CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

24ª AULA PARTE B - CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO 1º ANO - FEESP

BIOGRAFIA DE ALLAN KARDEC

1 - BIOGRAFIA RESUMIDA: HIPPOLYTE LÉON DENIZARD RIVAIL - O EDUCADOR:

Hippolyte Léon Denizard Rivail nasceu na cidade de Lyon, França, no dia 3 de outubro de 1804, filho de uma tradicional família lionesa, reconhecida pelas suas virtudes, na qual vários de seus membros haviam se destacado na advocacia e na magistratura. Era de se esperar, portanto que, entre tantos familiares advogados e juízes, também se dedicasse a esta área.

Mas, outra era a missão para a qual estava predestinado, pois, desde pequeno, o jovem Denizard sentiu-se atraído para as ciências aplicadas e para a filosofia.

Realizou seus primeiros estudos em sua cidade natal e aos 10 anos foi matriculado no Instituto Yverdon, na Suíça, o célebre Instituto de Educação de Jean Heinrich Pestalozzi, considerado a escola modelo da Europa, que exerceu grande influência na reforma do ensino naquela época, principalmente na Alemanha e na França.

Dotado de grande inteligência e atraído para o ensino por vocação e aptidões excepcionais, tornou-se um dos mais destacados alunos de Pestalozzi, a tal ponto que passou a ser um de seus colaboradores mais eficientes, substituindo-o, com apenas 14 anos, sempre que se fazia necessário. Foi nesses exercícios que se lhe desenvolveram as ideias que mais tarde deveria elevá-lo à classe dos grandes educadores europeus.

Conhecendo bastante o Catolicismo e o Protestantismo, preocupou-se por uma reforma religiosa que não impusesse barreiras à lógica e à observação, tal preocupação acompanhou-o durante muitos anos, revelando-se nos seus trabalhos em diferentes áreas, no decurso dos quais procurava alcançar um meio de unificar as crenças, mas não conseguia descobrir o elemento indispensável para a solução desse grande problema. Somente mais tarde, ao abraçar a grandiosa missão que lhe fora confiada quando ainda na Espiritualidade, é que pode finalmente canalizar seus trabalhos para uma direção toda especial.

Concluídos seus estudos, voltou para a França e, possuindo agora conhecimento da língua alemã, traduziu para esse idioma diferentes obras de educação e de moral; funda um instituto de Educação (Instituto Rivail), à Rua de Sévres, 35, nos moldes do já extinto Instituto de Iverdon. Em 6 de fevereiro de 1832, casou-se com Amélie Gabriel Boudet, que seria sua companheira por 37 anos.

Foi membro de muitas sociedades sábias, entre outras, da Academia Real de Arras que, em seu concurso de 1831, lhe outorgou o prêmio por sua notável Memória (dá-se o nome de Memória a uma dissertação acerca de assunto científico, literário ou artístico, para ser apresentado ao Governo, a uma corporação, a uma academia, etc.. ou para ser publicada) sobre os métodos educacionais daquela época. De 1835 a 1840, instalou em sua casa situada á Rua de Sévres, cursos de física, química, anatomia comparada, astronomia, etc., totalmente gratuitas para aqueles que não tinham condições de pagar tais estudos.

2 - VIAGEM ESPÍRITA EM 1862:

Em agosto de 1860, após uma troca de correspondência com o Sr. Guillaume, espírita residente em Lyon, Allan Kardec é recebido cordialmente nesta cidade no Centro Espírita de Broteaux, o único ali existente, ocorrendo nesta ocasião o primeiro encontro de dirigentes espíritas na história do Espiritismo.

Em setembro de 1861, Allan Kardec retorna à sua cidade natal, quanto teve a oportunidade de verificar a multiplicação dos grupos espíritas em relação à sua visita anterior. A partir dessa constatação, sentiu a necessidade de empreender uma série de viagens com o objetivo não apenas de observar a aplicação da Doutrina Espírita, mas principalmente de oferecer a orientação necessária sobre a organização dos diversos Centros Espíritas que estavam florescendo.

Assim, em outono de 1862, através da chuva, do frio e da neve, Allan Kardec iniciou seu propósito, percorrendo grande parte da França num verdadeiro roteiro missionário, ocasião em que pode observar atentamente a situação da Doutrina Espírita, sua propagação e aplicação nos diversos Centros Espíritas, bem como a postura adequada dos seus dirigentes.

Os relatos dessas viagens ocorridas em 1862, os discursos proferidos, as orientações dadas aos organizadores dos grupos espíritas são aspectos que compõem a presente obra, objeto deste estudo, sob o título "Viagem Espírita em 1862"; trata-se de um livro que complementa a Codificação Espírita, na medida em que se torna um auxiliar indispensável aos grupos espíritas, em relação não apenas aos aspectos doutrinários, mas principalmente quanto à organização e administração adequadas aos princípios espíritas.

A - A OBRA: Em 1862, Allan Kardec deixou Paris para aquela que seria sua mais importante viagem de estudos, observações e orientações doutrinárias; nessa ocasião percorreu mais de vinte cidades da província francesa durante seis semanas, presidindo a cerca de cinquenta reuniões com vários dirigentes dos mais diversos grupos espíritas. No decorrer de seu longo trajeto, pode ver pessoalmente o estado real da Doutrina Espírita, cujas observações, discursos e fatos interessantes foram mais tarde publicados na Revista Espírita; mas, um outro objetivo, não menos importante, imprimia a essas viagens um cunho fraterno: Allan Kardec desejava, com suas visitas, expressar sua gratidão, seu reconhecimento e simpatia por todos aqueles irmãos, pioneiros do Espiritismo que, enfrentando os mais duros obstáculos, não se intimidavam em vir a público, expressar sua fé nas verdades inquestionáveis reveladas pelos Espíritos.

