérito quanto maior tiver sido a ofensa, assim como quanto maior for o esforço e sacrifício que empenharmos em agir com misericórdia. Essa bela virtude – a misericórdia - eleva-nos; aproxima-nos de Jesus.

Na obra “Libertação pelo Amor”, mensagem n° 9, Joanna de Angelis, discorrendo sobre o perdão, exorta: “Perdoa todo tipo de ofensa e de ofensores, de difamadores, de sequazes do mal...” “Quem teme tempestades morais não consegue fortalecer-se para as lutas do progresso espiritual.” “O teu adversário é também a tua chance de superação de melindres, de paixões egóicas, das pequenezes que assinalam a existências.”

Esse é o caminho para nos tornarmos verdadeiros discípulos de Jesus.

BEM-AVENTURADOS OS PUROS DE CORAÇÃO

“Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.” (Mt 5:8).

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. VIII, item 3, diz Kardec que: “A pureza de coração é inseparável da simplicidade e da humildade. Exclui todo pensamento de egoísmo e de orgulho. Eis porque Jesus toma a infância como símbolo dessa pureza, como já a tomara por símbolo da humildade.”

A criança, quase em todas as culturas, é reconhecida como símbolo de pureza.

E embora saibamos, pela Doutrina Espírita, que o Espírito da criança já teve outras existências, e pode ser muito antigo, vemos que, ao renascer, ela não se apresenta como é, pois tudo é sábio nas Leis de Deus.

A criança quando reencarna, independentemente de suas tendências, nasce num estado de inocência, de doçura, o que a faz estar receptiva ao aprendizado, e ainda desperta o carinho dos pais para dar- lhe toda a atenção.

Essa condição de receptividade é que possibilita a esse Espírito reencarnante a oportunidade de novo aprendizado e superação das más tendências. Por isso, disse ainda Jesus: “Em verdade vos digo que todo aquele que não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele.” (Mc 10: 15).

O enfoque é desse modo, em relação à condição ideal de receptividade, de disposição para receber o conhecimento sem resistências viciosas.

De fato, quando ficamos adultos, muitas vezes podemos ficar impermeáveis ao ensinamento, ou seja, ficar fechados para novo aprendizado.

Isso seria ótimo se o conhecimento fosse estático, mas, ao contrario, o conhecimento é dinâmico, e, com exceção das grandes verdades, sempre é preciso atualizar-se para não haver ultrapassado.

Mas muitos adultos, repisamos, apresentam grandes resistências, alguns chegam à ira, realmente furiosos com novos conceitos, com novas verdades trazidas a humanidade.

Não vimos em todos os tempos os grupos que se levantaram contra aqueles que traziam novas verdades?

Jesus não foi recebido com hostilidade por muitos que não queriam que a luz a todos alcançasse?

Podemos, então, em síntese, assinalar a seguinte grande diferença entre crianças e adultos:

- As crianças recebem o ensinamento diretamente, sem barreiras, pois elas, quando em tenra idade, não carregam crenças falsas e preconceitos.

- Os adultos, ao contrário, como geralmente possuem muitas crenças falsas, preconceitos, superstições, convícios ideológicas, partidária ou religiosa, etc., para ensiná-los é preciso dar dois passos: o primeiro é provar a inconsistência de uma crença equivocada, de um sistema errado, de um dogma que já se tornou popular, para, depois de vencidas essas barreiras, essas resistências, passar então ao segundo passo que é ministrar o conhecimento.

O oposto da pureza é a malícia, a maquinação, a esperteza, a corrupção, a vaidade, o orgulho.

Pessoas assim são as que mais sofrem, pois sofrem duplamente: primeiro sofrem por uma condição qualquer de aflição a que todos estão sujeitos; e segundo sofrem por terem o amor próprio ferido quase por qualquer coisa.

Quem é orgulhoso, geralmente, acha que sabe tudo, acha que a sua opinião que é a correta, que é a mais importante e, se possível, sempre quer dar a ultima palavra.

