CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

19ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

Fluido Universal

O Fluido Cósmico Universal é uma criação de Deus e o principio elementar de toda matéria.

Em “A Gênese”, cap. XIV temos a seguinte definição: “O fluido cósmico universal, como já foi demonstrado, é a matéria elementar primitiva, da qual as modificações e transformações constituem a inumerável variedade dos corpos da natureza...”

Esse fluido ou “plasma divino”; é a matéria elementar básica, primitiva, e suas transformações e modificações constituem a inumerável variedade de corpos da natureza. O fluido cósmico apresenta-se sob dois estados distintos:

- o de eterização ou imponderabilidade, e

- o de materialização ou ponderabilidade.

O ponto intermediário entre esses dois estados é o da transformação do fluido em matéria tangível.

Ao primeiro estado pertencem os fenômenos espirituais e psíquicos. Estes, quando ligados a vida corporal, podem ser percebidos pelos encarnados; no entanto, escapam a análise dos instrumentos.

Esses fenômenos são estudados pelo Espiritismo, através da revelação das leis do mundo espiritual.

Ao segundo estado - o da ponderabilidade - pertencem os fenômenos estudados pela Ciência.

Posto isto, podemos aqui ressaltar que a Ciência, de certa forma, pode ser divida em duas modalidades: a Ciência Acadêmica e a Ciência Espírita.

A Ciência Acadêmica ou Material parte de pressupostos próprios, rigidamente estabelecidos e se utiliza da observação e experimentação, mas espera que todos os fenômenos obedeçam as suas condições. Eis o motivo de, muitas vezes, ter rejeitado os resultados das experimentações mediúnicas.

A Ciência Espírita, por sua vez, não parte de sistemas preconcebidos, mas, ao contrario, observa, analisa, e então conclui. Não espera que os fenômenos submetam-se a vontade do experimentador. Compreende que como tais manifestações dependem da vontade de Inteligências que gozam de livre arbítrio, não ha como forçar um resultado, ou repeti-lo para sempre obter o mesmo resultado.

Voltemos ao nosso tema. O ponto de partida do fluido universal é o grau de pureza absoluta; o oposto é a sua transformação em matéria tangível.

Os fluidos mais próximos da materialidade compõem a atmosfera terrestre, de onde os Espíritos ligados a Terra extraem os elementos necessários a sua existência.

Referimo-nos a atmosfera terrestre, pois, como nos ensina a Doutrina Espírita, cada planeta tem atmosfera fluídica própria, de acordo com o seu grau de evolução.

PERISPÍRITO

O perispírito é um dos produtos mais importantes do fluido cósmico universal; é uma condensação desse fluido em tomo de um foco de inteligência. É, pois, matéria, porém sutil, quintessênciada.

O Espírito extrai o seu envoltório semimaterial, ou seja, seu perispírito, do fluido ambiente do planeta em que vai habitar. Dai resulta que esses elementos devem variar Segundo os mundos e o adiantamento moral do Espírito encarnante.

Esse envoltório perispiritual foi chamado de corpo espiritual por Paulo de Tarso, de mediador plástico por Emmanuel, e de muitos outros nomes por diferentes escolas de pensamento.

Devido as suas propriedades, explicam-se vários fenômenos tidos anteriormente como sobrenaturais, os quais serão estudados nas próximas aulas.

ACÃO DOS ESPÍRITOS SOBRE OS FLUIDOS

“Os fluidos espirituais, que constituem um dos estados do fluido cósmico universal, são, falando de modo apropriado, a atmosfera dos seres espirituais...” (GE, XIV item 13)

Os Espíritos agem sobre os fluidos espirituais através do pensamento e da vontade: “O pensamento e a vontade são para os Espíritos aquilo que a mão é para o homem”. (GE, XIV, item 13).

Pelo pensamento, os Espíritos imprimem a esses fluidos esta ou aquela direção, aglomerando-os, combinando-os e dispersando-os, modificando suas propriedades de acordo com determinadas leis. É nas palavras de Kardec: “a grande oficina ou laboratório do mundo espiritual”.

O fluido é o veiculo do pensamento, como o ar é o veiculo do som.

O Espírito, como ser pensante, sempre estará exercendo a faculdade de pensar. Nessa atividade, as suas boas ou más intenções determinarão sua atmosfera fluídica. Esse campo fluídico que o envolve tem cor, tamanho e aparência própria, e forma “imagens fluídicas”. Tais imagens exteriorizam-se e, assim, tomam-se visíveis aos outros Espíritos, decorrendo dai que nenhuma intenção pode ser escondida.

“É assim que os movimentos mais secretos da alma repercutem no envoltório fluídico, que uma alma pode ler em outra alma como num livro, e ver o que não é perceptível pelos olhos do corpo.” (GE, cap. XIV: 15)

QUALIDADE DOS FLUIDOS

Os fluidos, veículo do pensamento, podem estar impregnados de qualidades boas ou más, modificados em função da pureza ou impureza dos sentimentos. Os pensamentos negativos contaminam os fluidos, como os miasmas deletérios contaminam nossa atmosfera.

Suas consequências sobre os encarnados são diversas.

Se estivermos em uma reunião onde as pessoas procuram alimentar bons sentimentos, os seus pensamentos purificados formam uma Corrente fluídica benéfica. Se os pensamentos forem fúteis ou vulgares do ponto de vista moral, as emanações fluídicas serão de baixo teor.

Do ponto de vista físico, esses fluidos podem ser, entre outros: excitantes ou calmantes, irritantes ou dulcificantes, repulsivos ou reparadores; do ponto de vista moral, trazem a impressão dos sentimentos de ódio, ciúme, orgulho, egoísmo; ou ainda, de bondade, caridade, benevolência, amor.

Essa diversidade da qualidade dos fluidos pode fazer-nos ter as mais variadas impressões ou sentimentos.

