CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

terça-feira, 29 de agosto de 2017

14ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Atividade Missionária De Pedro - 2ª Parte

Os apóstolos, em suas atividades missionárias, prosseguiam anunciando a Boa Nova. Agiam não apenas na Casa do Caminho, mas suas ações estendiam-se por toda a Palestina.

Em certa feita, Filipe desceu a cidade de Samaria e começou a anunciar Jesus à população. Então, ocorreu que muitos possessos foram libertados de seu jugo obsessivo. Foram curados também inúmeros paralíticos, sendo grande a alegria na cidade.

SIMÃO, O MAGO (At 8:4-25)

“Ora, vivia há tempo, na cidade, um homem chamado Simão, qual, praticando a magia, excitava a admiração do povo de Samaria e pretendia ser alguém importante. Todos, do menor ao maior lhe davam atenção, dizendo: ‘Este homem é Poder de Deus, que se chama o Grande’”.

Davam-lhe atenção porque ele, por muito tempo os fascinara com suas artes mágicas. Quando, porém, acreditaram em Filipe, que lhes anunciara a Boa Nova do Reino de Deus e do nome de Jesus Cristo, homens e mulheres faziam se batizar.” (At.8:9-12).

Simão, o mago, como foi descrito acima, possuía alguns pendores mediúnicos e muitos lhe davam ouvidos. Entretanto, após a pregação de Filipe, ele se tomou adepto da nova doutrina.

Os apóstolos que estavam em Jerusalém souberam que a Samaria acolhera a palavra de Deus e para lá enviaram Pedro e João que, lá chegando, impunham as mãos nos recém-convertidos, despertando-lhes a faculdade mediúnica.

Ora, Simão, que já havia observado os prodígios operados por Filipe, não conhecia esse novo dom, ficando, por isso, maravilhado e desejoso de possuí-lo. Como ele poderia fazer para alcançar seu intento?

Simão afagava a ideia de consultá-los a respeito de seus dons espirituais. Considerava ele que não poderia haver maior tesouro para triunfar na vida. .. Certamente, pensava em mercadejar nesse ministério.

Contudo, os missionários de Jesus ganhavam apenas a Misericórdia de Deus, uma vez que não seria lícito mercadejar com o que pertence ao Pai.

Provavelmente, Simão estava convicto de que traziam com eles certos talismãs e se dispunha a comprá-los por qualquer preço. Não seria crível que eles fizessem semelhantes obras sem a contribuição de sortilégios - pensava. Mas, o Apóstolo somente conhecia um “sortilégio” eficiente: o da fé em Deus com o sacrifício de si mesmo.

Para Simão, entretanto, a vida tinha suas necessidades urgentes. Era indispensável prever e amealhar recursos. Ele estava disposto a entregar aos Apóstolos o seu dinheiro em troca desse dom.

Pedro, conhecedor do coração humano, contemplou Simão cheio de comiseração por sua ignorância. Mas precisava adverti-lo com energia, para nos deixar o exemplo de que a Divindade não se subordina, e nem se deve pagar com o dinheiro da Terra, as coisas dos Céus.

“Pereça o teu dinheiro, e tu com ele, porque julgaste poder comprar com dinheiro dom de Deus! Não terás parte nem herança neste ministério, porque o teu coração não é reto diante de Deus. Arrepende-te, pois, dessa tua maldade e ora ao Senhor; para que te possa ser perdoado este pensamento do teu coração; pois eu te vejo na amargura do fel e nos lagos da iniquidade.” (At 8:2-23).

Simão, inteligente, compreendeu logo o que Pedro dissera, e lhe rogou, como a João, para que nada lhe acontecesse por aquela sua ousadia, e pediu aos Apóstolos que intercedessem por ele junto ao Senhor.

PEDRO EM LIDA E JOPE (At 9:32-43)

“Aconteceu que Pedro, que se deslocava por toda parte, desceu também para junto dos santos que moravam em Lida. Encontrou ali um homem chamado Enéias, que há oito anos estava de cama: era paralitico. Pedro então lhe disse: ‘Enéias, Jesus Cristo te cura! Levanta-te e arruma teu leito’. Ele imediatamente levantou-se”. (At 9:32-34).

“Ora, em Jope havia uma discípula, chamada Tabita, em grego Dorcas, notável pelas boas obras e esmolas que fazia. Aconteceu que naqueles dias caiu doente e morreu. Como Lida está perto de Jope, os discípulos, sabendo que Pedro lá se encontrava, enviaram-lhe dois homens com esse pedido: ‘Não te demores em vir ter conosco.’

Pedro atendeu e veio com eles. Pedro, mandando que todos saíssem, pôs-se de joelhos e orou. Voltando-se então para o corpo, disse: ‘Tabita, Levanta-te!’ Ela abriu os olhos e, vendo Pedro, sentou-se. Este, dando-lhe a mão, fê-La erguer-se.” (At 9:36-41).

Verificamos em “Atos dos Apóstolos”, nos trechos transcritos, esses dois interessantes casos de cura pelas mãos de Pedro.

Cairbar Schutel, em sua obra “Vida e Atos dos Apóstolos”, destaca que uma das principais características dos Apóstolos era a cura dos enfermos. Pedro possuía esse dom e o exercia com muita frequência.

As curas espirituais produziam grande contribuição para a conversão dos incrédulos. Não era só o enfermo curado que se convertia, mas todos os que tinham conhecimento do caso.

Dotado de faculdades magnéticas e ainda auxiliado pelos Bons Espíritos, agindo em nome de Jesus, Pedro fez inúmeras conversões, mais por meio das curas do que pelo uso da palavra.

A cura é um fato que toca logo o coração, ou o sentimento dos envolvidos. Enéias e Tabita, tendo recebido os fluidos vitalizantes de que necessitavam, ergueram-se e ficaram sãos.

Especialmente em relação à Tabita, podemos observar que suas boas obras justificavam o merecimento de receber as benesses dos Espíritos do Senhor.

Esses casos de “ressurreição” não se deram, como se vê, só no tempo em que Jesus cumpria o seu messianato, mas também no tempo dos discípulos. Em Tabita, como em outros casos, não havia o desligamento completo do Espírito do corpo físico.

Pedro não se contenta em pronunciar lindas palavras aos seus ouvidos, renovando-lhe as forças gerais: dá-lhe as mãos para que se levante. O ensinamento é dos mais simbólicos.

Observamos muitos companheiros a se erguerem para o conhecimento, para a alegria e para a virtude, banhados pela divina claridade do Mestre e que podem levantar milhares de criaturas para a Esfera Superior. Para isso, não bastara à predicação pura e simples. E imprescindível usar nossas próprias mãos na tarefa do Bem.

