CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

terça-feira, 13 de setembro de 2016

17ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

A Sinceridade do Jejum

O Jejum

A SINCERIDADE DO JEJUM

“Quando jejuardes, não tomeis um ar sombrio como fazem os hipócritas, pois eles desfiguram seu rosto para que seu jejum seja percebido pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam sua recompensa. Tu, porém, quando jejuares, unge tua cabeça e lava teu rosto, para que os homens não percebam que estas jejuando, mas apenas teu Pai, que esta lá no segredo; e teu Pai, que vê no segredo, te recompensará.” (Mt 6: 16 a 18).

Ao consultarmos um dicionário veremos que o termo jejum significa abstinência ou redução de alimentos em certos dias por penitência ou por preceito referente a alguma igreja ou seita; abstenção, privação.

Esta prática é comum em diversas religiões. Porém, será tal ato aprazível a Deus? O fato de Jesus comentar na passagem do Evangelho não significa que ele recomendava tal prática. Entretanto, como era costume na época, Jesus aproveita o ensejo para orientar qual é a maneira correta respeitando o momento cultural do povo. Vemos o tema melhor esclarecido nas passagens a seguir.

Há algum mérito em jejuar?

As questões referentes ao jejum nos remetem a outra. Desde que Jesus disse: “Bem-aventurados os aflitos”, ha mérito em procurar as aflições, agravando as provas por meio de sofrimentos voluntários? A questão 721 de “O Livro dos Espíritos” esclarece-nos que a vida de mortificações dos devotos e dos místicos, praticada desde a antiguidade e entre diferentes povos, é meritória somente no sentido de renegar-se a si mesmo e trabalhar para os outros, conforme a caridade Cristã.

Na questão 723, acrescenta que “A lei de conservação impõe ao homem o dever de conservar as suas energias e a sua saúde, para poder cumprir a lei do trabalho. Ele deve alimentar-se, portanto, segundo o exige a sua organização”.

Neste mesmo capitulo, na questão 726, os Benfeitores Espirituais explicam que “Os únicos sofrimentos que elevam são os naturais, porque vêm de Deus. Os sofrimentos voluntários não servem para nada, quando nada valem para o bem dos outros”.

Analisando a questão por outra vertente, vemos que Paulo de Godoy (“Os quatro Sermões de Jesus”, cap. “O Jejum”) lembra a parábola do Fariseu e o Publicano onde vemos o orgulhoso fariseu firmar de forma solene: “Jejuo duas vezes por semana, e dou o dízimo de tudo quanto possuo”. É o próprio Mestre que dá a sentença na parábola: “Eu vos digo que este último desceu para casa justificado (O Publicano), o outro não (o Fariseu). Pois todo que se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado” (Lc 18:14). Assim, vemos que tudo depende da intenção e de nada adianta as mortificações frente a uma vida de arrogância e de egoísmo.

Qual é o sacrifício mais valido?

Tendo como referência Isaias (58:6), Paulo de Godoy esclarece que o verdadeiro jejum consiste em “soltar as ligaduras da impiedade, desfazer as ataduras do jugo, libertar os quebrantados, despedaçar todo o jugo, repartir o pão com o faminto, acolher os pobres desabrigados, cobrir o nu”. O autor comenta ainda que o jejum “é algo mais do que deixar de ingerir determinados alimentos, em certos dias ou hora. O verdadeiro jejum consiste em procurar ser bom, abster-se da prática da imoralidade, despedaçar o jugo da vaidade, do ódio, do egoísmo e de muitos outros vícios que degradam o homem” (“Os quatro Sermões de Jesus”).

A observação do autor concorda com a recomendação das questões 726 e 727 de “O Livro dos Espíritos”: “Que visitem o indigente, consolem o que chora, trabalhem pelo que esta enfermo, sofram privações para o alivio dos infelizes e então sua vida será útil e agradável a Deus. Quando, nos sofrimentos voluntários a que se sujeita, o homem não tem em vista senão a si mesmo, trata-se do egoísmo; quando alguém sofre pelos outros, pratica a caridade: são estes os preceitos do Cristo.