O orgulhoso está assim, de certa forma, fechado para o conhecimento, esta numa posição de estagnação, por vontade própria. Mas a lição é bem clara e nos convida a receber o Reino de Deus como uma criança, ou seja, integralmente, sem restrições, sem objeções, sem adaptações.

Sejamos, então, simbolicamente falando, como crianças: tenhamos o coração puro, sempre disposto a aprender, dispostos a rever conceitos, dispostos a rever nossas atitudes, disposto a buscar entendimento cada vez mais sublime do Evangelho, a buscar o caminho que mais nos aproxime do Mestre Maior.

QUESTÃO REFLEXIVA:

O que significa ter o coração puro em nossas ações do cotidiano?

Bibliografia

- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Franco, Divaldo/Joanna de Angelis – Libertação pelo Amor
- Godoy, Paulo Alves – Os Quatro Sermões de Jesus
- Rigonatti, Eliseu – O Evangelho dos Humildes


Fonte da imagem: Internet Google.

terça-feira, 7 de junho de 2016

11ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

Bem-Aventurados os Mansos - Bem-Aventurados os Misericordiosos

Bem-Aventurados Os Mansos

“Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.” (Mt 5:4)

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. IX, quando Kardec discorre sobre essa bem-aventurança, cita a passagem contida no Evangelho de Mateus: “Ouvistes que foi dito aos antigos: ...‘Não matarás; aquele que matar terá de responder no tribunal. Eu, porém, vos digo: todo aquele que encolerizar contra seu irmão, terá de responder no tribunal; aquele que chamar a seu irmão ‘Cretino!’ estará sujeito ao julgamento do Sinédrio; aquele que lhe chamar ‘Louco!’ terá de responder na Geena de fogo.” (Mt 5:21-22)

Vemos nesta passagem uma forte reprovação de Jesus em relação à animosidade entre os homens e seus semelhantes. Remetendo-nos a época de Jesus encontraremos uma sociedade bastante dividida por uma serie de conflitos sociais e religiosos. Além dos atritos que existiam entre as diversas classes sociais, havia também a rejeição aos povos estrangeiros.

A agressão verbal acima citada - cretino - em outras traduções bíblicas é mencionada como “racca”, ensina Kardec, era um insulto comum a época, e era pronunciada cuspindo-se ao chão.

Esse comportamento, então comum, recebeu essa forte condenação, pois representa nas palavras de Kardec “sentimento contrário à lei de amor e caridade, que deve regular as relações entre os homens, mantendo a união e a concórdia”.

Jesus, rompendo com todos os Valores falsos da época, rompendo com todos os paradigmas atrasados e preconceituosos, acolhia com carinho os excluídos, os odiados publicanos, os samaritanos, deu atenção especial as crianças, atenção especial as mulheres, dando a mesma importância que aos homens, como deve ser.

Jesus, em seus ensinamentos, sempre condenou qualquer tipo de violência e agressão ao próximo, pois são contrarias a fraternidade e alimentam o ódio e a animosidade.

Assim, ensina o Mestre que devemos nos tomar mansos para que possamos herdar a terra.

O que significa ser manso, ou seja, ter mansuetude?

A mansuetude é a qualidade daquele que age com brandura, serenidade e moderação. A mansidão está, portanto, associada a outras virtudes, como a afabilidade, a doçura, a paciência, a obediência e a resignação. É uma virtude das almas nobres.

Mas disse Jesus que os mansos herdarão a terra. Ora, mas como essa bem-aventurança se cumprirá? Como é possível que aqueles que agem com doçura, afabilidade, venham a conquistar a terra onde, ainda hoje, predomina o mal?

Se é a conquista dos mansos, a primeira certeza que temos é que não será com emprego da força.

Mas se não será com o emprego da força, como é que os mansos possuirão a Terra? Será que os maus, os conquistadores e suas legiões de invasores, os tiranos e seus exércitos de destruição, será que todos eles vão permitir assim, sem briga, sem confronto, sem resistência, que os mansos possuam a Terra?

É porque os maus não estarão mais aqui, seus nomes serão lembrados apenas nos livros de história.