PEDRO E O CENTURIÃO ROMANO (At 10:1-43)

“Vivia em Cesaréia um homem chamado Cornélio, centurião da corte itálica. Era piedoso e temente a Deus, com toda a sua casa; dava muitas esmolas ao povo judeu e orava a Deus constantemente. Ele viu claramente, em visão, cerca da hora nona do dia, o Anjo do Senhor entrando em sua casa e chamando-o: ‘Cornélio!’ Fixando os olhos nele e cheio de temor perguntou-Lhe: ‘Que há, Senhor? ’E o Anjo lhe disse: ‘Tuas orações e tuas esmolas subiram até a presença de Deus e Ele se lembrou de ti. Agora, pois, envia alguns homens a Jope e manda chamar Simão, cognominado Pedro’”. (At 1:1-5).

Por onde passava, o discípulo de Jesus ia deixando um rastro de luz e esperança. Mais do que pelas palavras, deixava que as ações falassem por si, assim como o Mestre havia feito.

O trabalho prosseguia árduo, mas gratificante. Lentamente, através de muito esforço e sacrifício, o Evangelho ia sendo levado e atraía cada vez mais adeptos. Pedro sentia-se feliz. Amava sobremaneira o Mestre e cada vez que pregava ou curava em nome de Jesus, era como se o visse ao seu lado, sorrindo ternamente, encorajando-o a prosseguir. Cada desvalido que o procurava era uma nova oportunidade de estar mais próximo do Mestre.

Eis que, certo dia, em êxtase, teve uma visão:

“Viu céu aberto e um objeto que descia semelhante a um grande lençol, baixado a terra pelas quatro pontas. Dentro havia todos os quadrúpedes e répteis da terra, e aves do céu. Uma voz lhe falou: ‘Levanta-te, Pedro, imola e come! ’ Pedro, porém, replicou: De modo nenhum, Senhor, pois jamais comi coisa alguma profana e impura!’ De novo pela Segunda vez, a voz Lhe falou: ‘Ao que Deus purificou, não chames tu de profano'. Sucedeu isto por três vezes, e logo o objeto foi recolhido ao céu.” (At 10:11-16).

Esta visão preparou-o para o encontro a seguir. Cornélio, homem temente a Deus, já havia sido inspirado a procurar Pedro. Era necessário que a divulgação do Evangelho chegasse a outros povos não judeus - “os gentios” - como eram denominados. Era necessário que as barreiras de etnia fossem suplantadas, ultrapassadas, para que a Mensagem Divina chegasse a todos os corações. O apóstolo abnegado, compreendendo a orientação espiritual, profere:

“Dou-me conta, em verdade, que Deus não faz acepção de pessoas, mas que, em qualquer nação, quem o teme e pratica a justiça, Lhe é agradável. Tal é a palavra que ele enviou aos israelitas, dando-lhes a boa nova da paz por Jesus Cristo, que é o Senhor de todos.” (At 10:34-36).

As barreiras da intolerância começavam a ser rompidas. O missionário do Cristo prosseguiria exemplificando a Boa Nova a todos que encontrava.

LIBERTAÇÃO DE PEDRO (At 12:1-19)

“Nessa mesma ocasião o rei Herodes começou a tomar medidas visando a maltratar alguns membros da Igreja. Assim, mandou matar à espada Tiago, irmão de João. E, vendo que isso agrada aos judeus, mandou também prender Pedro. Mas, enquanto Pedro era mantido na prisão, a Igreja fazia ardentemente oração a Deus, em favor dele”. (At 12:1-5).

A vida dos apóstolos foi cheia de sofrimentos de um lado e de triunfos de outro. As perseguições, as calúnias, as injurias, as prisões cobriam sempre com desdouro os discípulos de Jesus; mas, por outro lado, os Espíritos operavam, por seu intermédio, maravilhas que lhes davam alegrias, felicidades íntimas e muita gratidão a Deus.

Pedro, acompanhado sempre pelo Plano Espiritual Superior, fazia prodígios, e maravilhas operavam-se aos olhos de todos. O famoso pescador de Cafarnaum foi, de fato, um dos grandes irmãos dos infelizes.

Como narrado acima, Herodes lançou-o na prisão, onde foi guardado por quatro turnos de quatro soldados, pois tinha a intenção de apresentá-lo ao povo depois da festa da Páscoa. Enquanto Pedro era mantido na prisão, a Igreja orava a Deus, continuamente, por ele.

Na noite anterior a que Herodes o faria comparecer ante o tribunal, Pedro dormia entre dois soldados, preso com duas correntes, enquanto guardas vigiavam a porta da prisão. E eis que apareceu um anjo do Senhor, e uma luz iluminou a cela. O anjo tocou o ombro de Pedro, acordou-o e disse: “Levanta-te depressa!” As correntes caíram-lhe das mãos. O anjo continuou: “Cinge-te e calça as sandálias!” Pedro obedeceu, e anjo lhe disse: “Envolve-te no manto e segue-me!” Pedro acompanhou-o, sem saber se a intervenção do anjo era realidade; pensava que era uma visão. Depois de passarem pela primeira e pela segundo guarda, chegaram ao portão de ferro que dava para a cidade. O portão abriu-se sozinho. Eles saíram, caminharam por uma rua, e logo depois o anjo o deixou. Somente, então Pedro caiu em si e disse:

“Agora sei realmente que o Senhor enviou seu Anjo, livrando-me das mãos de Herodes e de toda expectativa do povo judeu.” (At 12:11).

Tendo-se orientado, foi à casa de Maria, a mãe de João Marcos. Lá estavam muitos reunidos para orar. Bateu no portão de entrada e uma criada chamada Rosa foi atender. Ela reconheceu a voz de Pedro, mas tamanha foi a sua alegria que, em vez de abrir a porta, entrou correndo para contar que Pedro estava ali diante da porta. “Estás louca!” disseram-lhe. Mas ela insistiu. Disseram então: “Então é seu anjo”. E Pedro continuava a bater. Finalmente abriram a porta, viram que era ele e ficaram atônitos. Com a mão, Pedro fez sinal para que ficassem calados. Contou-lhes como o Senhor o fizera sair da prisão e acrescentou: “Anunciai isto a Tiago e aos irmãos” e partiu dali para outro lugar.

Ao amanhecer, houve grande confusão entre os soldados: que fim levou Pedro? Herodes o mandou procurar, mas não conseguiu localizá-lo.

