Os Apóstolos em Jerusalém e o Dia
de Pentecostes
INTRODUÇÃO AO “ATOS DOS APÓSTOLOS”
“Atos dos
Apóstolos” é o livro do Novo Testamento que foi escrito por Lucas, o mesmo
autor do 3° Evangelho.
Diferentemente
dos demais discípulos, que eram, em sua maioria, homens simples, muitos deles
pescadores, Lucas era médico, havia nascido em Antioquia, era fluente na língua
grega - a língua culta da época.
Lucas não
foi um discípulo direto de Jesus. Sua conversão aconteceu ouvindo as exposições
de Paulo. Aqui, devemos lembrar que o apostolo Paulo também não foi discípulo
direto de Jesus, seu chamado foi posterior à partida de Jesus.
“Ato dos
Apóstolos” é uma obra em que Lucas narra como foi o início da missão dos
apóstolos de Jesus; descreve a formação das primeiras comunidades cristãs;
conta como se deu o ministério dos apóstolos, especialmente de Pedro e de
Paulo; mostra, enfim, como foi à expansão do Cristianismo.
Provavelmente,
como cita a maioria dos estudiosos, esse livro foi redigido entre os anos de 61
a 63 D.C.
De valor
inestimável, temos nesse livro um canto de louvor ao Cristianismo nascente, dos
homens que o consolidaram, com manifestações de fé inigualável, e da
Espiritualidade Superior que os sustentou sob a amorosa liderança de Jesus.
OS APÓSTOLOS EM JERUSALÉM
“Então, do
monte chamado das Oliveiras, voltaram a Jerusalém. A distância é pequena: a de
uma caminhada de sábado. Tendo entrado na cidade, subiu a sala de cima, onde costumavam
ficar. Eram Pedro e João, Tiago e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus;
Tiago, filho de Alfeu, e Simão, o Zelota; e Judas, filho de Tiago. Todos estes,
unânimes, perseveravam na oração com algumas mulheres, entre as quais Maria, a
mãe de Jesus, e com seus irmãos.” (At 1:12-14).
Em
Jerusalém, após a partida do Mestre, ainda ressoava a sua mensagem de Amor.
Essa grande cidade era o palco das principais atividades da sociedade judaica.
Além das práticas religiosas que eram direcionadas para o grande Templo, aquele
centro urbano era o núcleo da atividade social e política da época. Para lá,
por exemplo, acorriam às multidões para as celebrações das festas religiosas,
como a comemoração da Páscoa.
Diante da
importância daquela grande cidade, pouco antes de sua partida, Jesus orientou
aos seus apóstolos que, inicialmente, permanecessem em Jerusalém, como podemos
verificar em Lucas, cap. 24, versículo 47.
Os
discípulos, após o choque da despedida do Mestre, tiveram a esperança
restabelecida com o reaparecimento de Jesus. Na obra “Dias Venturosos”,
psicografado por Divaldo Franco, Amélia Rodrigues, na mensagem n° 22, descreve:
“Reconfortados pela sua ressurreição, cantavam-lhes nas almas as festivas
reminiscências dos reencontros com o amigo redivivo, em exuberante vitalidade,
que nunca mais desapareceria das suas existências.
(...) As
notícias do retorno do Mestre produziram diferentes reações, como seria de
esperar-se: alegria e curiosidade nas massas, medo e perversidade nos culpados.
“Desejando
silenciar a Voz da Verdade, tornaram-na mais potente; pretendendo matar o
Cantor fizeram-no mais vivo, e objetivando anular-lhe a mensagem, abriram mais
amplo espaço para fazê-la ouvida.”
A missão
deveria continuar. Era imperioso que a tarefa continuasse e o Evangelho fosse
propagado por todos os cantos. Eles estavam dispostos. Jesus os acompanharia!
A ESCOLHA DE MATIAS
“Naqueles
dias, Pedro levantou-se no meio dos irmãos - o número das pessoas reunidas era
de mais ou menos cento e vinte - e disse: ‘Irmãos, era preciso que se cumprisse
a Escritura em que, por boca de Davi, o Espírito Santo havia de antemão falado
a respeito de Judas, que se tornou guia daqueles que prenderam a Jesus. Ele era
contado entre os nossos e recebera sua parte neste ministério. Ora, este homem
adquiriu um terreno com o salário da iniquidade...”
(...) É
necessário, pois, que, dentre estes homens que nos acompanharam todo o tempo em
que o Senhor Jesus viveu em nosso meio, a começar do batismo de João até o dia
em que dentre nós foi arrebatado, um destes se torne conosco testemunha da sua
ressurreição’.