Da mesma forma que quando íamos à escola e aprendíamos sobre os povos primitivos e bárbaros do passado, e então ficávamos chocados, chegará um tempo também que, no futuro, as crianças irão para a escola e quando ouvirem falar dos senhores da guerra dos séculos 20 e 21, de todos os tiranos, de todos os líderes, de todos os representantes do povo que abusavam do poder, e, quando elas ouvirem sobre eles ou virem suas fotos nos livros de história, elas ficarão chocadas, indignadas, sentirão verdadeira repulsa e aversão.
Eis a Lei do Progresso.

Diz Eliseu Rigonatti: "Conquanto pareça que os violentos sejam senhores da terra, um dia a violência será banida da face de nosso planeta. À medida que os homens forem ficando esclarecidos à luz da fraternidade universal, irão também desaparecendo os atos violentos que as nações praticam contra nações, e os indivíduos contra indivíduos. Os rebeldes que não se submeterem às leis fraternas serão desterrados para mundos inferiores. E a Terra será possuída pelos mansos, isto é, pelos que não tentam violentar o próximo nem por palavras nem por atos”.

Os brandos e pacíficos herdarão a Terra, porque eles continuarão a viver nela, para o aperfeiçoamento do seu processo evolutivo. Os rebeldes, os mais recalcitrantes, serão relegados para planetas menos evoluídos, onde ainda prevalece o "choro e ranger de dentes", referidos por Jesus Cristo.

Os maus serão literalmente, expurgados para mundos trevosos, obscuros, onde imperam a selvageria e o primitivismo, mundos talvez inóspitos ou devastados. E os mansos possuirão a Terra, não porque cultivaram o desejo de conquista, mas porque, ao contrário, se desprenderam de toda a busca de prazeres mundanos, se desprenderam de todas as ilusões vazias, porque cultivaram os valores do Espírito e ficarão na Terra porque terão feito por merecer. E, de fato, ficarão na Terra somente aqueles que fizerem por merecer.

Assim, pois se quisermos conquistar a terra, temos que aprender a lição do Mestre, ou seja, ajudar, educar, transformar, renovar, comover corações, despertar mentes, ser mansos, ser pacientes, em uma palavra: sermos cristãos.

BEM-AVENTURADOS OS QUE TÊM FOME E SEDE DE JUSTIÇA, PORQUE SERÃO FARTOS.

“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.“ (Mt 5:6)

Para entendermos esta Bem-aventurança, temos que primeiro entender o que é justiça. E quando falamos em justiça, sempre precisamos lembrar que há, sob certo aspecto, duas modalidades: a justiça dos homens e a Justiça Divina.

A justiça dos homens, como podemos constatar pela análise histórica da evolução da humanidade, é transitória, sujeita a revogações de acordo como o avanço de uma determinada sociedade. A justiça Divina por outro lado, é suprema, eterna e imutável. À medida que a humanidade vai refinando-se, renovando seus valores, buscando a proteção dos mais frágeis, vai se aproximando da Lei de Amor.

Na questão 875 de “O livro dos Espíritos”, encontramos: P. Como se pode definir a justiça? R. A justiça consiste no respeito aos direitos de cada um.

Mas quem são aqueles que têm fome e sede de justiça, segundo as palavras de Jesus? Serão todos os que se sentem injustiçados neste mundo? Vemos que em nossa sociedade são muitos os que estão insatisfeitos com as leis, insatisfeitos com a estrutura social e com as situações de miserabilidade e carência social.

Porém, pela Lei de Causa e Efeito, sabemos que nem uma folha cai sem a permissão de Deus, pois todas as situações de penúria e aflições que ocorrem no mundo são resultantes de nossas escolhas e de nossas ações.

Diante do quadro dessas “injustiças”, muitos, porém, quando buscam a justiça, pensam, exclusivamente, em seus interesses pessoais, o que de certa forma, pode representar uma atitude egoísta. O egoísmo, dessa forma, é o grande obstáculo a ser superado para promovermos a justiça de forma coletiva, beneficiando a todos indistintamente.