B - IMPRESSÕES GERAIS SOBRE A VIAGEM:

1 - Aumento da Crença Espírita: Quando de sua primeira viagem a Lyon em 1860, Kardec constatou que havia em sua cidade natal apenas algumas centenas de adeptos; em 1861, já somavam cinco ou seis mil; em 1862, os seguidores da Doutrina Espírita chegavam a vinte e cinco ou trinta mil, o fato de que a Doutrina da qual fora o portador, trazia em sua essência o consolo, a esperança e a certeza de um futuro pelo qual todos ansiavam.

2 - PROPAGAÇÃO DA DOUTRINA ESPÍRITA ATRAVÉS DE SEUS CONTRADITORES:

Tal observação surgiu em decorrência de que, em muitas localidades francesas onde o Espiritismo era totalmente desconhecido, houve sua propagação e consequente aceitação, graças aos próprios ataques dos seus adversários. Allan Kardec cita como exemplo uma pequena província, Indre-er-Loire, cujos habitantes jamais ouviram falar do Espiritismo; mas, em razão de várias acusações do pároco local, colocando a Doutrina Espírita como sendo uma religião a serviço de forças ocultas, os moradores, movidos pela simples curiosidade, interessaram-se sobremaneira pelo assunto, passando a investigar a origem dos fatos; e como não poderia deixar de ser, predominou entre eles a lógica e o bom senso, e pouco tempo depois já havia naquele local um grupo de estudiosos interessados em aprofundar seus conhecimentos doutrinários. Sobre tais fatos, Kardec concluiu que realmente os Espíritos tinham razão: os adversários do Espiritismo serviriam à causa da propagação espírita.

3 - SERIEDADE DA PRÁTICA ESPÍRITA:

Em todas as cidades visitadas Kardec observou que o Espiritismo é encarado com seriedade e respeito; os dirigentes dos Centros, seus adeptos e simpatizantes buscam o lado filosófico, moral e instrutivo. Em nenhum lugar constatou a prática espírita como mera distração ou divertimento fútil, a exemplo do fenômeno das mesas girantes que tanto empolgaram a sociedade da época.

4 - ACEITAÇÃO MORAL DA DOUTRINA:

Kardec fez várias anotações sobre o aumento daqueles que aceitaram os princípios doutrinários do Espiritismo, sem serem atraídos pelas manifestações espirituais; houve um número incalculável e em constante crescimento daqueles que apenas leram e compreenderam o alcance de uma doutrina, que trazia à luz tudo aquilo que Jesus não pode dizer claramente em seu Evangelho. Eram todos aqueles que viam através dos olhos da alma e para eles, portanto, manifestações dos Espíritos eram apenas acessórios.

5 - DIFUSÃO DA DOUTRINA A PARTIR DAS CLASSES MAIS ESCLARECIDAS:

Por toda parte Kardec teve a oportunidade de notar que a aceitação dos conceitos espíritas partiam, em primeiro lugar, das classes mais esclarecidas ou de cultura mediana, para então alcançar grande parte do povo. Em algumas cidades os grupos de estudos eram formados quase que exclusivamente por membros dos tribunais da magistratura e do funcionalismo.

6 - NÚMERO CRESCENTE DE MÉDIUNS:

Multiplica-se o número de médiuns, principalmente os médiuns moralistas, ou seja, de forte influência moral e manifestações inteligentes; consequentemente, os médiuns de efeitos físicos tendem a diminuir. A partir desses fatos, Allan Kardec reafirmou os ensinamentos do Espírito de Verdade sobre este item: a fase inicial da curiosidade teve a sua importância, mas já passou: "vivemos um segundo período, o da filosofia", diz Kardec. O terceiro período virá com a reforma moral da Humanidade, quando ela estará adentrando a era do Espírito.

7 - OBSESSÃO:

Um dos grandes problemas que embaraçam a Doutrina Espírita é a obsessão; somente os médiuns que fizeram um estudo sistemático do Livro dos Médiuns e vivenciam a moral evangélica, é que têm condições de estarem vigilantes, diz Kardec, ao observar que alguns grupos estavam sob influência negativa e nela se compraziam por força de uma confiança cega, e por certas predisposições de ordem moral; outros levavam a desconfiança ao excesso, preferindo rejeitar o duvidoso a correr o risco de aceitar uma inverdade.

8 - MARCHA PROGRESSIVA DOS ENSINAMENTOS ESPÍRITAS:

Allan Kardec constatou uma progressão dos ensinamentos espíritas através da natureza das comunicações obtidas nos diferentes grupos espíritas, onde a fé e a caridade são mais ativas e laboriosas, através do exercício da abnegação, da humildade, da ausência de orgulho e de pensamento personalista.

Em relação ao aspecto material da prática mediúnica, Kardec frisou que há uma repulsa instintiva contra qualquer ideia de ganho material nos trabalhos espirituais.

9 - SILÊNCIO DIANTE DOS ATAQUES PESSOAIS:

No decorrer da sua viagem, Allan Kardec recebeu uma unânime aprovação em relação ao seu silêncio frente aos ataques pessoais sofridos. Com relação às críticas contra os princípios doutrinários do Espiritismo, Kardec muitas vezes respondeu diretamente, sempre que elas traziam prejuízo moral para a Doutrina.