”Fustigai o vosso Espírito e não vosso corpo, mortificai o vosso orgulho, sufocai o vosso egoísmo, que se assemelha a uma serpente a vos devorar o coração, e fareis mais pelo vosso adiantamento do que por meio de rigores que mão mais pertencem a este século.”

Segue na mesma linha o Espírito que se intitula “Um Anjo da Guarda”, no cap. V - “Bem Aventurados os aflitos”, item 26, de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, recomendando que devemos nos contentar com as provas que Deus nos manda, aceitando-as sem queixa e com fé. Acrescenta ainda que não devemos enfraquecer o nosso corpo com privações inúteis e macerações sem propósito, porque “tendes necessidade de todas as vossas forças, para cumprir a vossa missão de trabalho na Terra”.

Vale lembrar que tudo depende da intenção. Vemos ainda nesse capitulo que se o objetivo for aliviar o próximo, como suportar o frio e a fome para agasalhar e alimentar aquele que necessita, apesar do sofrimento causado ao nosso corpo, é um sacrifício abençoado por Deus. Há sim um grande mérito, quando os sofrimentos e as privações têm por fim o bem do próximo, porque se trata da real caridade. Porém, quando eles só têm por fim o bem próprio, trata-se de egoísmo ou fanatismo.

O jejum apaga nossas faltas?

A prática do jejum ou qualquer tipo de mortificação aplicada no corpo, de forma alguma apaga as falhas cometidas. Estas somente poderão ser resgatadas em novas oportunidades que o Pai Misericordioso nos concede. As qualidades morais e espirituais somente são conquistadas no desenrolar das vidas múltiplas, em prolongado processo de aprimoramento, tendo como destinação a eternidade.

Além de não ser reconhecido pela Espiritualidade, muitos dos praticantes do jejum mostravam seus rostos desfigurados, para que todos vissem que eram autênticos seguidores das normas religiosas. “Já receberam sua recompensa” comenta o próprio Mestre. O jejum como autopunição ou promocional, como no caso dos judeus que se vestiam com panos grosseiros e atiravam cinzas as cabeças apenas chamam a atenção, mas nada acrescenta. Mesmo o jejum alimentar, condicionado a limpeza orgânica, deve ser discreto. Não há motivos para estar contristados como recomenda Jesus, e sim para serenidade e confiança nos nossos momentos reflexivos.

Em Mateus 15:11, Jesus ensina-nos que: “Não é o que entra pela boca que torna o homem impuro mas o que sai da boca, isto sim o torna impuro. Do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias...”.

E no versículo 19: “Com efeito, é do coração que procedem más intenções, assassínios, adultérios, prostituições, roubos, falsos testemunhos e difamações...”

O principal jejum para o cristão é o jejum do mal que praticamos.

Concluindo este tema, no final do cap. V de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, vemos uma citação que agrega muito valor a aqueles que buscam no jejum e nos sacrifícios uma forma de se elevarem: “Se quiserdes um cilício, aplicai-o a vossa alma e razão ao vosso corpo; mortificai o vosso Espírito e não a vossa carne; fustigai o vosso orgulho; recebei as humilhações sem vos queixardes; machucai o vosso amor próprio; insensibilizai-vos para a dor da injuria e da calúnia, mais pungente que a dor física. Eis ai o verdadeiro cilício, cujas feridas vos serão contadas, porque atestarão a vossa coragem e a vossa submissão a vontade de Deus”.

A PORTA ESTREITA

“Tudo aquilo, portanto, que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles, pois esta é a Lei e os Profetas. Entrai pela porta estreita, porque largo e espaçoso é o caminho que conduz à perdição. E muitos são os que entram por ele. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho que conduz a vida. E poucos são os que o encontram.” (Mt 7: 12-14).