Apresentaram
então dois: José, chamado Barsabás e cognominado Justo, e Matias. E fizeram
essa oração: ‘Tu, Senhor: que conheces o coração de todos, mostra-nos qual
desses dois escolhestes, a fim de ocupar; no ministério do apostolado, lugar
que Judas abandonou, para dirigir-se ao lugar que era seu’.
“Lançaram
sortes sobre eles, e a sorte veio a cair em Matias, que foi então associado aos
onze apóstolos.” (At 1:15-26).
Jesus havia
escolhido doze apóstolos, mas, após o trágico fim de Judas, apenas onze
apóstolos haviam restado.
O número
doze, precisamos recordar, era muito significativo para os hebreus, pois
simbolizava as “Doze Tribos” de Israel, que haviam se formado da descendência
do patriarca Jacó.
Os hebreus
há que se acrescentar, formavam um povo arraigado nas tradições antigas, nos
seus antigos profetas. Os grandes eventos encenados por seus ancestrais tinham
um enorme valor emblemático, simbólico que lhes conferia satisfação e orgulho.
Quando
Jesus, então, escolheu os “doze”, foi exatamente pelo reconhecido significado
que esse número tinha. O Mestre jamais violou consciências, jamais impôs uma
revolução forçada aos costumes e tradições dos antigos. Jesus não tinha vindo
para destruir a “Lei e os Profetas”. Tudo tem seu tempo.
O número
“doze” deveria ser mantido. Pedro, que começava a emergir como o líder dos
discípulos, reúne-os, em assembleia, para eleição de um novo integrante.
Quais
deveriam ser os requisitos para alguém receber tão importante incumbência de
ser um apóstolo de Jesus?
Vejamos as
exigências contidas na afirmação de Pedro:
“homens que
nos acompanharam todo tempo em que o Senhor Jesus viveu em nosso meio”.
Não poderia,
obviamente, ser alguém que não tivesse convivido com Jesus, presenciado seus
sublimes exemplos, sido testemunha das incontáveis curas, acompanhado o Mestre
incomparável em cada um de seus feitos que transbordavam sabedoria, compreensão
e humildade.
Tinha que
ser alguém que tivesse firme convicção e fé, alguém que fosse capaz de propagar
o Evangelho da forma pura que foi apresentado por Jesus. E havia, como vemos no
Evangelho de Lucas, no cap. 1, Versículo 1, mais setenta e dois discípulos a
quem Jesus contou, pessoalmente, a tarefa de anunciar o “Reino de Deus”.
Matias,
provavelmente, deveria ser um desses setenta e dois discípulos que já seguiam o
Cristo “a começar do batismo de João”.
João, o
Batista, foi, sem duvida, um dos maiores profetas que antecederam Jesus; ele
foi o seu precursor.
Ele era
respeitado pelo povo, que o reconhecia como profeta. Muitos dos discípulos de
Jesus tinham sido discípulos de João Batista. Não havia - afirmou o Mestre -
dentre os nascidos de mulher, ninguém maior que João Batista.
Foi a partir
do batismo realizado por João que Jesus iniciou sua vida pública, eis o motivo
da importância que Pedro lhe atribuiu.
“Um destes
se torne conosco testemunha da sua ressurreição”.
O
reaparecimento de Jesus após a crucificação é um dos momentos mais marcantes de
sua missão. Esse é um ponto capital do Cristianismo, pois demonstra que a vida
continua após a morte do corpo físico, demonstra a imortalidade da alma.
Aquele que
seria designado como o 12° apóstolo deveria, pois, sem vacilações, ser
testemunha plena de todos os atos de Jesus e de seu reaparecimento. Deveria
estar convicto para dizer bem alto: Jesus está vivo!
É
interessante notar em relação a Matias, como também em relação a muitos outros
discípulos que compuseram o Colegiado Apostólico, que não há muitos dados sobre
o desempenho de sua missão e o caminho que seguiu.
No entanto,
não podemos esquecer que aqueles que buscam o “Reino de Deus” e perseveram em
sua divulgação, não buscam méritos para si mesmos, mas têm por objetivo a
implantação do Evangelho na Terra. Como disse o Mestre: “Maior será aquele que
se fizer menor.”
Matias, por
certo, confiante no Mestre Maior, deve ter executado com pleno êxito sua
missão.