Contudo, as críticas destrutivas muitas vezes tornaram-se de grande valia, pois faziam a ideia combatida penetrar em círculos onde jamais teria penetrado através do elogio.

10 - PROFISSÃO DE FÉ:

Embora a aceitação da Doutrina dos Espíritos, na época, ainda seja difícil, existem pessoas, segundo Kardec, que emitem corajosamente sua opinião a favor, que confessam de público suas convicções, sem o constrangimento de se dizerem espíritas. Cabe ressaltar, afirma ainda, o devotamento e o sacrifício de todos aqueles que se colocam à frente das verdadeiras ideias cristãs, pondo em risco inclusive suas vidas, ao enfrentarem ameaças e perseguições.

C - ITENS DOS DISCURSOS PRONUNCIADOS POR ALLAN KARDEC NAS GRANDES

REUNIÕES DE LYON, BORDEAUX E OUTRAS CIDADES:

1 - EM RELAÇÃO AOS ESPÍRITAS EM GERAL: Allan Kardec proferiu verdadeiras aulas de Espiritismo em seus discursos, sintetizando com seu raciocínio lógico e brilhante as categorias de espíritas em que se enquadravam seus adeptos ou simpatizantes:

- Os que creem simplesmente nas manifestações, sem, contudo apreenderem as consequências morais que elas encerram;

- Os que percebem este alcance moral, mas, por conveniência ou mero comodismo, aplicam-no aos outros;

- E existem aqueles que praticam ou se esforçam por praticar a moral da Doutrina, que nada mais é do que a MORAL EVANGÉLICA; estes, diz Kardec, são os VERDADEIROS ESPÍRITAS, CRISTÃOS EM CRISTO, porque procuram viver a máxima - FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO.

2 - EM RELAÇÃO AOS MÉDIUNS: Neste tópico, Kardec refere-se a um aspecto de suma importância, ou seja, o caráter moral do Espiritismo; desde que surgiram as primeiras manifestações dos Espíritos, muitas pessoas viram nesse fato um meio de especulação para tirar proveito material da boa fé e simplicidade dos incautos. Em decorrência, os médiuns provavelmente transformar-se-iam em meros ledores de sorte, imprimindo aos princípios espíritas a mesma conotação da cartomancia e da adivinhação.

Fiel à missão que recebera do Espírito de Verdade, Allan Kardec achou necessário impedir que a Terceira Revelação fosse assim desvirtuada, cortando o mal pela raiz. Foi o que procurei fazer, demonstrando desde o princípio, a face grave e sublime dessa nova ciência, fazendo-a sair do caminho puramente experimental, para fazê-la penetrar no da filosofia e da moral, revelando a profanação que seria explorar a alma dos mortos.

Onde quer que a Codificação penetre e serve de guia, o Espiritismo é visto sob seu verdadeiro aspecto, isto é, sob um caráter exclusivamente moral. Os verdadeiros médiuns, portanto, não fazem de seus dons mediúnicos degraus para se colocarem em evidência, nem procuram a satisfação do orgulho e da vaidade; trabalham sempre em favor do próximo, exercitando constantemente a modéstia, a simplicidade e o devotamento, sem deixar de lado o estudo sistemático da Codificação Espírita.

3 - EM RELAÇÃO À DOUTRINA:

I - PROPAGAÇÃO ESPÍRITA: Das observações e impressões colhidas em suas viagens, Allan Kardec constatou que o Espiritismo apresenta-se como um fenômeno na história da Filosofia, em virtude da rapidez com que seus princípios se propagam; paradoxalmente seus adversários e contraditores contribuíram sobremaneira para que ele se expandisse com tal rapidez; por outro lado, o homem já está mais amadurecido para receber a Terceira Revelação, pois seu teor evangélico é uma necessidade, na medida em que revela a existência de um Deus amoroso e complacente, explica a razão dos sofrimentos e fortalece a fé no futuro.

II- FÉ CEGA JÁ NÃO BASTA: O progresso científico tornou o homem positivo, diz Allan Kardec em seu discurso; a fé cega, embora tenha sido necessária num certo período da Humanidade, já não basta para fortalecer sua crença. Compreender para crer tornou-se assim uma necessidade; esta compreensão, sob a luz da razão e da lógica, levam à fé raciocinada, à certeza inquestionável das verdades eternas reveladas pelos benfeitores espirituais.

III - MATERIALISMO E ESPIRITISMO: O materialismo satisfaz àqueles que se comprazem na vida material, que fogem das consequências de seus atos, no intuito de subtrair-se às suas responsabilidades. Porém, vez por outra, a ideia do nada os assusta, recorrendo então ao Espiritismo, porque este vem provar, pela experiência, o intercâmbio entre o mundo espiritual e o mundo material; deste modo, ao explicar a pluralidade das existências, a Doutrina Espírita, sob o enfoque da razão e do bom senso, satisfaz plenamente à aspiração instintiva do homem, em relação ao seu futuro.

4 - FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO: Sob esta máxima, a Doutrina Espírita pode transformar moralmente a Humanidade preparando-a para o advento da era do Espírito.