No nosso dia-a-dia podemos perceber a assimilação ou a repulsão dos fluidos dentro de nossos relacionamentos pelas sensações diferentes despertadas diante da presença de uma ou outra pessoa.

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no cap. XII, item 3, Kardec discorre sobre essa questão: "Esse sentimento, por outro lado, resulta de uma lei física: a da assimilação e repulsão dos fluidos. O pensamento malévolo emite uma corrente fluídica que causa penosa impressão; o pensamento benévolo envolve-nos num eflúvio agradável. Daí a diferença de sensações que se experimenta, na aproximação de um inimigo ou de um amigo.”

Esta é uma das razões da orientação do Mestre em relação à vigilância de nossos pensamentos, da necessidade de estarmos em prece constantemente, de buscarmos nos renovar a cada dia para o Bem, para os bons sentimentos, para os bons pensamentos, para as boas ações.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Como nossos pensamentos podem influenciar a nossa vida?

Bibliografia

- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan – A Gênese - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Livro dos Médiuns - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan – Obras Póstumas
- Wantuil, Z./Thiesen, F. Allan Kardec, o Educador e o Codificador, vol. I.
- Kardec, Allan – Revista Espírita – 1864 e 1858.
- Figueiredo, Paulo H. – Mesmer – A Ciência Negada e os Textos Escondidos.


Fonte da imagem: Internet Google.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

19ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

Magnetismo e Fluidos

FRANZ ANTON MESMER

Nasceu em 23 de maio de 1734, e pertencia a uma família numerosa, na região de Iznang, território atual da Alemanha, fronteira com a Áustria e a Suíça.

Aos nove anos de idade, foi encaminhado pelos pais ao monastério Reichenau, em Constança, onde receberia uma formação refinada, despertando a sua paixão para as ciências e a música.

Aos quinze anos recebeu uma bolsa de estudos para uma Universidade em Dillingen, onde permaneceu por quatro anos, estudando filosofia, e complementou seus estudos em Teologia na Universidade de Ingolstadt, por mais cinco anos.

Em 1759, aos vinte e cinco anos, estabeleceu-se em Viena, Áustria, onde cursou Direito durante um ano para, posteriormente, ingressar na Universidade de Viena, onde, finalmente, dedicar-se-ia a Medicina.

Tomou-se doutor em Medicina em 1765, através de uma dissertação sobre a influência dos planetas sobre o corpo humano.

Nesta tese, Mesmer nomeou de magnetismo animal a propriedade do corpo animal que o toma sensível a ação dos corpos celestes e da terra. Ele utilizou a expressão fluido universal para designar a origem de todas as forças do universo tais como a gravidade, o magnetismo, a luz, a eletricidade, e tudo o mais que nele existe.

Este mesmo conceito foi resgatado por Allan Kardec em 1857, na obra “O Livro dos Espíritos”.

Cada força encontrar-se-ia em um estado diferente de vibração, mas com a origem comum no fluido universal.

Suas ideias foram desenvolvidas a partir da observação dos fatos, ou seja, dentro do método científico. Por exemplo, em uma determinada ocasião, Mesmer observou, ao aproximar-se de um ferido de guerra, que o sangramento do ferimento do soldado cessava quando ele, Mesmer, dirigia a sua atenção para a lesão.

Quando ele se afastava, o sangramento reiniciava. Repetiu os movimentos várias vezes e estabeleceu uma relação de causa e efeito entre a sua vontade e o fenômeno observado.

Inicia-se o desenvolvimento de toda uma ciência do magnetismo animal.

Embora a constatação do fluido proposto por Mesmer não fosse possível cientificamente, a aplicação de sua terapêutica em inúmeros pacientes, com resultados positivos, era uma prova indireta de sua teoria.

Inúmeros casos corroboram essa afirmativa, como o caso da Senhora de Berny que o procurou, com um quadro de cegueira parcial, insônia, dores nos braços, na cabeça, no abdômen, além de melancolia. Ela já havia sido avaliada por quatro médicos tradicionais, submetida a diversos tratamentos da medicina oficial daquela época, sem melhora da sintomatologia apresentada. Após dois anos de tentativas, procurou Mesmer e através de sua terapêutica apresentou regressão completa de todos os sintomas, inclusive da cegueira.

Nos primeiros tempos, muitos magnetizadores como Mesmer utilizavam alguns instrumentos como a tina (“baquet”), a varinha de metal, a magnetização das águas, de garrafas e de árvores para que o magnetismo animal fosse aplicado. Estes objetos serviriam como facilitadores da ação do magnetizador.

Entretanto, pouco tempo depois, Mesmer passa a praticar a imposição de mãos, a utilização de sopros, já que ele acreditava que a vontade do magnetizador tinha grande importância no alivio e nas curas dos enfermos que o procuravam. Além disso, o recurso do sonambulismo passa a ser aproveitado como uma importante medida terapêutica.

Mesmer transfere-se para Paris em 1778, na esperança de demonstrar seus postulados, baseados na ciência do magnetismo animal, e esclarecer seus métodos terapêuticos para uma infinidade de doenças. Não foi bem aceito nem pela sociedade médica, nem pela cientifica.

Logo as opiniões científicas foram sendo divididas, e foi se formando uma oposição sistemática as suas ideias.

Em 1781, publicou em Paris a obra: “Resumo Histórico dos Fatos Relativos ao Magnetismo Animal”.

Através de suas técnicas auxiliou inúmeros pacientes, principalmente os que não encontravam alivio na Medicina oficial da época.

Sua contribuição não se restringiu apenas a Medicina.

As obras de Mesmer apresentam assuntos variados quanto a Filosofia, a Física, a Fisiologia e a Sociologia. A ciência do magnetismo animal abriu caminho para outras ciências como a Psicologia e a própria Ciência Espírita.

Mesmer pode ser considerado um grande humanitário; defendeu suas teorias até o final de sua vida, com persistência e vigor invejáveis, apesar de todas as perseguições sofridas.