A contribuição recebida por Pedro, no cárcere, representa lição para todos nos. Sob cadeias pesadíssimas, o pescador de Cafarnaum vê se aproximar anjo do Senhor, que o liberta, atravessa em sua companhia os primeiros perigos da prisão, caminha ao lado do mensageiro, ao longo da rua; contudo, o emissário afasta-se, deixando-o, novamente, entregue a própria liberdade, de maneira a não lhe desvalorizar as iniciativas.

Os auxílios do invisível são incontestáveis e jamais falham em suas múltiplas expressões, no momento oportuno; mas é imprescindível não nos viciemos com essa espécie de cooperação, aprendendo a caminhar sozinhos, usando a independência e a vontade no que é justo e útil, convictos de que nos encontramos no mundo para aprender, não nos sendo permitido reclamar dos instrutores a solução de problemas necessários a nossa condição de alunos, dentro do livre arbítrio que nos é concedido.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente a importância de Pedro para o Cristianismo nascente.

Bibliografia:
- A Bíblia de Jerusalém
- Xavier, Francisco C. /Emmanuel - Pão Nosso.
- Xavier, Francisco C. /Emmanuel - Fonte Viva.
- Xavier, Francisco C. /Emmanuel - Caminho, Verdade e Vida.
- Xavier, Francisco C. /Emmanuel - Paulo e Estevão.
- Franco, Divaldo Pereira/Amélia Rodrigues - Pelos Caminhos de Jesus.
- Schutel, Cairbar -Vida e Atos dos Apóstolos


Fonte da imagem: Internet Google.

terça-feira, 22 de agosto de 2017

14ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Atividade Missionária De Pedro – 1ª Parte

A CASA DO CAMINHO

Era um casarão de grandes proporções e paupérrimo em sua feição exterior. A construção não obedecia a qualquer planificação anterior. Velhas tamareiras circundavam a Casa.

Conforme narram os Espíritos Emmanuel e Amélia Rodrigues, situava-se a margem da estrada entre Jerusalém e Jope. Fora erguida pelas mãos amorosas de Simão Pedro, ajudado por alguns companheiros afeiçoados a Mensagem ainda viva em suas mentes e seus corações.

Nascida para socorrer aqueles que não tinham onde repousar as fadigas nem os desgastes orgânicos, era um reduto de amor evocando a presença do Mestre inolvidável.

Lentamente, foram surgindo os moribundos que não tinham para onde seguir: crianças abandonadas e velhinhos desvalidos, perturbados da mente e obsessos que ali eram deixados com indiferença. Chamando a si os aflitos e os enfermos, a Casa do Caminho inaugurou no mundo a fórmula da verdadeira benemerência social.

As primeiras organizações de assistência ergueram-se com o esforço dos apóstolos, ao influxo amoroso das lições do Mestre. Recolhendo-se ali com a família, Pedro era auxiliado particularmente por Tiago, filho de Alfeu, e por João; mas, Filipe e suas filhas também se instalaram em Jerusalém, vindo a cooperar no grande esforço fraternal. Ali, as mãos espalmadas da caridade sustentavam a fé, a fim de que nunca se apagasse a luz da esperança.

O pescador de Cafarnaum era a figura central da atividade socorrista, em volta de quem circulavam os problemas e afazeres complexos.

Simão Pedro permanecia, não raro, até avançadas horas no atendimento aos combalidos, aos atormentados e desfalecentes. Somente quando a noite cintilante de estrelas anunciava a sua plenitude, é que ele, já bem cansado, buscava o colchão grosseiro para o repouso de poucas horas.

O verbo nos seus lábios, vertido do coração sensível, adquiria tons de beleza, autenticada pelo magnetismo da sua vivência.

Em meio aos casos mais dolorosos, Pedro, ouvindo as conversas dos alienados nos compartimentos próximos, latido dos cães esfomeados em derredor e a musica mágica da natureza, percebia, não raro, o vulto alvo e luminoso do Mestre, sereno, como na ocasião em que caminhou sobre as ondas do mar na direção do barco a lhe dizer:
“- Simão, a chama que coze o pão atrai a mariposa que, descuidada, nela se consome...”  “O discípulo do meu Evangelho é um ponto vivo de referência onde se encontre, atraindo as atenções e sendo vitima das circunstancias, em constante perigo, nunca, porém, em abandono, esquecido do meu amor”.

“Não te martirizes, nem temas. A água refrescante e cristalina que mata a sede é também usada para diluir venenos terríveis de ação rápida”.

“Cada alma vê, no próximo, aquilo que tem no seu ínterim; e cada coração recebe a Mensagem de acordo com a própria necessidade”.

“Permanece fiel e não desfaleças em ocasião alguma...” (“Pelos Caminhos de Jesus”, lição 2, Amélia Rodrigues).

Nesse cenário, Simão amou a todos com muita intensidade, jamais se omitiu ou temeu, até o momento do martírio na cruz, de cabeça para baixo, em Roma, vários anos mais tarde...

CURA DE UM COXO (At 3:1-10)

O Homem generoso, distribuindo daquilo que tem, fixa em si mesmo a luz e a alegria que nascem dessas dádivas, somente quando as realiza com o sentimento de amor, que, no fundo, é a sua riqueza imperecível e legitima.

“Pedro e João estavam subindo ao Templo para a oração da hora nona. Trouxeram então, um homem que era aleijado de nascença, e que todos os dias era deixado a porta do Templo chamada Formosa, para pedir esmolas aos que entravam. Vindo Pedro e João, que iam entrar no Templo, implorou que lhe dessem uma esmola. Pedro, porém, fitando nele os olhos, junto com João, disse-Lhe: ‘Olha para nós! ’Ele os olhava atentamente, esperando receber deles alguma coisa. Mas Pedro lhe disse: ‘Nem ouro nem prata possuo. O que tenho, porém, isto te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareu, anda!’ E, tomando-o pela mão direita, ergueu-o. No mesmo instante seus pés e calcanhares se firmaram; de um salto pôs-se em pé e começou a andar. E entrou com eles no Templo, andando, saltando e louvando a Deus. Todo o povo viu-o andar e louvar a Deus; reconheciam-no, pois era ele quem esmolava, assentado junto a Porta Formosa do Templo. E ficaram cheios de admiração e de assombro pelo que lhe sucedera.” (At. 3: 1-10).

Verificamos, na passagem da cura acima transcrita, o quanto os apóstolos Pedro e João estavam sintonizados com a Espiritualidade Superior.