Porém, Allan Kardec faz uma observação oportuna, em relação ao significado da palavra caridade, normalmente concebida apenas enquanto ajuda material; do ponto de vista do Espiritismo, cujos preceitos têm origem exclusivamente no Evangelho de Jesus, o conceito de caridade é mais extenso e significativo: A CARIDADE, QUANDO ALICERÇADA NO AMOR AO PRÓXIMO, NA JUSTIÇA E NA BENEVOLÊNCIA, EXPRESSA-SE EM PENSAMENTOS, PALAVRAS E ATOS.

É esta extensão da palavra caridade que leva o homem a entender a magnitude da missão de Jesus na face da Terra: O AMOR A DEUS E AO PRÓXIMO. Por isto a salvação pela caridade, salvação esta entendida como evolução espiritual, reside nesta bandeira espírita. Desse modo, a Doutrina Espírita tendo como pedra angular a CARIDADE, não tem a intenção de derrubar cultos, nem estabelecer outro; seu objetivo, enquanto revelação de verdades eternas e imutáveis é destruir o orgulho, a vaidade e o fanatismo, propiciando uma reforma moral sob o ensinamento de Jesus: "Amai o vosso próximo como a vós mesmos".


De acordo com este mandamento, a Doutrina Espírita conduzirá a Humanidade para a conquista de um mundo melhor, um mundo de regeneração, de fé racional, e não cega.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

24ª AULA PARTE A - CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO 1º ANO - FEESP

HOMENAGEM A DR. BEZERRA DE MENEZES

1 - BIOGRAFIA RESUMIDA: É muito importante conhecer a biografia de Bezerra de Menezes, não só como justa homenagem ao patrono da Federação Espírita do Estado de São Paulo, mas principalmente porque é parte integrante e importante da História do Espiritismo no Brasil.

Foi um grande missionário que não mediu esforços para unir os vários grupos espíritas que viviam esparsos no século passado.

O HOMEM: Adolfo Bezerra de Menezes nasceu na antiga Freguesia do Riacho do Sangue, hoje, Solonópole, no Estado do Ceará, no dia 29 de agosto de 1831. Em 1838 entrou para a escola pública da Vila do Frade, onde em dez meses apenas preparou-se suficientemente, até onde davam os conhecimentos do professor que dirigia a primeira fase de sua educação. Muito cedo revelou a sua capacidade intelectual, pois aos onze anos de idade iniciava o curso de Humanidades, e aos treze anos conhecia tão bem o latim que passou a ministrá-lo a seus companheiros, nos impedimentos do professor.

Seu progenitor, o velho Antônio Bezerra de Menezes, era um homem relativamente abastado, porém, por efeito de seu bom coração e o de sua esposa, Fabiana de Jesus Maria Bezerra, comprometeu seus recursos ao atender amigos que o procuravam e exploravam seus sentimentos. Ao perceber que seus débitos igualavam-se aos seus haveres propôs entregar suas fazendas aos seus credores, os quais não só recusaram como ainda, numa verdadeira homenagem ao caráter e à condução irrepreensível do velho fazendeiro, assinaram um memorial onde declaravam que os seus bens continuariam sempre seus e “... que gozasse deles como e quando quisesse, que eles, credores, se sujeitariam aos prejuízos que pudessem ter”.

O honrado cidadão insistiu, mas não conseguindo demovê-los, decidiu tornar-se mero administrador do que fora sua fortuna, retirando apenas o necessário para a manutenção da família, que passou da abundância para as privações. Foi nessa fase que Adolfo Bezerra de Menezes formulou os mais veementes votos de orientar-se pelo caráter íntegro de seu pai, e com minguada quantia partiu para a Província do Rio de Janeiro, a 5 de fevereiro de 1851, a fim de abraçar sua vocação, a Medicina. Sendo um dos estudantes mais pobres do seu tempo, viu-se na necessidade de lecionar desde o 2°. ano, a fim de manter-se na Faculdade.

Em certa ocasião, as taxas na Faculdade estavam atrasadas e havia o risco de se perder o ano; além disso, o senhorio ameaçava pô-lo na rua, subitamente batem-lhe à porta: era um moço simpático e de atitudes polidas que vinha contratar aulas de matemática. Bezerra recusou, confessando ser esta a matéria que ele mais detestava. O visitante insistiu e diante de sua situação financeira, Bezerra de Menezes resolveu aceitar. O moço inclusive efetuou o pagamento antecipadamente, como não tivesse livro algum sobre o assunto, correu à Biblioteca Pública e preparou a aula, esta, porém, não se realizou, pelo simples motivo de que o discípulo não mais apareceu.

O MÉDICO: Em novembro de 1852 ingressou como praticante interno no Hospital da Santa Casa de Misericórdia; doutorou-se em 1856, pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.

Em 1858, concorreu a uma vaga de substituto da Seção de Cirurgia da Faculdade de Medicina, nesse mesmo ano, o mestre Manuel Feliciano Pereira de Carvalho, então cirurgião Mor do Exército, fê-lo seu assistente, com o posto de Cirurgião-Tenente.

Em parceria com um colega, abre um consultório no Centro Comercial do Rio de Janeiro, mas que apresenta pouco movimento, contudo, consultório particular que mantém em sua modesta casa no bairro apresenta um intenso movimento, porque eram consultas gratuitas, de clientes geralmente pobres que não podiam pagar seus serviços. Graças a este seu envolvimento com a dor alheia passou a ser conhecido como o "médico dos pobres".