No entanto, em verdade, os que têm sede e fome de justiça, segundo as palavras do Mestre, são os que procuram não exclusivamente para si, mas para toda a família humana, pois reconhecem no próximo um irmão e lhe desejam o mesmo que desejam para si.

Vemos, pois, que o “ser saciado” não significa que, neste mundo, haverá a perfeita equidade, eis que, por algum tempo, conviveremos com esta realidade, onde ainda há a predominância do egoísmo e da sensação de injustiça.

Em que momento então seremos saciados de nossa fome e sede de justiça? Apenas quando aprendermos a vivenciar os ensinamentos do Mestre, e isso implica em:

- Respeito Mútuo;

- Tolerância;

- Compreensão;

- Resignação.

Ensina-nos ainda Jesus que no futuro receberemos segundo nossas obras. Quando pelo nosso esforço, dedicação, e perseverança no Bem buscamos promover a justiça em nosso dia-a-dia, vamos adquirindo mérito para vivermos, pela lei de sintonia e afinidade, em um mundo regenerado. Tal é o propósito, o destino da Terra.

QUESTÃO REFLEXIVA:

A lei de Deus permite que sejamos injustiçados neste mundo? Comente.


Fonte da imagem: Internet Google.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

10ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

O Sermão do Monte: As Bem-Aventuranças - (Mt 5: 1-12)

Os Sermões do Novo Testamento

OS POBRES DE ESPÍRITO E OS AFLITOS

“Bem-Aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus”. ( Mt 5:3)

No Sermão da Montanha, quando Jesus se referiu aos “pobres de espírito”, ele não estava falando das pessoas de pouca inteligência ou cultura, nem de pobreza material; referia-se às pessoas simples de coração e sentimentos, aos humildes de espírito, não escravizados as paixões e bens terrenos, ou seja, aos “pobres pelo espírito”, aqueles que aceitam as coisas do Espírito com naturalidade, tem consciência de sua condição espiritual e se empenham em transformar-se interiormente, buscando o amparo do Pai e dos bons Espíritos.

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, estudam-se as principais bem-aventuranças, mas sempre observadas à luz do processo reencarnatório. O estudo todo é voltado para a reflexão sobre as nossas experiências enquanto encarnados e a necessidade da nossa transformação interior para evoluirmos espiritualmente.

No Cap. VII, it. 2, encontramos: “Ao dizer que o reino dos Céus é para os simples, Jesus ensina que ninguém será nele admitido sem a simplicidade de coração e a humildade de espírito; que o ignorante que possui essas qualidades será preferido ao sábio que acreditar mais em si mesmo do que em Deus. Em todas as circunstâncias, ele coloca a humildade entre as virtudes que nos aproximam de Deus, e o orgulho entre os vícios que dele nos afastam”.

E no mesmo capitulo (Instruções dos Espíritos), it. 11: “Todos os homens são iguais na balança divina; somente as virtudes os distinguem aos olhos de Deus. Todos os Espíritos são da mesma essência e todos os corpos foram feitos da mesma massa. Vossos títulos e vossos nomes em nada os modificam; ficam no túmulo; não são eles que dão a felicidade prometida aos eleitos; a caridade e a humildade são os seus títulos de nobreza”.

São inúmeras as passagens evangélicas em que Jesus ensinou o valor da humildade:

“Aquele, portanto, que se tornar pequenino como esta criança, esse é o maior no Reino dos Céus”. (Mt 18:4).

“Aquele que quiser tornar-se grande entre vos seja aquele que serve e o que quiser ser o primeiro dentre vos, seja o vosso servo. Desse modo, o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos”. (Mt 20;26-28).

“Pois todo aquele que se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado”. (Lc 14:11).

E em “O Livro dos Espíritos”, à Q.785: “Qual o maior obstáculo do progresso?”, os Espíritos respondem: “São o orgulho e o egoísmo. Quero referir-me ao progresso moral, porque o intelectual avança sempre”.

O que é humildade? O que é orgulho? E egoísmo?

