Bem-Aventurados os Misericordiosos
“Bem-Aventurados
os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.” (Mt 5:7)
Dentre as
grandes virtudes, a misericórdia está entre as mais belas, pois é a alta
expressão da caridade e da compaixão pelo sofrimento do próximo.
Na obra “O
Evangelho dos Humildes”, de Eliseu Rigonatti, encontramos a seguinte definição:
“Misericordioso é aquele que se compadece da miséria alheia. Ser misericordioso
é sentir o coração pulsar de piedade para com os irmãos tocados pela
necessidade e pelo sofrimento; é ser compassivo, amigo, tolerante”.
A
misericórdia é o sentimento de condolência com a desventura alheia. É um
sentimento das almas caridosas, pois estas podem sentir a dor de seu semelhante
e se compadecer mais do que se fosse sua própria dor.
A
misericórdia e a mansuetude caminham juntas, pois a brandura promove a
serenidade, a sensibilidade, para podermos sentir a amargura do outro,
possibilitando o sentimento de compaixão.
Esse
sentimento permite o esquecimento das ofensas. Eis o caminho para o verdadeiro
cristão: o perdão de toda e qualquer ofensa! “Pois, se perdoardes aos homens os
seus débitos, também o vosso Pai celestes vos perdoará; mas se não perdoardes aos
homens o vosso Pai também não perdoará os vossos delitos. (Mt 6:14-15)
Jesus
exemplificou em todas as circunstâncias que vivenciou. E ensinou que
precisamos:
- Perdoar
todas às vezes, tantas vezes quantas forem às agressões que nos forem
dirigidas;
- Demonstrar
a nosso semelhante à docilidade e a humildade de coração;
- Fazer aos
outros o que desejamos que o Pai celeste faça por nós.
E, a
propósito, não é exatamente o que nós pedimos na oração do Pai Nosso “... perdoa
nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores..." Ou seja,
nós pedimos, não simplesmente, perdoa nossas dívidas, mas, expressamente:
“assim como nós perdoamos aos nossos devedores”.
Que nós,
portanto, não nos esqueçamos de que a medida e proporção que aplicarmos será a nós
aplicadas. Mas, conscientes dessa verdade, por que, em certas situações, ainda
sentimos dificuldade em perdoar?
Muitas
vezes, o que nos impede de agir virtuosamente, com misericórdia, é a aplicação
de um certo senso de justiça, resultante de uma avaliação, um julgamento que
fazemos do comportamento de nosso semelhante, considerando que esta ou aquela
conduta seja reprovável.
Ocorre, no
entanto, que quando fazemos isso, quase sempre erramos. No Evangelho Segundo o
Espiritismo, cap. X, item 16, encontramos a seguinte lição: "Sede, pois,
severos convosco e indulgentes para com os outros. Pensai naquele que julga em
última instância, que vê os secretos pensamentos de cada coração, e que, em
consequência, desculpa frequentemente as faltas que condenais, ou condena as
que desculpais, porque conhece o móvel de todas as ações”.
Como
poderíamos, pois, saber quais as reais intenções de nosso próximo? Apenas pela
análise dos fatos externos? Lembremos que para Deus, como alerta constantemente
o Livro dos Espíritos: “O fato não é nada, a intenção é tudo”.
Por acaso,
seríamos nós capazes de saber todas as intenções de nossos semelhantes?
Seríamos nós capazes de saber quais são seus sentimentos? Seríamos capazes de
saber quais são suas aflições? E, principalmente, seríamos capazes de saber
qual é a sua capacidade de compreensão?
Outras
vezes, podemos achar que algumas ofensas são muito graves, e, por isso,
inaceitáveis. No entanto, bem sabemos, que quanto maior for a agressividade,
quanto maior for o comportamento ofensivo de alguém, é porque desconhece a Lei
Divina, desconhece a mensagem redentora do Mestre, desconhece as grandes verdades
que elevam o Ser.
E, como
advertiu o Cristo, de quem mais recebeu, mais será cobrado. Esse “receber” é,
neste caso, justamente, ter tido a oportunidade de ouvir a “Boa Nova”.
Devemos
sempre lembrar ainda que, sendo os atos de caridade meritórios, tanto maior
será o mérito quanto maior tiver sido a ofensa, assim como quanto maior for o
esforço e sacrifício que empenharmos em agir com misericórdia. Essa bela
virtude – a misericórdia - eleva-nos; aproxima-nos de Jesus.
Na obra
“Libertação pelo Amor”, mensagem n° 9, Joanna de Angelis, discorrendo sobre o
perdão, exorta: “Perdoa todo tipo de ofensa e de ofensores, de difamadores, de
sequazes do mal...” “Quem teme tempestades morais não consegue fortalecer-se
para as lutas do progresso espiritual.” “O teu adversário é também a tua chance
de superação de melindres, de paixões egóicas, das pequenezes que assinalam a
existências.”