Como nos ensina a Doutrina Espírita, nos processos de cura tão formidáveis como este, são necessárias diversas condições. Entre elas podemos destacar a fé daquele que cura, assim como daquele que é curado, pois ao primeiro é necessária a convicção e ao segundo a receptividade. E, especialmente, é indispensável a pureza de intenções, e o desejo verdadeiro de auxiliar, pois, assim, é estabelecida, em conjunto com os Benfeitores Espirituais, a Corrente magnética curadora.

Quem espera pelo ouro ou pela prata, a fim de contribuir nas boas obras, em verdade ainda se encontra distante da possibilidade de ajudar a si próprio. Mas, lembrando a confiança em Jesus, a coragem e as palavras amorosas de Pedro; que venhamos a dar de nós mesmos, no esforço da própria iluminação.

DISCURSO DE PEDRO AO POVO NO TEMPLO (At 3:11-26)

“A vista disso, Pedro dirigiu-se ao povo: ‘Homens de Israel, por que vos admirais assim? Ou por que fixais os olhos em nós, como se por nosso próprio poder ou piedade tivéssemos feito este homem andar? O Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó, o Deus de nossos pais glorificou seu servo Jesus, a quem vos entregastes e negastes diante de Pilatos, quando este já estava decidido a soltá-lo”. (At 3:11-13).

Uma vez curado, o ex-coxo não largou mais Pedro e João. E todo o povo, assombrado, acorreu para junto deles, no chamado Pórtico de Salomão. Vendo isso, Pedro dirigiu-se as pessoas e teve oportunidade de anunciar o Evangelho de Jesus.

A fé que vem por meio de Jesus, essa sim houvera restituído a saúde e fortalecido o homem que todos viam e reconheciam como o antigo coxo que pedia esmolas.

Enunciou, então, a parte mais importante do ensinamento quando disse: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, a fim de que sejam apagados os vossos pecados, e deste modo venham da face do Senhor os tempos do refrigério.” (At 3:19).

Os crentes ainda distanciados do sentido do Evangelho de Jesus quase sempre imaginam que se livrarão das dificuldades com as cerimônias exteriores; outros acreditam que se identificarão com os céus tão somente pelo cantar de alguns hinos, enquanto enorme percentagem de espíritas se crê na intimidade de supremas revelações, apenas pelo fato de haver frequentado algumas sessões. Tudo isso constitui preparação valiosa, mas não é tudo.

Há um esforço iluminativo para o interior, sem o qual Homem algum penetrará no santuário da Verdade Divina.

A palavra de Pedro à massa popular contém a síntese do vasto programa de transformação essencial, a que toda criatura submeter-se-á para a felicidade da união com o Cristo. Uma vez que ninguém atinge, em um só passo, a eterna claridade, há estações indispensáveis para essa realização.

Conforme nos ensina a Doutrina Espírita, o autoconhecimento e a renovação interior são as chaves para o sucesso espiritual de todos nos.

A PRISÃO DE PEDRO E DE JOÃO (At 4:1-22)

“Falavam eles ao povo, quando sobrevieram os sacerdotes, o oficial do Templo e os saduceus, contrariados por vê-los ensinar ao povo e anunciar, em Jesus, a ressurreição dos mortos. Lançaram as mãos neles e os recolheram ao cárcere até a manhã seguinte, pois já estava entardecendo. Entretanto, muitos dos que tinham ouvido a Palavra abraçaram a fé. E seu número, contando-se apenas os homens, chegou a cerca de Cinco mil.” (At 4:1-4).

Após o ato de prisão acima narrado, os maiorais do judaísmo reuniram-se em Jerusalém no dia seguinte, para deliberar a respeito da situação de Pedro e João, fazendo-os comparecer diante deles para os interrogarem a respeito da cura do coxo.

Profundamente inspirado, Pedro apresentou com lógica os seus argumentos, dizendo que eles estavam sendo julgados por terem feito o bem e a caridade em nome e através de Jesus Cristo, o Nazareno, que fora crucificado, mas ressurgira dos mortos.

“É ele a pedra desprezada por vós, os construtores, mas que se tornou a pedra angular Pois não há, debaixo do céu, outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos.” (At 4: 11-12).

Os interrogadores ficaram admirados ao verem a coragem com que Pedro e João falavam, sendo pessoas simples e sem instrução. Verificaram que eles tinham andado com Jesus, mas vendo, junto a eles, em pé, o homem que tinha sido curado, nada podiam dizer em contrário. Então os mandaram sair do Sinédrio e começaram a discutir entre si:

“Que faremos com estes homens? Que por eles realizou-se um sinal notório é claramente manifesto a todos os habitantes de Jerusalém, e não podemos negá-lo. Mas, para que isto não se divulgue ainda mais entre povo, proibamo-los, com ameaças, de tornarem a falar neste nome a quem quer que seja.” (At 4: 16-17).

Chamaram de novo Pedro e João e lhes ordenaram que, de modo algum, falassem ou ensinassem em nome de Jesus. Pedro e João responderam:

“Julgai se é justo, aos olhos de Deus, obedecer mais a vós do que a Deus. Pois não podemos, nós, deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos.” (At 4: 19-20).

Insistindo em suas ameaças, mas como não tinham meio de castigá-los, deixaram Pedro e João em liberdade, por causa do povo, pois, todos glorificavam a Deus pelo que havia acontecido. O homem beneficiado por este sinal da cura tinha mais de quarenta anos.

Quanta beleza encontramos nessa passagem de Atos dos Apóstolos! Quantos corações conquistados por um ato simples de amor. Através dela, percebemos a conjugação entre homens de valor e Espíritos na divulgação da mensagem de Jesus, naqueles primeiros dias do Cristianismo.

Pedro não temeu a morte. Ele recebeu a responsabilidade da divulgação da mensagem do Amor e do Bem e a defendeu como quem reconhece não haver tarefa maior na Terra.

CURAS, PRISÕES E O PARECER DE GAMALIEL (At 5:1-42)

“Pelas mãos dos apóstolos faziam-se numerosos sinais e prodígios no meio do povo a ponto de levarem os doentes até para as ruas, colocando-os sobre leitos e em macas, para que, ao passar Pedro, ao menos sua sombra cobrisse algum deles." (At 5: 12-15).

O sumo sacerdote e seus seguidores encheram-se de cólera e mandaram prender os apóstolos. Soltos com o auxilio da Espiritualidade, voltaram a pregar no Templo (At 5:17-42). Sendo mais uma vez capturados e colocados diante do Sinédrio, exaltaram o Messias na figura de Jesus.

Ao ouvirem isso, os maiorais ficaram furiosos e queriam matá-los. Levantou-se, no Sinédrio, um fariseu chamado Gamaliel, Doutor da Lei e Mestre de Saulo de Tarso (At 22:13), estimado por todo povo. Ele mandou que os acusados saíssem por um instante.