Humildade: “É a chave da nossa libertação espiritual. Não é servidão nem humilhação, mas independência, liberdade interior. É feita de amor; respeito, tolerância, indulgência, paciência, mansuetude; é imune a insultos e ofensas, pois estes sempre permanecem presos a sua origem.” (trechos dos conceitos do vocábulo no livro “O Espiritismo de A a Z”, pg 432 e 433).

Humildade é o sentimento que resulta do esforço do conhecimento de si mesmo; é saber exatamente o que se é, com algumas virtudes em burilamento e imperfeições por corrigir, nem mais, nem menos. Humildade é o estado permanente e sincero do se considerar aprendiz. Não tem relação com atitudes exteriores.

Egoísmo e Orgulho: “O egoísmo e o orgulho nascem de um sentimento natural: o instinto de conservação. Todos os instintos têm sua razão de ser e sua utilidade, porquanto Deus nada pode ter feito inútil. Ele não criou o mal; o homem é quem o produz, abusando dos dons de Deus, em virtude do seu livre-arbítrio”.  “Logo, com esses vícios, não é possível a verdadeira fraternidade, nem, por conseguinte, igualdade, nem liberdade, dado que o egoísta e o orgulhoso querem tudo para si.” (“Obras Póstumas”, 1ª parte).

O Espiritismo nos mostra, através de muitos exemplos, que no mundo dos Espíritos, os grandes são aqueles que têm autoridade moral, ou seja, os que lapidaram suas fraquezas se tornaram humildes e cresceram em qualidades espirituais; servem à Vontade Divina, não a própria.

“Bem-Aventurados os aflitos, porque serão consolados”. (Mt 525).

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Cap. V item 3, Kardec escreve: “compreende-se dificilmente a utilidade de sofrer para ser feliz. Diz-se que é para haver mais mérito. Mas, então, se pergunta: Por que uns sofrem mais do que outros; por que uns nascem na miséria e outros na opulência, sem nada terem feito para justificar essa posição; por que para uns nada da certo, enquanto para outros tudo parece sorrir? Mas o que ainda menos se compreende é ver os bens e os males tão desigualmente distribuídos entre o vicio e a virtude; ver homens virtuosos sofrerem ao lado de malvados que prosperam. A fé no futuro pode consolar e proporcionar paciência, mas não explica essas anomalias, que parecem desmentir a justiça de Deus”.

E ainda: “As vicissitudes da vida tem, pois, uma causa, e como Deus é justo, essa causa deve ser justa”. Eis do que todos devem compenetrar-se. “Deus encaminhou os homens na compreensão dessa causa pelos ensinos de Jesus e hoje, considerando-os suficientemente maduros para compreendê-la, revela-a por completo através do Espiritismo, ou seja, pela voz dos Espíritos”.

Se acreditarmos realmente num Deus justo e bom, a dor e o sofrimento que todos vivenciam num planeta de provas e expiações como a Terra, deve também ter uma causa justa. O Pai jamais permitiria que alguém sofresse sem justa razão.

As causas das nossas aflições podem ser devidas ao nosso comportamento na vida atual ou serem consequência dos nossos atos em vidas passadas, atos dos quais não nos recordamos conscientemente, mas que precisam ser reparados em alguma época da existência, para que se conquiste ou se retome o equilíbrio espiritual. Enquanto não dominamos nossos vícios e paixões, principalmente o orgulho e o egoísmo, estamos expostos ao sofrimento que eles ocasionam; mesmo assim, temos a tendência de responsabilizar Deus, a má sorte, as outras pessoas e o mundo pelas nossas dores, dificilmente assumindo que somos os autores das nossas tribulações.

Muitas vezes, o próprio Espírito, ao reencarnar, pede e obtém determinadas provas, que irão avaliar a firmeza de seus propósitos de regeneração, ajudando no processo de despertamento para o bem e o amor.

Existem também situações dolorosas em que o Espírito, ainda endurecido e obstinado no mal, esta expiando seus erros. Em “O Céu e o Inferno”, Parte 1, cap. VII, Kardec escreve: “A expiação varia segundo a natureza e gravidade da falta, podendo, portanto, a mesma falta determinar expiações diversas, conforme as circunstâncias, atenuantes ou agravantes, em que for cometida”.