O DIA DE PENTECOSTES
“Tendo-se
completado dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De
repente, veio do céu um ruído como o agitar-se de um vendaval impetuoso, que
encheu toda a casa onde se encontravam. Apareceram-Lhes, então, línguas como de
fogo, que se repartiam e que pousaram sobre cada um deles. E todos ficaram
repletos do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o
Espírito lhes concedia se exprimirem”.
Achavam-se
então em Jerusalém judeus piedosos, vindos de todas as nações que há debaixo do
céu. Com o ruído que se produziu, a multidão acorreu e ficou perplexa, pois
cada qual os ouvia falar em seu próprio idioma. Estupefatos e surpresos,
diziam: ‘Não são, acaso, galileus todos esses que falam? Como é, pois, que os
ouvimos falar a cada um de nós, no próprio idioma em que nascemos? Habitantes
da Mesopotâmia, da Judéia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frígia e da
Panfilia, do Egito e das regiões da Líbia próximas de Cirene; romanos que aqui
residem; tanto judeus quanto prosélitos, cretenses e árabes; nós os ouvimos
anunciar em nossas próprias Ínguas as maravilhas de Deus!’ Estavam todos
estupefatos. E, atônitos, perguntavam uns aos outros: ‘Que vem a ser isto?
’Outros, porém, zombavam: ‘Estão cheios de vinho doce!’.” (At 2:1-13).
O dia de
Pentecostes é uma das datas mais significativas para o Cristianismo. É
considerado, por muitas correntes da teologia Cristã, como sendo o dia da vinda
do Paráclito, ou seja, o Consolador Prometido.
No entanto,
como os Espíritos Superiores, de forma categórica, elucidaram a Kardec, o
Consolador não poderia ter vindo naquela época, pois o próprio Cristo havia
advertido que as pessoas ainda não estavam preparadas para sua vinda.
O dia de
Pentecostes cabe-nos inicialmente observar, foi instituído por Moisés, conforme
podemos encontrar no livro do Êxodo, cap. 23, versículos 14 a 17, e cap. 34,
versículos 18 a 23. Tratava-se de uma festa em comemoração as colheitas. Ela
ocorria, exatamente, cinco dias após a Páscoa judaica.
Esse grande
evento acontecia em Jerusalém. Nesse dia, afluíam para as comemorações, além
dos hebreus, vários outros povos estrangeiros. Muitos vinham para comerciar,
muitos outros vinham para participar das festividades. Por suas origens
diversas, havia pessoas que falavam os mais variados idiomas e dialetos.
Os
discípulos estavam presentes nesse dia de Pentecostes, que estava acontecendo
cinco dias após a Páscoa judaica em que ocorreu a crucificação do Cristo.
No final do
dia, encerradas as comemorações, conforme transcrito na passagem acima houve
uma eclosão de manifestações mediúnicas.
Os apóstolos,
então, plenamente envolvidos pelo Plano Espiritual Superior, manifestaram a
xenoglossia, ou seja, a faculdade mediúnica de falar em línguas estrangeiras
que sejam estranhas ao médium.
Temos que
lembrar que os discípulos de Jesus, quando o Mestre ainda os preparava para
suas missões, foram, em certa ocasião, convocados ao trabalho, conforme
encontramos em Mateus, cap. 1, versículo 1:
“Chamou os
doze discípulos e deu-lhes autoridade de expulsar os espíritos impuros e de
curar toda sorte de males e enfermidades.”
As
faculdades mediúnicas, como ensina Kardec, depende de uma disposição orgânica.
Os discípulos, assim, possuíam-nas, mas Jesus convoca-os a exercitá-las,
incutindo-lhes fé. E eles, de fato, exercitaram-na como podemos ver nos
Evangelhos.
No Pentecostes,
entretanto, houve uma manifestação rara pela proporção que tomou. Todos os
discípulos manifestaram a mediunidade ao mesmo tempo.
O evento foi
tão impressionante que eles próprios ficaram surpresos. A multidão, então,
acorreu até eles, e as pessoas ficaram perplexas, com que ouviam: o Evangelho
era pregado em seus próprios idiomas!
Os céticos -
eis que os incrédulos existem em todos os tempos - zombavam e diziam: “Estão
cheios de vinho doce”.
Nesse dia,
que, repetimos, é um marco na historia da mediunidade, ocorreu à consolidação
da missão dos apóstolos. A partir daquele dia, eles seguiriam confiantes e
compromissados com suas tarefas.
QUESTÃO
REFLEXIVA:
Quais
condutas devem ser observadas, hoje em dia, por àqueles que desejam tornar discípulos
de Jesus?
Fonte da
imagem: Internet Google.
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