Conta-nos o Espírito Emmanuel, por meio das mãos abençoadas de Chico Xavier, no livro “Paulo e Estevão”, que, anteriormente, os discípulos do Mestre, cientes da simpatia de Gamaliel pela causa, convidaram-no a visitar as instalações humildes da “Casa do Caminho”.

Simão Pedro, profundamente respeitoso, explicou-lhe as finalidades da instituição e, carinhosamente, ofereceu-lhe uma cópia, em pergaminho, de todas as anotações de Mateus sobre a personalidade do Cristo e seus gloriosos ensinamentos.

Gamaliel, atencioso, agradeceu ao ex-pescador, tratando-o igualmente com deferência e consideração. Chegados à longa enfermaria, em que se aglomeravam os mais diversos doentes, o grande rabino de Jerusalém não pode ocultar a máxima impressão, comovido até as lágrimas com o quadro que se lhe deparava aos olhos espantados.

O grande doutor compreendeu o êxito da nova doutrina. Aquele Jesus desconhecido, ignorado da sociedade mais culta de Jerusalém, triunfava no coração dos infelizes, pela contribuição de amor desinteressado que trouxera aos mais deserdados da sorte.

Gamaliel sabia que os galileus não seriam isentos de perseguição e emitiu alguns conselhos, visando aparar os golpes da violência, que, cedo ou tarde, haveriam de chegar.

Pedro, João e Tiago agradeceram sensibilizados, a carinhosa admoestação, e o velho rabino regressou ao lar, profundamente impressionado com as lições do dia.

Por ocasião da prisão, diante do Sinédrio, levantando-se em defesa dos apóstolos, cuja obra conhecera falou:

“Varões de Israel, atentai bem no que fareis a estes homens. Agora, portanto, digo-vos, deixai de ocupar-vos com esses homens. Soltai-os. Pois, se seu intento ou sua obra provém dos homens, destruir-se-á por si mesma; se vem de Deus, porém, não podereis destruí-los. Não aconteça que vos encontreis movendo guerra a Deus. Concordaram, então, com ele” (At. 5:34-39).

Os membros do conselho aceitaram o parecer de Gamaliel. Chamaram os apóstolos, mandaram açoitá-los, proibiram que falassem no nome de Jesus e soltaram-nos. E eles todos os dias, no Templo e pelas casas, não cessavam de ensinar e anunciar que Jesus era o Cristo esperado.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente a postura de Gamaliel frente aos apóstolos.


Fonte da imagem: Internet Google.

terça-feira, 15 de agosto de 2017

13ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

A Atuação dos Apóstolos e a Primeira Comunidade Cristã

DISCURSO DE PEDRO A MULTIDÃO

“Pedro, então, de pé, junto com os onze, levantou a voz e assim lhes falou”: ‘Homens da Judéia e todos vós, habitantes de Jerusalém, tomai conhecimento disto e prestai ouvidos as minhas palavras. Estes homens não estão embriagados, como pensais, pois esta é apenas a terceira hora do dia. O que está acontecendo é que foi dito por intermédio do profeta: ‘Sucederá nos últimos dias, diz Deus, que derramarei do meu Espírito sobre toda carne. Vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões e vossos velhos sonharão. Sim, sobre meus servos e minhas servas derramarei do meu Espírito’.

(...) Homens de Israel, ouvi estas palavras! Jesus o Nazareu, foi por Deus aprovado diante de vós com milagres, prodígios e sinais, que Deus operou por meio dele entre vós, como bem sabeis. Este homem, entregue segundo desígnio determinado e a presciência de Deus, vós matastes, crucificando  pela mão dos ímpios. Mas Deus ressuscitou, libertando-o das angústias do Hades, pois não era possível que ele fosse retido em seu poder.

(...) “Saiba, portanto, com certeza, toda a casa de Israel: Deus constituiu Senhor e Cristo, este Jesus a quem vós crucificastes.” (At 2:14-36).

Após aquele inesquecível episódio do Pentecostes, muitos estavam, então, assombrados; outros, entretanto, estavam céticos.

Pedro, que cada vez mais consolidava sua liderança, levanta-se... Ergue sua voz diante da multidão, e inicia relembrando-os sobre a predição do profeta Joel (Joel 3: 1): “Vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões e vossos velhos sonharão.”

Os antigos profetas hebreus, como podemos ver no Antigo Testamento, faziam muitas predições para séculos que estavam por vir. O profeta Joel (sec. IV a.C.), em seu livro, prediz “julgamento das nações” e a “vitória” final de Iahweh.

Em momento anterior a esse “julgamento dos povos” e a essa “era paradisíaca”, prevê o profeta Joel, exatamente, a difusão, sem precedentes, da manifestação da faculdade mediúnica de forma generalizada nos jovens, nos anciãos, e, ainda, outros “sinais nos céus e na terra”.

As profecias, entre o povo hebreu, repitamos, é algo indissociável, inseparável de sua cultura. É, entretanto, interessante notar que, na verdade, pouco ouvido eles davam a esses profetas. Cultuavam-nos como heróis de sua história, mas, na prática, parece que duvidavam de suas profecias.

Não os vemos - os hebreus à época de Moises - blasfemarem e confrontarem o grande profeta? Quantos outros profetas não foram rechaçados em sua época? Quantas não foram às profecias desprezadas no momento em que se cumpriam? A vinda do Cristo não estava prevista? Não rejeitaram eles o Cristo? Por isso disse Jesus: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados...”

Isso nos leva a refletir e perguntar: Como é possível que nem os Doutores da Lei, que conheciam como ninguém as Escrituras, que diariamente citavam os profetas, que repetiam suas predições, como é possível que nem eles pudessem “enxergar” o cumprimento da Lei?

É que essa “cegueira” é movida pelo egoísmo, movida por todas as más paixões que impedem o ser de avançar. Para alcançar a real compreensão, essa “visão” da verdade, é preciso ser humilde de coração, é preciso ser submisso à Lei de Deus.

Mas, assim como havia muitos que renegaram o Cristo e seu Evangelho, muitos outros se encontravam sedentos da Doutrina Redentora.

Pedro, tomado por inspiração divina, conclama-os a “ver”, convoca-os a relembrar das profecias, a compreender que o que tinha ocorrido estava previsto nas Escrituras.

Ele relembra o Mestre, e o episódio do Gólgota em que, pela impiedade dos Homens, foi o Cristo levado ao madeiro da infâmia.