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Cap. V, item 9, encontramos: “A expiação serve sempre de prova, mas nem sempre a prova é uma expiação. Provas e expiações, todavia, são sempre sinais de relativa inferioridade, porquanto o que é perfeito não precisa ser provado”.

Na Revista Espírita, setembro de 1863, Kardec esclarece: “A expiação implica necessariamente a ideia de um castigo mais ou menos penoso, resultado de uma falta cometida. A prova não tem relação com falta anterior, mas implica sempre um estado de inferioridade real ou presumível do Espírito, porque quem chegou ao ponto culminante a que aspira não necessita mais de provas”. Kardec diz ainda que em certos casos a prova se confunde com a expiação, ou seja, a expiação pode servir de prova e a prova servir de expiação. E cita o exemplo do aluno que se apresenta para receber a graduação, submetendo-se a uma prova. Se falhar, terá de recomeçar o trabalho, por vezes penoso, cuja carga é uma espécie de punição da negligência no primeiro. A Segunda prova é, portanto, além de prova, uma expiação. Kardec esclarece, por fim, que é um erro pensar que o caráter essencial da expiação seja o de ser imposta, pois o próprio Espírito pode solicitá-la.

O esquecimento do passado é sempre uma bênção, pois sua lembrança poderia nos causar mais sofrimentos, constrangimentos e humilhações; embora não nos recordemos, guardamos as tendências de outros tempos, a intuição do que vivemos e a voz da consciência está sempre conosco, portanto, temos os instrumentos para superar as situações dolorosas que nos são oferecidas como oportunidades de equilíbrio e crescimento espiritual.

Abrandar ou aumentar a dor dos nossos problemas depende de como compreendemos a vida: se estamos apegados aos afetos, situações e coisas materiais, a dor nos parece interminável, eterna e geralmente nos leva a raiva, mágoa, rebeldia, aumentando o sofrimento, de onde dificilmente conseguimos sair. Quanto maior a revolta, maior será a dor (mal sofrer), mas se tivermos consciência da transitoriedade das coisas materiais e da brevidade da vida corpórea, as coisas do mundo diminuem na sua importância, conseguimos controlar nossos impulsos, aceitamos melhor as nossas dores, adquirimos serenidade e resignação (bem sofrer).

As palavras de Jesus: “Bem-aventurados os aflitos, porque eles serão consolados”, sinaliza a recompensa futura a aqueles que exercitam o “bem sofrer”, ou seja, aceitam as dificuldades com fé e resignação ativa, buscando aprender com elas, sem revolta ou desespero.

O consolo para as dores, a paz interior, o equilíbrio, o Reino dos céus no interior da criatura, fazem parte dessa recompensa.

Embora muitas vezes tenhamos a sensação de que a perversidade humana esta aumentando e que o mal domina o mundo, é preciso aprender a “olhar com olhos de ver” e a “ouvir com ouvidos de ouvir” para perceber que dia a dia a Humanidade se transforma e que o progresso material e moral são contínuos e irreversíveis. (LE. - Lei do Progresso).

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Cap. V, item 18, Lacordaire (Espírito) escreve: “Bem-aventurados os aflitos, pode, portanto, ser assim traduzido: Bem-aventurados os que têm a oportunidade de provar a sua fé, a sua firmeza, a sua perseverança e a sua submissão à vontade de Deus, porque eles terão centuplicadas as alegrias que lhes faltam na Terra e após o trabalho virá o repouso“.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Reflita e comente: “Bem-aventurados os pobres de espírito porque deles é o reino dos céus”.

Bibliografia

- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - A Gênese - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - Obras Póstumas.
- Kardec, Allan - O Céu e o Inferno.
- Xavier, Francisco C./Emmanuel - Pão Nosso.
- Schutel, Cairbar - Parábolas e Ensinos de Jesus.
- O Espiritismo de A a Z.


Fonte da imagem: Internet Google.