O tema é tratado no cap. XVIII “Muitos os chamados e poucos os escolhidos” de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” e refere-se justamente à luta entre as facilidades que o mundo das ilusões nos proporciona e as dificuldades que encontramos no caminho da reforma interior. “A (porta) da salvação é estreita, porque o homem que deseja transpô-la deve fazer grandes esforços para vencer as suas más tendências e poucos se resignam a isto.” Dai a tão conhecida frase proferida por Jesus: “São muitos os chamados e poucos os escolhidos”.

Porta estreita é sinônimo de caminho da responsabilidade, do trabalho, do esforço interior, da maternidade, da paternidade, dos encargos. Ele é espinhoso, pedregoso, estreito e não oferece quase nenhum atrativo. Por isso são poucos os que o procuram (Paulo Godoy, “Os quatro sermões de Jesus”, cap. “A porta estreita”).

Acabam por preferir o caminho mais fácil ligado às comodidades e ilusões que a vida proporciona.

Sendo a Terra um mundo de expiações e provas, é de se compreender que a Humanidade se direcione mais à porta larga, influenciados pelas facilidades que a falta de compromisso com o bem comum acarreta. À medida que o planeta se elevar para um mundo de regeneração, 0 caminho do bem será o mais frequentado. Cairbar Schutel em Parábolas e Ensinos de Jesus, cap. “A vida na Terra e a vida eterna” comenta que o objetivo da vida na Terra é o aperfeiçoamento do Espírito: “Aquele que assim compreende eleva- se, dignifica-se, e livre dos entraves materiais, sobe as alturas inacessíveis ao sofrimento, alcançando a felicidade eterna.” Livrar-se desses entraves é justamente seguir pela porta de maior dificuldade.

Para Paulo Godoy “Quando Jesus teria sido maior”, cap. “Reforma intima, já!” devido a esses entraves “muitas pessoas demoram no caminho da vida sem cuidar do seu aprimoramento“. Por diversas razões afundam-se nas aberrações dos vícios e nos desvarios dos crimes e mesmo em face aos diversos bons exemplos, preferem continuar caminhando pela porta larga. Com isto, “levam para o túmulo toda uma gama de contravenções à lei de Deus e isso, obviamente, demandará uma série prolongada de dolorosos reajustes nos planos espirituais e nas vidas futuras”.

O Homem sensato procura sempre saber que caminho percorre, como conhecê-lo e vencer seus obstáculos. O sentido filosófico desse ensino é a continua luta entre o Bem e o Mal, na qual o Homem, incansavelmente, vai edificando o seu Espírito.

Maria Madalena é um bom exemplo da porta estreita. Rica, sem dificuldades, depois de conhecer o Mestre, deixou tudo para trás e optou pela porta estreita. Dedicou sua vida aos pobres, dedicou-se a cuidar de leprosos, vindo a morrer dessa mesma doença. Perdeu sua vida terrena, mas a ganhou em Espírito.

Jesus mostra-nos o caminho. A frase “Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o a vós a eles." É semelhante ao ensinamento “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”. Colocando em prática tão simples, mas ao mesmo tempo tão profunda regra, certamente estaremos decidindo pelo caminho do sacrifício abraçando a causa do aperfeiçoamento espiritual, perseverando na observância dos ensinamentos evangélicos, trilhando o caminho estreito, abrindo o coração para que se aninhem nele os sentimentos do bem, permitindo que receba “pequenina semente que ali desabrochar e produzir coisas maravilhosas, ao ponto de sentirmos em íntimo contato com os Benfeitores Espirituais” Paulo Godoy, “O Evangelho pede licença”, cap. “O Reino dos Céus”, proporcionando assim a grande oportunidade de ver brotar o Reino dos Céus dentro de nós.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Reflita e comente sobre o “sacrifício mais agradável a Deus”.


Fonte da imagem: Internet Google.

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