Mas prossegue o grande apóstolo e testemunha a vitória de Jesus sobre a morte física, pois Deus havia atuado “libertando-o das angústias do Hades” (“do Hades”, conforme nota de rodapé da Bíblia de Jerusalém, significa: “da morte”).

Sim, o Cristo Vive! Naquele dia, quanta esperança foi derramada a todos aqueles de boa vontade, a todos aqueles que desejavam acreditar no verdadeiro Messias.

OS PRIMEIROS CRISTÃOS E A PRIMEIRA COMUNIDADE CRISTÃ

“Eles mostravam-se assíduos ao ensinamento dos apóstolos, a comunhão fraterna, à fração do povo e as orações. Apossava-se de todos temor, pois numerosos eram os prodígios e sinais que se realizavam por meio dos apóstolos. Todos os que tinham abraçada a fé reuniam-se e punham em comum: vendiam suas propriedades e bens, e dividiam-nos entre todos, segundo as necessidades de cada um. Dia após dia, unânimes, mostravam-se assíduos no Templo e partiam o pão pelas casas, tomando o alimento com alegria e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e gozavam da simpatia de todo o povo. E o Senhor acrescentava a cada dia ao seu número os que seriam salvos”. (At 2:42-47).

Qual outra Doutrina Moral foi capaz de tais formidáveis manifestações de seus fiéis?

Vejamos essas admiráveis ações: “vendiam suas propriedades e bens, e dividiam-nos entre todos, segundo a necessidade de cada um”.

A mensagem do Cristo havia invadido lhes a alma.

Naqueles dias, os discípulos de Jesus estavam exultantes, os ensinamentos do Mestre estavam propagando-se; o fermento da esperança fazia com que mais e mais almas procurassem a mensagem libertadora do Cristo.

Era preciso estabelecer-se. Era preciso fundar uma base para o Cristianismo nascente, a primeira delas seria a “Casa do Caminho”.

Ali os discípulos, organizados, propagariam o Evangelho e acolheriam a multidão de aflitos. Na obra ‘Dias Venturosos’, psicografado por Divaldo Franco, Amélia Rodrigues, na mensagem n° 25, narra: “A igreja dos cristãos reunia-se todos os dias e todas as noites para comentar os feitos e as palavras do doce e enérgico Rabi, assim como para orar e amar. Os seus membros criaram a primeira comunidade fraternal da Humanidade sob a inspiração do Primeiro Mandamento”.

De forma inigualável, a Boa Nova, como um bálsamo, alcançava os corações necessitados de amor, amparo, consolo. A mesma autora acima citada, na obra “Luz do Mundo”, também psicografada por Divaldo Franco, na mensagem n° 23, expõe: “Os homens esfaimados, as criaturas exauridas de sofrer; os corações cansados e cheios de decepções - eis o barro que teriam de movimentar para transformar em ânfora capaz de reter elixir divino, conservando puras as suas excelentes qualidades.”

Na obra ‘Lázaro Redivivo’, lição 28, o irmão X, afirma: “Suas reuniões íntimas prosseguiam regulares e as assembleias de caráter público efetuavam-se sem impedimento. As fileiras intermináveis de pobres e infelizes, procedentes dos ‘vales de imundos’, lhes batiam a porta, recendo carinhosa atenção, e esse espírito de serviço aos filhos do desamparo conquistou-lhes, pouco a pouco, valiosos títulos de respeitabilidade...”.

Quão inspiradores são esses relatos dos passos dos primeiros discípulos do Evangelho de Jesus!

SINAIS E PRODÍGIOS REALIZADOS PELOS APÓSTOLOS


Pelas mãos dos apóstolos faziam-se numerosos sinais e prodígios no meio do povo...

Costumavam estar; todos juntos, de comum acordo, no pórtico de Salomão, e nenhum dos outros ousava juntar-se a eles, embora povo os engrandecesse. Mais e mais aderiam ao Senhor pela fé, multidões de homens e de mulheres.

...A ponto de levarem os doentes até para as ruas, colocando-os sobre os leitos e em macas, para que ao passar Pedro, ao menos sua sombra cobrisse algum deles. Também das cidades vizinhas de Jerusalém acorria à multidão, trazendo enfermos e atormentados por espíritos impuros, os quais eram todos curados. (At 5:12-16).

Nesta impressionante passagem, vemos o vigor, a magnitude, a grandiosidade desses primeiros passos dos apóstolos de Jesus.

Onde mais encontramos tamanha comoção? O início do Cristianismo é uma das mais belas páginas de nossa História. Considerando toda a História da Humanidade, que ainda continua sendo escrita, encontraremos momentos de opressão, mas outros de liberdade; encontraremos períodos obscuros, mas outros de claridade e luz intensa.

Jesus é a Luz do Mundo, suas palavras compõem uma sublime poesia de eterna sabedoria, seus ensinamentos, como um farol que clareia as trevas, brilha resplandecente. A seus fiéis seguidores fica a missão de propagar a Boa Nova por toda a Terra.

Seus apóstolos, nesta narrativa; vemo-los exercendo plenamente seus ministérios. Pela boa vontade, pela humildade, pela pureza de coração, pela submissão a Vontade Divina, por perseverarem incansavelmente, vemos quão admiráveis são suas ações.

A multidão de aflitos e sofredores, testemunhando suas condutas irrepreensíveis, suas valorosas palavras de esperança... Acorria para ouvir o Evangelho e obterem a cura para seus males.

Na obra “Lázaro Redivivo”, na mesma lição já citada, psicografado por Francisco Xavier, o Irmão X, sintetiza: “A ressurreição enchera-lhes a alma de energias sublimes e até então desconhecidas. Que não fariam pelo Mestre ressuscitado? Iriam ao fim do mundo ensinar a Boa Nova, venceriam trevas e espinhos, pertenceriam a Ele para sempre”.

Em reflexão, ficamos admirados. Que fé surpreendente era despertada “a ponto de levarem os doentes até para as ruas; colocando-os sobre os leitos e em macas, para que ao passar Pedro, ao menos sua sombra cobrisse algum deles”.

Sob o amparo amigo de Jesus, quão emocionante não foram esses dias gloriosos desses valorosos discípulos. Imaginemos o fervor da multidão, acreditando que sim, há esperança, sim, as profecias cumpriam-se, sim, o “Reino de Deus” está ao alcance de todos.

Que nós sejamos capazes de possuir essa mesma fé que motivou os primeiros cristãos!

QUESTÃO REFLEXIVA:

Porque muitas vezes hesitamos e não usamos todo nosso potencial para anunciar o “Reino de Deus”, como fizeram os primeiros discípulos de Jesus?