Sua trajetória demonstra uma luta imensa, não por prestigio ou renome, que ele poderia ter adquirido como médico dedicado que era, mas por querer ir além do óbvio e confortar os que não encontravam alivio na ciência oficial.

Em 1815, desencarnou na região de Suábia, atual Alemanha, deixando ao mundo sua exemplificação e um passo adiante no conhecimento da alma humana.

ALLAN KARDEC E O MAGNETISMO

Hippolyte Léon Denizard Rivail iniciou o estudo sobre magnetismo animal por Volta de 1823.

Buscou estudar o magnetismo animal e o sonambulismo durante trinta e cinco anos, mesmo antes de tomar-se o codificador da Doutrina Espírita. Dedicou-se, principalmente, ao estudo do sonambulismo, em todas as suas fases.

Allan Kardec tornou-se um estudioso do magnetismo.

Chegou a participar da Sociedade de Magnetismo de Paris, dirigida à época pelo barão de Potet, considerado um magnetizador da segunda geração, o qual utilizava técnicas para provocar o sonambulismo.

Fez bons amigos entre os magnetizadores, pois não podemos esquecer que foi o Sr. Fortier experiente magnetizador, que chamou a atenção do futuro codificador espírita para o fenômeno das mesas girantes, como relatado em “Obras Póstumas”:

(Fortier) – Sabeis que se acaba de descobrir no magnetismo uma singular propriedade? Parece que não são somente as pessoas que se magnetizam, mas também as mesas que giram e andam a nossa vontade.

(Kardec) - E com efeito singular; respondi-lhe; mas isso não me parece rigorosamente impossível. O fluido magnético, espécie de eletricidade, pode muito atuar sobre os corpos inertes e fazê-los mover Tempo depois, tornei a encontrar Fortier que me disse:

(Fortier) - Mais extraordinário do que fazer uma mesa girar e andar é fazê-la falar: perguntam e ela responde.

(Kardec) - Isso é outra questão, respondi-lhe. Só acreditarei se ver ou se me provarem que a mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir e que pode tomar-se sonâmbula. Até então, permita-me que considere isso uma história fabulosa.

Este fato impulsionou a curiosidade e a sede de saber de Kardec para que buscasse respostas ao fenômeno das mesas girantes, e em pouco tempo, todo um mundo novo se descortinou aos olhos do grande pesquisador e pedagogo, culminando com a codificação de “O Livro dos Espíritos” em 1857.

Já nesta obra, ao comentar a questão 555, Kardec refere-se à importância do magnetismo: “O Espiritismo e o magnetismo nos dão a chave de uma infinidade de fenômenos sobre os quais a ignorância teceu muitas fábulas, em que os fatos são exagerados pela imaginação...”

Complementando essa assertiva, o codificador assinala na “Revista Espírita” de 1858: “O magnetismo preparou o caminho do espiritismo, e os rápidos progressos desta última doutrina são incontestavelmente devidos as vulgarização das ideias sobre a primeira. Dos fenômenos magnéticos, do sonambulismo e do êxtase das manifestações espíritas há apenas um passo; sua conexão é tal que, por assim dizer é impossível falar de um sem falar de outro”.

Com o desenrolar das pesquisas e dos estudos, Kardec expandiu a Ciência Espírita a partir do conhecimento do magnetismo, ampliando- a sobejamente com as informações obtidas através do mundo espiritual. Em “O Livro dos Médiuns”, em 1861, buscou deixar bem claro a diferença entre a terapêutica magnética propriamente dita e a mediunidade de cura. A magnetização comum seria uma forma de tratamento, com sua própria técnica sequencial, enquanto nos médiuns curadores, a faculdade é natural, afiançada pela intervenção espiritual, sem a qual não seria possível a cura.

A pesquisa de Kardec continuou e vemos na obra “A Gênese”, de 1868, todo um desenvolvimento sobre os fluidos, inclusive o magnético, sem os quais não seria possível a explicação sobre muitos dos fenômenos tidos como “sobrenaturais” ou “milagres”, dando uma nova dimensão da atuação de Jesus entre nós e da nossa capacidade de, em o seguindo, fazer, como ele mesmo disse, o que ele fazia e muito mais.

Diante dessa cumplicidade de ideias entre os dois pensadores, não nos surpreende a existência de comunicações de Mesmer, já no mundo espiritual, na “Revista Espírita”, como a de 1864:

“A vontade tanto desenvolve o fluido animal quanto o espiritual, porque, todos sabeis agora, há vários gêneros de magnetismo, em cujo numero estão o magnetismo animal, e o magnetismo espiritual que, conforme a ocorrência, pode pedir apoio ao primeiro. Um outro gênero de magnetismo, muito mais poderoso ainda, é a prece que uma alma pura e desinteressada dirige a Deus”.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente sobre a importância do Magnetismo para a Doutrina Espírita


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quinta-feira, 22 de setembro de 2016

18ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

Os Verdadeiros Discípulos

OS VERDADEIROS DISCÍPULOS

“Nem todo aquele que me diz ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que pratica a vontade de meu Pai que esta nos céus. Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor; não foi em teu nome que profetizamos e em teu nome que expulsamos demônios e em teu nome que fizemos muitos milagres? ’ Então eu lhes declararei: Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, vos que praticais a iniquidade’.” (Mt 7:21-23).

A mensagem inicia-se por essa Base de Jesus: “Nem todo o que me diz: Senhor; Senhor entrará no Reino dos Céus, mas sim o que faz a vontade de meu Pai”.

Em muitos momentos de nossa vida, todos nós chamamos pelos amigos espirituais, por Jesus, por Deus, principalmente nos momentos em nos sentimos mais fragilizados e carentes de auxilio e consolo.

Quando oramos, sempre somos ouvidos, mas nem sempre somos atendidos naquilo que queremos, mas sim naquilo que verdadeiramente necessitamos.