Em novembro de 1858 casa-se com Maria Cândida de Lacerda, que desencarnou no outono de 1863, após rápida e imprevisível enfermidade, deixando-lhe dois filhos. Decorridos dois anos, casa-se com sua cunhada, Cândida Augusta de Lacerda Machado. Bezerra de Menezes encarava a medicina como um verdadeiro sacerdócio, chegando mesmo a dizer: "Um médico não tem o direito de terminar uma refeição, nem de escolher hora, nem de perguntar se é longe ou perto, quando um aflito qualquer lhe bate à porta".

O POLÍTICO: A população do bairro de São Cristovão, onde ele residia e clinicava quis que ele a representasse na Câmara Municipal, sendo então eleito vereador pelo Partido Liberal. No ano seguinte teve sua eleição impugnada por Haddock Lobo, chefe do Partido Conservador, contrário ao Partido Liberal sob a alegação de ser médico militar. Para não prejudicar seus pares que dele necessitavam para ter a maioria na Câmara, resolveu afastar-se do Exército. Foi reeleito vereador à Câmara Municipal do Rio de Janeiro, e mais tarde Presidente da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, cargo que à época correspondia ao de Prefeito Municipal.

Quando político, levantaram-se contra ele rudes campanhas de injúria, cobrindo o seu nome de impropérios; entretanto, a prova da pureza de sua alma, deu-a, quando deliberou abandonar a vida pública e dedicar-se aos pobres, repartindo com os necessitados o pouco que possuía.

Corria sempre ao casebre do pobre, onde houvesse um mal a combater, levando ao aflito o conforto de sua palavra de bondade, o recurso da sua profissão de médico e o auxílio da sua bolsa minguada, porém generosa. Sobre a política, dizia o Dr. Bezerra de Menezes: "Para nós, a política é a ciência de criar o bem de todos e nesse princípio nos firmaremos".

O ESPÍRITA: Desde 1818, no Brasil, começou-se falar de homeopatia e no Rio de Janeiro surgiu um grupo espírita, do qual faziam parte alguns médiuns receitistas; ali, com grande interesse espiritual estudavam-se os ensinamentos veiculados por Allan Kardec, sob o lema "Fora da caridade não há salvação". Joaquim Travassos, membro fundador desse grupo, tão logo viu publicada a tradução portuguesa de "O Livro dos Espíritos", apressou-se em levar um exemplar ao seu conhecido, o deputado Bezerra de Menezes.

Encontrou o "médico dos pobres" em um fim de tarde, no momento em que se encaminhava para tomar o bonde de volta ao lar, sem distração alguma que lhe amenizasse a longa viagem, abriu casualmente o livro e pensou: "Ora, com certeza não irei para o inferno só por ler isto".

Perplexo, não encontrava nada que fosse novo para seu espírito, no entanto, tudo aquilo era novo para ele. Achava que já houvera lido ou ouvido tudo o que se encontrava no "O Livro dos Espíritos".

Preocupou-se seriamente com isso e dizia: "Parece que era espírita inconscientemente, ou como se diz vulgarmente, de nascença".

Em 1876 nasce a "Sociedade de Estudos Espíritas Deus, Cristo e Caridade", primeira sociedade kardecista do Rio de Janeiro, com Bittencourt Sampaio à frente como médium receitista. Aqueles que dirigiam os núcleos do Espiritismo no Rio de Janeiro, sentiram a necessidade de uma união mais forte, mais consolidada. Urgia um sistema de disciplina e de ordem que congregasse em torno de um centro único, os elementos dispersos.

Assim, em 1883 surgiu a Federação Espírita Brasileira, dada a mentalidade e o prestígio de Bezerra de Menezes, na época já cognominado "Kardec Brasileiro", foi ele um dos primeiros convidados para dirigi-la.

Ele, porém, julgando-se ainda insuficientemente preparado, não só rejeitou qualquer proposta como também não consentiu que o seu nome sequer figurasse entre os fundadores. À noite desse dia, dirigiu-se para o Centro "Grupo Ismael", do qual era dirigente, comentando com os colegas o convite recebido. Durante o desenrolar dos trabalhos recebe uma mensagem do Espírito Agostinho, concitando-o a aceitar o cargo de direção da FEB, pois que os Espíritos iriam ajudá-lo; mas Dr. Bezerra de Menezes retruca humildemente: “Ajudar como”? Por acaso irei cobrar as receitas dos amigos espirituais? E o Espírito responde: "Trazendo até você, quando precisar, mais alunos de matemática".

No dia 16 de agosto de 1886, um auditório com cerca de duas mil pessoas da melhor sociedade, que enchia o salão de honra da Guarda Velha, ouviu em silêncio, emocionado, atônito, a palavra do eminente homem público, do eminente cidadão, do eminente católico que tornava pública sua adesão ao Espiritismo. Nessa época, já existiam muitas sociedades espíritas, porém as únicas que mantinham a hegemonia eram quatro: "Acadêmica", a "Fraternidade", a "União Espírita do Brasil" e a "Federação Espírita Brasileira". Entretanto, logo surgiram entre elas rivalidades e discórdias, sob os auspícios de Bezerra de Menezes, e acatando as importantes instruções dadas por Allan Kardec, através do médium Frederico Júnior, foi fundado o famoso "Centro Espírita"; porém, nem por isso deixava Bezerra de Menezes de dar a sua cooperação a todas as outras instituições.