Bibliografia:

- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Xavier, Francisco C./Irmão X - Lázaro Redivivo.
- Franco, Divaldo/Amélia Rodrigues - Dias Venturosos.
- Franco, Divaldo/Amélia Rodrigues - Luz do Mundo.


Fonte da imagem: Internet Google.

terça-feira, 8 de agosto de 2017

13ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Os Apóstolos em Jerusalém e o Dia de Pentecostes

INTRODUÇÃO AO “ATOS DOS APÓSTOLOS”

“Atos dos Apóstolos” é o livro do Novo Testamento que foi escrito por Lucas, o mesmo autor do 3° Evangelho.

Diferentemente dos demais discípulos, que eram, em sua maioria, homens simples, muitos deles pescadores, Lucas era médico, havia nascido em Antioquia, era fluente na língua grega - a língua culta da época.

Lucas não foi um discípulo direto de Jesus. Sua conversão aconteceu ouvindo as exposições de Paulo. Aqui, devemos lembrar que o apostolo Paulo também não foi discípulo direto de Jesus, seu chamado foi posterior à partida de Jesus.

“Ato dos Apóstolos” é uma obra em que Lucas narra como foi o início da missão dos apóstolos de Jesus; descreve a formação das primeiras comunidades cristãs; conta como se deu o ministério dos apóstolos, especialmente de Pedro e de Paulo; mostra, enfim, como foi à expansão do Cristianismo.

Provavelmente, como cita a maioria dos estudiosos, esse livro foi redigido entre os anos de 61 a 63 D.C.

De valor inestimável, temos nesse livro um canto de louvor ao Cristianismo nascente, dos homens que o consolidaram, com manifestações de fé inigualável, e da Espiritualidade Superior que os sustentou sob a amorosa liderança de Jesus.

OS APÓSTOLOS EM JERUSALÉM

“Então, do monte chamado das Oliveiras, voltaram a Jerusalém. A distância é pequena: a de uma caminhada de sábado. Tendo entrado na cidade, subiu a sala de cima, onde costumavam ficar. Eram Pedro e João, Tiago e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, o Zelota; e Judas, filho de Tiago. Todos estes, unânimes, perseveravam na oração com algumas mulheres, entre as quais Maria, a mãe de Jesus, e com seus irmãos.” (At 1:12-14).

Em Jerusalém, após a partida do Mestre, ainda ressoava a sua mensagem de Amor. Essa grande cidade era o palco das principais atividades da sociedade judaica. Além das práticas religiosas que eram direcionadas para o grande Templo, aquele centro urbano era o núcleo da atividade social e política da época. Para lá, por exemplo, acorriam às multidões para as celebrações das festas religiosas, como a comemoração da Páscoa.

Diante da importância daquela grande cidade, pouco antes de sua partida, Jesus orientou aos seus apóstolos que, inicialmente, permanecessem em Jerusalém, como podemos verificar em Lucas, cap. 24, versículo 47.

Os discípulos, após o choque da despedida do Mestre, tiveram a esperança restabelecida com o reaparecimento de Jesus. Na obra “Dias Venturosos”, psicografado por Divaldo Franco, Amélia Rodrigues, na mensagem n° 22, descreve: “Reconfortados pela sua ressurreição, cantavam-lhes nas almas as festivas reminiscências dos reencontros com o amigo redivivo, em exuberante vitalidade, que nunca mais desapareceria das suas existências.

(...) As notícias do retorno do Mestre produziram diferentes reações, como seria de esperar-se: alegria e curiosidade nas massas, medo e perversidade nos culpados.

“Desejando silenciar a Voz da Verdade, tornaram-na mais potente; pretendendo matar o Cantor fizeram-no mais vivo, e objetivando anular-lhe a mensagem, abriram mais amplo espaço para fazê-la ouvida.”

A missão deveria continuar. Era imperioso que a tarefa continuasse e o Evangelho fosse propagado por todos os cantos. Eles estavam dispostos. Jesus os acompanharia!

A ESCOLHA DE MATIAS

“Naqueles dias, Pedro levantou-se no meio dos irmãos - o número das pessoas reunidas era de mais ou menos cento e vinte - e disse: ‘Irmãos, era preciso que se cumprisse a Escritura em que, por boca de Davi, o Espírito Santo havia de antemão falado a respeito de Judas, que se tornou guia daqueles que prenderam a Jesus. Ele era contado entre os nossos e recebera sua parte neste ministério. Ora, este homem adquiriu um terreno com o salário da iniquidade...”

(...) É necessário, pois, que, dentre estes homens que nos acompanharam todo o tempo em que o Senhor Jesus viveu em nosso meio, a começar do batismo de João até o dia em que dentre nós foi arrebatado, um destes se torne conosco testemunha da sua ressurreição’.

Apresentaram então dois: José, chamado Barsabás e cognominado Justo, e Matias. E fizeram essa oração: ‘Tu, Senhor: que conheces o coração de todos, mostra-nos qual desses dois escolhestes, a fim de ocupar; no ministério do apostolado, lugar que Judas abandonou, para dirigir-se ao lugar que era seu’.

“Lançaram sortes sobre eles, e a sorte veio a cair em Matias, que foi então associado aos onze apóstolos.” (At 1:15-26).

Jesus havia escolhido doze apóstolos, mas, após o trágico fim de Judas, apenas onze apóstolos haviam restado.

O número doze, precisamos recordar, era muito significativo para os hebreus, pois simbolizava as “Doze Tribos” de Israel, que haviam se formado da descendência do patriarca Jacó.

Os hebreus há que se acrescentar, formavam um povo arraigado nas tradições antigas, nos seus antigos profetas. Os grandes eventos encenados por seus ancestrais tinham um enorme valor emblemático, simbólico que lhes conferia satisfação e orgulho.

Quando Jesus, então, escolheu os “doze”, foi exatamente pelo reconhecido significado que esse número tinha. O Mestre jamais violou consciências, jamais impôs uma revolução forçada aos costumes e tradições dos antigos. Jesus não tinha vindo para destruir a “Lei e os Profetas”. Tudo tem seu tempo.

O número “doze” deveria ser mantido. Pedro, que começava a emergir como o líder dos discípulos, reúne-os, em assembleia, para eleição de um novo integrante.

Quais deveriam ser os requisitos para alguém receber tão importante incumbência de ser um apóstolo de Jesus?

Vejamos as exigências contidas na afirmação de Pedro:

“homens que nos acompanharam todo tempo em que o Senhor Jesus viveu em nosso meio”.

Não poderia, obviamente, ser alguém que não tivesse convivido com Jesus, presenciado seus sublimes exemplos, sido testemunha das incontáveis curas, acompanhado o Mestre incomparável em cada um de seus feitos que transbordavam sabedoria, compreensão e humildade.

