CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

terça-feira, 14 de junho de 2016

11ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

Bem-Aventurados os Misericordiosos

“Bem-Aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.” (Mt 5:7)

Dentre as grandes virtudes, a misericórdia está entre as mais belas, pois é a alta expressão da caridade e da compaixão pelo sofrimento do próximo.

Na obra “O Evangelho dos Humildes”, de Eliseu Rigonatti, encontramos a seguinte definição: “Misericordioso é aquele que se compadece da miséria alheia. Ser misericordioso é sentir o coração pulsar de piedade para com os irmãos tocados pela necessidade e pelo sofrimento; é ser compassivo, amigo, tolerante”.

A misericórdia é o sentimento de condolência com a desventura alheia. É um sentimento das almas caridosas, pois estas podem sentir a dor de seu semelhante e se compadecer mais do que se fosse sua própria dor.

A misericórdia e a mansuetude caminham juntas, pois a brandura promove a serenidade, a sensibilidade, para podermos sentir a amargura do outro, possibilitando o sentimento de compaixão.

Esse sentimento permite o esquecimento das ofensas. Eis o caminho para o verdadeiro cristão: o perdão de toda e qualquer ofensa! “Pois, se perdoardes aos homens os seus débitos, também o vosso Pai celestes vos perdoará; mas se não perdoardes aos homens o vosso Pai também não perdoará os vossos delitos. (Mt 6:14-15)

Jesus exemplificou em todas as circunstâncias que vivenciou. E ensinou que precisamos:

- Perdoar todas às vezes, tantas vezes quantas forem às agressões que nos forem dirigidas;

- Demonstrar a nosso semelhante à docilidade e a humildade de coração;

- Fazer aos outros o que desejamos que o Pai celeste faça por nós.

E, a propósito, não é exatamente o que nós pedimos na oração do Pai Nosso “... perdoa nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores..." Ou seja, nós pedimos, não simplesmente, perdoa nossas dívidas, mas, expressamente: “assim como nós perdoamos aos nossos devedores”.

Que nós, portanto, não nos esqueçamos de que a medida e proporção que aplicarmos será a nós aplicadas. Mas, conscientes dessa verdade, por que, em certas situações, ainda sentimos dificuldade em perdoar?

Muitas vezes, o que nos impede de agir virtuosamente, com misericórdia, é a aplicação de um certo senso de justiça, resultante de uma avaliação, um julgamento que fazemos do comportamento de nosso semelhante, considerando que esta ou aquela conduta seja reprovável.

Ocorre, no entanto, que quando fazemos isso, quase sempre erramos. No Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. X, item 16, encontramos a seguinte lição: "Sede, pois, severos convosco e indulgentes para com os outros. Pensai naquele que julga em última instância, que vê os secretos pensamentos de cada coração, e que, em consequência, desculpa frequentemente as faltas que condenais, ou condena as que desculpais, porque conhece o móvel de todas as ações”.

Como poderíamos, pois, saber quais as reais intenções de nosso próximo? Apenas pela análise dos fatos externos? Lembremos que para Deus, como alerta constantemente o Livro dos Espíritos: “O fato não é nada, a intenção é tudo”.

Por acaso, seríamos nós capazes de saber todas as intenções de nossos semelhantes? Seríamos nós capazes de saber quais são seus sentimentos? Seríamos capazes de saber quais são suas aflições? E, principalmente, seríamos capazes de saber qual é a sua capacidade de compreensão?

Outras vezes, podemos achar que algumas ofensas são muito graves, e, por isso, inaceitáveis. No entanto, bem sabemos, que quanto maior for a agressividade, quanto maior for o comportamento ofensivo de alguém, é porque desconhece a Lei Divina, desconhece a mensagem redentora do Mestre, desconhece as grandes verdades que elevam o Ser.

E, como advertiu o Cristo, de quem mais recebeu, mais será cobrado. Esse “receber” é, neste caso, justamente, ter tido a oportunidade de ouvir a “Boa Nova”.

Devemos sempre lembrar ainda que, sendo os atos de caridade meritórios, tanto maior será o mérito quanto maior tiver sido a ofensa, assim como quanto maior for o esforço e sacrifício que empenharmos em agir com misericórdia. Essa bela virtude – a misericórdia - eleva-nos; aproxima-nos de Jesus.