O entusiasmo dos espíritas logo se arrefeceu, e Bezerra de Menezes se viu desamparado pelos seus companheiros, chegando a ser o único frequentador do Centro, a cisão era profunda entre os espíritas que se dividiam em "místicos" e "científicos". Em 1894, o ambiente demonstrou tendências de melhora e o nome de Bezerra de Menezes foi lembrado como o único capaz de unificar a família espírita. O infatigável batalhador, com 63 anos de idade, assumiu a presidência da Federação Espírita Brasileira, cargo que ocupou até o dia 11 de abril de 1900, quando desencarnou.

É assim que Dr. Bezerra de Menezes legou-nos tão rica mensagem de amor, trabalho e desprendimento, sendo para nós o exemplo da caridade personificada. Tão nobre Espírito missionário continua ainda a atuar, liderando uma falange de Espíritos dedicados a minorar a dor dos seus semelhantes, e em todos os Centros Espíritas, onde houver dois ou mais trabalhadores reunidos em seu nome, onde houver um coração que soluça, uma alma querida necessitada, a sua equipe se fará presente.


AS OBRAS: Dentre suas obras podemos destacar: - Estudos Filosóficos - contendo a maioria dos seus artigos publicados no jornal "O PAIZ", sob o pseudônimo de Max; - A Loucura sob novo prisma - obra descritiva sobre o conceito espírita de obsessão; - Uma carta de Bezerra de Menezes.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

23ª AULA PARTE ÚNICA - CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO 1º ANO - FEESP

OS TRÊS REINOS

Subentende-se por Reino cada uma das três grandes divisões em que se agrupam todos os corpos da natureza, a saber: reino mineral, vegetal e reino animal, ou ainda em duas grandes classes: seres orgânicos e seres inorgânicos.

Alguns estudiosos, no entanto, do ponto de vista moral consideram a espécie humana como pertencente a um quarto reino, o hominal, em que razão da sua inteligência ilimitada que o diferencia dos demais componentes do reino animal. Tal posição é plenamente corroborada pela Codificação Espírita, pois, do ponto de vista moral, há, evidentemente, quatro graus.

Esses quatro graus têm, com efeito, caracteres bem definidos, embora pareçam confundir-se os seus limites (LE, perg. 585).

I - OS MINERAIS E AS PLANTAS:

MINERAIS: A matéria inerte que contitui o reino mineral, não possui mais do que uma força mecânica (LE, perg. 585). Caracterizando-se pelas inúmeras variedades e combinações dos corpos simples da natureza, este reino constitui-se a partir da agregação da matéria sob o impulso das leis de atração e coesão que unem e equilibram os átomos em estruturas simples e/ou vitalidade, já neste reino encontra-se, latente, o suporte necessário à manifestação da vida que irá despontar no reino vegetal.

PLANTAS: As plantas, compostas de matéria inerte, são dotadas de vitalidade (LE, perg. 585), e embora possuindo fisiologia específica, não têm consciência de sua existência; não pensam e não têm mais do que vida orgânica. Assim, não experimentam sensações nem sofrem quando são mutiladas. São fisicamente afetadas por ações sobre a matéria, mas não têm percepções; por conseguinte, não têm a sensação de dor (Le, perg. 587).

A força observada pelos botânicos, que atrai as plantas umas às outras, não constitui manifestação de vontade; trata-se somente de uma força mecânica da matéria que age na matéria; elas não poderiam opor-se (LE, perg. 588). Algumas plantas, porém, têm determinados movimentos fisiológicos que levam à impressão de possuírem não apenas sensibilidade, como também uma espécie de vontade, como ocorre, por exemplo, com a sensitiva e a dionéia. Mas isto não significa que ambas possuam a faculdade de pensar, elas representam, sim, formas intermediárias entre o reino vegetal e o animal, da mesma maneira que certos minerais representam a transição para o reino vegetal.

Tudo é transição da Natureza, pelo fato mesmo de que nada é semelhante e, no entanto tudo se liga. As plantas não pensam, e, por conseguinte não têm vontade... O organismo humano nos fornece exemplos de movimentos análogos, sem a participação da vontade, como as funções digestivas e circulatórias... O mesmo deve acontecer com a sensitiva, na qual os movimentos não implicam absolutamente a necessidade de uma percepção e menos ainda de uma vontade (LE, perg. 589). Mesmo nos mundos superiores, as plantas são sempre plantas, como os animais são sempre animais, e os homens sempre homens. (LE,perg. 591).

II - OS ANIMAIS E O HOMEM

OS ANIMAIS: Comparando-se o homem e os animais, em relação à inteligência, torna-se difícil estabelecer uma linha divisória entre ambos, pois certos animais têm notória superioridade sobre certos homens. Mas, nesse terreno, o homem é um ser à parte, que desce às vezes muito abaixo. Todavia, no físico o homem é como os animais e menos provido que muitos deles, pois suas necessidades de sobrevivência, por exemplo, são providas pela própria natureza, ao passo que o homem precisa usar a inteligência para inventar os meios adequados a fim de suprir suas necessidades materiais.

Os animais, quase que na totalidade de suas vidas, agem por instinto; contudo, alguns já se expressam por uma vontade determinada, provando desfrutar de uma inteligência, sem bem que rudimentar e limitada. Há, pois, neles uma espécie de inteligência, mas cujo exercício é mais precisamente concentrado sobre os meios de satisfazer às suas necessidades físicas e prover à conservação.

Não há entre eles nenhuma criação, nenhum melhoramento... Mesmo o progresso que realizam pela ação do homem é efêmero e puramente individual, porque o animal abandonado a si próprio, não tarda a voltar aos limites traçados pela Natureza. (LE, perg. 593).