Tinha que ser alguém que tivesse firme convicção e fé, alguém que fosse capaz de propagar o Evangelho da forma pura que foi apresentado por Jesus. E havia, como vemos no Evangelho de Lucas, no cap. 1, Versículo 1, mais setenta e dois discípulos a quem Jesus contou, pessoalmente, a tarefa de anunciar o “Reino de Deus”.

Matias, provavelmente, deveria ser um desses setenta e dois discípulos que já seguiam o Cristo “a começar do batismo de João”.

João, o Batista, foi, sem duvida, um dos maiores profetas que antecederam Jesus; ele foi o seu precursor.

Ele era respeitado pelo povo, que o reconhecia como profeta. Muitos dos discípulos de Jesus tinham sido discípulos de João Batista. Não havia - afirmou o Mestre - dentre os nascidos de mulher, ninguém maior que João Batista.

Foi a partir do batismo realizado por João que Jesus iniciou sua vida pública, eis o motivo da importância que Pedro lhe atribuiu.

“Um destes se torne conosco testemunha da sua ressurreição”.

O reaparecimento de Jesus após a crucificação é um dos momentos mais marcantes de sua missão. Esse é um ponto capital do Cristianismo, pois demonstra que a vida continua após a morte do corpo físico, demonstra a imortalidade da alma.

Aquele que seria designado como o 12° apóstolo deveria, pois, sem vacilações, ser testemunha plena de todos os atos de Jesus e de seu reaparecimento. Deveria estar convicto para dizer bem alto: Jesus está vivo!

É interessante notar em relação a Matias, como também em relação a muitos outros discípulos que compuseram o Colegiado Apostólico, que não há muitos dados sobre o desempenho de sua missão e o caminho que seguiu.

No entanto, não podemos esquecer que aqueles que buscam o “Reino de Deus” e perseveram em sua divulgação, não buscam méritos para si mesmos, mas têm por objetivo a implantação do Evangelho na Terra. Como disse o Mestre: “Maior será aquele que se fizer menor.”

Matias, por certo, confiante no Mestre Maior, deve ter executado com pleno êxito sua missão.

O DIA DE PENTECOSTES

“Tendo-se completado dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído como o agitar-se de um vendaval impetuoso, que encheu toda a casa onde se encontravam. Apareceram-Lhes, então, línguas como de fogo, que se repartiam e que pousaram sobre cada um deles. E todos ficaram repletos do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia se exprimirem”.

Achavam-se então em Jerusalém judeus piedosos, vindos de todas as nações que há debaixo do céu. Com o ruído que se produziu, a multidão acorreu e ficou perplexa, pois cada qual os ouvia falar em seu próprio idioma. Estupefatos e surpresos, diziam: ‘Não são, acaso, galileus todos esses que falam? Como é, pois, que os ouvimos falar a cada um de nós, no próprio idioma em que nascemos? Habitantes da Mesopotâmia, da Judéia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frígia e da Panfilia, do Egito e das regiões da Líbia próximas de Cirene; romanos que aqui residem; tanto judeus quanto prosélitos, cretenses e árabes; nós os ouvimos anunciar em nossas próprias Ínguas as maravilhas de Deus!’ Estavam todos estupefatos. E, atônitos, perguntavam uns aos outros: ‘Que vem a ser isto? ’Outros, porém, zombavam: ‘Estão cheios de vinho doce!’.” (At 2:1-13).

O dia de Pentecostes é uma das datas mais significativas para o Cristianismo. É considerado, por muitas correntes da teologia Cristã, como sendo o dia da vinda do Paráclito, ou seja, o Consolador Prometido.

No entanto, como os Espíritos Superiores, de forma categórica, elucidaram a Kardec, o Consolador não poderia ter vindo naquela época, pois o próprio Cristo havia advertido que as pessoas ainda não estavam preparadas para sua vinda.

O dia de Pentecostes cabe-nos inicialmente observar, foi instituído por Moisés, conforme podemos encontrar no livro do Êxodo, cap. 23, versículos 14 a 17, e cap. 34, versículos 18 a 23. Tratava-se de uma festa em comemoração as colheitas. Ela ocorria, exatamente, cinco dias após a Páscoa judaica.

Esse grande evento acontecia em Jerusalém. Nesse dia, afluíam para as comemorações, além dos hebreus, vários outros povos estrangeiros. Muitos vinham para comerciar, muitos outros vinham para participar das festividades. Por suas origens diversas, havia pessoas que falavam os mais variados idiomas e dialetos.

Os discípulos estavam presentes nesse dia de Pentecostes, que estava acontecendo cinco dias após a Páscoa judaica em que ocorreu a crucificação do Cristo.

No final do dia, encerradas as comemorações, conforme transcrito na passagem acima houve uma eclosão de manifestações mediúnicas.

Os apóstolos, então, plenamente envolvidos pelo Plano Espiritual Superior, manifestaram a xenoglossia, ou seja, a faculdade mediúnica de falar em línguas estrangeiras que sejam estranhas ao médium.

Temos que lembrar que os discípulos de Jesus, quando o Mestre ainda os preparava para suas missões, foram, em certa ocasião, convocados ao trabalho, conforme encontramos em Mateus, cap. 1, versículo 1:

“Chamou os doze discípulos e deu-lhes autoridade de expulsar os espíritos impuros e de curar toda sorte de males e enfermidades.”

As faculdades mediúnicas, como ensina Kardec, depende de uma disposição orgânica. Os discípulos, assim, possuíam-nas, mas Jesus convoca-os a exercitá-las, incutindo-lhes fé. E eles, de fato, exercitaram-na como podemos ver nos Evangelhos.

No Pentecostes, entretanto, houve uma manifestação rara pela proporção que tomou. Todos os discípulos manifestaram a mediunidade ao mesmo tempo.

O evento foi tão impressionante que eles próprios ficaram surpresos. A multidão, então, acorreu até eles, e as pessoas ficaram perplexas, com que ouviam: o Evangelho era pregado em seus próprios idiomas!

Os céticos - eis que os incrédulos existem em todos os tempos - zombavam e diziam: “Estão cheios de vinho doce”.

Nesse dia, que, repetimos, é um marco na historia da mediunidade, ocorreu à consolidação da missão dos apóstolos. A partir daquele dia, eles seguiriam confiantes e compromissados com suas tarefas.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Quais condutas devem ser observadas, hoje em dia, por àqueles que desejam tornar discípulos de Jesus?


Fonte da imagem: Internet Google.