Na obra “Libertação pelo Amor”, mensagem n° 9, Joanna de Angelis, discorrendo sobre o perdão, exorta: “Perdoa todo tipo de ofensa e de ofensores, de difamadores, de sequazes do mal...” “Quem teme tempestades morais não consegue fortalecer-se para as lutas do progresso espiritual.” “O teu adversário é também a tua chance de superação de melindres, de paixões egóicas, das pequenezes que assinalam a existências.”

Esse é o caminho para nos tornarmos verdadeiros discípulos de Jesus.

BEM-AVENTURADOS OS PUROS DE CORAÇÃO

“Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.” (Mt 5:8).

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. VIII, item 3, diz Kardec que: “A pureza de coração é inseparável da simplicidade e da humildade. Exclui todo pensamento de egoísmo e de orgulho. Eis porque Jesus toma a infância como símbolo dessa pureza, como já a tomara por símbolo da humildade.”

A criança, quase em todas as culturas, é reconhecida como símbolo de pureza.

E embora saibamos, pela Doutrina Espírita, que o Espírito da criança já teve outras existências, e pode ser muito antigo, vemos que, ao renascer, ela não se apresenta como é, pois tudo é sábio nas Leis de Deus.

A criança quando reencarna, independentemente de suas tendências, nasce num estado de inocência, de doçura, o que a faz estar receptiva ao aprendizado, e ainda desperta o carinho dos pais para dar- lhe toda a atenção.

Essa condição de receptividade é que possibilita a esse Espírito reencarnante a oportunidade de novo aprendizado e superação das más tendências. Por isso, disse ainda Jesus: “Em verdade vos digo que todo aquele que não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele.” (Mc 10: 15).

O enfoque é desse modo, em relação à condição ideal de receptividade, de disposição para receber o conhecimento sem resistências viciosas.

De fato, quando ficamos adultos, muitas vezes podemos ficar impermeáveis ao ensinamento, ou seja, ficar fechados para novo aprendizado.

Isso seria ótimo se o conhecimento fosse estático, mas, ao contrario, o conhecimento é dinâmico, e, com exceção das grandes verdades, sempre é preciso atualizar-se para não haver ultrapassado.

Mas muitos adultos, repisamos, apresentam grandes resistências, alguns chegam à ira, realmente furiosos com novos conceitos, com novas verdades trazidas a humanidade.

Não vimos em todos os tempos os grupos que se levantaram contra aqueles que traziam novas verdades?

Jesus não foi recebido com hostilidade por muitos que não queriam que a luz a todos alcançasse?

Podemos, então, em síntese, assinalar a seguinte grande diferença entre crianças e adultos:

- As crianças recebem o ensinamento diretamente, sem barreiras, pois elas, quando em tenra idade, não carregam crenças falsas e preconceitos.

- Os adultos, ao contrário, como geralmente possuem muitas crenças falsas, preconceitos, superstições, convícios ideológicas, partidária ou religiosa, etc., para ensiná-los é preciso dar dois passos: o primeiro é provar a inconsistência de uma crença equivocada, de um sistema errado, de um dogma que já se tornou popular, para, depois de vencidas essas barreiras, essas resistências, passar então ao segundo passo que é ministrar o conhecimento.

O oposto da pureza é a malícia, a maquinação, a esperteza, a corrupção, a vaidade, o orgulho.

Pessoas assim são as que mais sofrem, pois sofrem duplamente: primeiro sofrem por uma condição qualquer de aflição a que todos estão sujeitos; e segundo sofrem por terem o amor próprio ferido quase por qualquer coisa.

Quem é orgulhoso, geralmente, acha que sabe tudo, acha que a sua opinião que é a correta, que é a mais importante e, se possível, sempre quer dar a ultima palavra.

O orgulhoso está assim, de certa forma, fechado para o conhecimento, esta numa posição de estagnação, por vontade própria. Mas a lição é bem clara e nos convida a receber o Reino de Deus como uma criança, ou seja, integralmente, sem restrições, sem objeções, sem adaptações.

Sejamos, então, simbolicamente falando, como crianças: tenhamos o coração puro, sempre disposto a aprender, dispostos a rever conceitos, dispostos a rever nossas atitudes, disposto a buscar entendimento cada vez mais sublime do Evangelho, a buscar o caminho que mais nos aproxime do Mestre Maior.

QUESTÃO REFLEXIVA:

O que significa ter o coração puro em nossas ações do cotidiano?

Bibliografia

- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Franco, Divaldo/Joanna de Angelis – Libertação pelo Amor
- Godoy, Paulo Alves – Os Quatro Sermões de Jesus
- Rigonatti, Eliseu – O Evangelho dos Humildes


Fonte da imagem: Internet Google.

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