Esse é o
caminho para nos tornarmos verdadeiros discípulos de Jesus.
BEM-AVENTURADOS OS PUROS DE CORAÇÃO
“Bem-aventurados
os puros de coração, porque verão a Deus.” (Mt 5:8).
Em “O
Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. VIII, item 3, diz Kardec que: “A pureza
de coração é inseparável da simplicidade e da humildade. Exclui todo pensamento
de egoísmo e de orgulho. Eis porque Jesus toma a infância como símbolo dessa
pureza, como já a tomara por símbolo da humildade.”
A criança,
quase em todas as culturas, é reconhecida como símbolo de pureza.
E embora
saibamos, pela Doutrina Espírita, que o Espírito da criança já teve outras
existências, e pode ser muito antigo, vemos que, ao renascer, ela não se
apresenta como é, pois tudo é sábio nas Leis de Deus.
A criança
quando reencarna, independentemente de suas tendências, nasce num estado de
inocência, de doçura, o que a faz estar receptiva ao aprendizado, e ainda
desperta o carinho dos pais para dar- lhe toda a atenção.
Essa
condição de receptividade é que possibilita a esse Espírito reencarnante a
oportunidade de novo aprendizado e superação das más tendências. Por isso,
disse ainda Jesus: “Em verdade vos digo que todo aquele que não receber o Reino
de Deus como uma criança, não entrará nele.” (Mc 10: 15).
O enfoque é
desse modo, em relação à condição ideal de receptividade, de disposição para
receber o conhecimento sem resistências viciosas.
De fato,
quando ficamos adultos, muitas vezes podemos ficar impermeáveis ao ensinamento,
ou seja, ficar fechados para novo aprendizado.
Isso seria
ótimo se o conhecimento fosse estático, mas, ao contrario, o conhecimento é
dinâmico, e, com exceção das grandes verdades, sempre é preciso atualizar-se
para não haver ultrapassado.
Mas muitos
adultos, repisamos, apresentam grandes resistências, alguns chegam à ira,
realmente furiosos com novos conceitos, com novas verdades trazidas a
humanidade.
Não vimos em
todos os tempos os grupos que se levantaram contra aqueles que traziam novas
verdades?
Jesus não
foi recebido com hostilidade por muitos que não queriam que a luz a todos
alcançasse?
Podemos,
então, em síntese, assinalar a seguinte grande diferença entre crianças e
adultos:
- As
crianças recebem o ensinamento diretamente, sem barreiras, pois elas, quando em
tenra idade, não carregam crenças falsas e preconceitos.
- Os
adultos, ao contrário, como geralmente possuem muitas crenças falsas,
preconceitos, superstições, convícios ideológicas, partidária ou religiosa,
etc., para ensiná-los é preciso dar dois passos: o primeiro é provar a
inconsistência de uma crença equivocada, de um sistema errado, de um dogma que
já se tornou popular, para, depois de vencidas essas barreiras, essas
resistências, passar então ao segundo passo que é ministrar o conhecimento.
O oposto da
pureza é a malícia, a maquinação, a esperteza, a corrupção, a vaidade, o
orgulho.
Pessoas
assim são as que mais sofrem, pois sofrem duplamente: primeiro sofrem por uma
condição qualquer de aflição a que todos estão sujeitos; e segundo sofrem por
terem o amor próprio ferido quase por qualquer coisa.
Quem é
orgulhoso, geralmente, acha que sabe tudo, acha que a sua opinião que é a
correta, que é a mais importante e, se possível, sempre quer dar a ultima
palavra.
O orgulhoso
está assim, de certa forma, fechado para o conhecimento, esta numa posição de
estagnação, por vontade própria. Mas a lição é bem clara e nos convida a
receber o Reino de Deus como uma criança, ou seja, integralmente, sem
restrições, sem objeções, sem adaptações.
Sejamos,
então, simbolicamente falando, como crianças: tenhamos o coração puro, sempre
disposto a aprender, dispostos a rever conceitos, dispostos a rever nossas
atitudes, disposto a buscar entendimento cada vez mais sublime do Evangelho, a
buscar o caminho que mais nos aproxime do Mestre Maior.
QUESTÃO
REFLEXIVA:
O que
significa ter o coração puro em nossas ações do cotidiano?
Bibliografia
- A Bíblia
de Jerusalém.
- Kardec,
Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Franco,
Divaldo/Joanna de Angelis – Libertação pelo Amor
- Godoy,
Paulo Alves – Os Quatro Sermões de Jesus
- Rigonatti,
Eliseu – O Evangelho dos Humildes
Fonte da imagem: Internet Google.
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