Nossa verdadeira condição interior não pode ser escondida da Espiritualidade Superior, pois todas nossas intenções, nossos sentimentos podem ser percebidos, inclusive em relação a nossa vivência do Evangelho.

Essas palavras de Jesus nos levam desse modo, a meditar sobre duas posturas que podemos ter em relação a Deus, em relação ao exercício da religiosidade.

Uma é exterior, ritualística, fazendo as coisas mecanicamente, clamando o nome Deus e fazendo, repetidas vezes, uma grande quantidade de preces decoradas, sem buscar a reforma intima.

A outra postura é aquela que implica em interiorização verdadeira de todos os ensinamentos deixados por Jesus, implica assim em renovação de sentimentos, purificação do coração, elevação dos pensamentos, e atitudes... Sempre atitudes positivas diante de todas as situações da vida.

Na obra “Os Quatro Sermões de Jesus” Paulo A. Godoy ensina-nos: “Não basta bater no peito e proferir o nome do Senhor, não é o suficiente propagar o Seu nome, proferir belas palavras, enaltecer a Sua santidade. E imprescindível fazer a Sua vontade, que consiste em praticar boas obras e amar próximo com a si mesmo”.

Então, meditando sobre todos os exemplos de Jesus, entendemos o verdadeiro significado da palavra religião, ou melhor, de religiosidade. Religião, em sua acepção primitiva, original, significa religar, ou seja, a ligação do ser humano com Deus.

Mas através do tempo seu significado se distorceu e acabou por designar mais especificamente as religiões que possuem práticas externas, de forma ritualística, com um corpo de sacerdotes alocados hierarquicamente.

A religiosidade, o sentimento religioso, ao contrário, trata-se de uma disposição íntima, que implica em um modo de agir corretamente, de seguir a vida Segundo a lei de Deus, segundo os ensinamentos de Jesus.

Jesus nunca ensinou, em sentido distorcido, religião alguma, mas ensinou-nos, em todos os momentos, a buscarmos uma vida baseada na religiosidade.

A nossa religiosidade, ou seja, nossa espiritualização, deve manifestar-se em nosso dia a dia através de nossos bons pensamentos, bons sentimentos, boas ações, pois essas condutas permitem nosso crescimento espiritual e, portanto, que nos tomemos verdadeiros discípulos de Jesus.

Tiago, em sua epístola, disse: “Com efeito, a religião pura e sem macula diante de Deus, nosso Pai, consiste nisto: visitar os órfãos e as viúvas em Suas tribulações e guardar-se livre da corrupção do mundo.” (Tia 1-27).

A CASA SOBRE A ROCHA

"Assim, todo aquele que ouve essas minhas palavras, e as põem em prática será comparado a um homem sensato que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu à chuva, vieram às enxurradas, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, mas ela não caiu, porque estava alicerçada na rocha. Por outro lado, todo aquele que ouve essas minhas palavras, mas não as pratica, será comparado a um homem insensato que construiu a sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, vieram as enxurradas, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela caiu. E foi grande sua ruína!" (Mt7:24-27).

O verdadeiro sentimento religioso é forca motriz que nos impulsiona ao crescimento espiritual. Esse crescimento espiritual Jesus representa, figuradamente, como a edificação de uma casa. Assim, aquele que ouve as palavras de Jesus e as segue, pode ser comparado ao homem sábio que edificou sua casa sobre a rocha. E veio a chuva, e transbordaram os rios, e assopraram os ventos, e combateram aquela casa, e ela não caiu, porque estava fundada sobre a rocha.

Por outro lado, aquele que ouve as palavras de Jesus, e não as segue, pode ser comparado ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. E veio a chuva, e transbordaram os rios, e assopraram os ventos, e combateram aquela casa, e ela caiu, e foi grande a sua ruína.

Essa figura é bastante forte e ilustra plenamente os resultados de quando nós cultivamos ou não o caminho correto. Nessa imagem, o sentido da ventania, da chuva e da enchente são as dificuldades de nossa vida, que todos estão sujeitos. E se não tivermos onde nos segurar, caso não cultivemos os verdadeiros Valores, em qualquer dificuldade que apareça, nossa casa, que representa nossa estabilidade emocional, nosso equilíbrio psíquico, será levada pelo Vento, afundara na areia, pois não tinha alicerces.

Por outro lado, quando buscamos seguir as lições de Jesus, quando procuramos seguir as Leis de Deus, então, nesse momento, começamos a construir nossa casa na rocha.

Esse caminho é o da busca das virtudes, é da busca constante do aprimoramento pessoal, do aperfeiçoamento moral. Esses são os verdadeiros alicerces que nos permitem vivenciar todas as situações do mundo sem se abalar.

Pois se cultivarmos a paciência, a tolerância, a benevolência, a complacência, se quisermos, nada poderá nos perturbar. Porque nós seremos fortalezas inseridas na rocha. E quem não deseja atingir essa condição?

Ser uma fortaleza. Ser mais forte que todas as dificuldades da vida? Quem não deseja adquirir uma força tal, e ser capaz enfrentar todas as situações sem se perturbar?

Essa é a proposta das lições de Jesus: atingirmos as bem-aventuranças. E para as alcançarmos não depende de ninguém, a não ser de nos mesmos. E o motivo de depender só de nos mesmos é porque é uma condição íntima, pessoal, adquirida com esforço, intransferível, e que depois de adquirida não pode ser tirada por ninguém.

Eis a grande diferença dos Valores do Espírito, em relação às coisas externas, pois estas dependem de outras pessoas. Já para as aquisições, para as conquistas do Espírito não dependemos de mais ninguém, só de nos mesmos.

Assim, nós, seres humanos, temos o livre arbítrio, e podemos fazer tudo aquilo que quisermos. Mas de acordo com as nossas escolhas poderemos ser felizes, ou não.