Eles também não possuem uma linguagem formada de sílabas e palavras, mas têm formas de se comunicarem, sempre adequadas aos limites restritos de suas necessidades. Na ausência de voz compreendem-se por outros meios, assim como os homens, quando mudos usam a mímica. Sendo-lhes facultada a vida de relação, possuem meios de se prevenirem e de exprimirem as sensações que experimentam; é por isto que os peixes comunicam-se entre si, da mesma forma que as baleias e outros animais, pois a linguagem não é privilégio exclusivo do homem.

Ocorre que a linguagem dos animais é instintiva e limitada pelo círculo exclusivo das suas necessidades e das suas ideias, enquanto a do homem é perfectível e se presta a todas as concepções da sua inteligência (LE, perg. 594a). Em relação à aptidão que certos animais denotam de imitar a linguagem humana, deve-se ao fato de haver uma certa conformação dos órgãos vocais e é por isso que, levados pelo instinto de imitação, chegam à linguagem e aos gestos dos homens, como é o caso de algumas aves e dos símios.

Apesar de não desfrutarem do livre-arbítrio, os animais não são simples máquinas; têm liberdade de ação, embora limitada e restrita aos atos da vida material, pois possuem uma inteligência igualmente limitada, que os possibilita para tal. No entanto, se possuem uma inteligência que lhes faculta certa liberdade de ação, é porque há neles um princípio independente da matéria, e que sobrevive ao corpo a tal princípio pode-se didaticamente chamar de "alma", mas é inferior à do homem. Há entre a "alma" dos animais e a do homem distância quanto entre a alma do homem e Deus (LE, perg 597a).

Posto que os animais não possuem "alma" propriamente dita, mas um princípio espiritual, após a morte conservam sua individualidade, mas não a consciência de si mesmos, uma vez que a vida inteligente permanece em estado latente. Ficam numa espécie de erraticidade, pois não estão mais unidos à matéria, mas nem por isso são Espíritos errantes. Espírito errante é um ser que pensa e age por sua livre vontade; o dos animais não tem a mesma faculdade (LE,perg. 600).

Os animais também acompanham a lei do progresso e nos mundos superiores suas possibilidades são bem desenvolvidas, embora permanecendo sempre inferiores e submetidos aos homens; toda evolução, inclusive a animal, decorre em função da ordem natural das coisas. Mas, mesmo nestes mundos e por não possuírem livre-arbítrio, não passam pelo processo expiatório e ignoram a existência de Deus.

A inteligência do homem e a dos animais, portanto, procede de um mesmo princípio inteligente imanente nos reinos da natureza; mas o reino animal é a última etapa em que este princípio estagia em busca da sua individualização plena e responsável, pois o despertar da sua consciência, já no reino hominal, lhe trará a condição de Espírito perfectível.

O HOMEM: Ao adentrar o reino hominal, o princípio inteligente, trazendo consigo todo o acervo de experiências multimilenares conquistadas nos reinos da natureza, adquire o domínio da razão e a consciência de si mesmo, que é principal atributo do Espírito: não é mais "essência espiritual", mas Espírito com individualidade própria, discernimento, responsabilidade de seus atos, conhecimento do bem e do mal, conhecimento de Deus e de Suas leis. Para tanto, passa a sua primeira fase desenvolvimento no plano extra físico e, em seguida, numa série de existências que precedem o período chamado Humanidade.

A Terra não é o ponto de partida da primeira encarnação humana. O período de humanidade começa, em geral, nos mundos ainda mais inferiores (LE, perg. 607b), o que, no entanto, não constitui regra absoluta; excepcionalmente pode acontecer que um Espírito desde o seu início esteja apto a viver na Terra. Nesta fase, o estado da alma do homem corresponde ao estado da infância na vida corporal; sua inteligência está apenas desabrochando e ensaiando para a vida.

Muitos estudiosos classificam o gênero humano como sendo um animal racional e social. Mas, segundo a Doutrina Espírita, afirmar que o homem é um animal, embora superior, é tão incorreto quanto dizer que o animal é um homem. Seu corpo se destrói como o dos animais, isto é, certo, mas o seu Espírito tem um destino que só ele pode compreender, porque só ele é completamente livre (LE, perg. 592); o que torna o homem superior ao animal são os atributos intelectuais e morais e a intuição da existência de Deus, gravada em sua consciência.

Após a morte, o Espírito não pode lembrar-se de suas existências anteriores ao período de humanidade, porquanto ainda não havia começado a vida de Espírito;... É mesmo difícil que se lembre de suas primeiras existências como homem, exatamente como o homem não se lembra dos primeiros tempos de sua infância, e ainda menos do tempo que passou no ventre materno (LE,perg. 608) O homem, tendo tudo o que existe nas plantas e nos animais, domina todas as outras classes por uma inteligência especial, ilimitada, que lhe dá a consciência do seu futuro, a percepção das coisas extra materiais e o conhecimento de Deus (LE, perg. 585).

Do ponto de vista de reino animal o homem não é um ser à parte, porque nada na natureza se faz por transição brusca; há sempre anéis que ligam as extremidades da cadeia dos seres (LE, perg. 609). Mas, o homem é de fato um ser à parte, porque tem faculdades que o distinguem de todos os outros e tem outro destino. A espécie humana é a que Deus escolheu para a encarnação dos seres que O PODEM CONHECER (LE,perg. 610).