Segundo a Lei de Deus, nós fomos criados para ser plenamente felizes apenas quando buscamos os verdadeiros Valores, quando fazemos a coisa certa, quando agimos harmoniosamente, quanto buscamos desenvolver essa religiosidade.

Sempre que nós nos afastarmos desse caminho encontraremos insatisfação.

Caminhemos, então, a largos passos em direção à felicidade, a satisfação, a prosperidade espiritual, a realização...

Nós podemos nos tomar verdadeiras fortalezas, podemos transitar pela vida com satisfação e aproveitando cada minuto para nos desenvolvermos e crescermos espiritualmente, e assim:

- Viver as pequenas alegrias, mas com pureza;

- Viver com nosso semelhante, sem melindrá-lo;-

- Ter seriedade de conduta, mas sorrir; '

- Praticar a caridade sem limites.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Como podemos construir a nossa casa sobre a rocha?

Bibliografia

- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Godoy, Paulo Alves – Os Quatro Sermões de Jesus – Ed. FEESP.
- Almeida, Jose de Souza – As Parábolas – Ed. FEESP.
- Rigonatti, Eliseu – O Evangelho dos Humildes.


Fonte da imagem: Internet Google.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

18ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

Os Falsos Profetas e os Verdadeiros Discípulos

Conhece-se a Árvore Pelos Frutos

“Não há árvore boa que dê fruto mau, e nem árvore má que dê fruto bom; com efeito, uma árvore é conhecida por seu próprio fruto, não se colhem figos de espinheiros, nem se vindimam uvas de sarças. O homem bom, do bom tesouro do coração tira o que é bom, mas o mal tira o que é mau; porque a boca fala daquilo que está cheio o coração.” (Lc 6:43-45).

Nesta passagem ensina Jesus que não é boa a árvore que dá maus frutos; nem má a arvore que dá bons frutos.

Portanto, cada arvore é conhecida pelos seus frutos.

Nesta figura temos, principalmente, a imagem do que muitos fazem com suas faculdades humanas.

O ser humano, sabemos, tem um potencial imensurável para desenvolver seus dons, sua inteligência, suas habilidades; para fazer um número incontável de coisas.

E todo este potencial pode ser dirigido tanto para o bem como para o mal. É como, por exemplo, uma descoberta científica, que pode ser utilizada para benefício de uma coletividade ou da Humanidade, ou ser desvirtuada, visando interesses de alguns, com prejuízo para a maioria. Vemos que muitas pessoas usam toda sua inteligência e capacidade para fins egoístas, não compartilhando seus recursos, e, muitas vezes, prejudicando seu próximo.

Vemos, por exemplo, o que muitos fizeram com o Cristianismo, desvirtuando a mensagem de Jesus, adequando-a a seus interesses, monopolizando o conhecimento, distorcendo a Verdade e corrompendo muitas mentes.

À época de Jesus, vemos que muitos religiosos de então, apegados as suas práticas ritualísticas, consideravam o Cristo como um falso profeta, ou seja, eles não se preocupavam com o conteúdo, mas só com a forma.

Ora, como alguém em sã consciência poderia considerar Jesus como um falso profeta? Jesus, figuradamente falando, era a árvore boa em pessoa, e todos os seus frutos representam o mais puro bem, a mais pura caridade, a mais excelsa bondade e compaixão.

A propósito, pensando literalmente em frutos, poderemos ver que na natureza há árvores frutíferas que não são externamente belas, mas dão frutos doces e saborosos, e há, também, árvores que são muito belas externamente, com folhas bonitas e frondosas, mas que dão frutos amargos e rançosos.

O que importa, afinal, repitamos, não é a forma, mas o resultado. Ou seja, o que importa não é nosso procedimento mecânico, formalmente religioso, mas, realmente importa nossas boas intenções e nossas ações concretas fazendo o bem, sempre auxiliando, sempre construindo.

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XVIII, item 16, diz: “Quais os frutos que a árvore do Cristianismo deve dar; árvore possante, cujos ramos frondosos cobrem com a sua sombra uma parte do mundo, mas ainda não abrigaram a todos os que devem reunir-se em seu redor? Os frutos da árvore da vida são frutos de vida, de esperança e de fé. O Cristianismo, como o vem fazendo desde muitos séculos, prega sempre essas divinas virtudes, procurando distribuir os seus frutos. Mas quão poucos os colhem”.

A mensagem, então, convida-nos a cultivar a arvore da vida da forma que o Cristo a nos deixou, não a mutilando, mas cuidando com amor, pois então a veremos oferecer, com abundancia, os seus frutos divinos; veremos seus ramos crescerem e formarem uma sombra frondosa onde os viajantes encontrarão descanso; veremos como é bela e estará cheia de flores, apaziguando os corações, oferecendo alento àqueles que a procuram.

Nós podemos de certa forma, dizer que não caminhar nessa direção representa uma inatividade espiritual.

Podemos dizer que essa inatividade é o não emprego de uma possibilidade do Espírito, ou melhor, é a não concretização das faculdades plenas inerentes ao Espírito.

Resultados: entorpecimento da faculdade de pensar, obscurecimento da capacidade de compreender e endurecimento da capacidade de amar. Um pleno desperdício de faculdades tão preciosas. Mas, para algumas pessoas neste planeta todos esses dons estão, de certa forma, inativos, ou seja, estão próximos da natureza primitiva e longe da natureza espiritual. Nessa trilha não pode haver bons frutos.

O bom fruto é a propagação das palavras do Evangelho redivivo, esclarecedor, consolador. O bom fruto é ação caridosa de auxilio em quaisquer circunstâncias. O bom fruto é a postura e a conduta irrepreensível que devemos buscar para trilhar o caminho de Jesus.

Essa é uma Verdade que nunca podemos esquecer, para que sempre façamos o nosso melhor, façamos tudo aquilo que tiver de ser feito para alcançar o bem.

Na obra “Caminho, Verdade e Vida”, lição 122, Emmanuel, esclarece:
“O mundo atual, em suas elevadas características de inteligência reclama fruto para examinar as sementes dos princípios. O cristão, em razão disso, necessita aprender com a boa árvore que recebe os elementos da Providência Divina, através da seiva, e converte-os em utilidades para as criaturas...”.

Assim como a árvore boa gera bons frutos, o Homem que cultiva em si as boas virtudes e os bons sentimentos gera boas ações, pois utiliza do seu “bom tesouro”.

OS FALSOS PROFETAS

"Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos ferozes. Pelos seus frutos os conhecereis...” (Mt 7-15-16).

Nessa passagem, somos convidados a ficarmos alertas, e desconfiarmos dos falsos profetas, especialmente neste momento de transição que vivemos, onde a Humanidade passa por grandes transformações.

E essas transformações podem ser percebidas na mudança de valores que ocorrem em todos os segmentos da sociedade.

Por exemplo, em relação ao acesso à informação, vemos uma verdadeira revolução do conhecimento; nunca se teve tanto acesso a informação como hoje; nunca ela esteve tão disponível como na atualidade.

Em relação a busca da Humanidade por um caminho religioso, um caminho de espiritualização, vemos que nunca houve tantas religiões, tantas seitas, tantas pessoas que se autodenominam como os “mensageiros da Verdade”, os “mensageiros de Deus” ou profetas.

Em quem acreditar?

Em sentido geral, chamam-se profetas aqueles que têm o dom de revelar o futuro, de fazer profecias. Nesse sentido profetizar e predizer o futuro tem o mesmo significado, ensina Kardec.

Mas - continua o codificador - ha um sentido evangélico para essa palavra. Profeta, assim, seriam todos aqueles enviados de Deus com a “missão de instruir os homens, de revelar as coisas ocultas, os mistérios da vida espiritual.” (ESE, cap. XXI, item 4)

Jesus advertiu-nos claramente que os falsos profetas viriam com o intuito de nos enganar. No Evangelho de Mateus, cap. 24:4-5 e 11-13, quando perguntaram ao Mestre sobre o “fim dos tempos”, Jesus responde: “Atenção para que ninguém vos engane. Pois muitas virão em meu nome, dizendo: ‘O Cristo sou eu’, e enganarão a muitos...”

“E surgirão falsos profetas em grande número e enganarão a muitos. E pelo crescimento da iniquidade, o amor de muitos esfriará. Aquele, porém, que perseverar ate o fim, este será salvo.”

Como então distinguir os falsos profetas?

Os falsos profetas são aqueles que prometem maravilhas, aqueles que prometem, muitas vezes, conduzir-nos a um caminho só de facilidades, de conquistas, sem trabalho, sem esforço.

Os falsos profetas são impostores que se apresentam como enviados de Deus, mas, na verdade, buscam uma vaidosa satisfação sobre a Terra; a eles falta a humildade e a caridade; e sobra a cobiça e o orgulho.

Os falsos profetas são exploradores da credulidade das pessoas e querem viver a custa daqueles que lhes dão ouvidos.

E por que esses enganadores conseguem tanta atenção das pessoas?

- porque encobrem a ignorância, a fragilidade ou a limitação dos homens, e assim agindo não ferem o orgulho das pessoas, mas, ao contrário, ressaltam qualidades que não existem;

- porque, como vemos, muitas pessoas querem conseguir, sem esforço, riqueza, poder, fama, e, exatamente por isso, são facilmente iludidas.

E há mesmo muitos falsos mensageiros que, em vez de despertar o verdadeiro sentimento religioso nas pessoas, ao contrário, incentivam a cobiça de seus seguidores e prometem grande riqueza, para que fiquem muito ricos materialmente, aqui mesmo na Terra, nesta vida.

Mas a grande verdade é uma só. É aquela trazida por todos os verdadeiros profetas, por todos os enviados de Deus, por todos os grandes Espíritos que vieram a Terra para esclarecer a Humanidade. A história bíblica cita vários deles.

Além de Israel, a história mostra que por todo o mundo sempre houve enviados de Deus que vinham anunciar as grandes verdades. Todos eles, a seu modo, disseram a mesma coisa: o caminho da realização exige esforço, empenho, dedicação, estudo, trabalho, caridade.

Sim, eis a primeira forma de se reconhecer o verdadeiro profeta. Ele não prometerá vitória fácil, não prometera sucesso imediato, não prometerá recompensa sem mérito, não prometerá felicidade sem buscarmos também levar felicidade ao nosso próximo.

E há uma segunda e principal forma de se reconhecer o verdadeiro profeta: mais do que falar, mais do que simplesmente anunciar as verdades sobre a vida espiritual, sobre o caminho para buscar a realização e a felicidade, mais do que palavras, o verdadeiro profeta é a pura exemplificação de todos os princípios que ele anuncia.

O verdadeiro profeta é a plena exemplificação das virtudes, a exemplificação da paciência, da devoção, da renúncia às coisas materiais, a exemplificação do sacrifício pessoal em beneficio do próximo, a exemplificação da caridade e do amor incondicional.

Ele traz a verdadeira orientação à Humanidade.

Dessa forma, aqueles que anunciam as grandes verdades, anunciam as mensagens do Evangelho, devem ser os primeiros a praticarem cada um dos preceitos que pronunciam. Afinal, qual é a credibilidade de alguém que fala uma coisa e faz outra?

Jesus, o justo por excelência, é especialmente lembrado por ter demonstrado na prática todos os seus ensinamentos.

E era por isso que Jesus atraia verdadeiras multidões, sedentas de conhecimento, ansiosas para ouvir as grandes verdades: as únicas que trazem a verdadeira paz interior, por que demonstram que existe a justiça Divina, mostram que nós somos os únicos responsáveis pela nossa situação feliz ou infeliz.