III - METEMPSICOSE:

METEMPSICOSE: é a teoria da transmigração da alma de um corpo para outro, inclusive em animais, aceita por muitos povos da Antiguidade, principalmente a Índia e o Egito. Foi também introduzida na Grécia Antiga por Pitágoras. Constitui-se num dos fundamentos da religião bramânica.

Numa análise superficial, poder-se-ia entender que a tese da Doutrina Espírita relativa à origem do princípio inteligente, que estagia nos três reinos da natureza para aflorar suas potencialidades no reino hominal, seria a consagração da teoria da metempsicose. Os Espíritos, no entanto, explicam: - Duas coisas podem ter a mesma origem e não se assemelharem em nada mais tarde. Quem reconheceria a árvore, suas folhas, suas flores e seus frutos no germe informe que se contém na semente de onde saíram?

No momento em que o princípio inteligente atinge o grau necessário para ser Espírito e entra no período de humanidade, não tem mais relação com o seu estado primitivo e não é mais a "alma" dos animais, como a árvore não é a semente. No homem, somente existe do animal do corpo, as paixões que nascem da influência do corpo e o instinto de conservação inerente à matéria. Não se pode dizer, portanto, que tal homem é a encarnação do Espírito de tal animal, e, por conseguinte a metempsicose tal como a entendem, não é exata (LE, perg. 611).

Portanto, o Espírito após entrar no período da humanidade, jamais poderá retroceder voltando a encarnar no corpo de animais; isto seria confirmar a absurda teoria da metempsicose. O princípio da reencarnação, um dos postulados básicos do Espiritismo, alicerça-se na marcha ascendente da natureza e na progressão do homem, dentro de sua própria espécie.

QUESTIONÁRIO:

1 - Como se caracterizam os Reinos Mineral e Vegetal?

2 - Do ponto de vista da inteligência, em que diferenciam-se os Reinos Hominal e Animal?

3 - Após a morte, o princípio inteligente dos animais conserva a sua individualidade e a consciência de si mesmo? Comente.


Fonte da imagem: Internet Google.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

22ª AULA PARTE C - CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO 1º ANO - FEESP

RECONHECE-SE O CRISTÃO PELAS SUAS OBRAS

"Nem todos os que me dizem: Senhor ! Senhor ! entrarão no Reino dos Céus, mas somente o que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus". (Mt 7:21).

Não basta apelar para Jesus, exclamando Senhor ! Senhor ! quando não se seguem os preceitos por ele ensinados. De nada adianta implorar a ajuda de Deus, se não se busca melhorar e superar a si mesmo, se não se torna mais caridoso, nem mais indulgente com os semelhantes. Não são cristãos verdadeiros aqueles que apenas se comprazem em atos exteriores de devoção, ou que se encastelam nas muralhas do egoísmo, do orgulho, da cupidez e de outras paixões degradantes, ou que não fazem nada por ninguém.

Quando Jesus recomenda edificar a casa sobre a rocha, refere-se à necessidade de ter uma diretriz segura no desenvolvimento da vida, ou seja, vivenciar o bem, o amor ao próximo no pensamento e na ação. Aquele que possui uma fé consolidada pela Razão e inspirada no amor não pode ser inoperante. Por outro lado, o indivíduo invigilante, vacilante, que toma conhecimento dos ensinamentos evangélicos, mas que vive fechado em si mesmo, esse construiu a sua casa sobre a areia movediça, e qualquer tribulação terrena a faz esmorecer.

Esse é um cristão apenas de nome, mas que não vive em si mesmo a essência dos ensinamentos de Jesus, pois não despertou para a alegria da interioridade e do dar de si.

Cristão não é um rótulo, mas uma vivência. O Evangelho não é para ser lido e guardado na estante; ele tem que ser vivido, aplicado em toda a vida de relação. Para se tornar um cristão digno de ser chamado como tal é imprescindível revelar-se pelas suas obras, em qualquer circunstância da vida.

Cristão, na verdadeira acepção da palavra, não é somente aquele que guarda os ensinamentos de Jesus nas expressões mais sinceras de seu coração, que se torna dócil, compreensível, misericordioso, mas aquele que também busca motivos edificantes que realmente ergam o reino da interioridade sobre alicerces que o sustentem. De nada adianta viver uma vida de contemplação, ou passar o dia rezando, se não dinamizarmos o nosso interior na alegria de dar de si com amor ao próximo.

Os Espíritos, em sua essência divina, não foram criados para permanecer em repouso, mas para dinamizar suas potências no trabalho, no exercício da caridade, sendo agentes e transformadores do meio em que vivem. A fé verdadeira é dinâmica, e não estática.

Quando Jesus afirma que reconhece-se uma boa árvore pelos seus frutos (Mt, 7:20), é indispensável questionar quais os frutos que produzimos, e se beneficiam de fato nossos irmãos. As diversas encarnações representam oportunidades vastíssimas para a prática do bem, cabe a nós gerarmos os frutos e transubstanciá-los em natureza divina.

QUESTIONÁRIO:

C - RECONHECE-SE O CRISTÃO PELAS SUAS OBRAS:

1 - Basta clamar Senhor! Senhor! para ser reconhecido como cristão?

2 - A fé verdadeira é dinâmica e não estática. Comente.

3 - Comente a citação evangélica. "Reconhece-se uma boa árvore pelos seus frutos".


Fonte da imagem: Internet Google.