Precisamos, enfim, estar atentos, conforme exortação do apóstolo João, em sua primeira epistola cap. 4, vs. 1:

“Caríssimos, não acrediteis em qualquer espírito, mas examinai os espíritos para ver se são de Deus, pois falsos profetas vieram ao mundo.”

QUESTÃO REFLEXIVA:

Como devemos proceder para sermos “árvores que dão bons frutos”?


Fonte da imagem: Internet Google.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

17ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

A Verdadeira Riqueza

“Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a traça e o caruncho os corroem e onde os ladrões arrombam e roubam, mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça, nem o caruncho corroem e onde os ladrões não arrombam nem roubam; pois onde está teu tesouro ai estará também teu coração”. (Mt 6:19-21).

“Ninguém pode servir a dois senhores”. Com efeito, ou odiará um e amará o outro, ou se apegara ao primeiro e desprezarás segundo.

Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro. Por isso vos digo: não vos preocupeis com a vossa vida quanto ao que haveis de comer; nem com o vosso corpo quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento e o corpo mais do que a roupa? Olhai as aves do céu: não semeiam, nem colhem, nem ajuntam em celeiros. E, no entanto, vosso Pai celeste as alimenta. Ora, não valeis vós mais do que elas?

(...) “Observai os lírios do Campo, como crescem, e não trabalham e nem fiam. E, no entanto, eu vos asseguro que nem Salomão em toda a sua glória, se vestiu como um deles...” (Mt 6:24-29).

Jesus encoraja-nos a “buscar primeiro o Reino dos Céus”. Este convite consiste na busca dos Valores espirituais que são eternos e alimentam nossa alma em detrimento das preocupações materiais.

Estas preocupações devem residir em segundo plano. Até mesmo porque não possuímos como nosso senão aquilo que podemos levar deste mundo. O Espírito Pascal ESE, cap. XVI- “A verdadeira propriedade” cita que aquilo que o Homem encontra ao chegar e deixa ao partir, goza durante a sua permanência na Terra, mas, desde que é forçado a deixá-los, é claro que só tem o usufruto, e não a posse real. Donde se conclui que o Homem possui “... Nada do que se destina ao uso do corpo, e tudo o que se refere ao uso da alma: a inteligência, os conhecimentos, as qualidades morais...”.

Neste mesmo capitulo, Pascal ilustra comentando que “...Quando um homem parte para um país longínquo, arruma a sua bagagem com objetos de uso nesse pais, e não se carrega de coisas que lhe seriam inúteis. Fazei, pois, o mesmo, em relação a vida futura, aprovisionando-vos de tudo o que nela vos poderá servir”. Quando se chega ao mundo dos Espíritos, a “posição a ser ocupada” dependerá das posses em termos de virtudes conquistadas e moral alcançada, nunca a conquista se dará em função de tesouros materiais. Não será computado o valor dos bens, mas sim, a prática do bem.

Corroborando com a ideia, o Espírito Lacordaire ESE, cap. XVI - “Desprendimento dos bens terrenos” alerta-nos que nosso apego aos bens terrenos é um dos mais fortes entraves ao adiantamento moral e espiritual.

Deixamos de lado as coisas afetivas e voltamo-nos inteiramente para as coisas materiais. Iludidos, acreditamos que alcançaremos a tão almejada felicidade e quando nos damos conta, estamos cegos e escravizados por bens totalmente passageiros. Alias, podemos constatar em inúmeras situações que o fato de estarmos com os cofres cheios não faculta a felicidade.

Infelizmente, empreendemos a maior parte do nosso tempo debruçado em questões materiais, deixando para Segundo plano nossa atenção para as coisas espirituais. Será que se soubéssemos que a morte inflexível estivesse a nos rodear para nos levar a qualquer momento, teríamos tanto apego a bens tão passageiros? É o que ilustra a parábola do rico avarento: “Insensato, nessa mesma noite ser-te-á reclamada à alma. E as coisas que acumulaste, de quem serão? Assim acontece aquele que ajunta tesouros para si mesmo, e não é rico para de Deus.” (Lc 12:20).

A parábola é uma síntese do trágico fim de todos aqueles que não veem a felicidade senão no dinheiro e se constituem em seus escravos incondicionais. “O que valem riquezas efêmeras, sombras de felicidade que se esvaem, fumo de grandezas que desaparecem à primeira visita de uma enfermidade mortal?”, é o que comenta Cairbar Schutel Parábolas e Ensinos de Jesus, cap. “Parábola do Avarento”.

A riqueza material

Não se trata de uma critica à riqueza, pois sabemos que esta é necessária. A riqueza tem sua utilidade como recurso para execuções de trabalhos com vistas ao progresso individual e coletivo, bem como prova e testemunho da reforma interior, num programa de altruísmo. É para ser usada como instrumento de progresso.

A fortuna que o Homem conquista de forma honrada é muito justa.

Vemos no capitulo V (Lei da Conservação) e capitulo VIII (Lei do Progresso) da terceira parte de “O Livro dos Espíritos” que não há condenação à riqueza, mas sim a seu uso indevido. Kardec comenta na questão 714a que: “O homem que procura, nos excessos de toda espécie, um refinamento dos gozos, coloca-se abaixo dos animais, porque estes sabem limitar-se à satisfação de suas necessidades...”.

O que é condenado é o apego que absorve os demais sentimentos e paralisa os impulsos do coração, tomando o Homem escravo dos bens supérfluos. É Lacordaire que nos alerta, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XVI, item 14: “... tudo promana de Deu, tudo retorna a Deus”.

Nada vos pertence na Terra, nem sequer o vosso pobre corpo... Sois depositários e não proprietários...”.

No livro “Os quatro Sermões de Jesus” Cap. “Servir a dois senhores”, Paulo Godoy lembra que há muitos homens que tem conseguido servir a Deus com suas riquezas, pois tem feito com que elas sejam aplicadas no amparo aos menos favorecidos. Infelizmente, para a maioria, a posse de bens materiais representa enorme entrave para a libertação espiritual. Os seres humanos ao encarnarem que escolhem a posse de riquezas muito dificilmente conseguem fazer delas um instrumento para sua redenção espiritual. Por isso Jesus ensinava sobre a dificuldade de se “servir a dois senhores”. Se a pobreza é prova de resignação e paciência, a riqueza requer testemunhos de caridade e altruísmo.

E neste mesmo sentido que Caibar Schutel em Parábolas e Ensinos de Jesus, cap. “A Prova da Riqueza” comenta que o homem rico tem mais dificuldades a vencer que o pobre. Apesar de Deus não condenar a riqueza e ninguém ser condenado por isso, na luta do homem rico há temperos diferentes, pois “além de tratar de si e dos seus, além de procurar manter as exigências sociais, além de estudar e estudar muito porque dispõe de mais tempo que o pobre, ainda lhe cabe o dever restrito de exercer a caridade”.

A Avareza

A avareza, esta sim é preciso tirá-la fora de nossas vidas. A avareza não se refere a apenas ao dinheiro. A importância exagerada que damos aos nossos pertences, a ponto de nos desequilibrarmos na ansiedade, a mania de guardar indeterminadamente, mesmo sem usar, certas roupas ou pertences pessoais, sem justificativa para não doá-los, já caracteriza os primeiros degraus do avaro, podendo tomar-se uma verdadeira doença obsessiva, resultado do egoísmo e da ambição.

Uma vez identificada em nosso interior, deve-se partir para um verdadeiro processo de reforma, procurando de forma sensata e generosa exercitar o desapego, aprendendo a contentar-se com menos, considerando os bens que possuímos como empréstimos que nos foram constituídos para que pudéssemos nos aprimorar. Um bom exemplo a seguir temos na história de Jó (Livro de Jó, Antigo Testamento), considerada uma das mais belas histórias de prova e fé. De muito próspero que era, chegou a perder tudo, inclusive a família, e mesmo na mais profunda miséria, confirmava seu testemunho de fé: “Senhor vos me destes, vos me tirastes; que a Vossa vontade seja feita”. Eis o verdadeiro desprendimento. É necessário que sejamos submissos tendo fé naquele que, assim como nos deu, pode tirar-nos e também devolver-nos.

Não se trata de atirarmos fora o que possuímos, para nos tomarmos mendigos voluntários, trazendo, inclusive, mais problemas para a sociedade. “É um egoísmo de outra espécie, porque equivale a fugir da responsabilidade que a fortuna faz pesar sobre aquele que a possui”. (Lacordaire, ESE, XVI, item 14). A recomendação mais acertada consiste em administrá-la com sabedoria, sabendo passar sem ela quando não a temos, sabendo como empregá-la utilmente quando a recebemos, sabendo sacrificá-la quando necessário.

Esse desapego não deve ser confundido com desprezo, mas sim consciência de sua importância relativa. A aplicação da riqueza de forma justa constitui-se de um grande auxilio para a evolução do planeta. Quando o publicano Zaqueu prontificou-se a dar metade da sua fortuna para os pobres e a ressarcir quatro vezes mais aqueles a quem havia espoliado, Jesus disse-lhe: “Hoje a salvação entrou nesta casa...”.

Sem duvida a riqueza pode ser muito bem aplicada em favor dos mais necessitados. A Condessa Paula, desencarnada em 1851, é um grande exemplo que Kardec apresenta em “O Céu e o Inferno” (Cap. “Espíritos Felizes”) que utilizou sua fortuna material para conquistar a fortuna imperecível que os ladrões não roubam, as traças não roem e a ferrugem não consome. Ela aconselha em sua comunicação: “E vós ricos, tendes sempre em mente que a verdadeira fortuna, a fortuna imorredoura, não existe na Terra; procurai antes saber o preço pelo qual podeis alcançar os benefícios do Todo Poderoso”.

Os ensinamentos de Jesus compõem um todo harmônico, que precisa sempre ser analisado no conjunto, para que haja coerência e integridade.

Fazendo essa analise, vemos que a lição: “olhai as aves do céu que não semeiam” e “olhai os lírios do Campo que não trabalham”, com certeza não é um convite a não termos cuidado, não termos cautela, não termos preocupação alguma com nossa vida, com nosso sustento material, pois a Lei do Trabalho é também uma Lei de Deus, e o ser humano recebeu a inteligência para, através do trabalho, buscar o seu sustento.

Mas o convite do Mestre é para que não nos preocupemos em demasia, e tenhamos fé na Previdência, fé em Deus, fé em nos mesmos.

Contemplando a natureza podemos constatar que ha uma harmonia reinante. O necessário basta, não precisamos do supérfluo!

A misericórdia do Pai concede-nos o tempo necessário para nosso aprimoramento. À medida que evoluímos moralmente, vamos nos desligando dos bens materiais, dando a eles o devido valor, estendendo os seus benefícios ao próximo.

“Apresentemos nosso trabalho ao Senhor diariamente, e peçamos a Ele que destrua as particularidades em desacordo com os seus propósitos soberanos e justos, rogando-lhe visão e entendimento... No desdobramento desse serviço, porém, jamais nos esqueçamos de que todos os patrimônios da vida pertencem a Deus” (Vinha de Luz, 71).

QUESTÃO REFLEXIVA:

Como podemos acumular “tesouros no Céu”?

Bibliografia

- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Godoy, Paulo Alves – Os Quatro Sermões de Jesus. São Paulo – Ed. FEESP
- Godoy, Paulo Alves – Casos controvertidos do Evangelho.
- Rigonatti, Eliseu – O Evangelho dos Humildes
- Schutel, Cairbar - Parábolas e Ensinos de Jesus.
- Godoy, Paulo Alves – Quando Jesus Teria Sido Maior.


Fonte da imagem: Internet Google.